Unidos em qualquer situação

Autor: TNTBrony

Tradução/edição: Drason

SINOPSE: Em uma tarde após terminarem os trabalhos na fazenda, Apple Bloom e Applejack descansavam embaixo de uma árvore. Durante esse momento de repouso, Apple Bloom faz uma pergunta inesperada à sua irmã mais velha.

“Applejack, posso te fazer uma pergunta?”

A pônei laranja levantava seu chapéu para ver a pequena irmã. Elas haviam terminado de colher as últimas maçãs do pomar e decidiram relaxar embaixo de uma árvore que proporcionava a elas uma grande vista da fazenda enquanto o pôr do sol começava a tocar as copas das árvores no oeste. Ainda havia tempo de sobra para tirarem uma rápida soneca antes das duas voltarem para o jantar.

“Diga docinho, o que você queria perguntar?”

“Eu queria perguntar sobre o futuro.”

Applejack levantava uma sobrancelha para a estranha pergunta vinda de Apple Bloom.

“O futuro?”

“Sim. Digo, seremos sempre assim?”

Applejack continuava confusa com a pergunta.

“Sempre assim… como?” Perguntava a pônei laranja.

“Como somos agora?” Respondia a potranca amarela.

Novamente a pergunta parecia vaga, mas os olhos de Applejack caíam sobre o flanco branco da irmã mais nova. Ela somava dois mais dois e interpretava que era mais um de seus dilemas sobre sua marca especial, sobre quando ela finalmente iria conseguir uma. Com sua irmã olhando para ela, Applejack rolava os olhos e deixava sair um leve suspiro.

“Apple Bloom, sei que é difícil, mas como já disse antes, sua marca especial irá aparecer na hora cert…” Ela foi interrompida.

“Não era sobre isso que eu estava falando.”

A pônei laranja foi pega de surpresa.

“Certo, sobre o que seria então?”

“Se nós, como irmãs, estaremos sempre próximas?”

Applejack olhava para a pônei amarela com uma expressão confusa.

“Qual o motivo dessa pergunta docinho?”

“Bem… porque o tempo nunca para e tudo sempre muda. Eu estou ficando mais velha e você e Big Mac também. Vocês dois já estão na idade em que podem se casar com alguém e irem embora.”

Applejack coçava a nuca com um casco, até porque ela ainda não havia cogitado a ideia de arrumar um companheiro e deixar a fazenda. A pônei laranja acreditava que algo assim seria mais provável de ocorrer com Big Mac, mesmo com seu jeito tímido e quieto, mas a verdade é que ambos irmãos sempre foram cautelosos nesse quesito, tratando essa possibilidade como uma grande responsabilidade, e talvez por isso mesmo que ainda não aconteceu com nenhum dos dois.

“E depois vai ser eu, Applejack. Ainda não descobri o que vou fazer com a minha vida, especialmente quando ganhar minha marca especial. O que vai ser de mim se no dia que eu conseguir a minha marca ela for relacionada com alguma coisa em que eu tenha que ir embora da fazenda?”

Applejack se sentava na frente de Apple Bloom, a olhando nos olhos enquanto ela desabafava suas preocupações. A pônei laranja já chegou a imaginar a possibilidade de ver sua irmã partir ao se tornar adulta, mas considerou uma preocupação precoce devido à idade dela.

“Bem, o tempo está passando e eu queria saber se lá na frente ainda seremos próximas?”

“Do que você está falando Apple Bloom, nós somos irmãs, mesmo se você partir, eu sempre estarei aqui no rancho quando você precisar de mim.”

Apple Bloom olhava sua irmã com os olhos arregalados antes de abaixar a cabeça, ficando em silêncio por um momento antes de falar novamente.

“Mas e se você não estiver? O pai da Lazy Mind disse que não sabemos o dia de amanhã e que por isso temos que aproveitar a vida o máximo que pudermos, mas eu não concordo com essa afirmação, ela me soa irresponsável, descuidada e equivocada!”

Applejack inclinava sua cabeça e colocava seu casco no ombro de sua irmã. Para alguém tão jovem, ela já tinha preocupações e a maturidade de um adulto, e isso sim preocupava a pônei laranja.

“Eu não quero que você vá,” Apple Bloom dizia enquanto se aproximava da pônei laranja e descansava sua cabeça no peito dela.

Applejack ficava em silêncio por um breve momento antes que Apple Bloom começasse a soluçar. Então a pônei laranja abraçava sua irmã enquanto começava a acariciar sua crina ruiva. Apple Bloom abraçava de volta antes de movimentar a cabeça para se encontrar com o rosto de sua irmã mais velha, que olhava para ela sorrindo.

“Você deveria se preocupar menos com essas coisas e pensar mais na sua infância,” Applejack dizia suavemente enquanto bagunçava o cabelo de sua irmã, “Eu não deixei o rancho porque sou feliz aqui com vocês, e se você está preocupada com isso, é porque você também está feliz aqui, e é exatamente pelo fato de nós amarmos uns aos outros que brota essa preocupação sua, como também é por essa razão que independentemente do que acontecer lá na frente, nós sempre estaremos unidas.”

“Mas e seu eu perder vocês que nem perdemos nossos pais?” Perguntava Apple Bloom aos soluços.

“Mesmo assim você não vai me perder, e vou dizer porque. Se lembra de alguma coisa sobre Mamãe e Papai?”

Apple Bloom pensava por um breve momento em seus pais quando duas lembranças vieram à sua mente. “Eu… me lembro de Mamãe cantando uma canção de ninar para mim… e também me lembro do papai fazendo caretas para me fazer rir e ensinando o Big Mac a fazer as caretas também.”

A pequena pônei amarela deixava escapar um sorriso.

“Então você não os perdeu.”

Apple Bloom parava de rir e olhava Applejack confusa enquanto continuava.

“Você está certa docinho, o tempo passa, as coisas mudam. Pôneis vêm e vão, mas não irão realmente embora enquanto nos lembrarmos deles. Basta nos recordarmos para eles continuarem vivos,” Applejack explicava, “Vovó Smith, Big Macintosh e eu ainda estaremos sempre com você. Caso você sair da fazenda e morar em outro lugar, mesmo em uma cidade grande como Canterlot, Manehattan ou Fillydelphia, eu sempre vou estar aqui com você,” Applejack pressionava seu casco no peito de sua irmãzinha se referindo ao seu coração.

“Desde que você se lembre, sempre serei sua irmã mais velha, para sempre”, Applejack a confortava, aconchegando sua cabeça na de sua irmã mais nova, que se aconchegava de volta.

A pônei ruiva abraçava sua irmã enquanto Applejack a pegava no colo e sentava embaixo de uma árvore. Apple Bloom descansava em cima de sua irmã mais velha ainda a abraçando, se acalmando. Applejack sorria e acariciava a crina de sua pequena irmã. Ela então começava a cantar baixinho.

“Nós somos Apples para sempre, Apples unidos,

Nós somos uma família, mas também somos muito mais,

Não importa o que enfrentaremos com o tempo,

Porque somos Apples unidos da raiz até o espírito”.

O pônei de Oasis – Parte II

Ferramentas

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Autor: ROBCakeran53

Tradução: Drason

SINOPSE: Equestria ainda estava sendo reconstruída após a derrota de Tirek, e as seis novas governantas de Ponyville ajudando em sua reconstrução. Tudo mudou de maneira inusitada quando a Princesa Celestia entregou a elas uma carta descrevendo acerca das façanhas realizadas por um único cidadão da cidade de Oasis conhecido como Senhor Baker, e a forma como superou Tirek. Com a missão de descobrir se os relatos eram verdadeiros, as seis pôneis devem ir até a referida cidade para investigar. No entanto, elas irão descobrir que o Senhor Baker não era exatamente quem ou o que elas esperavam.

——

O trem foi longo e cansativo. Mais do que a viagem até Appleloosa, que tinha um pequeno povoado literalmente… em lugar nenhum. Twilight perguntava para si mesma como o trem se mantinha operando naquela região desértica.

Enquanto ocupada em seus próprios pensamentos, Applejack tossia. “Meu primo Braeburn me disse que há muitas caravanas que viajam por toda Equestria. De que maneira eles obtém seus proprios suprimentos? Provavelmente fazem a maior parte deles com os próprios cascos.”

Twilight acenava, olhando de volta para a janela, que era a coisa que ela mais havia feito nas últimas dezoito horas.

“Ainda estou surpresa que você trouxe uma árvore inteira para eles, Applejack.” A voz de Rarity atraía o olhar de Twilight para suas amigas. “Você nem mesmo sabe se tem algum Apple morando lá.”

Applejack riu. “Confie em mim quando digo que há muitos Apples lá fora, eu ficaria chocada se não houvesse pelo menos um na cidade. Mas mesmo que acontecesse de não existir, independentemente disso eu a entregaria. Tenho certeza que poderiam fazer bom uso dela.”

“Bem, pelo menos você está trazendo alguma coisa para ajudar,” Rainbow amuava, sentando-se em outro banco.

“Olhe docinho, não é culpa sua que eles ainda estejam tendo problemas com a máquina de fazer nuvens.  Quando estiver consertada você poderá trazer depois.”

“Sim, sim,” Disse Dash, acenando seu casco e olhando a janela. “Ugh, quanto tempo ainda vai durar essa viajem?”

Twilight esfregava os olhos e então pegava um mapa de seu alforge. “Bem, se meus cálculos estiverem corretos, mais ou menos uma meia hora.”

“Oh, finalmente! Vou poder descansar assim que encontrar um hotel,” disse Rarity, arrumando seus cílios com um espelho de bolso.

“No entanto, eu temo que isso não é tudo. O trem não vai parar na cidade, ainda teremos que caminhar uns oito quilômetros a partir da estação.”

Rarity abaixou o espelho. “Você não pode estar falando sério, né?”

“Eu disse para trazer seus sapatos,” afirmou Applejack, cutucando Rarity. Com isso, o último trecho do trem foi completado com as reclamações da unicórnio branca.

Com um solavanco final do trem, ele finalmente parava, com o vapor sendo liberado da chaminé. Twilight levitava a grande macieira de Applejack, e Rarity a bagagem de todos. Assim que saíram, o trem foi rápido ao partir, com o maquinista não querendo perder mais tempo no local em que não costumava passar com frequencia.

As seis pôneis olhavam ao redor e para a pequena plataforma feita inteiramente de madeira, bem como a pequena casinha situada nela. Para a surpresa de Twilight, realmente havia um pônei nela.

“Bem vindas a lugar nenhum,” dizia ele por meio de um sotaque nativo do local, com toda e qualquer emoção perdida em seu tom.

“Nós estamos, hu…” Twlight tossia com a poeira levantada pelo trem que persistia em ficar no ar. “Nós vamos para Oasis. Por acaso há alguma carruagem que possa nos levar até lá?” Perguntava a unicórnio roxo.

Ele imediatamente se animava, observando a coroa em sua cabeça. “Oh, Princesa Twilight Sparkle! Lamento por isso. É que… “ele tossia”, deixa pra lá. Na verdade, tem uma carruagem vindo para buscá-la, e estou surpreso que ainda não esteja aqui, certamente eles estão tentando esconder as últimas garrafas de cidras antes de vocês chegarem lá,” ele ria.

Twilight levantava uma sobrancelha, mas logo percebeu uma nuvem de poeira vindo na direção deles.

“Falando neles…”, disse o pônei da estação. Twilight apertava seus olhos, mal era capaz de ver o pônei puxando a grande carroça. “Oh, o pônei que vai puxar sua carroça é o Road Rage. Boa sorte.”

Antes que Twilight pudesse perguntar o porquê do “boa sorte”, o pônei puxava para baixo uma proteção de metal da janela, a trancando, e então caminhava para fora da pequena casinha. Depois, como um andarilho no deserto, ele simplesmente seguia em frente, nunca olhando para trás. Apenas andava para o que parecia ser uma direção aleatória.

A carruagem fazia uma parada abrupta, quase arremessando o pônei que estava dentro para a frente.

“Me ajude, Road Rage. Se você fizer isso com a Princesa Sparkle dentro desta carruagem, terei que jogar você em uma jaula por um mês!” A voz de dentro gritava.

“Sim, sim, entendi, Prefeito.” O pônei puxador olhava para as seis pôneis. “Oh, e por falar nisso.”

“O que o pônei dentro da carruagem quis dizer com essa frase?” Twilight pensava.

“O que? Oh Princesas!” O pônei gritava, saindo da carruagem. Sua gravata vermelha brilhante entrava em um confronto terrível com sua pele verde e crina dourada. “Não percebi que vocês já estavam aqui. Estranho, o trem estava…” ele olhava para o relógio dourado de bolso, “minha nossa, foi realmente pontual? Essa é a primeira vez.”

“Bem, tendo uma princesa esperando é bem óbvio,” Disse Rainbow Dash com um sorriso.

“Suponho que sim. Bem, por que vocês todas não entram e eu começarei as apresentações fora desse sol?”

Elas acenaram, e embarcaram na grande carruagem, Twilight colocava a árvore em cima dela, enquanto Rarity guardava as bagagens no porta malas. O prefeito foi o último pônei a entrar, mas não sem algumas palavras bem escolhidas.

“Road Rage, estamos tentando chegar lá vivos, então nada de gracinhas.”

“Sim, sim, entendi, senhor Prefeito. Segure sua gravata.”

“Eu o faria se não fosse a razão de você sair que nem louco.”

Road Rage revirava os olhos enquanto o Prefeito caía sentado bruscamente no banco após o solavanco.

“Perdoe-me, alteza,” disse o prefeito, sentando próximo a ela.

“Tudo bem,” Twilight ainda estava tentando esconder o desconforto daquela situação. “E por favor, apenas Twilight Sparkle. Ainda sou nova para o título de princesa.”

“Oh sim, parabéns aliás.”

“Obrigada,” Twilight respondia com um aceno.

“Mas onde estão minhas maneiras? Eu sempre esqueço as apresentações. Sou o prefeito Billfold.”

“Oh, então é você que escreveu as cartas?” Perguntou Rarity.

“Bem, é o que estava na carta, mas foi minha esposa que escreveu para mim. Minha letra é um garrancho.”

“Estou surpresa que você conseguiu se tornar prefeito então. Não escreve muito?” Twilight perguntou.

“Escrever é trabalho de secretário.”

“Sei…”

“Então, posso perguntar quem são suas amigas?”

“Ah, desculpe, esta é…”

“Espere, espere, você não sabe quem nós somos?” Rainbow perguntava. “Mesmo?”

“Eu temo que não, jovem pegasus.”

“Mas como? Nós somos as heroínas da história.”

“Rainbow!” Applejack sussurrava.

“Qual o problema? Só acho estranho que nenhum pônei saiba quem nós somos.”

Twilight tossia. “Por favor, perdoe Rainbow Dash, prefeito Billfold.”

“Apenas prefeito está bom.”

“Certo, prefeito. Ela fala antes de pensar.”

“Ei!” Rainbow Dash protestava.

“E as minhas outras amigas são Applejack, Rarity, Fluttershy e Pinkie Pie.”

“Isso!” Gritava Pinkie Pie saltando na cara do prefeito.

“Oh sim, olá.” Ele recuava, enquanto a pônei rosa voltava para o seu lugar.

“Então, você realmente nunca ouviu falar de nós?” Rainbow perguntava mais uma vez.

“Bem senhorita Dash, a verdade é que as notícias demoram muito tempo para chegar até nós.”

“Vocês não tem um jornal?” Perguntava Rarity.

“Oh não, embora quando viajantes vêm para a cidade, ocasionalmente trazem consigo um jornal ou algo similar. O último foi há… um ano e meio atrás.”

Twilight piscava. “Um ano e meio?”

“Sim.”

“Tenho certeza que vocês têm rádio, há um canal de notícias.”

“Bem, nós temos apenas um rádio na cidade, e duas estações.”

“Que!” os olhos de Rainbow estreitaram.

“Como vocês conseguem viver assim, sem saber o que está acontecendo com o resto do mundo?” Twilight perguntava.

“Uma coisa que vocês têm que entender sobre Oasis, senhorita Sparkle, é que a cidade foi fundada por um grupo de pôneis que queriam pouco a ver com o resto de Equestria. Começou com um grupo de tendas, e assim que mais pôneis foram vindo, a primeira casa foi construída, e depois outra, até que a cidade foi construída por pôneis que geralmente fugiam de seus problemas, ou se cansaram das outras cidades.”

O casco de Rarity subia até o peito, deixando sair um suspiro enquanto tentava falar.

O prefeito levantava um casco, sacudindo a cabeça. “Não! Não! Por favor, não fique alarmada. Nós não toleramos bandidos e vândalos. Somos uma cidade construída com a finalidade de um novo começo. Muitos pôneis vêm para ficar apenas por um ano, limpar suas mentes, descansar, e então voltam para suas casas. Outros fazem dessa cidade seu lugar de repouso. Minha esposa e eu estamos nesse grupo.”

“Qual a razão, se não for demais a pergunta?” questionava Twilight.

“Não tem segredo nenhum. Para fazer uma longa e curta história ao mesmo tempo, minha esposa e eu viemos aqui cerca de doze anos atrás, depois que o pai dela a deserdou por se casar comigo. Nós não queríamos ficar na esnobe Canterlot, então a deixamos. Eventualmente, nós viemos até Oasis. Me tornei prefeito… se não me engano há oito anos.”

“Apenas quatro anos na cidade e eles o elegem prefeito?” Twilight levantava uma sobrancelha.

“Bem, eu ouso dizer que Thomas teve um papel fundamental para me ajudar com isso.”

“Quem é Thomas?” Perguntava Applejack.

“Ah, esse é o Sr. Baker, Thomas Baker, embora alguns na cidade passaram a chamá-lo de Tom.”

“O nome soa engraçado. O que é um Thomas?” Perguntava a pônei laranja.

“Bem, na verdade nós não nos conhecemos. Embora uma vez ele disse que havia uma locomotiva azul de onde ele veio que era chamado Thomas, então imaginei que tinha algo a ver com trens.”

Twilight batia em seu queixo. “Isso não faz sentido. O que trens, Tomas e o sobrenome Baker tem a ver um com o outro?”

O prefeito sorria. “Confie em mim, senhoria Sparkle, espero que você não se importe com o título, mas seu nome é bastante enganador. O sobrenome Baker vem de cozinheiro, e ele não poderia cozinhar para salvar uma vida.”

“O que? Então… não entendi nada.”

“Bem, retiro o que disse, ele sabe cozinhar e assar, embora ouso dizer que não é exatamente um banquete. Mas na época ninguém estava reclamando. O talento de Thomas é muito além disso. Ele é carpinteiro, encanador, e recentemente se tornou o eletricista da cidade mesmo com conhecimentos limitados sobre o assunto.”

“Então sua marca especial é algo relacionado a carpintaria?” Perguntava Twilight.

Com essa pergunta, o prefeito começava a suar, olhando para qualquer lugar, menos para a alicornio roxo. “Be…bem, não exatamente.”

“Prefeito, não estou conseguindo compreender. Ele é um pônei, certo?” Twilight levantava uma sobrancelha.

“C…claro que ele é, haha, quão bobo poderia ser se ele não fosse?” O prefeito gaguejava.

Os olhos de Twilight semicerravam. “Ceeeerto. Bem, então tenho algumas perguntas preliminares que preciso fazer ao Senhor Baker, mas enquanto estamos aqui, se importa em responder algumas?”

O prefeito engolia seco, enxugando a testa com um lenço. “Bem, digo, se elas são para o Senhor Baker, certamente eu não seria capaz de responder por ele.”

“Oh, mas eu insisto. São perguntas bem simples. A primeira e a mais óbvia, como o Senhor Baker fez para não ter sua magia roubada por Tirek?”

“Bem…hu… ele estava fora da cidade!”

“Estava fora da cidade…” Twilight repetia lentamente.

“Sim, estava trabalhando fora. E quando voltou para a cidade, nós estávamos todos enfraquecidos, então ele nos ajudou.”

“Prefeito, Tirek poderia sentir a energia de um pônei a quilômetros de distância. Você está tentando me dizer que ele conseguiu evitar de ser detectado só porque estava fora da cidade?”

“Bem, v…veja bem, Senhorita Sparkle, há muitas casas a quilômetros de distância de Oasis. É o caso do fazendeiro Take Farmer, por exemplo. Ele mora cerca de trinta quilômetros a leste daqui.” O prefeito tossia. “E f…foi isso que aconteceu, ele foi naquela fazenda consertar o encamento do Sr. Take Farmer!”

Twilight continuava a encarar o prefeito, que já estava se encharcando de suor.

“Prefeito, eu realmente estou duvidando…”

“Oh vejam! Chegamos.” O prefeito interrompia Twilight.

E então a parada abrupta interrompia repentinamente a todos dentro da carruagem.

Road Rage desamarrava os arreios, balançando o corpo para se livrar da fina camada de poeira que cobria sua pele marrom a crina negra. Afinal, ele deveria ficar com uma aparência agradável para a Princesa. Com um salto feliz em seus trotes, ele se dirigia até a porta da carruagem, com vozes gritando do lado de dentro, mas sem que ele desse tanta atenção.

“Uggh, olha o seu casco Pinkie!”

“Desculpe!”

“Alguém me diga que isso é a crina de alguém e não a calda!”

“Road Rage, quando eu colocar meus cascos em você…”

“Calma, Dash. Você quase sentou no meu rosto.”

Casualmente, ele torcia o casco para girar a maçaneta e abrir a porta. Todos os sete pôneis caiam para fora da carruagem, com Pinkie sendo a última a sair com uma risadinha.

“Weee! Foi divertido!” ela dizia saltando.

“Nunca mais passeio em uma carruagem como essa,” Rarity bufava, se levantando.

“Oh, sinto muito, Twilight.” Finalmente, o prefeito foi o último a ficar de pé, com sua gravata pendurada em seu colarinho solto.

“Road Rage,” O prefeito resmungava.

“Sim, senhor?”

“Leve a carruagem para o hotel, descarregue a bagagem das visitantes e em seguida vá até o meu escrtório para discutirmos a sua RESCISÃO!” O prefeito gritava na última parte.

O jovem garanhou o saldou, sorrindo. “Sim, sim.”

Novamente conectado à carruagem, ele partia levantando poeira.

“Estou pensando seriamente em estabelecer um limite de velocidade para carruagens, mas temo que Road Rage veria isso com um desafio.” Dizia o prefeito, tentando arrumar a gravata desfeita.

“Sim, eles tentaram fazer isso para nós pegasus em Cloudsdale.” Disse Rainbow.

“E eu tive que tirar você da cadeia oito vezes por causa disso,” Fluttershy sussurrava.

“Bem, tenho certeza que todas desejam se encontrar com o Sr. Baker, mas sinto que deveria mostrar a vocês os trabalhos deslumbrantes que ele fez primeiro. Sigam-me, por favor.”

Enquanto caminhavam, Twilight analisava as construções, ainda sem certeza se era realmente uma cidade ou apenas um estabelecimento. Pelo menos era o que aparentava para ela, mas uma estrutura chamava sua atenção.

“Aquele é a varanda que você disse que o Sr. Baker fez?” Rarity perguntava antes que Twilight o fizesse.

“Sim. Lá fica a hospedagem de Sunny Side. É onde vocês vão ficar. Thomas fez um trabalho maravilhoso com a varanda. Atrevo-me a dizer que se um dia a hospedagem desmoronar antes do tempo, a varanda ficará lá para sempre.”

“Me atrevo a pensar o mesmo.” Rarity trotava examinando os basílicos. “Ele esculpiu esses também?”

“Sim, cada um deles feitos com as mã… digo, casco. Levou duas semanas para terminar.

“Trabalho impressionante.” Rarity deslizava o casco na pilastra.” Muito lisas, sem manchas. Simplesmente incrível.”

“Você tem um olho afiado para os detalhes, senhorita.”

O grupo de pôneis olhava para a pônei na varanda que havia acabado de falar. Ela usava um vestido vermelho e branco, além de um avental também branco. Sua pele verde se complementava com sua crina loira.

“Nossa, você se parece muito com minha avó.” Applejack deixava escapar.

“Sério, eu pareço velha?” Ela dizia com um sorriso.

Applejack balançava a cabeça. “Não, quiz dizer quando ela era jovem…”

“Estou brincando.” Ela piscava, se virando para Rarity. “Foi mesmo um ótimo trabalho do Tom. Eu disse a ele que não precisava ser tão perfeccionista, mas bem, quando se trata do Tom e de madeira, ninguém segura.” Ela acrescentava com uma risada.

“Ele certamente o fez, senhorita…?”

“Sunny. Sunny Side. E como podem ver minha hospedagem tem o mesmo nome. E vocês são a comitiva que vieram ver o velho Tom?”

“Correto, senhorita. Sou a Princesa Twilight Sparkle, mas me chame apenas de Twilight. E essas são minhas amigas Applejack, Fluttershy, Rainbow Dash, Pinkie Pie e Rarity.”

“Prazer em conhecer vocês todas.”

“Senhorita…” Twilight começava.

“Me chame apenas de Sunny, querida.”

“Certo, Sunny, o que você quiz dizer com “velho Tom”? Quantos anos ele tem?”

“Oh, isso é apenas um modo de dizer. Ele gosta de agir como se fosse mais velho, mas todos nós sabemos que é apenas um show.”

“Isso não responde a minha pergunta. Quantos anos ele tem?” Repetia Twilight.

“Você tem cara de quem é faminta por informações.” O sorriso de Sunny hesitava por um momento, então ela continuava. “Se não me falha  amemória, ele faz quarenta e quatro neste ano.”

“É novo ainda. O pai de Braeburn trabalhou até os setenta e oito.” Disse Applejack.

Twilight puxava uma pena e um pergaminho e anotava a nova informação.

“Então Sunny, o que você pode me dizer sobre o Sr. Baker?”

“Há muitas coisas que posso dizer sobre ele, tanto verdades quanto fofocas. Mas dentre todas elas, posso dizer com honestidade que ele é um garanhão com um coração muito amável. Graças a ele a cidade foi reerguida assim como seus moradores, e como você já viu, seu ofício de carpinteiro é uma maravilha.”

“Isso eu já percebi, mas não pode me falar nada sobre sua vida pessoal?? Ele é casado? Tem filhos?”

“Senhorita, temo que essas perguntas é melhor deixar para o próprio Tom responder. Ele não se importa em compartilhar suas informações pessoais com estranhos, mas nós como amigos dele respeitamos sua privacidade.”

“É justo.” Disse Twilight. “Então você saberia me dizer como o Sr. Baker não perdeu sua magia?”

Sunny Side abriu a boca para responder, e em seguida fechou, estalando a língua. “A verdade é que não faço ideia. Apenas me lembro daquele enorme monstro na cidade destruindo minha varanda, e logo depois o Tom me pegando e me levando para dentro. Eu estava tão fraca, me sentia mal do estômago, mas ele sempre estava perto cuidando de mim e me alimentando com aquele mingau dele.”

“Mingau? Que tipo de mingau? Já comi ótimos mingaus, especialmente o dos búfalos. Aquele mingau foi o mingauzante mingau mais mingauzasso que já expeimentei, mas era ótimo!” Pinkie Pie saltava em torno do grupo com um sorriso cheio de dentes.

“Era só um mingau. Mas seus métodos de cozinhar são, digamos, diferente dos nossos.”

“Entendo.” Twilight rabiscava mais um pouco em seu pergaminho, e com um brilho de sua magia o papel desaparecia. “Bem, obrigada pelas informações. Terei mais algumas perguntas depois.”

“Tenho certeza que sim, senhorita. Certifiquem-se de voltarem às seis da tarde para o jantar.”

“Oh, oh!” Pinkie saltava com um casco no ar.

“Pinkie, não vai ser mingau.” Disse Rainbow Dash.

“Aahhhh…”

“Voltaremos logo, obrigada.” Disse Twilight.

Com isso, Sunny Side voltava para dentro. O prefeito tossia, ganhando a atenção de Twilight mais uma vez.

“Bem, agora acho que poderíamos ver o escritório do Dr. Doc Hollywood e o belo trabalho que Thomas fez consertando o buraco no teto.”

Para as próximas duas horas, Twilight e suas amigas passeavam pela cidade, conhecendo vários pôneis que chamavam Oasis de casa. Assim como as respostas de Sunny, Twilight não encontrava ninguém disposto a dar qualquer informação relevante sobre o Sr. Baker, além daquilo que ela já tinha ouvido. Nenhum deles conseguia recordar como Tirek não drenou sua mágica também, com todos dizendo que ele não estava na cidade.

“Obrigada pelas informações, Senhora Stalk.” Twilight dizia, e novamente sua pena e o pergaminho desapareciam do nada.

“Sem problemas. Senhor Baker fez muito por esta cidade. Ele merece ser reconhecido por isso, por mais que ele não queira. Minha fazenda estaria muito pior se não fosse por ele,” dizia a pônei com um aceno, trotando de volta aos seus afazeres.

“Bem, com essa foram dez pôneis afirmando o quão incrivel é esse Senhor Baker. Então agora, prefeito, se não é demais, eu quero conhecê-lo.” Disse Twilight com um tom autoritário.

“Oh, s…sim, claro. Tenho certeza que ele já deve ter voltado para sua loja. Siga-me, por favor.” Dizia o prefeito.

“Seguir ele é o que já estávamos fazendo há mais de duas horas.” Rainbow Dash sussurrava para Twilight.

“Eu sei. Ele está tentando ganhar tempo.” Twilight sussurrava de volta.

“Você acha que que esse tal de Senhor Baker existe mesmo?”

“Não sei, mas espero descobrir isso logo.”

As seis pôneis seguiam o prefeito para um prédio de dois andares com uma pequena varanda na frente. A varanda era bem parecida com a de Sunny Side, porém com muito mais detalhes.

“Mais um trabalho do Senhor Baker, eu presumo?” Perguntava Rarity.

“Sim, ele construiu há algum tempo, antes de herdar essa loja.”

“Herdar? De família?” Twilight perguntava.

“Não, Thomas não tem parentes.” Twilight levantava uma sobrancelha. “Digo, na cidade.” O prefeito se recuperava, puxando o colarinho. “Thomas herdou essa loja do nosso antigo encanador que faleceu pela idade, o Senhor Fixit.”

“Então ele era aprendiz do Sr. Fixit?” Perguntou Twlight.

“Vamos assim dizer. De onde o Thomas veio, ele já era um carpinteiro e encanador, embora ainda meio amador, mas depois de alguns anos trabalhando para o Sr. Fixit, eu ouso dizer que o aluno superou o mestre.”

O grupo de pôneis caminhavam na varanda, com o prefeito abrindo a porta. Twilight observava uma placa no vidro de umas das janelas escrita “Aberto” entre!”

“Thomas! Sou eu, prefeito Billfold. Tenho algumas convidadas que gostariam de conhecê-lo!” O prefeito dizia em voz alta.

“Entrem! Sintam-se em casa! Vou descer em um minuto!” Uma voz rouca soava pela escada.

Twilight podia ouvir o som dos cascos caminhando no andar de cima. Ela olhava para suas amigas, todas olhando em volta para os objetos espalhados ao redor da sala de entrada. Além da entrada, havia outras duas portas, uma que levava ao andar de cima e outra com os dizeres “apenas funcionários”. Dentro da sala havia um balcão bem alto com uma caixa registradora em cima dela e outras bugingangas.

Havia cartões com informações de Baker, um sino prateado, e muitos lápis dentro de um frasco. Twilight levitava um dos cartões até ela, lendo cuidadosamente:

Sr. Thomas M. Baker

Mestre carpinteiro, encanador

Qualquer hora do dia

Telegrafia nº 459

“Se vale a pena fazer, vale a pena fazer direito!”

Twilight colocava o cartão de volta com os demais, em seguida, olhava para o resto da sala. A coisa mais óbvia eram os retratos nas paredes. A maioria fotos preta e brancas, cheias de pôneis, mostrando o progresso desta pequena loja e os residentes da cidade que a frequentavam. Por tráz do balcão, porém, ela podia ver espaços entre os quadros, que aparentemente eram outros quadros removidos.

“Uau, este Senhor Baker parece ser bem ocupado para um cidadão de uma pequena cidade.” A voz de Applejack tirava a atenção de Twilight dos quadros.

Applejack ficava ao lado da porta que era apenas para funcionários, onde um grande quadro de giz estava pendurado. Nele estava listado nomes, projetos, suprimentos e até uma data para conclusão. O quadro inteiro estava cheio. Havia uma nota ao lado do último:

Lulamoon – Viajante de carruagem – reparos concluídos

Aguardar o pagamento total

“Lulamoon, esse nome não lhe soa familiar Twi?” Applejack perguntava.

Na verdade, parecia vagamente familiar, mas ela não tinha certeza. Ela dava de ombros, se voltando para o resto de suas amigas que estavam observando as poucas prateleiras com itens à venda. Coisas como porta sabonetes para paredes de gancho, dentre outros cométicos.

“Essas argolas para cortinas de banheiro são bem bonitas. Eu devo comprar algumas quando o Sr. Baker descer.” Dizia Rarity, segurando uma argola branca polida com uma jóia azul decorada nela.

Twilight sorria, e então olhava para outro canto da sala. Um pequeno fogão a lenha ainda iluminado, com um coador de café repousando no topo. Perto dele, uma pequena mesa redonda com quatro cadeiras. Uma delas chamava a atenção de Twilight; era maior, com um encosto igualmente alto. Ela olhava de volta para o balcão.

Ele deve ser um pônei bem grande. Twilight pensava.

O som dos cascos descendo as escadas causava um olhar de expectativa a todas as pôneis. Twilight notava a expressão nervosa do prefeito, que corria os olhos à distância ao perceber Twilight olhando para ele.

“Oooops!”

Twilight engasgava quando o som de cascos pisando foi substituído com o tombo de um corpo. Felizmente, não foram muitos passos, enquanto um pônei terrestre azul se chocava com o chão, sua curta crina cor de cobre ficava uma bagunça.

“Sheri… digo… Thomas, você está bem?” O prefeito corria, ajudando o pônei a se levantar.

“Estou bem, obrigado senhor prefeito.” Dizia ele.

“Você é o Sr. Baker?” Rarity trocava olhares com Twilight, as duas já com pensamentos similares.

“Sim, sou eu.” Thomas disse.

Enquanto ele estava de pé, Twilight observava a camisa que ele estava vestindo, e suspeitava o quão longas eram as mangas.

“Não me admira que você tropeçou, querido. Essas mangas estão sobrando,” Rarity dizia, traduzindo os pensamentos de Twilight.

A unicornio branca trotava, examinando a camisa enquanto Thomas tentava se afastar.

“Não se preocupe, estou bem.”

“Sim, eu posso ver isso. Sua camisa está aos farrapos, meu bom garanhão.” Rarity se inclinava mais perto. “Essa camisa é grande demais pra você, não acha?”

Twilight olhava o prefeito, que estava visivelmente nervoso.

“Bem, veja você senhorita…?”

“Oh, me chame de Rarity.”

“Rarity, obrigado por perceber. Nosso alfaiate não tem como atender a todos, então decidi eu mesmo fazer essa.” Ele ria. “Pelo menos tem o meu nome.”

Twilight percebia a costura na etiqueta, branca com ambas bordas vermelhas escrito “Tom”.

“Muito bem, eu poderia fazer alguns ajustes apropriados? Eu trouxe meus equipamentos de costura, só para o caso de uma emergência.”

“Oh não, está bem assim. Além do mais, não há muito sentido em vocês ficarem na cidade. Depois de tudo, estou certo que vocês falaram com alguns pôneis da cidade e já tiveram uma compreensão de tudo o que aconteceu.”

Twilight piscava. “Uma compreensão? Senhor Baker, não temos absolutamente compreensão nenhuma.”

Pinkie repentinamente aparecia por tráz de Thomas. “Além disso, não podemos partir ainda bobo! Não até eu começar a festa chamada “obrigado por ajudar a cidade inteira!”

Thomas ria nervosamente. “N…não, obrigado, jovem pônei. Não preciso de uma festa, a cidade já me recompensou bastante.” Pinkie esvaziava a partir daí. Ele então se virava para Twilight. “Se você tem perguntas para mim princesa, posso economizar um tempo para respondê-las.”

Twilight sorria. Finalmente, ela estava prestes a obter alguma resposta coerente.

“Eu agradeceria muito, Senhor Baker.”

“Por favor, Thomas ou simplesmente Tom está bom.”

“Muito bem, Thomas. Devo dizer que você tem um balcão muito alto para quem é um pônei tão baixo.”

Thomas piscava, a pergunta não era o que ele esperava. “Oh, bem, isso é porque… eu uso para armazenamento! Ali atráz há um espaço para depósito, pois como você pode ver esta sala é muito grande, então eu aproveito o espaço.”

Twiligh acenava, embora não estivesse acreditando. “E a cadeira?”

“Perdão?”

Aquela única cadeira, na mesa. É bem maior do que o resto.”

“Oh, bem, eu acho mais confortável assim. Uma cadeira maior significa mais espaço para descansar.”

Nada mal. Twilight pensava. “Então Thomas, por que alguns quadros nas paredes estão faltando?”

Thomas piscava. “Os quadros?”

“Na parede atráz do balcão. Há várias lacunas onde teoricamente estavam mais quadros. É só uma curiosidade sobre isso.”

Thomas olhava para o prefeito, que agora estava suando como louco, e então olhava de volta para Twilight. “Bem, estou fazendo novos quadros para pregar ali.”

Oh, você é bom. “Certo, entendi.”

“Princesa, há algum problema com a maneira como moro na minha própria loja?” Thomas perguntava com uma sobrancelha levantada.

Twilight foi pega de surpresa com a pergunta. “O que? Não, eu estava penas curiosa sobre…”

“Bem, parece que você está tentando tirar alguma coisa de mim, alteza. Sou um pônei muito ocupado, como você pode ver naquela placa com tarefas anotadas, então a menos que você tenha alguma pergunta importante, eu apreciaria se pudessemos terminar.”

Twilight estremecia sob os olhares de Thomas. Ela estava errada? Havia muitas coisas curiosas, com certeza, mas tudo o que ele disse poderiam ser possibilidade. Ela se virava para Applejack, a pônei fazendeira olhava para Thomas em pensamentos. Se algum pônei poderia dizer se ele estava mentindo, era Applejack.

Repentinamente, o som dos cascos de um pegasus entrando dentro da loja fazia todos os pôneis pularem, o ruído inesperado foi rapidamente seguido por uma voz.

“Boa tarde, Tom. Eu tenho o seu…” O pônei carteiro parava, sua palavras sumiam ao perceber tantos pôneis olhando para ele. “Algum problema prefeito?”

O prefeito foi rápido ao reagir, quase correndo até o carteiro e envolvendo um casco ao redor do seu pescoço em uma vã tentativa de afastá-lo.

“Swift, é tão agradável ver você, mas como pode ver o Senhor Thomas está ocupado no momento, então se você puder apenas…”

O prefeito foi interrompido pelo pegasus carteiro que caía em gargalhadas no chão, espalhando as cartas que caíam de sua bolsa enquanto ele rolava no chão em ataques de risos.

“Sh…Sherife!!! O que o senhor está fazendo com essa camis…” o focinho de Swift era fechada pelos cascos do prefeito.

“Thomas estava prestes a dizer para a princesa sobre o ocorrido, para que elas pudessem ir.” O prefeito rosnava.

Os olhos do pegasus iam ligeiramente para o lado, na direção de Twilight em total compreensão, especialmente ao ver a coroa em sua cabeça.

“Oh! S…sua… majestade!” Swift ficava de pé, fazendo uma reverência.

Twilight não dava atenção, olhando novamente para Thomas.

“Sherife?!” Ela perguntava.

“Bem, sua alteza, muitas vezes sou um policial substituto para o xerife. Alguns pôneis acham divertido me chamarem assim.” Ele olhava para Swift, que ainda estava se curvando para pegar as cartas caídas.

Twilight olhava entre os três pôneis da cidade. Cada um de alguma forma em pânico, e estava na hora de acabar com essa charada.

“Applejack, como a representante do elemento da honestidade, poderia me dar sua opinião honesta se esse pônei está dizendo a verdade?”

Applejack sorria. “Acredito que posso, princesa.”

“E o que você me diz deles?”

“Se eles estivessem vestindo calças, estariam encharcados agora.”

O prefeito engolia seco, alto o suficiente para que todos pudessem ouvir.

“Obrigada Applejack. Bem, eu devo admitir, você se saiu bem, prefeito.” Twilight caminhava até o balcão, levitando um dos cartões. “Convencendo os pôneis a inventarem histórias, como desses cartões. Devo admitir que você fez um bom trabalho, mas não o suficiente.” Twilight balançava sua cabeça. “Tudo isso será um relatório para a Princesa Celestia.”

“E..espere alteza, por favor…” O prefeito dava um passo a frente.

“NÃO!!!”, Gritava Twilight, fazendo todos os pôneis pularem, incluindo suas amigas. “Já ouvi o bastante de suas mentiras, e francamente, estou chocada em ver como você foi tão longe para o que tem sido uma das épocas mais difíceis de Equestria desde a Nightmare Moon! E tudo isso por causa de dinheiro e… uma medalha?? Para um pônei que nem existe?”

“P…princesa…”

“Não Senhor Billfold, não vou ouvir mais nada.”

“Você pegou ele, Twi!” Rainbow aplaudia.

Twilight ignorava os aplausos da amiga. “Além disso, você nos arrastou a meio caminho através do continente, gastando nosso precioso tempo que poderia ter sido utilizado para ajudar os pôneis que realmente precisavam, e ainda por cima levando com você alguns cidadãos inocentes para os quais você jurou governar, e tudo para sustentar suas mentiras?”

“Sua alteza…” Thomas começava.

“Não, você fica quieto.” Twilight apontava um casco para ele. “De fato, mentindo diretamente não para uma, mas duas princesas de Equestria entre as outras acusações contra vocês três…”

“Espere, o que eu…” Swift era interrompido por um brilho de Twilight.

“Vocês três estão agora sob detenção. Como Princesa, estou dando a vocês voz de prisão.” Twilight dizia batendo seu casco no chão.

Atráz da alicornio roxa todas as suas amigas concordavam batendo seus cascos.

As orelhas de Swift se contraíam. Alguém ou alguma coisa estava se aproximando. “Hum, sua alteza?”

Twilight ignorava ele. “Agora, você vai me acompanhar à cadeia mais próxima. Felizmente é um dos prédios que você mesmo me mostrou, do contrário seria difícil conduzi-lo até lá.”

Os passos se aproximavam.

“Princesa Twilight,” Swift falava um pouco mais alto.

“Lamento o fato de vocês terem envolvido esse pônei carteiro, mas até iniciar os devidos procedimentos investigatórios ele também é suspeito e testemunha.”

“Mas…”

“A menos que…” Twilight olhava para o xerife e o prefeito. “Vocês estiverem dispostos a me dizerem a verdade aqui e agora.”

Os dois pôneis olhavam um para o outro.

Agora te peguei… Twilight sorria.

“Oh minha nossa, aí vem o Tom!” Disse Swift, se afastando da porta.

“O que?” Twilight se virava, notando que o prefeito tinha uma expressão aterrorizada em seu rosto.

Enquanto isso, o xerife estava sorrindo. “falando nele…”

Aquela frase…. A crina no pescoço de Twilight ficava em pé quando ela olhava para a porta. De pé, proximo a ela com duas longas pernas, estava uma criatura bípede, suas feições mascaradas na sombra que se projetava sobre ele graças ao sol batendo em suas costas.

A mandíbula de Twilight caía. O que em nome de Equestria era AQUILO?

O Pônei de Oasis

thewhittler

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Autor: ROBCakeran53

Tradução: Drason

SINOPSE: Equestria ainda estava sendo reconstruída após a derrota de Tirek, e as seis novas governantas de Ponyville ajudando em sua reconstrução. Tudo mudou de maneira inusitada quando a Princesa Celestia entregou a elas uma carta descrevendo acerca das façanhas realizadas por um único cidadão da cidade de Oasis conhecido como Senhor Baker, e a forma como superou Tirek. Com a missão de descobrir se os relatos eram verdadeiros, as seis pôneis devem ir até a referida cidade para investigar. No entanto, elas irão descobrir que o Senhor Baker não era exatamente quem ou o que elas esperavam.

– – –

Twilight Sparkle olhava para suas amigas e depois para as grandes pilhas de papeis espalhados sobre a mesa. Ela tinha pego a maior parte, que consistia principalmente em documentos solicitando verbas e recursos para os danos materiais causados por Tirek. E estragos era o que não faltava. Alguns lugares simplesmente haviam desaparecido.

O grupo de amigas estiveram analisando as petições por vários dias, fazendo pausas intermitentes para descanso e refeições. Com milhares de pôneis dependendo delas para encontrar um lugar para ficar, nenhuma queria deixar seus súditos desamparados. Twilight estava motivada, acima de tudo, por ter um maior censo de dever agora que era a nova princesa. Ela sentia o peso da responsabilidade muito mais do que as outras.

O som dos óculos de leitura de Rarity batendo sobre a mesa de pedra levava todas as pôneis em suas próprias dores de cabeça. A unicórnio branca massageava a têmpora com um casco, seus olhos fechavam enquanto ela tentava e falhava ao aliviar um pouco a pressão.

“Intervalo, garotas.” Dizia Twilight, tendo ela mesma que lutar contra uma latejante dor de cabeça.

Rainbow Dash esticava suas asas rígidas devido ao pouco uso nesses últimos dias. Twilight fazia o mesmo, sentindo suas próprias asas dormentes por todo esse tempo. Applejack praticamente caía de seu trono, com sua franja loira escondendo seus olhos fechados por trás. Fluttershy se desculpava com as suas pernas estalando por estar sentada na mesma posição por muito tempo.

A pônei que mais sofria, embora fizesse o que podia para esconder sua agonia, era Pinkie Pie. Não havia um problema que ela não pudesse resolver com uma festa. De fato, ela realizou várias após a derrota de Tirek para trazer moral à maioria dos pôneis que ela sabia que começariam a sentir depressão após o desastre, vendo muitos deles perdidos. Toda aquela papelada a estava deixando louca, e Twilight sabia que teria que reescrever alguns dos textos de Pinkie. Ela usava tinta rosa nos papeis, sendo que para documentos oficiais eram autorizadas apenas as cores preta ou azul. Além disso, a pônei rosa pontilhava a letra “i” com corações ao invés de pontos, mas se isso a estava ajudando a evitar a insanidade, então a alicornio roxo poderia ignorar.

Fluttershy caminhava de volta para a sala, com sua crina cobrindo metade da sua face.

“Hum, Twilight? Há alguém querendo uma audiência com você.” Ela dizia, voltando em seguida para seu trono.

“Quem…?” As palavras de Twilight sumiam enquanto a Princesa Celestia passava pela porta de entrada.

“P-Princesa! Digo, Celestia, o que a trás para Ponyville?” Twilight gaguejava, se forçando a sair de seu assento para se curvar.

“Bem, me dói fazer isso.” Dizia Celestia, levantando um pergaminho desenrolado, “Mas eu tenho outra cidade precisando de verba.”

De uma só vez, todas as amigas de Twilight soltaram um frustrado gemido. Rainbow Dash foi tão longe a ponto de bater a cabeça na mesa, o que foi um erro. Não apenas porque desarrumou os papeis empilhados de Rarity, mas por causa do material que era feito a mesa.

“Ugh… eu continuo esquecendo que essa mesa é feita de pedra.”

“Mesmo? Outra cidade precisando de ajuda? Perdoe-me por argumentar, mas já fazem semanas desde que Tirek foi detido, e nós estamos perto de encaminhar cada verba aos municípios atingidos. Como pode uma única cidade estar pedindo ajuda somente agora, depois de tanto tempo?” Perguntava Rarity, ao mesmo tempo que usava sua magia para arrumar os papeis.

“Bem, é por isso que vim aqui.” Celestia respondia, caminhando em direção de Twilight. “A questão é que os pôneis dessa cidade rural chamada Oasis, na verdade não estão pedindo ajuda. Pelo menos não para reconstruir.”

“Eu não entendi Princ… Celestia.” Dizia Twilight.

Princesa Celestia levitava o pergaminho aberto até Twilight, que o pegava com sua própria mágica para ler. Todas as suas amigas podiam ver a mudança na expressão de Twilight, de frustração para curiosidade, e então descrença.

“Isso não pode estar certo, Celestia.” Twilight colocava o pergaminho em cima da mesa.

O papel foi então envolto por outra a aura, pertencente a Rarity que o levitava para ler.

“Isso não pode ser verdadeiro, não é?”

“Mais o que qui tem aí afinal??” Perguntava Applejack, olhando para o verso do papel em uma frustrada tentativa de ler.

Celestia limpava sua garganta. “Parece que quando Tirek chegou na cidade de Oasis, ele fez com ela exatamente o mesmo que havia feito com as demais, drenando a magia dos pôneis. Eles estavam todos fracos, incapazes de se moverem, e estavam lutando para evitar que a cidade caísse aos pedaços.”

“E isso é estranho por que?” Applejack perguntava colocando o cotovelo sobre a mesa, descansando o queixo em seu casco.

“Porque um pônei evitou que sua mágica fosse roubada.”

Com aquelas palavras, o restante das orelhas das amigas de Twilight se levantaram.

Hein?” Applejack deixava o casco cair sobre a mesa.

“Um tal de Senhor Baker não foi afetado por Tirek. Como ou porque a carta não diz, mas esse indivíduo conseguiu ajudar todos eles, cuidar deles, suas casas, seus negócios. Ele inclusive preparou suas refeições, café da manhã e jantar.”

“Mas Tirek não estava controlando tudo e todos por… uma semana?” Perguntava Rainbow Dash.

Celestia acenava, sem necessidade de adicionar palavras para a já curiosa situação.

“Então, esse tal de Baker cuidou de uma cidade inteira por uma semana. De quantos pôneis estamos falando?” Perguntava Applejack.

“Quatrocentos e dois, sendo dez bebês e cinco crianças dentre eles.” Respondeu Celestia.

O silêncio era ensurdecedor para Twilight, todas as suas amigas olhavam para Celestia em choque.

“Eu… isso é…” Rarity gaguejava, ainda olhando para o pergaminho.

“Aí também diz que essa carta foi escrita sem o conhecimento do Senhor Baker. Me parece que ele não queria qualquer tipo de reconhecimento pelo que fez, embora se possível, entendo que deve ser reembolsado pelos materiais que ele usou de seu próprio estoque para reconstruir um pouco da cidade.”

“Espere, reconstruir?!” Perguntou Rainbow Dash. “Ele também consertou a cidade enquanto cuidava dos habitantes?”

“Sim. Uma casa foi completamente destruída, enquanto duas lojas foram danificadas, mas reparadas. Parece que esse Senhor Baker não é apenas um cozinheiro, mas carpinteiro também. Me atrevo a suspeitar que este pônei pode fazer muitas outras coisas.”

“Bem, hum… mas se não é ajuda então o que eles querem?” Fluttershy finalmente falava.

“Como eu disse antes, reembolso pelos suprimentos que ele usou, materiais para construir uma casa e consertar duas lojas.” Celestia olhava para Twilight. “O próprio prefeito daquela cidade quer que nós concedamos a ele uma medalha.”

A sala do trono ficava em silêncio por um longo minuto, antes que Twilight limpasse sua garganta.

“O que quer que nós façamos então?”

Celestia pegava o pergaminho de Rarity, olhando para ele mais uma vez antes de enrrolá-lo.

“Com todas essas informações, há também uma preocupante lacuna. Tenho certeza que todas vocês têm mais perguntas, assim como eu. Enquanto estamos em um momento de crise, tentando reconstruir e nos recuperarmos, eu não iria querer ver ninguém explorar esse desastre.”

“Explorar? Princesa Celestia, você não pode estar sugerindo…”

“Rarity, eu estive governando por pouco mais de mil anos, pelo que eu consiga me recordar. Tenho visto muitas coisas boas e ruins sobre pôneis. Estou surpresa desta ser a única situação que levanta alguma suspeita, e se esse pedido tivesse vindo no mesmo dia que os outros, eu simplesmente teria deixado de lado.  Mas, quatro semanas depois? Quando estamos prestes a encaminhar as verbas e recursos? Eu acho isso tudo muito estranho.”

“Então eu quero que vocês seis vão investigar.” Celestia olhava para a porta, onde um único guarda a esperava. Após o aceno de Celestia, ele trotava com uma caixa em suas costas. Celestia a levitava com sua magia e a abria. “Este é o maior prêmio que um cidadão de Equestria pode receber. A Marca da Harmonia. Apenas nove pôneis e um griffon em todos os séculos do meu governo o receberam.”

As pôneis olhavam admiradas para o medalhão dourado do tamanho de um casco, descansando em um forro de veludo púrpura. Uma escultura estava encrustada na superfície dela, aparentando ser uma esfera que Twilight presumia ser a representação do mundo inteiro. No topo do medalhão, “A Marca da Harmonia” estava rotulada com letras em relevo, e na base havia os dizeres “Não para nós mesmos, mas para cada um.” Era simples, e se destinava a ser assim.

“Como podem ver, a parte traseira foi deixada em branco por razões obvias. Twilight, se você quiser, tem minha autorização para colocar o nome do Senhor Baker nessa parte. Eu também tenho o dinheiro requerido para restituição esperando a transferência se tiver a sua concordância. Enquanto todos em Equestria precisam dessas verbas, eu me atrevo a dizer que poderia fazer uma exceção para um indivíduo que foi acima e além de qualquer outro pônei.”

Celestia fechava a caixa, colocando ela na mesa na frente de Twilight.

“Eu… não tenho certeza, Celestia. Digo, o certo não seria você conceder tal honra?”

Celestia sorriu. “Twilight Sparkle, depois de tudo que você fez por Equestria, por suas amigas, por mim, você realmente acha que eu não iria querer ver um herói honrado recebendo tal premiação de outra heroína honrada, que é você?”

Twilight corava, sentindo suas amigas sorrindo para ela. Claro, ela salvou Equestria muitas vezes, mas foi com suas amigas. Ela não poderia fazer isso sem elas. Mas este pônei? Senhor Baker? ele fez tudo sozinho.

Twilight acenava. “Você está certa. E se esse pônei realmente fez o que está dizendo nesse pergaminho, então eu vou assegurar que ele receba a merecida homenagem.” Twilight olhava para a pônei rosa. “Pinkie, você poderia levar seus suprimentos de festas?”

Pinkie Pie saltava de seu assento. “Ah sim, vai ser uma festa fora de série!” Ela dizia antes de sair da sala para buscar suas coisas.

“Rarity, você acha que pode fazer um cordão bem bonito para pendurar isso?” Twilight levitava a caixa na direção de Rarity, que o pegava com sua própria mágica.

“Mas é claro, querida. Me dê uma hora que estará pronto.” Ela se levantou, curvando-se em seguida para Celestia e depois saindo.

“Applejack, você acha que pode preparar alguns lotes de maçãs e outros alimentos para levar? Tenho certeza que depois de tudo o que ele fez, esse Senhor Baker deve estar com seu estoque praticamente esgotado.”

“Considere isso feito sô!” Applejack pulava de seu assento, galopando para o final do corredor.

“Fluttershy, eu não sei se eles têm um médico. Pode ser que sim, mas na dúvida, poderia ir até o hospital de Ponyville buscar alguns suprimentos para a viagem?”

“Sim, claro Twilight. Vou levar meu equipamento veterinário também. Quem sabe alguns animais não estejam precisando de ajuda.”

E Rainbow Dash, poderia checar Cloudsdale e ver se eles ainda têm a máquina geradora de nuvens? Vai saber quanto tempo eles ficaram sem chuva, e nesse caso ela seria muito útil.”

“Conte comigo, Twi.” Rainbow fazia continência, e em seguida voava para fora da janela.

Twilight suspirava, curvando-se em má postura em seu trono.

“Muito bem, Twilight.”

Twilight pulava, completamente esquecida que sua mentora ainda estava na sala.

“Sei que você ainda duvida de si mesma, mas lhe dê um tempo. Você está se moldando para se tornar uma grande princesa. E depois de observar duas outras alicornios entrar para a realeza, posso dizer com confiança que você já está agindo bem como autoridade.”

Twilight corava de novo.

Próximo à porta de entrada, o guarda tossia, chamando atenção das duas princesas.

“Já deu o horário para o outro compromisso Hank?”

“Eu temo que sim, Princesa.” Respondeu o guarda.

“Muito bem. Twilight, deixo essa situação sob seus cuidados. Vou levar a papelada comigo para Canterlot. Tenho certeza que Luna e eu podemos terminar tudo isso até o seu retorno.”

“Certo. E Spike? Posso escrever para ele voltar?”

Celestia balançava a cabeça. “Vou escrever para ele, lhe dando ciência que assim que terminar suas tarefas deverá encontrar você em Oasis. Ele ainda pode levar um dois dias para terminar e tem sido um dragão muito valente ajudando o Império de Cristal.”

“É natural, ele aprendeu muita coisa sobre organização. Tenho certeza que Cadence está apreciando a ajuda dele.”

Celestia acenava. “Além disso, eu sei que você se sente muito responsável com isso tudo, tente tirar esses dias de viagem a Oasis com suas amigas para relaxar. Você esteve trabalhando tão duro e posso ver que está estressada. Luna, Cadence, Spike e eu vamos cuidar de tudo enquanto isso.”

“Tudo bem então, Princesa. Eu sei que as garotas vão ficar contentes fazendo uma pausa com toda essa papelada. Aliás, coitada da Pinkie Pie, já estava quase dormindo em cima dos papeis.”

Celestia riu. “Sim, não a culpo. Você deveria ter visto Luna após seu retorno. Ela ficava trancada em seu quarto por semanas, fazendo de tudo para restabelecer sua côrte noturna.”

“Eu imagino, mil anos é muito tempo para pôr em dia.” Twilight olhava para a janela, perdida em pensamentos.

“Bem, tenho que ir. Vou aguardar com muita expectativa sua carta, Twilight. Espero que tudo que esse prefeito disse seja verdadeiro. Um pônei que fez tanto por uma cidade como aquela, bem, ele merece cada bit em reconhecimento pelos seus esforços. Ele pode não ter uma premiação completa aos moldes de Canterlot, mas nem parece mesmo que ele gostaria que fosse assim. Talvez com os pôneis daquela cidade que ele ajudou, ele aceite.”

Sem outra palavra, Celestia caminhava para fora da sala, deixando Twilight com seus muitos pensamentos. Uma simples questão continuava voltando em sua mente, e ela não conseguia colocar um casco na resposta.

“Mas que tipo de pônei é esse Senhor Baker?”

Thomas Baker não aparentava estar muito contente ao saber da carta. Era algo aparente pela sua entrada explosiva e passos pesados no único prédio da prefeitura de Oasis, onde funcionava tanto o escritório do prefeito como o posto de correios. O piso de madeira agora com três anos de idade estava finalmente começando a mostrar o desgaste dos inúmeros cascos que pisavam nele. Levou meses para Baker obter tais madeiras de qualidade para refazer o chão da prefeitura, e isso era aparente pela ausência da madeira rangendo quando andava nela.

A pônei sentada no balcão de recepção que levava até o gabinete do prefeito olhava para Thomas com um largo sorriso.

“Bom dia, Senhor Baker, como está hoje?”

Ele parava, olhando para ela. “Não muito contente, senhoria Billfold, não muito contente. E o pônei naquele escritório é o principal motivo. Então se me der licença, preciso trocar algumas ideias como o nosso amado prefeito.”

“Se puder esperar apenas um momento, porque Copper Top está lá com ele.”

“Ele está? ótimo, esse é outro pônei com quem quero ter uma conversinha. Vou golpear dois pássaros com apenas uma pedra.” Ele dizia, passando pelo balcão e caminhando até a porta do prefeito.

“Sabe, eles fizeram isso por você, Senhor Baker. Depois de tudo que fez por nós, a cidade…”

“Eu não quero ouvir isso, Senhorita Billfold. Tenho ouvido o suficiente dos outros nas últimas quatro semanas.”

“Não quer dizer que não seja verdade, Senhor Baker.” Ela respondia, sem enxergar qualquer ofensa.

Ele ignorava, agarrando a maçaneta e abrindo a porta. Ele entrava no gabinete, dando um chute na porta para fechá-la, e olhava os dois velhos pôneis compartilhando um copo de Bourbon, a bebida favorita do prefeito.

“Olha só, foi só falar do Thomas que ele apareceu, por favor, sente-se.” Dizia o prefeito, apontando para um banco no canto da sala.

“Prefiro ficar de pé, senhor prefeito.”

“Bem, como preferir, você gostaria…”

“Não, agora não. Não estou de bom humor, e a única coisa que esse licor poderia fazer é com que eu me sentisse pior.”

“Argumento justo, rapaz, argumento justo. Eu esqueci de como suas emoções ficam meio selvagens depois do licor.”

“Ei, isso aconteceu poucas vezes!” Retrucava Thomas.

“Sim, me lembro da última vez que você bebeu… um pouco? Você ficava rindo sem parar.” O outro pônei, o sherife da cidade Copper Top dizia enquanto tomava outro gole. “Como poderíamos nos esquecer do incidente no vigésimo primeiro aniversário da estrada Road Rage?”

Thomas Baker gemia. “Por que vocês sempre tem que lembrar daquilo?”

Copper Top esboçava um sorriso largo. “Porque é sempre embaraçoso pra você, que também serve para acalmá-lo quando está de mau humor.”

“Sinceramente, às vezes você é inteligente demais para ser um sherife.” Dizia Thomas, cruzando os braços.

“Bem, eu fui ambos médico e sherife por seis anos até aquele pônei de Manehatan aparecer com sua carruagem extravagante, se estabelecer na cidade, onde fui deixando o ofício de médico aos poucos até ficar apenas com o de sherife.”

“Não que eu esteja reclamando, é claro. O conhecimento médico que ele tem, por Celestia, a filha de Gaden Patch poderia ter perdido seu chifre de unicórnio se ele não estivesse aqui.” Disse o sherife.

“De fato, eu nem sabia que era possível transplantar uma artéria daquela forma. Ele pode ser convencido, mas é um ótimo médico.” Afirmava o prefeito.

“Certo, certo, entendi. Mas voltando ao assunto.”

“Sim, por que você está aqui Thom?” Perguntava Copper Top.

“Porque alguém enviou uma carta a Canterlot descrevendo o que eu fiz nas últimas semanas.”

“E de onde você ouviu tal acusação?” O prefeito perguntou.

“De sua esposa quando ela parou para me pedir sabonete esta manhã.” Ele disse.

“Eu avisei pra você não dizer a ela.” Disse Copper para o prefeito, tomando outro gole.

“Você sabe muito bem que eu não poderia escrever aquela carta com meu problema de coordenação motora. Felizmente a minha esposa, a Senhorita Billfold é a minha salvação, é ela que escreve todos os documentos por mim, sejam oficiais ou extraoficiais.”

“Então você admite, foi você quem teve a ideia da carta e a enviou.”

“Sim.”

“Bom, então meu blefe funcionou.”

“Seu blefe?”

Copper Top caía na gargalhada, enquanto que o prefeito olhava confuso.

“Para um não pônei, Thomas, você certamente tem coragem fazendo isso. Se eu não te respeitasse como eu faço, então teria que te colocar na cadeia por mentir para o prefeito.”

“Espere um minuto, do que vocês estão falando…”

“Sim, eu estava blefando. Você sabe que os sabonetes que a sua esposa adquire são encomendado de Canterlot. Eu apenas vendo o material padrão, não produtos de limpeza.”

O prefeito deu um tapa na testa com seu casco.

“Então como você ficou sabend…”

“Porque quando Speed Delivery parou para entregar minha carta, ela deixou cair outra no chão ao sair. Tinha o selo oficial do governo de Canterlot endereçado a você.”

Thomas tirou a carta de seu bolso, a acenando no ar.

“Bem, certamente que essa carta apenas…”

“Prefeito, eu posso ser um humano ingênuo, mas mesmo eu sei que as únicas coisas que você envia para Canterlot são as prestações de contas da cidade, e isso foi há quatro meses.”

O prefeito deixava escapar um suspiro de derrota. “Tudo bem, você me pegou, Thomas. Sim, eu enviei a carta e essa que você está segurando deve ser uma resposta vinda de Canterlot.”

“Sobre mim, não é?”

“Sim.. e não.”

“E que isso exatamente quer dizer?”

“Thom, o prefeito e eu sabíamos muito bem que você não queria nada de especial pelo que fez. E eu acho isso altamente respeitável e louvável de sua parte, mas de maneira alguma que você sairia livre pelo que fez. Por isso nós tivemos que mandar aquela carta para o Castelo de Canterlot, diretamente para as princesas.”

“VOCÊS O QUE??” Thomas gritava.

“Relaxa, relaxa. Nós não dissemos nada além daquilo que elas deveriam saber. A carta apenas diz que você é um de nós e que ajudou sua cidade, em nenhum momento dizemos que você não é um pônei. Não te culpo por não querer se envolver com o resto de Equestria. Se nosso encontro há dez anos atrás foi algum sinal de como o resto de Equestria poderia ter te tratado, provavelmente você estaria em algum zoológico agora.” Disse o prefeito.

“Sim, obrigado por aquilo. Você ainda tem sorte por aquela pancada não ter lhe deixado uma cicatriz.”

“Agora relaxe, Thomas. A pior coisa que pode acontecer é elas negarem o pedido, então você ganhará e não terá que se preocupar mais. No entanto, se tudo der certo, então você será apenas reembolsado pelos materiais que usou para consertar a cidade. Por que você não me entrega essa carta e vemos que tipo de resposta elas deram, hmm?” Disse o prefeito, estendendo o casco.

Thomas balançava a cabeça. “Pode ser, você já fez tudo pelas minhas costas mesmo.”

Ele jogava o envelope sobre a mesa, onde o prefeito graciosamente pegava para abrir. Ansiosamente, Thomas e Copper esperavam pelo prefeito começar a leitura da carta, mas ele escolheu ler em silêncio primeiro. Para o horror de Thomas, a expressão do prefeito passou de excitação para descrença.

“Eu não acredito nisso.” Ele disse, jogando a carta na mesa, então olhando para Thomas. “Simplesmente não acredito.”

O que?? Não acredita em que??” Thomas perguntava preocupado.

Copper Top limpava a garganta antes de começar a ler a carta em voz alta.

“Senhor prefeito, agradeço pela carta. Tenho certeza que você sabe tão bem quanto eu que seguindo os estragos de Tirek, todos em Equestria estão lutando para se recuperar. Há muitas cidades ainda destruídas e dispersas. Mas quando recebi sua carta quatro semanas depois do resto de Equestria, ela me deixou querendo saber o que aconteceu por aí.”

“Depois de ler as façanhas realizadas por um de seus cidadãos conhecido pelo nome de Senhor Baker, posso apenas sentir um grande senso de honra que um mero pônei poderia assumir não apenas para ajudar seus companheiros, mas para restaurar a própria cidade. Uma coisa me chama atenção, que foi o fato desse pônei evitar que Tirek lhe roubasse a magia. Não há registros de qualquer outro pônei que tenha conseguido escapar de sua drenagem mágica, e eu gostaria de saber mais.”

“Então, pelo tempo que você estiver lendo esta carta, Princesa Twilight Sparkle e os outros elementos da harmonia estarão em um trem a caminho de sua cidade para recepcionar o Senhor Baker, conhecerem sua história, e decidirem se é ou não verdadeira. Se for, então seu pedido por uma medalha de honra será concedida, e ele receberá o mais honroso prêmio de Equestria: A Marca da Harmonia, juntamente com as despesas solicitadas para restituir seus suprimentos, além de um adicional de duzentos por cento pelo tempo de serviço.”

“Pelo que pude entender de sua carta, ele não quer absolutamente nada em troca por seus atos, então recomenda-se não deixá-lo saber de imediato acerca da chegada da Princesa Twilight, pois ele pode considerar injusto e se evadir do local e até da cidade. O elemento da alegria preparou uma pequena e suficiente festa para ele, enquanto grande o bastante para os demais cidadãos apreciarem e celebrar o verdadeiro herói que ele é.”

“Me traz profunda tristeza saber que muitos pôneis sofreram sob controle de Tirek, mas as ações do Senhor Baker me mostraram que ainda há luz no fim do túnel, e nós apenas temos que trabalhar para garantir que Equestria esteja segura mais uma vez. Eu desejo a você e aos demais moradores de Oasis tudo de bom, e fico contente em saber que ninguém se feriu.”

“Sua Majestade Real, Princesa Celestia.” Copper parava, abaixando a carta com os olhos arregalado.

Tanto ele como o prefeito olhavam para Thomas, que estava com os braços ao lado do corpo e um olhar chocado que se completava com um semblante horrorizado.

 Thomas se virou, pegou a grande cadeira dobrável que foi construída especialmente para ele,  a colocou ao lado de Copper, se sentando nela.

“Eu aceito aquele bebida, prefeito.”

O prefeito pegava outra taça, derramando uma porção de líquido cor âmbar nela.

Copper Top olhava para a carta novamente. “Mas afinal de contas, quem é essa Princesa Twilight Sparkle?!”

De onde vem a coragem

Floresta-Everfree

Autor: Once in a Blue Moon

Tradução: Drason

SINOPSE: Após o incidente com a Hydra no pântano Froggy Botton Bogg, Fluttershy passava a maior parte do tempo reclusa em sua casa. Buscando meios de superar o trauma, ela vai descobrir que a cura vai muito além de simplesmente enfrentar o medo.

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Era uma noite fria de outono em Ponyville. O sol estava se pondo, e seus raios finais atingiam uma pequena casa nos limites da Floresta de Everfree com uma bela luz alaranjada. No lado de fora da casa, uma pegasus amarela com uma crina rosa alimentava seus animais,  acompanhada por uma alicórnio roxo que conversava com ela animadamente. Ou mais precisamente, falando para ela.

“…e eu nem mesmo sabia que existia!” Twilight Sparkle concluía, olhando para Fluttershy.

“Isso é, hum, legal,” disse Fluttershy, um pouco insegura sobre como responder ao entusiasmo da amiga.

“Ela é tóxica para os pôneis, assim como para a maioria dos herbívoros, que provavelmente é o motivo de eu não ter lido sobre isso em nenhum livro de medicina. Mas aparentemente na maioria dos carnívoros o único efeito colateral é uma leve indigestão. Me pergunto por que isso ocorre.” Twilight continuava.

“Você não perguntou pra ela?” Fluttershy questionava, olhando para Twilight com um interesse renovado em seus olhos.

“Zecora poderia até ter me explicado, mas com o jeito dela falar eu não iria conseguir entender muita coisa. Toxicologia não é um dos meus temas mais fortes, especialmente quando é entregue com palavras que não rimam corretamente,” admitia a alicornio, um tanto tímida.

“Bem, isso é uma pena, mas você não pode esperar ter conhecimento de tudo, Twilight,”

“Não, mas…” Twilight pausava, com uma ideia emergindo em sua cabeça, “Já sei! Fluttershy, por que você não vem comigo na próxima vez que eu visitar a Zecora? Você é mais experiente com animais do que eu, então poderia entender melhor o que a Zecora fala e anotar as informações para mim. Assim eu poderia ler quantas vezes fosse necessário para aprender!” Fluttershy reconhecia o olhar ligeiramente empolgado de sua amiga, que sempre ocorria quando estava em busca de conhecimento.

“Eu não sei Twilight, isso soa como se você fosse conversar sobre coisas terrivelmente inteligentes e complexas com Zecora, e eu não iria querer ficar em seu caminho e te atrapalhar…” Fluttershy respondia, olhando para o interior da floresta Everfree. O sol já havia sumido, e a floresta estava totalmente escura e aparentemente perigosa. O que certamente era, já que em várias ocasiões elas se depararam com criaturas hostis, como a Hydra gigante em especial que ainda assombrava os pesadelos da pegasus amarela quase um ano depois, e era raro ela se aventurar tão adentro da floresta depois desse dia.

“Mas é claro que você não vai me atrapalhar, e tenho certeza que também irá achar fascinante,” Twilight observava o olhar nervoso de Fluttershy na direção da floresta, compreendendo sua amiga. Ela não poderia tranquilizar Fluttershy de que seria um lugar perfeitamente seguro, já que Everfree demonstrava o contrário; mas sabia que as chances de encontrar alguma coisa realmente perigosa eram mínimas, mesmo com as lembranças de suas desventuras. “Não se preocupe – nós iremos juntas, e cuidaremos uma da outra. Estarei mais segura com você também, já que você é muito melhor para lidar com animais.”

“Hum, tudo bem então, se você realmente acha isso.” Disse Fluttershy eventualmente. Sentindo-se um pouco mal por pressionar Fluttershy, mesmo por uma boa causa, Twilight mudava de assunto. Estava bem escuro quando elas se separaram, e Fluttershy se sentia aliviada por voltar para sua quente, aconchegante e segura casa, logo após a saída de Twilight. Ela olhava pela janela em direção de Everfree, com as sombras longas das árvores se estendendo na direção dela com o levantar da lua, fazendo-a tremer. Então Angel a lembrou sobre o jantar, e ela puxou as cortinas.

Passaram duas semanas antes que Twilight fosse visitar Zecora novamente, e Fluttershy estava esperançosa que Twilight tivesse esquecido sobre sua promessa, quando em uma certa tarde ela ouviu um batido na porta. Fluttershy abriu, recepcionando Twilight parada do lado de fora com alforjes estufados de materiais e um sorriso entusiasmado.

“Olá Fluttershy, você está livre nesta tarde?” Perguntava Twilight.

“Oh, hum, olá Twilight. Não tenho nada planejado,”

“Ótimo! eu estava indo visitar a Zecora hoje, e tive esperança de que você pudesse vir comigo,” Twilight dizia, e depois que Fluttershy falhou em reagir com um nível apropriado de entusiasmo, ela continuou, “Nós vamos perguntar a ela sobre animais, suas dietas, e por aí vai, lembra?”

Fluttershy não queria visitar Zecora; sua cabana ficava em um ponto profundo de Everfree, mais do que Fluttershy havia adentrado em meses. Não tinha como negar seu medo pela floresta, mas ela disse a Twilight que iria. E vendo o quanto sua amiga estava interessada na possibilidade de aprender coisas novas com a Zecora, a pegasus amarela também não queria desapontá-la.

“….Fluttershy, tudo bem?”

“Claro!” Disse Fluttershy, antes de recuperar sua compostura. “Sim, tudo bem. Só vou pegar minhas coisas.” Não levou muito tempo, ela mantinha um caderno com anotações veterinárias e um lápis em seu alforje, pendurado ao lado da porta, apenas no caso dela ser chamada em uma emergência inesperada, e tudo o que ela teria que fazer era pegá-lo de imediato. Com uma palavra tranquilizadora para Angel de que estaria de volta na hora do jantar, seguido de outra palavra reconfortante de Twilight que ficaria tudo bem, Fluttershy e Twilight partiram.

O sol ainda estava brilhando, mas em Everfree a passagem de luz pelas folhas das árvores era fortemente filtrada. Todas as cores pareciam opacas, como se a floresta drenasse a vida de quase tudo, como se estivesse desafiando os tolos que se atrevessem a entrar nela. Desesperada em parar com essa linha de pensamento antes que fosse ainda mais longe, Fluttershy tentava identificar algumas das plantas que cresciam pelo caminho da floresta. Haviam poucos frutos, e se ela voltasse naquele mesmo local no outono, provavelmente haveria uma boa colheita.

Se os seus medos não amenizavam pelo menos se enterravam, e Fluttershy começava a relaxar.  Twilight, que estava presa em seus próprios pensamentos acadêmicos, percebeu e sorriu. Elas caminhavam em silêncio na maior parte da estrada, e Twilight pensava em todas as perguntas que poderia fazer a Zecora enquanto que Fluttershy distraía-se observando a diversidade botânica. Não era particularmente longe a cabana de Zecora, mas o terreno acidentado e cheio de obstáculos tornava a viagem mais morosa. Quando Twilight e Fluttershy alcançaram a cabana, Twilight batia na porta, com Fluttershy se afastando um pouco. A unicórnio roxo entrava quando a porta se abriu, com Fluttershy a seguindo em alguns momentos de hesitação.

O resto da tarde passou voando para Fluttershy. Ela conversava com Zecora sobre medicina veterinária, ervas, raízes e frutos, sobre a biologia dos animais e pôneis; enquanto Twilight anotava, desenhava e elaborava gráficos freneticamente em seu caderno. Finalmente, depois que Zecora arrancou de Fluttershy uma promessa de voltar a visitá-la para conversar mais, Twilight e Fluttershy se despediram e partiram.

“É bom ver você um pouco mais à vontade, Fluttershy,” disse Twilight enquanto elas percorriam o caminho acidentado de volta para Ponyville, “você parecia tensa na maior parte do tempo, e eu fiquei preocupada.”

“Mesmo? Espero não ter te preocupado muito. Não gosto de deixar os outros preocupados.”

“Mas você esteve nervosa praticamente o tempo todo não é mesmo.” Twilight pressionava, não querendo fazer exatamente uma pergunta. Fluttershy pausava por um momento, imaginando a melhor resposta para dar a Twilight. No final, ela decidiu pela verdade.

“…Sim.”

Twilight parava e olhava diretamente para Fluttershy, tentando dar a ela um olhar confortável.

“O que foi?” Ela perguntava gentilmente, “O que aconteceu?” Tendo ido longe demais para voltar atrás, Fluttershy respirou fundo e começou a falar.

“Você se lembra da hydra gigante no pântano Froggy Botton Bogg? Quando eu estava ajudando todos aqueles pequenos sapos? Bem, aquele pântano não é muito longe de Everfree, e eu nunca havia visto algo tão grande e perigoso lá antes. Eu acreditava que estava segura, mas se você, Applejack, Spike e Pinkie Pie não tivessem aparecido, eu, hum…” Fluttershy parava de falar, com sua mente imaginando bocas enormes cheias de dentes afiados.

“Fluttershy, está tudo bem,” Disse Twilight, “Nós estávamos lá. Eu estou aqui. E você está bem.”

“Desculpe Twilight. No entanto, você entende onde quero chegar, não é? E se não estivessem lá? E se vocês não estiverem lá da próxima vez? Onde mais não é seguro?” Fluttershy respirava com dificuldade pelo tempo em que tinha acabado de falar, e não pelo esforço. Não era de se admirar que ela estivesse nervosa, ela tinha se traumatizado com aquele incidente. Na época, Twilight pensava apenas em Pinkie Pie e seu inexplicável sentido de prever as coisas, a ponto de desconsiderar suas outras amigas. Foi uma lição que ela havia aprendido. Ela também percebeu que o sol estava começando a sumir no horizonte, e que logo Everfree estaria completamente escuro. Poderia ser melhor se Fluttershy não estivesse refletindo sobre como a vida poderia ser perigosa e imprevisível quando aquilo aconteceu, pelo menos não naquele momento.

“Hum, Twilight, está ficando muito escuro,” disse Fluttershy, fazendo Twilight desejar que tivesse ficado de olho no horário no momento em que estavam com Zecora.

“Sim, bem… é melhor nos apressarmos. Angel vai estar se perguntando sobre a nossa volta até o jantar.”

“Twilight, os lobos de madeira conhecidos como Timber Wolves caçam à noite,” disse Fluttershy, sem nem mesmo tentar esconder o medo em sua voz.

“Eles apenas caçam pôneis quando não têm escolha, se lembra? Você mesma me ensinou isso,” respondeu Twilight, desesperada em tentar tranquilizar Fluttershy. Mas a pegasus amarela não estava mais pensando racionalmente; tudo o que ela podia ver eram as sombras das árvores se esticando em direção a ela, cabeças enormes com dentes afiados… “Fluttershy, olhe para mim. Me escute.” Twilight dizia firmemente, ficando na frente de Fluttershy, tentando atrair sua atenção. Fluttershy olhava diretamente para Twilight, mas apenas por causa das sombras que pelo menos surgiam parcialmente escondidas atrás dela.

“S-sim Twilight?” Ela gaguejava, ainda à beira de entrar em pânico.

“Fluttershy, não há nada lá. Não tem hydra, timber wolves, apenas nós. Mas por favor, você precisa continuar andando.”

“Eu, eu, não sei se posso,” Fluttershy respondia, perto de lacrimejar, “Está tão escuro! Qualquer coisa pode estar por perto! Eu não…”

“Fluttershy, temos que continuar. Veja o caminho,” Twilight gesticulava para a trilha acidentada na frente delas, “É o caminho de volta para casa. Chegando em Ponyville poderemos conversar mais, mas agora nós temos que ir, e o único caminho é esse.” Lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas Fluttershy acenava, respirando profundamente, e começando a andar. Twilight iluminava seu chifre, banhando a floresta com uma luz púrpura. Sombras com garras ferozes dançavam entre as árvores, mas a luz de Twilight as mantinha acuadas. Fluttershy seguia em frente, se mantendo próxima da alicórnio.

Um pouco incomum, Fluttershy passava a maior parte do dia seguinte na biblioteca com Twilight e Spike. Twilight copiava algumas anotações de Fluttershy para complementar o que ela havia aprendido com Zecora, elas conversaram um pouco mais sobre toxicologia e medicina veterinária e Twilight ditava uma carta para a Princesa Celestia sobre a importância de olhar para todas as suas amigas, e não apenas aqueles de quem quer atenção. Tendo delegado a maioria de suas tarefas do dia para Angel, com Twilight observando por cima do ombro para ter certeza que Angel não iria dar trabalho a ela, Fluttershy foi capaz de relaxar, e com o passar do dia ela se sentiu capaz de conversar com Twilight um pouco mais sobre seu medo de Everfree e o grande mundo em geral. Twilight prometeu que da próxima vez ela ficaria de olho no horário para que elas pudessem voltar ainda de dia, e em troca Fluttershy prometeu que iria novamente visitar Zecora. Enquanto ela trotava para casa naquela noite, Fluttershy percebeu que se sentia melhor por ter compartilhado seus problemas com Twilight, e resolveu que deveria falar sobre suas preocupações com suas amigas com mais frequência. Enquanto ela fechava a porta de sua casa, sentiu que tinha conseguido, de alguma forma, superar o trauma com a hydra.

Duas semanas passaram, com Fluttershy se sentindo melhor a cada dia. Apesar de não ser uma chuva de confiança, ela se aventurava para fora da casa para se encontrar com suas amigas com mais frequência. Em uma certa tarde, Fluttershy estava limpando o galinheiro quando Applejack aproximava com sua cadela Winona a seguindo lentamente. Percebendo que havia algo errado, Fluttershy as cumprimentou.

“Olá Applejack, e olá Winona,” Disse Fluttershy, com sua preocupação crescendo ao ver Winona responder com dificuldades abanando o rabo.

“Olá, parceira. Winona não está se sentindo bem. Big Mac e eu estamos muitos ocupados com a fazenda, então queria saber se você pode cuidar dela esta tarde.”

“Mas é claro, ela pode ficar o tempo que precisar. Ela realmente não parece bem; por que não deixa comigo o dia todo, e então podemos ver se amanhã ela já está melhor.”

“Bem, seria de grande ajuda e muito gentil se você pudesse fazer isso, Fluttershy.”

“Sem problemas Applejack, eu cuido dela pra você.” Disse Fluttershy confiante.

Mais tarde naquela noite, porém, ela estava menos confiante. A condição de Winona estava piorando, e a pegasus amarela folheava freneticamente seu livro medicinal para tentar diagnosticar o problema. Eventualmente, ela descobriu a causa quando Winona regurgitou sementes de plantas tóxicas de Everfree, mais conhecidas como “teixo”. Julgando pela sua condição, as sementes já haviam causado danos severos, e a menos que ela fosse tratada logo, o desfecho poderia ser fatal.  Fluttershy sabia como tratar envenenamento de plantas tóxicas, mas ela precisava de um tipo raro de fungo chamado “parasbore” para fazer o antídoto, que graças a ela não visitar mais Everfree ante seu trauma com a hydra, acabou ficando sem estoque. Ela sabia que a veterinária da cidade também não tinha mais, já que muitos dos ingredientes ela comprava da própria Fluttershy, que era mais barato do que encomendar de Canterlot, então Fluttershy sempre era informada quando os suprimentos acabavam na clínica.

Fluttershy começava a entrar em pânico. Não havia nenhuma forma dela encontrar o fungo parasbore à noite; de tão raro, ela poderia passear pela floresta por horas sem encontrar uma única amostra. E no escuro, ela poderia passar por um sem nem mesmo perceber. Quem mais ela conhecia que poderia ter tal ingrediente? Como um raio, ela se recordou de Zecora que tinha um enorme acervo de ervas, frutos, raízes e fungos; ela tinha certeza que chegou a ver parasbore em seu estoque. Não havia tempo a perder, não com Winona enfraquecendo a cada minuto. Ela tinha que enfrentar a Floresta Evrerfree, à noite, sozinha, para ver Zecora.

Minutos depois, caminhando através da escuridão tão profunda que ela mal podia ver a trilha em sua frente, Fluttershy estava se sentindo mais insegura com sua decisão. Talvez ela devesse ter ido buscar Twilight, Rainbow Dash ou Applejack; qualquer um que pudesse ser corajosa por ela. Mas então a pegasus amarela se lembrou que simplesmente não poderia atrasar; quanto mais o tempo passava, menos eficaz poderia ser o antídoto.

Fluttershy ouvia um barulho sussurrante em um arbusto logo a frente dela, e então parou. Com seu olhar tenso, sua mente materializava imagens de dentes afiados, garras cortantes, temendo pelo pior. Por um momento, ela era uma pequena potra novamente, perdida na profunda e escura floresta com monstros a perseguindo onde quer que ela corresse. Mas o momento passava, e Fluttershy conseguia controlar seu pânico. Ela poderia correr e voltar para a segurança de sua casa em minutos. Mas e Winona? E Applejack? Ela prometeu cuidar dela, e mais do que isso, cuidar de animais era sua paixão. Dessa vez, ela tinha que seguir em frente, bem longe da segurança de sua casa, para o interior da floresta. A outra opção era voltar para trás, mas ela jamais o faria com alguém dependendo dela. Essa era a força positiva que emergia de si mesma para combater os momentos tenebrosos da vida, era de onde vinha a sua coragem, e foi onde a pegasus entendeu que enfrentar o medo não é algo para ser forçado, é uma virtude que deve fluir naturalmente. No caso dela, vinha do amor ao próximo.

O arbusto se mexia novamente, e então um texugo emergia repentinamente dele, fazendo Fluttershy respirar aliviada. Em um trote tão rápido quanto ela ousava na escuridão, Fluttershy enfrentava Everfree, avançando em seu interior cada vez mais, até Zecora.

 Applejack batia na porta da casa de Fluttershy, e ficava um pouco preocupada quando não ouvia nenhuma resposta.

“Fluttershy?” Ela gritava, batendo novamente. Fluttershy abriu a porta de repente, fazendo a pônei laranja saltar. “Calma aí Fluttershy!”

“Oh, desculpe,” Fluttershy dizia, olhando envergonhada.

“Tudo bem, você apenas me assustou,” Applejack pausava, e então olhava ao redor, “Onde está Winona?” Ela perguntava com uma voz preocupada.

“Está descansando,” Fluttershy respondia, e Applejack assentia em alívio, “ela estava muito doente, mas felizmente eu sabia qual remédio usar para ajudá-la a se sentir melhor. Eu temo que ela irá precisar pegar leve por um mês ou mais, sem atividades pesadas ou qualquer coisa do gênero para uma recuperação completa.”

Obrigada Flutershy,” Disse Applejack com um enorme sorriso em seu rosto, “Eu sabia que ela estaria segura com você.”

Fluttershy sorria.

Melhor tarde do que nunca

 

Autor: Noir de Plume

Tradução: Drason

SINOPSE: Bic Mac sempre foi forte, útil… e silencioso. Como irmão mais velho, sempre esteve ao lado de sua família as ajudando e nunca pedindo nada em troca. Juntos, eles cuidam do Rancho Maçã Doce. Mas teria sido esse sempre o seu único sonho?

Havia sido um longo dia, e o seguinte prometia ser ainda mais. Com um suspiro, Big Mac tirava o colar de trabalho e o levava até o gancho na parede. Tudo estava dolorido, do seus quadris até as orelhas. Mesmo assim, ele estava feliz pela fazenda estar produzindo muito, e Applejack iria ter uma boa safra de cidra nesta temporada.

Exausto, ele caminhava até sua cama. O pônei vermelho havia feito o mesmo naquela manhã quando acordou, antes do sol nascer. Big Mac sempre se sentia melhor voltando no final do dia para uma fresca e limpa cama – com lençóis brancos dobrados cuidadosamente e o travesseiro centrado na cabeceira. Coisas simples, das quais ele balançava a cabeça para si mesmo em aprovação.

“Big Mac!” ele ouvia sua irmã chamando do andar de baixo.

“Eeyup!” ele chamava de volta. Ouvia-se barulho de cascos subindo as escadas rapidamente, e Applejack se aproximava da porta, equilibrando uma caixa de papelão na cabeça.

“Eu estava limpando o celeiro e achei essa caixa cheia de coisas velhas. Imaginei que você quisesse salvar alguma coisa antes que eu jogasse fora,” ela sorria, jogando a caixa para cima e deixando cair em suas costas, permitindo que ela deslizasse suavemente para o chão. Big Mac sorria para a exibição de atletismo de sua irmã. “Bem, você parece cansado. Primeiro repouse um pouco,” Applejack sugeriu, acenando.

“Eyup.”

Ela fechou a porta atrás dela.

Big Mac foi até a caixa, aproximando o focinho da tampa e espirrando por causa da poeira. Ele observava seu conteúdo em silêncio.

Eram suas coisas da faculdade.

O diploma emoldurado da Universidade de Fillydelphia, a estranha foto de identificação que ele havia tirado no primeiro ano, a primeira fórmula que ele tinha redigido por conta própria. Ele vasculhava a caixa com um dos cascos, onde descobriu uma pilha de papeis.

Minha tese…

Ele se inclinava e cuidadosamente retirava os papeis amarelados com os dentes, carregando eles até a pequena mesa ao seu lado. Ele examinava atenciosamente – era tão jovem e tão confiante em sua teoria. Isso era evidente em seus traços de caneta. A bravura de um potro ainda não comprometida pela realidade da vida. O primeiro Apple a frequentar uma faculdade e tentar um doutorado.

“A física da mágica de Equestria” era o título. “Uma dissertação de M. Apple.”

Aquele dia vinha rugindo como um dragão…

Ele caminhava pelos corredores da faculdade com seu estômago gelando a cada passo. Mac tinha certeza que iria expulsar o que havia comido naquela manhã. Pela nona vez, ele verificava sua crina na superfície reflexiva da parede.

Ainda estava lá.

Seja legal.. apenas seja legal… ele dizia para si mesmo.

A porta rangia ao abrir. Mac quase pulava para fora de sua pele. A professora Hardhorn sorria gentilmente.

“Nós estamos prontos, Macintosh.” Ela disse.

Respirando bem fundo, o pônei vermelho entrava lentamente na sala. Isso não era tão intimidador como ele imaginava: os três professores sentados em uma mesa em frente a uma área de apresentação na sala de aula, onde ele balançava a cabeça em saudação para cada um deles.

Primeiro era o professor Tuft, ranzinza pela idade, era o chefe do departamento de física de voo. O velho grifo acenava rapidamente em retribuição, bagunçando suas penas.

A próxima era a professora Saand, chefe do departamento da ciência da terra. Originalmente de outro país, Macintosh estava mais preocupado em convencê-la sobre sua teoria dos pôneis terrestres.

Finalmente a professora Hardhorn, chefe do departamento de magias e feitiços. A agradável unicórnio lhe dava um gentil aceno encorajador enquanto ela se sentava. Mac limpava sua garganta.

“Bom. Bem… hã…”

“Solte a voz, garoto,” o professor Tuft cacarejava.

Mac respirava fundo enquanto ficava em linha reta de frente para eles.

“Meu nome é Apple Macintosh, e estou aqui para defender minha tese. Cada um de vocês deve ter uma cópia intitulada “A física da mágica de Equestria.” Nela, eu explico como a mágica não é inerente aos unicórnios, mas a todos os tipos de pôneis.” Nesse ponto, ele respirava fundo mais uma vez enquanto seus expectadores o observavam com mais interesse. “É a minha opinião que a magia, como a chamamos, não é tão exclusiva, e todo pônei nasce manifestando algum talento ou outro pela sua própria natureza em ser equestriano.”

“Vou começar com os unicórnios. Como já sabido pelo senso comum e o conhecimento moderno, unicórnios canalizam mágica através de um realce orgânico conhecido como chifre. Esses pôneis têm uma vantagem, já que o chifre é um tipo de amplificador. Independentemente do talento indicado pela marca especial dos unicórnios, sua magia é utilizada para alterar, ou de outra forma mudar o mundo e realidade a sua volta. A maneira em que essa alteração da realidade ocorre, no entanto, varia bastante, resultando em feitiços que se estendem por um amplo leque de dificuldade e complexidade. No nível básico, temos levitação de matéria e telecinese. Em um estágio mais avançado, o unicórnio é capaz de teleportar matéria ou avançar a idade de outro ser vivo. Essa manipulação da matéria, seja orgânico ou não, é única para o unicórnio lançar e o meio deles interagirem com sua mágica através de seus chifres. Um feitiço é uma referência básica, mas um unicórnio deve canalizá-lo através da magia de seu próprio corpo antes que eles sejam capazes manejá-los sobre o conceito.”

Ele pausou, tomando um copo de água que estava na mesa. A professora Saand acenou o casco para que ele continuasse.

“Pegasus, em contraste com os unicórnios, internalizam a mágica e incorporam em apêndices extras que se desenvolveram com o propósito de voo: asas. Foi provado que pegasus que sofrem deficiência de magia não são capazes de voarem. Quando a aerodinâmica moderna é aplicada, como feito em um recente estudo na Faculdade de Engenharia de Cloudsdale, foi demonstrado que a envergadura de um pegasus não gera sustentação necessária para manter um pônei planando, muito menos de vencer a gravidade de Equestria. É então presumível que a magia dos pegasus faz uma ou duas coisas: ou aumenta a área da superfície da asa sem aumentar a massa/densidade, ou aumenta a quantidade de impulso gerado pela asa. Esta magia é canalizada pelas asas da mesma forma que os unicórnios fazem com seus chifres. Há casos anormais que podem levar à descrença, pois nem todos os pegasus são hábeis em voo. Enquanto isso pode ser interpretado como uma ausência natural da habilidade, uma inspeção mais profunda revela uma especificação diferente de talento, único para macho ou fêmea, enquanto ainda são capazes de gerar e manter sustentação necessária para flutuar após a pratica. Esses pegasus sempre escolhem viver perto do chão. Um exemplo notável é um pegasus que trabalha como repórter, e tem uma glândula adrenal que funciona de maneira avançada, garantindo uma rápida reação ao tempo que permite a ele tirar fotos no momento perfeito.”

Mac pausou novamente para outro gole de água. Ele estava menos nervoso agora, e os professores fascinados. Mesmo o professor Tuft, o velho grifo excêntrico, foi inclinando para ouvir cada palavra. Mac se levou a um par de respirações lentas e então se lançou para o final.

“Já os pôneis terrestres têm a magia completamente interiorizadas. Isso resultou em habilidades únicas e aparentemente inacabáveis. Tal fenômeno reforçou seus corpos, com a mágica influenciando diretamente a constituição de seus músculos, os tornando fortes e mais energéticos no geral do que os outros dois tipos de pôneis. No entanto, esta internalização da mágica limitou os pôneis terrestres no modo de usarem seus talentos. Sua mágica causa efeito apenas em si mesmos, visto que fica confinada em seus corpos. Pôneis terrestres não tem ligação direta entre seus cérebros e sua mágica, diferente do unicórnio e seu chifre, então eles não podem visualizar ou enxergar os efeitos de sua magia. Eles também não tem qualquer ligação física com sua mágica, como pegasus com suas asas, então eles não tem como controlar os efeitos de suas magias. É por esse motivo que pôneis terrestres manifestam suas habilidades mágicas com técnicas e habilidades.”

Ele parou, colocando os cascos dianteiros juntos, deixando a sala cair em silêncio. A professora Hardhorn se preparava para falar, mas uma batida repentina e forte na porta a interrompeu, fazendo-a franzir a testa.

“Estamos avaliando uma tese!” Ela gritava para a porta, em seguida dando a Mac um olhar de desculpas.

A porta rangeu ao abrir lentamente e um pônei muito tímido adentrou a sala segurando com seus cascos trêmulos uma carta.

“Eu… eu sinto muito, mas a ca…carteira disse que era urgente. É de Ponyville para o senhor Apple.”

Mac pegou a referida carta.

“Obrigado.” Ele disse suavemente, abrindo-a e lendo lentamente. A sala permanecia em silêncio. Seus olhos foram para o topo ao ler novamente. Quando seus olhares chegaram no final da carta, ele também havia chegado a uma decisão, pois naquele momento, viu que não era mais um potro.

“Professores,” ele disse solenemente, dobrando a carta. “Eu agradeço por hoje, e peço desculpas por desperdiçar o tempo de vocês. Mas tenho que ir.”

“Ir?” A professora Saand exclamou. “Ainda vamos fazer perguntas sobre sua tese!”

“Você tem que defendê-la, rapaz!” O professor Tuft gritava, com Mac balançando a cabeça.

“Macintosh…” A professora Hardhorn dizia categoricamente. “Se você sair agora…”

Ela olhou em seus olhos, e observou uma mudança. Mac sorriu. Não era um sorriso de resignação ou derrota, mas de aceitação. Ele havia deixado Ponyville para encontrar seu lugar ao mundo, e agora tinha encontrado.

“Minhas irmãs precisam de mim.”

Big Mac deixou a última página de sua tese acima das outras folhas. Ainda parecia em bom estado de conservação… e ele ainda estava convencido que a teoria estava certa. Muita coisa aconteceu desde então, tanto para apoiar sua tese…

Determinado, Big Mac pegou os papeis e os levou para sua mesa. Abrindo uma gaveta, ele removeu uma resma de papel nova, um tinteiro e uma pena.

Melhor tarde do que nunca.

Em meio à madrugada o pônei vermelho descia as escadas o mais quieto que podia, com um envelope agarrado em sua boca. Ele continuava em silêncio para evitar os rangidos do chão de madeira. Algum dia. Ele olhava em volta quando chegava ao fundo. Ainda não havia ninguém. Silenciosamente, ele fez o seu caminho até a porta.

“Muito cedo pra trabalhar!”

Ele levantava uma sobrancelha enquanto Applejack trotava e o cutucava em seguida.

“Ooooh, o que ocê tem aí?” ela perguntou. Big Mac encolheu os ombros. “Uma carta? Estava andando escondido com uma carta?” ela pressionou. Seus olhos brilharam. “É uma carta de amor? Está escrevendo para a Princesa Luna?”

Ela levantou e pegou o envelope lacrado dele. Big Mac fez um barulho em protesto enquanto Applejack continuava. Ela parou repentinamente.

“Ei… isso…” Ela segurou o envelope para fora. “Isso vai para o Departamento de Ciência da Universidade de Equestria”, ela disse suavemente.

“Eyup.” Ele respondeu. Applejack olhoava para ele, com seus olhos brilhando em lágrimas.

“Isso é…? Você finalmente…?”

“Eyup.”

Ela correu e abraçou o irmão com força.

“Foi por minha causa que ocê desistiu de apresentar naquela época. Deixa eu colocar a carta na caixa de correios. Quero fazer parte deste momento.”

Big Mac acariciou a crina de sua irmã.

Eu faria tudo de novo por vocês, AJ.

O real significado

 

Autor: Drizzle Quill

Tradução: Drason

SINOPSE: Applejack ensina para sua irmã mais nova o real significado da beleza.

 “Você não entende, Applejack!”

A pônei laranja sorria gentilmente, acariciando a crina de Applebloom. “Acho que entendo sim. Você teve um dia difícil na escola. Isso acontece com o melhor dos pôneis. Seja corajosa e forte ao passar por isso Applebloom, você vai superar.”

Applebloom empurrava o casco da Applejack para fora de sua cabeça e batia o pé dianteiro no chão com um olhar zangado. “Mas Applejack!” Ela choramingava em uma voz tão alta que Applejack tinha que achatar suas orelhas contra a cabeça para abafar o volume. “Você não entende! Ela me chamou de feia, uma pônei feia que mora em uma velha e suja fazenda! E… e…”

Sua voz foi abaixando até um guincho inaudível. “Ela está certa Applejack? Eu sou feia?”

De todas as perguntas do mundo, Applejack não esperava essa.

Parecia que o dia iria começar bastante normal.

Applejack estava cuidando de seu trabalho, tentando imaginar quando a próxima colheita de maçãs iria começar, quando de repente surgiu um som como trovão. Era realmente a Applebloom chegando da escola, batendo a porta e galopando escadas acima o mais rápido que suas pernas podiam carregar para ela se jogar em sua cama aos prantos. Applejack deixou seu cronograma de lado para cuidar de sua irmã mais nova…

…e agora isso estava acontecendo. Uma conversa que nunca poderia ter sido evitada. Applejack apenas esperava que isso poderia vir mais tarde, e não tão cedo. Mas foi inevitável. “Applebloom, querida,” Applejack sussurrava, tomando seu lugar na cama ao lado de sua irmã. “Quem fez isso com você?”

A resposta foi abafada; a cabeça de Applebloom estava enterrada no travesseiro. “Diafond Tifarfa.”

“A filha do Sr. Rich?” A pônei laranja piscou para o nada, como se tentasse se lembrar de uma memória distante. “Poxa, ela sempre me pareceu uma criança agradável.”

“Ela não é!” Applebloom respondia amuada, antes que seu corpo estremecesse novamente aos silenciosos soluços. “Ela arruinou minha vida, nem tenho certeza se está dizendo a verdade ou não!”

Enquanto ela continuava falando, sua voz aumentava mais e mais até chegar no nível de um grito; para mais uma vez Applejack achatar seus ouvidos. “Applebloom, é claro que ela está mentindo, e essa é a mais pura verdade.”

Rolando na cama, a potranca olhou para o teto, com seus olhos âmbar evitando contato com os verdes de sua irmã. Suas próximas palavras eram lentas e pensativas, como se ela tivesse considerado em dizê-las por muito tempo. “Mas o que ela disse… não era verdade? Nós vivemos em uma fazenda velha e suja… e minha crina é um pouco estranha… e o meu laço parece muito grande pra minha cabeça…” Ela fungava, como se tivesse medo de continuar.

Applejack suspirava ao deitar ao lado de sua irmã, com ambas olhando juntas para o teto, de alguma forma procurando por constelações de Luna escondidas na madeira, que dançava maliciosamente entre a tinta de cores vivas. Lentamente ela trazia um de seus cascos dianteiros em torno de sua irmã mais nova, a puxando para perto de si para que pudesse falar em seu ouvido.

“Agora ouça, Applebloom. O que estou prestes a dizer pra você é de conhecimento comum, algo que todo pônei deve ouvir e manter perto de seus corações, entendeu?”

Claramente se esforçando para evitar as lágrimas, Applejack sentia uma onda de alívio sobre ela enquanto Applebloom acenava, com seus olhos cor de âmbar transmitindo mais emoção do que ela pudesse expressar em palavras.

Não era fácil achar as palavras corretas. Por toda a sua vida, temia ter esse tipo de conversa como mãe. Naquele momento, Applejack era a figura materna mais próxima que Applebloom tinha. Embora sentisse como se estivesse se preparando para aquele momento em sua vida inteira, Applejack ficou horrorizada ao sentir que as palavras lhe faltavam.

Applebloom apenas esperava, como se estivesse a desafiando.

Em uma inalada de ar, Applejack começou.

“É verdade que alguns pôneis são muito bonitos. Eles têm belas crinas e olhos, ou asas majestosas, ou alguma outra palavra chique que não importa.”

“Como Rarity?” Applebloom perguntava baixinho.

“Sim, como Rarity.” Applejack sorria antes de continuar. “No entanto, mesmo se um pônei é muito, muito bonito por fora, não quer dizer que isso os fazem bonitos por dentro também.” Ela observava a reação de Applebloom para ter certeza que sua irmã estava entendendo e parava quando parecia o contrário; algo que se tornava nítido em seu olhar confuso. “Entendeu irmã?”

“Não tenho certeza,” Applebloom respondia timidamente. “Snips disse que Diamond Tiara é muito bonita. Mas mesmo que seja…” Sua testa franzia enquanto tentava interpretar o que sua irmã dizia. “Não quer dizer que é totalmente bonita?”

Aplejack assentiu a encorajando. “Mesmo que Snips ache que Diamond é bonita, que pode até ser verdade, e quanto ao seu coração?”

Applebloom olhava vagamente.

“Vou tentar de um modo diferente.” A pônei laranja pensava por alguns segundos, e então seus olhos verdes brilharam. “Applebloom, digamos que você estivesse olhando para o coração da Diamond Tiara. Você o veria como algo bonito como o lado de fora dela ou feio, como as atitudes dela?”

A resposta parecia vir por extinto. “Feio, claro! Cheio daqueles bichos parasitas que a Cheerilee mostrou na aula de ciências.” A ideia fez Applebloom soltar uma risadinha, mesmo em meio às lágrimas.

Applejack sorriu. “Viu? Mesmo se um pônei é bonito, também pode ter um coração feio.” Applebloom olhava para longe, refletindo, antes de voltar com outra pergunta, que Applejack acolhia com gratidão, sentindo como se ela realmente estivesse ajudando a sua irmã. “Mas e se um pônei é bonito e tem um coração bonito? Como Rarity? Isso é possível?”

“Claro!” a pônei laranja bufou. “Há muitas combinações entre bonito e feio. Mesmo uma certa pônei que pode pensar que é feia, apesar de ser a irmã mais nova mais bonita do mundo…” ela cutucava Applebloom no peito, fazendo com que ela suspirasse animadamente, “…e que também tem o coração mais lindo que já vi.”

As lágrimas finalmente pararam, e Applejack expirou. Toda aquela conversa a cansou; mas não era o mais importante. O importante era saber se ela ajudou sua irmã direito e conseguiu realizar a tarefa de uma mãe.

Ela fez tudo direito?

E julgando pela forma como Applebloom voava para ela em um caloroso abraço que foi calorosamente recebido, sim, ela tinha.

“Aww, vem cá irmã,” Applejack suspirava no ouvido de sua irmã, sentindo o toque frio das lágrimas molhadas da pônei amarela em sua pele.

“Está tudo bem, está tudo bem. Para mim, você é linda, com um coração igualmente lindo, e,“ ela dizia honestamente com sua voz soando suavemente como um sino, “isso é o melhor que se pode ser.”

Silêncio por alguns segundos; então Applebloom olhava para cima, com uma lágrima em seu olho. “Obrigada, Applejack.”

“Sem problemas. Eu apenas descrevo como vejo.” E ela queria dizer isso também, do fundo do coração. Algo lhe dizia que Applebloom sabia disso, e ela estava grata.

Havia silêncio por um momento; silencio que Applejack dava boas vindas. Era só ela e Applebloom e mais ninguém, trancadas em um abraço que parecia durar uma vida, antes que Applebloom explodisse rindo.

Applejack olhou para ela confusa. “O que?”

A pônei amarela suspirou em meio às lágrimas. “Eu estava imaginando a Diamond Tiara igual ao coração dela.” Ela explodia em um ataque de risos de novo, transmitindo seu agito para o corpo de Applejack.

Sua irmã sorriu. “com parasitas?”, ela brincou, fazendo Applebloom gritar de tanto rir.

“Besouros!”

“Aranhas!”

“Baratas!”

“Cobras!”

“Moscas verdes!”

No momento em que elas tinham terminado, ambas irmãs estavam deitadas na cama, exaustas de tanto rir, e totalmente sem fôlego. Elas olhavam para o teto, para as constelações escondidas na tinta da madeira, e mais uma vez veio o silêncio. Um bom tipo de silêncio satisfatório resultante do trabalho de Applejack. Ela fechava seus olhos em alívio, saboreando aquele momento com sua irmã.

Silêncio que foi quebrado por uma única palavra, falada por sua irmã mais nova rindo.

“Mofo!”

Sem palavras para descrever – Livro I- Cap. 7 – Algo a Mais

capítulo-sete

Autor: Grivous

Gênero: Normal, Triste, Drama, Romance

Sinopse: ”Em alguns dias, um show será apresentado na pequena cidade de Ponyville, como o último show da carreira musical de uma musicista muito famosa de Canterlot: Octavia. Twilight Sparkle e suas amigas ficaram encarregadas de aprontar os preparativos para o Grande Evento. Os fantasmas de seu passado continuam assombrar a jovem musicista, a ponto de isolar-se do mundo e daqueles que ama. Num único evento, cheio de reviravoltas e grandes emoções, ela está para descobrir algo muito mais do que apenas o fim…”

LIVRO I :

Apresentação

Prólogo

Capítulo 1 – Empolgação

Capítulo 2 – Cascos e Coices

Capítulo 3 – Desinformado e Desinteressado

Capítulo 4 – Convidado ou Intruso?

Capítulo 5 – Casa da Mãe Joana

Capítulo 6 – Recuperação

Capítulo 7 – Algo a mais

Capítulo 8 – Amanhã

LIVRO II:

Capítulo 1 – Caminhada

Capítulo 2 – Muffin

Capítulo 3 – Companhia

Capítulo 4 – Mudanças

LIVRO III:

Capítulo 1 – Ausência

Equestria — Ponyville — Cozinha da Biblioteca, 13 de Fevereiro, 21:09.

Twilight Sparkle fez um incrível trabalho consigo mesma momentos atrás. Foi um autocontrole surpreendente. Digno de sua inteligência.

Ela percebeu que não havia motivos para descontrole emocional, nem em descontar essa sua descarga extrapolada em pôneis próximas a elas. “Pare, Twilight!”, ela gritou consigo mesma em sua mente, “Você não está pensando direito! Pare o quê está fazendo e pense com lógica!”. E foi o quê ela fez.

Não adiantava escrever incessantemente na mesma linha se havia outras linhas de sobra para serem preenchidas. Gastava o lápis, as energias para escrever teimosamente, a visão para tentar ler os garranchos grossos e violentos, e o papel acabava sendo rasgado rudemente. Ela apagou tudo o quê a deixava confusa e começou a organizar os itens presentes que aconteceram naquela noite. Por isso tinha fechado os olhos, relaxou os músculos e focou-se no que era apenas importante.

“Pronto, estou concentrada.”, pensou ela, extremamente confiante, “Agora vamos organizar os itens que tenho em cascos e que precisam de respostas! Devo focar no mais importante; o quê é mais importante agora?! Stubborn? Não, ele não está aqui para que eu possa tirar isso a limpo. Tenho Rarity e Rainbow Dash como testemunhas do quê quer que havia acontecido comigo durante meu desmaio; posso deixar esse item de lado, para mais tarde.”

“Por que a Princesa Celestia o enviou para “ajudar-nos”? Também não posso conseguir a resposta agora. Primeiro porque ela não está aqui; isso tornaria as coisas mais fáceis e rápidas. Segundo porque Spike está dormindo, o quê infelizmente me impede enviar uma carta neste exato momento para a Princesa, perguntando, e não posso atrapalhar o seu sono programado. Ele precisa de um descanso, fez um brilhante serviço por hoje. Posso riscar esse da lista, também. O quê me restou agora?”.

“O quê o Sr. Eye pensa de mim? Uma potranca mimada; carente por atenção e atração alheia. Acho que depois da minha infantilidade e exibicionismo explícito, que causou aquela queda de minha pessoa sobre seu perfeito corpo aerodinâmico, ele se sentiu motivadamente ofendido com minha transbordada teimosia. Claro que você, cabeçuda, machucou as costas daquele transeunte. Ele não vai respeitá-la se continuar desse jeito, jogando-se em cima de corcéis ondulantes! Como você vai conseguir algum respeito deste cremoso cidadão se– Não! Não dá para pensar nisso agora! Não tem como consertar isso! Eu… vou pensar nisso amanhã. Fez mais que o suficiente para ele hoje, Twilight Sparke…”

“Descobrir o quê havia acontecido comigo durante o desmaio? Isso posso conseguir com minhas amigas. Sim. Elas estão fazendo de tudo para me contar o quê houve. Estão até enrolando demais com isso porque… minhas emoções não permitem que elas me digam. Mas não podia evitar! Estava muito nervosa e confusa naquela hora… Na verdade, ainda estou… Você precisa se acalmar, Twilight! Foque-se no que é importante agora: Saber o quê aconteceu!”

Rarity acariciava delicadamente o casco direito de sua concentrada amiga unicórnio. Rainbow Dash também estava ao seu lado, segurando um copo de suco já tomado pela metade; ela olhava para ambas as chifrudas com atenção.

— Tem certeza que está bem, Twilight? — perguntou Rarity, ainda demonstrando-se preocupada com sua amiga — Sei que você está bem recuperada, mas preciso saber se você está apta em ouvir a história sem se exaltar. A última coisa que quero que você faça, querida, é se prejudicar ou ficar nervosa!

Twilight assentiu confiantemente com a cabeça — Não há necessidade de tal preocupação, Rarity. Como disse e confirmo para você: estou bem e disposta a dar toda minha atenção à vocês. Quero muito saber o quê aconteceu. Não me exaltarei, nem ficarei nervosa. Essa sensação já passou, obrigada.

Rarity juntou os cascos, animadíssima — Que bom, querida! Gostei de ouvir! Pois bem, contarei o quê houve. — Rarity limpou a garganta e comportou-se numa postura reta para começar seu discurso.

— Quando você desmaiou, novamente dizendo, ficamos todas desesperadas em ajudá-la da melhor forma possível, mas infelizmente não sabíamos como! Spike estava dormindo em sua aconchegante cama, mas nem pensamos no pobrezinho naquele segundo! Estávamos cobrando conhecimentos para o pônei errado: O Sr. Eye, que estava mais perdido que nós mesmas. Também não culpo o pobre cidadão, ele é um diplomata; e um escritor de primeira! Seria pedir demais de sua capacidade em saber socorrer pôneis desmaiados. Ficamos mais preocupadas e o tempo corria alucinadamente!

— Foi uma confusão total, fiquei olhando tudo lá de cima. — disse Rainbow Dash, querendo adicionar mais informações — Os pôneis correndo pro lado e pro outro, gritando ou falando alto. Não sei como Spike não acordou — o sonho deve estar ótimo para ele… —. Estava difícil tentar controlar a situação ou mesmo acalmar os pôneis ansiosos com gritaria e correria — ela olhou discretamente para Rarity, lembrando de um pônei em específico que mais deu trabalho para acalmar; a mesma apenas desviou o olhar, um pouco envergonhada — Eu mesma tive que descer e tentar fazer todo mundo ficar quieto e pensar numa solução. Afinal, ficar gritando não ajudaria em nada! Muito menos ficar trotando em círculos!

— Isso! — indagou Rarity — Rainbow tentou acalmar todos nós mas estávamos muito nervosas. Spikezinho não estava por perto; Sr. Eye também não sabia o quê fazer; a Prefeita tentou ajudar a acalmar o nervosismo dos pôneis presentes; Pinkie Pie sumiu misteriosamente, mas ainda assim não tínhamos pôneis para ajudar você, Twilight, querida. Queríamos ajudar você!

— E agradeço profundamente por essa preocupação, Rarity. — insistiu Twilight, tentando relaxá-la — Mas e aí? E quanto ao Capitão? Foi neste momento que ele apareceu?

— … Ainda não, Twilight. — respondeu Rarity com uma palmadinha no ombro de Twilight, como quem pede para um pequenino esperar para o climáx da estória.

Rarity estava até um pouco surpresa com Twilight neste momento. A unicórnio cor-de-lavanda citou um título do inominável sem exaltar; como ela havia prometido. Isso a deixou contente.

Ainda assim, Rarity continou — Pelo que me lembro durante minhas… peripécias, ele estava num canto, observando tudo. Ele não estava fazendo nada, só olhando o quê estava acontecendo.

Twilight pensou por um momento — Ele estava apenas observando? Ou será que ele estava… apreciando? — novamente sua desconfiança é demonstrativa.

— Não, Twilight. — discordou Rarity — Ele não parecia estar apreciando o quê estava vendo. Não havia sorrisos maliciosos nem expressões prazerosas em seu rosto.

— Mas não tem como ver suas expressões ou sorrisos, Rarity! Ele simplesmente não as têm! — exclamou Twilight.

— Mas você percebe o olhar. — entrou Rainbow Dash no meio — Ele estava num canto, observando todo mundo e o quê estava acontecendo. Sim, podia até parecer isso, mas você percebe que não estava apreciando nada, como você o acusa, Twilight. Ele estava realmente observando, avaliando a situação. Há mais coisas nele que a gente não sabe.

— Isso, Rainbow. Eu também percebi isso no Capitão. Ele ficou assim por vários minutos. — disse Rarity — Foi então que ele entrou em cena!

— E o quê ele fez? — perguntou Twilight com educação, mas demonstrando-se ansiosa.

Raibow Dash ergueu-se do chão e agiu exatamente o quê ela descreveu, conforme falava — Ele saiu das sombras das vielas da noite, todo posudo e ereto; deu duas poderosas patadas no chão conforme andava e bradou “SILÊNCIO”! — o grito da pégaso ecoou pela cozinha, machucando orelhas alheias — Twilight, te digo: Todos. Ficaram. Parados; como quem fica imóvel durante o bote de algum animal selvagem! Ninguém mexeu uma pata! Em um segundo, ele controlou a situação que eu mesma estava tentando controlar!

— Também te digo que fiquei chocada, querida! Abalou as crinas minhas. — comentou Rarity — Senti um frio na espinha subir como nunca senti antes!

— Aí que abalou geral mesmo: o Brutamontes parecia muito diferente de como era antes. — disse Rainbow Dash — Não sei que bruxaria ou ilusão ele usou na gente — se é que ele pode… — mas que não era ele… não era!

— A primeira coisa que ele fez depois que todos ficaram em silêncio — continuou Rarity — foi trotar em sua direção, Twilight. Você estava deitada meio que desajeitada e sua cabeça estava apoiada nas costas do Sr. Eye. No começo, pensamos que ele ia te fazer realmente algum mau! Queríamos agir contra, mas ficamos, de alguma forma, amedrontadas com ele e sem ação! Até que ele apenas ergueu seu queixo para cima e colocou o ouvido sobre sua boca. Creio eu que ele tentava ouvir sua respiração…

— “Minha respiração”? — pensou Twilight, enquanto passava o casco pelo pescoço, meio desconfortável.

— Depois, — disse Rarity — ele disse “Ela está respirando; isso já é bom. Sua respiração também não está ofegante, o quê é melhor ainda!”. Ele pediu para que o Sr. Eye continuasse deitado para te deixar mais confortável. Tirou um lenço escuro de um dos seus bolsos e enxugou sua testa. Applejack e eu estávamos por perto e ele chamou nós duas. Estávamos meio relutante quanto a bruscalidade, mas avançamos. Ele pediu a Applejack para tirar o chapéu e usar ele para abanar o seu rosto, para refrescar; explicou também que daria um pouco de alívio e “voltaria para nós” mais depressa. Na mesma hora, Applejack tirou o chapéu e fez o quê ele disse!

— Já para mim, — Rarity levou o casco para o peito, — ele pediu para eu dar a volta e apanhar um de seus cascos para massagear. Disse que, massageando uma de suas patas, faria seu sistema nervoso responder por estímulos. Mas não era para apertar de leve; era para apertar como se estivesse apertando uma massa de pão.

— Não sei se conseguiria, mas por você, Twilight, tinha que fazer! E lá me fui: trotando com todo o cuidado para não tropeçar e, de repente, cair em cima de vocês dois! Chegando no outro lado, fiz o quê ele pediu. Eu não sei por quê estávamos fazendo o quê ele pedia, mas, sinceramente, Twilight, eu sentia que era a coisa certa a fazer. Ninguém mais tinha ideias; acredito que valia a pena arriscar esta oportunidade!

— Foi após alguns longos minutos que você acordou — entrou Rainbow Dash — e ficamos todas aliviadas pelo seu retorno. Começamos seriamente a pensar que você ia ficar assim até amanhã!

    Twilight não sabia se ficava embasbacada pela mudança violenta de comportamento deste outeiro indivíduo ou se ficava perplexa pelo conhecimento que esse ser demonstrou para aquela situação. Por que essa mudança? Por que agora? Só porque ela estava em dificuldades? Precisava de ajuda? Mas então por que todo esse desrespeito em sua pessoa? Será que ele fez isso tudo por pena? Havia algum coração-mole naquele corpo de pedra? Ou havia um espírito-de-porco na forma de um bruto corcel? Novamente, isso não fazia sentido algum! Quem cargas d’água era esse pônei?!

 — Eu… — balbuciou Twilight — Realmente estou sem palavras… Não sei nem o quê dizer…

 — Eu já estava sem palavras naquela hora, Twilight. — disse Rarity — Você já deve ter perdido a boca, isso, sim! Coitadinha, desculpe se fomos muito bruscas ao lhe contar tudo isso. Sei que está te deixando muito confusa!

 — N-não, Rarity. Está tudo bem. — Twilight descansou o casco no ombro de sua amiga — Realmente estou meio confusa, mas não posso me deixar fragilizar. O quê vocês me contaram foi realmente inesperado e agradeço pela colaboração de vocês. Me sinto bem mais informada sobre o Capitão do que antes e já sei realmente o quê devo fazer daqui em diante. Algo mais que vocês queiram me contar sobre ele; algo que ainda não sei?

Rarity pensou por um momento. Já Rainbow Dash fez uma careta meio indiscreta e olhou para Rarity com relutância. Rarity completou o elo de olhares com a Rainbow.

Então as duas olharam para Twilight.

— Não, isso é tudo. — disse Rainbow Dash com um aceno negativo com a cabeça.

— Creio que não, querida. — completou Rarity — Como eu disse: Logo depois você tinha acordado e encontrado todas nós ao seu redor. Ah, sim! — lembrou ela de repente — Eu tinha dito que Pinkie Pie havia sumido do nada, não é? Pois bem, ela tinha retornado pouco antes de você acordar e pouco depois que a confusão tinha acabado. Ela estava usando um capacete-protetor vermelho que piscava um farolete em cima. E trouxe com ela a mangueira do jardim, perguntando “Onde é o incêndio?!”. Fiquei com a testa vermelha com a patada que dei em mim, constrangida.

— Vixe, nem me lembre, Rarity! — escarneou Rainbow Dash com desdém — Mas não foi bem isso que Twilight perguntou. Ela queria saber mais sobre o Capitão.

— Isso eu sei, Rainbow! Era só mais um detalhe que não contamos.

— Que, no final, não demonstrou-se muito importante… — terminou Dash.

Twilight suspirou mas sentiu uma fisgada — Ah! Sim! E quanto ao Sr. Eye? Ele está bem?

Twilight não tinha certeza se perguntava isso mas decidiu arriscar. Ela já havia pensado que, se suas amigas soubessem, elas lhe diriam. Mas, como elas não comentaram nada referente — apenas de pôneis que ela não desejava saber — , achou melhor lembrá-las perguntando de uma vez. Agora, ela só esperava que não pensassem em coisas absurdas com isso.

— Tsc, não se preocupe! — disse Rainbow com um sorriso maroto — As costas dele estão inteirinhas! Seu cabeção não causou muitos danos como deveria!

Rarity deu uma cotovelada na pégaso azulada enquanto a mesma dava risadas glorificadas. Twilight coçou a nuca meio constrangida.

— Devo ter parecido uma completa egoísta na frente dele. E irresponsável também. Eu deveria ter dado minha atenção à ele; ele era um convidado. E por causa de certos indesejados… — rosnou ela — deve estar pensando horrores sobre mim.

— É provável, querida. Mais que provável: é um possível! — disse Rarity logo de cara. Parecia nem se preocupar com o que tinha dito e nem evitou-o dizer, como sempre fazia.

Twilight até arregalou um poucos os olhos, ficou deveras surpresa pela inesperada indelicadeza de uma delicada amiga.

— R-rarity…!

— Como também é improvável, amiga. — continuou ela — Mais que improvável: é um impossível! Sinceramente, Twilight, nem você, nem eu, nem a própria Celestia ou Luna pode dizer o que esse ser corcelístico pensa de você. Ele pode estar pensando em mil coisas. Mas, te digo, não como você pensa.

Rainbow Dash acenou com a cabeça — Hu-hum, concordo com a Rarity. Nisso ela tem razão.

— Afinal: ele acabou de te conhecer! E ele já conheceu mil e outros pôneis em sua vida! Ele já deve estar careca de saber que não se deve deduzir de pôneis pelo que aparentam; mas pelo que fazem!

Rainbow Dash refletiu um pouco com essa afirmação de Rarity— Mas… o que Twilight mais tem feito desde que ela o conheceu foi desmaiar, gritar, estribuchar e se estressar! — exclamou ela num tom alto. — Só com isso, eu já pensaria que essa pônei era doida de pedra!

Rarity esqueceu-se disso e ficou meio perdida — N-não entre em detalhes, Rainbow Dash! Foi só por uma noite! Não deve ser grande coisa!

— Ai, por Celestia! — Twilight ergueu os cascos aos olhos, tentando esconder sua vergonha — Já deve estar pensando em trilhões de ofensas e acusações sobre meus atos desta noite…! Me sinto ridícula…

 — Pare de pensar assim, Twilight! Foi só por uma noite! Foram apenas incidentes que aconteceram de repente e você não estava preparada! Nenhum pônei é perfeito!

— Nem vereador… — comentou Rainbow com um olhar maroto.

Rarity bufou e ia dar mais uma patada nela mas Dash conseguiu escapar, desviando-se rapidamente aos arrastos e risadinhas.

— O que estou tentando dizer é, — continuou Rarity, após ajeitar sua crina já um pouco elétrica — Não fique pensando nessas coisas! Você não pode deduzir o que ele pensa. Espere até amanhã, quando o real trabalho de vocês dois começa. E você pode até perguntar a ele ou mesmo se desculpar de alguma coisa! Cavalos piram em éguas que se desculpam ou perguntam coisas!

— H-heim? Como assim? — perguntou Twilight já meio vermelha; bochechas ardidas eram bem visíveis em seu rosto púrpuro. Nem sabia se ria com o “piram”.

— Amiga, por-fa-vor! Sempre funciona! — Rarity demonstrava-se expert no assunto, bolinando nos corcéis formigantes por Ponyville — Eles ficam todos melecosos quando fazemos uma carinha inocente e uma voz fofinha. Deixa qualquer coração-de-pedra virar água, assim! — ela representou um “SNAP” com uma rápida batida com os cascos.

— Pode fazer isso e dizer “Você é um bundão” que eles nem vão notar a diferença! Até concordarão com “Claro, claro, sem problemas”. Uma coisa hilária de se ver! Ah! Uma vez, com aquele pônei com a cor de caramelo… o… o Caramel! Tadinho, teve um dia que me encontrei com ele. Ficamos conversando por vários minutos, adorei o papo dele, todo cuidadoso! Então, chamei ele para dar uma volta. O bichinho ficou todo torto, querida! Disse que não era certo uma dama jeitosa como eu chamar um pônei qualquer para “dar uma volta”; na verdade, ele que deveria fazer isso.

— Olhei bem assim pra ele. — ela apertou os olhos levemente e ergueu um sorriso malicioso, acompanhado de um “Hu-hum, sei”. — No final, fomos dar uma voltinha. Passamos lá na Praça Central para ver o que acontecia. Eram as obras para o palco da musicista que vem para cá, a Octávia. Fiquei com o maior dó! Não do palco, claro! Ele ia ficar divino, maravilhoso! Mas, sim, com os operários, tadinhos. Trabalhando em baixo daquele sol quente e ficando todos suados e… grudentos… Ai! Eca! Não aguento!

Twilight já ficou perdida novamente. Como foi que conseguiram chegar nesse assunto mesmo? Nem ela sabia! Foi bem rápido e cheio de bifurcações e ligações como vários regatos se espalhando por uma floresta de assuntos. O tema principal da conversa foi abruptamente deixado de lado para falar sobre o dia-a-dia cotidiano. Ou, pelo menos, apenas da dona da conversa.

— Tá, Rarity! Já chega! Isso não é hora de conversa! Foco na discussão! — reclamou Rainbow Dash, já impaciente.

Rarity, claro, ficou irritada com a interrupção. — Francamente, Rainbow Dash! — bufou ela — Isso não é jeito de interromper um discurso de quem está ditando! Estava no meio de uma pauta muito importante!

— “Inútil” mudou de nome, por acaso? Isso nem de perto pode ser chamado de “pauta”!

As duas continuaram discutindo conforme o tempo andava. Não de uma forma negativa ou agressiva, mas apenas uma pequena discussão entre amigos; o normal dentre elas. Só que Twilight não dava atenção a discussão delas; ainda estava preocupada com o que o Conselheiro e Diplomata Oficial do Reino das Terras Férteis, Foreign Eye, pensa sobre ela ou suas recentes ações diante e contra sua pessoa. Ainda se sentia envergonhada por ter caído em cima dele e se sentia reprimida por estar sempre demonstrando-se alguém vulnerável ou instável em situações embaraçosas e tensas. O que ele estaria pensando sobre ela? Ela não sabia; injustamente, só ele sabia. Mas a Rarity tinha razão. Ela não deveria se preocupar tanto com isso; agora. Ele mal a conhecia direito. Ainda tinha um longo evento pela frente, pela qual os dois vão ter que passar e enfrentar juntos. Momento essencial para ela saber mais sobre ele e também, se possível, desculpar-se de qualquer constrangimento que ela o proporcionou; ou proporcionará. Twilight suspirou e relaxou. Ela decidiu deixar essas preocupações para amanhã; o dia em que os dois começarão os trabalhos oficiais de seus cargos. Agora tinha que se preocupar com outras coisas que também são importantes: a Reunião de hoje; e o Capitão.

Twilight ergueu-se do chão, confiante. Um movimento brusco e ereto. Ela se viu impressionada que, pela primeira vez naquela noite, não ficou tonta nem perdeu o equilíbrio com esse esforço; suas forças estavam recuperadas. Isso soou dentro dela como uma notícia esperançosa para ela; sentia-se preparada para voltar as suas responsabilidades. Um brilho audacioso faiscou de seus olhos, como duas tochas luminosas de coragem em meio a escuridão de um duvidoso corredor.

— Bom, acho que já me sinto bem melhor agora. Bastante revigorada! E creio que já passamos tempo demais aqui na cozinha. É melhor regressarmos para a Biblioteca.

Rarity e Rainbow Dash pararam sua desinteressante discussão para mudarem o foco de sua atenção para a decisão da unicórnio cor-de-lavanda. Ficarem até surpresas que encontraram-na já de quatro patas. A unicórnio roxa decidiu voltar para aquele cômodo; isso preocupou um pouco a Rarity. Ela ergueu-se de imediato, para perto de Twilight.

— Tem certeza, querida? — perguntou Rarity, com o casco perto ao queixo — Não vai se exaltar quando ver o Capitão?

— Não vou, Rarity. Isso já passou. Obrigada por se preocupar. Não farei nada ilógico a partir de agora. Estou decidida e sob controle!

Rainbow Dash concordou com um sorriso — É isso aí, Twilight! Assim mesmo que se fala! — ela ergueu-se do chão e eriçou as penas e pêlos celestes — Brr! Isso! Vamos logo que o pessoal devem estar mais impacientes do que eu para finalmente dar início a essa reunião!

***

    “Sou vermelho, mas não sou fruta,

    Sou amarelo, mas não sou planta.

    Dou vida, mas também dou fim.

    Desço e subo todo dia,

    Oferecendo tristeza e esperança.”

Applejack coçou um pouco a cabeça, encarando confiantemente para o Sr. Eye — Ha-ha! Facinha essa! É o Sór!

Foreign deu com o casco na mesa, cruzou os dois sobre o peito e encostou-se na cadeira, derrotado — Hunf, correto! — disse ele bufando pelo nariz.

— Ponto pr’êu! Minha veiz, intonci! Xá’vê…

Foreign saiu do seu encosto e ficou de frente para AJ, olhando para ela com grandiosíssima atenção.

    “Gemas cai do cér, nem sempri, nem nunca.

    Rastejam pelo chão i pelos pônei.

    Aterrisam aos monte, nascêno novas i piquenas.”

Foreign coçou um pouco o queixo, mas já tinha a resposta na ponta da língua. Ele apontou o casco para ela — Já sei! Chuva!

Applejack gruniu — Báh! Seu chato!

— Haha! Agora sou eu! Vou inventar uma bem díficil…

— Díficir? Pfft, essa eu quero vê! — escarneou AJ com um tom desafiador. Ele só respondeu com um sorriso no rosto.

    “Círculos me apoiam, quadrados me atrapalham.

    Peso não é problema, aguento o quê me colocarem!

    Vou até onde me levarem, desde que o caminho sabem!”

Applejack riu gloriosamente — Isso é díficir?! Isso é o qui mais tem lá nim casa! É uma carroça!

Foreign se sentiu ingênuo, falar de carroça com uma pônei que vive cercado por elas todos os dias. Ele deu com o casco na testa — Caramba, é mesmo! Droga…!

— Agora se sigura qui vai sê pra valê!

    “Desço aqui, desço acolá.

    Num importa donde deito, ali eu fico!

    Levo anos pra oferecê, e quâno ofereço,

    Eu desço novamenti!”

Agora o bicho pegou; essa era realmente difícil! Foreign ia responder de imediato — competindo em quem responde mais rápido — mas não podia arriscar. Ficou babulciando surdamente por alguns segundos, virando e desvirando os olhos pela mesa. O que desce e permanece lá? E ainda demora anos para oferecer. Mas o oferecer o quê? E quando oferece, desce novamente? Essa o pegou de jeito.

Applejack já estava confiante — E aí? Diga si num é boa essa!

Foreign teve que admitir — Hehe, pois é, Sinhá Applejack! Díficil mesmo… mas eu vou responder! Preciso pensar um pouco…

Ele pensou novamente no texto. Há algo escondido no meio dessas palavras, como qualquer adivinha que fizeram até agora, mas essa era bem trabalhada. Não era à toa quando Applejack afirmou a ele que ela era uma expert nesse assunto. Sua família brincava e praticava isso desde sempre no vilamente comentado Sweet Apple Acres. Ela deve conhecer inúmeras adivinhas contra o escarço estoque de Foreign. Mas ele tinha que se concentrar nessa adivinha.

Como Applejack havia lhe contado, ela e sua família criavam adivinhas para brincarem durante o fim de semana, dias em que não havia trabalho com as safras de maçã e nem mesmo aulas para frequentar no colégio. Ela, seu irmão mais velho, sua irmãzinha e sua avó planejavam adivinhas durante a semana, mas também podiam criar adivinhas na hora com o quê estiver ao seu redor se, por algum momento, acabarem. Foreign pensou nesse recurso e olhou em volta. Ele olhava em volta e pensava no texto em sua cabeça. Livros, pergaminhos, estantes, mesas, cadeiras, lamparinas, Stubborn, vasos, flores, Prefeita. Nada combinava no texto; nem ao menos chegava perto de seu significado oculto.

— Ela não criou essa adivinha agora. — pensou Foreign — Nada que tem aqui faz sentido. A Sinhá Applejack já a tinha em seu repertório. Mas no que ela se inspirou para criá-la? E onde?

Foi então que ele sentiu uma fisgada, isso fez com que seus olhos brilhassem em êxtase. — Claro! Como foi que não pensei nisso antes! Faz todo sentido! — pensou ele.

Sr. Eye olhou para a Applejack como quem descobriu a verdade absoluta para todas as coisas. A mesma percebeu o seu olhar e não ficou feliz com isso.

— Maçã! — disse ele, com ar de vitória em seu peito — Essa é a resposta! Maçã!

Applejack emburrou-se na cadeira, — Báh! Ocê descobriu! Essa era uma das mais dífcir qui eu inventei! Vai, sua veiz di novo. Vô acertá di primêra!

— Desculpe, Sinhá Applejack. Mas meu repertório de adivinhas já acabou.

— Már já?! — disse ela num tom realmente surpreso — Már eu inda tinha uns vinte já preparado! Ocê num tem mais?

Foreign teria ficado boquiaberto, mas foi interrompido pela presença inesperada da Prefeita ao lado deles. Os dois se exaltaram por um segundo mas se recomporão.

A Prefeita olhava para eles com seus oclinhos meia-lua e uma sobrancelha erguida — As crianças já leram suas tarefas para estarem brincando? — disse ela, porém num tom educado.

Applejack ergueu o casco — Már é craro, Sinhá Perfeita! — disse ela, animada — Nóis tâmo cienti do qui devêmo fazê aminhã, már só tâmo passando o tempo até a vórta de Tualáiti. Afinar, num podêmo fazê o qui nus foi intréguê sem a provação dela!

A Prefeita acenou com a cabeça positivamente, — Está bem, Srta. Applejack.

— Már mi diga uma coisa, Sinhá Perfeita: I a Tualáiti? Cumé qui ela tá? Ela tá bem?

— Desculpe, Srta. Applejack. — respondeu a Prefeita tristemente — Não posso dizer ao certo. Srta. Rarity e Srta. Dash ainda não voltaram com ela desde que foram para a cozinha. Não estou querendo dizer nada, mas acho que a Princesa cometeu um erro ao colocar a Srta. Sparkle num cargo com tanta responsabilidade. Isso a deixou realmente estressada.

— Nisso eu caicordo, Sinhá Perfeita. Mas tamém discordo! Tualáiti é uma pônei bem isforçada e jeitosa. Eu quêrdito qui ela si sairá bem no qui tá passâno. Ocê vai vê!

— Queria mesmo acreditar nisso, Srta. Applejack. Mas não posso ser precipitada. A noite ainda não acabou e a reunião nem começou também. O jeito mesmo é esperarmos.

— Isso, Sinhá Perfeita! — ambas se despediram num aceno positivo e a Prefeita sentou-se em seu lugar, avaliando mais alguns papéis e separando-os.

— Acho melhor checarmos como a Srta. Sparkle está. — Foreign preparou-se para se levantar quando um casco alaranjado pousou em seu ombro, forçando a se sentar novamente.

— Sentá aê i si aquiéti, Nhô Impacienti! Num vá si ingraçá cum assunto di égua… — disse ela num tom brincalhão.

— Não, Sinhá Applejack! Com certeza, não pretendo! — defendeu ele com uma risadinha — Mas devo dizer que a Srta. Sparkle está demorando muito e me preocupo com seu bem-estar.

Applejack olhou para o cortês convidado e apertou as pálpebras, na suspeita — I pruquê ocê si percupa?

A pergunta dela soou meio estranho para Foreign, mas ele respondeu — Bom, por causa de seu estado há uns momentos atrás. Sinceramente, Sinhá Applejack, nunca vi isso acontecer a um unicórnio antes! Fiquei realmente surpreso.

— É di ficá surpreso, sim, Nhô Aiê. Essa Tualáiti é uma pônei muito isforçada, o sinhô já devi di ter precebido.

— Mas a senhorita fala como se ela fizesse isso o tempo todo. É normal isso?

— Ora, craro! Pruquê falaria o contrário?

— Esse é o porém que não compreendo, Sinhá Applejack: Por quê ela faz isso? Por quem? Há um motivo por trás de tudo isso que ela faz, a ponto de se desgastar daquele jeito?

— Agora sigura éssas rédea, sinhô! — AJ ergueu os cascos para ele, na defensiva — Isso num é coisa procê perguntá pra mim i nem é di eu respondê procê! Isso é coisa di Tualáiti i num tênho direito di falá essas coisas. Isso serve pro sinhô tamém! Discurpa a indelicadeza, mas o sinhô num é ninguém pra mi perguntá isso i nem do sinhô sabê! Portanto, num falarei um “A”.

Nesse momento, o rosto de Foreign ficou mais vermelho que um tomate maduro; ele foi muito indelicado e acabou perguntando coisas muito pessoais de Twilight Sparkle, e estava usando sua amiga para perguntar essas coisas — P-perdão, Sinhá Applejack! Fui muito intrometido perguntando essas coisas para sinhorita. Realmente eu não devia; e não irei. É que, como irei explicar…?

— Eu intenô qui o sinhô é curioso, Nhô Aiê. — respondeu ela num rosto assustadoramente calmo.

— Não, não é isso! Digo… pode ser também, mas não do jeito que a senhorita está pensando.

— I no quê tô pensanô? — perguntou ela, com uma sobrancelha erguida.

— Que eu sou um interesseiro; ou até mesmo um intrometido, me metendo na vida de outros pôneis sem dar nenhuma satisfação ou motivo aparente. Peço perdão pela indelicadeza…

— Si eu num conhecesse o sinhô, eu pensaria nisso, sim. Sem dúvida arguma. — ela respondeu com sinceridade — Mas eu conheço o sinhô, principalmente do qui o sinhô anseia i procura.

O corcel elegante olhou bem para ela, confuso — Como assim?

— Eu sei qui ocê preguntô isso por ser curioso, mas num bão sentido da palavra. Sei disso pois, como já comentei antis co sinhô, li seus livro, “Époluça É Logo Ali Adianti” i “Terras Fértil Pra Lá Di Absurda”. Ocê anseia pruma resposta di vida; motivacionar. Algo qui ti leva adianti. Foi por isso qui adorei seus livro e sei no qui ocê é curioso. — Applejack apoiou os cotovelos sobre a mesa, olhando bem para o rosto de Foreign — Már ocê só é curioso nim coisas qui ti interessam. I quâno o sinhô fingiu ficá lêno aquelis papér, fiquei bastante ofendida. Da próxima veiz, eu espero os papér oferecê um docím pro sinhô.

O rosto de Foreign caiu estapelado no chão, além de ficar mais vermelho do que já estava; não sabia mais por onde se enfiar. Applejack percebeu isso e levantou um sorriso malicioso. Ela o afagou com um tapinha no ombro, seguido por um aviso.

— Tamém digo: Conheço ocê o suficiente pra dizê qui o sinhô num é ansim. Ocê é muito inducado e gentir. Num careci de tê um sentimento tão ruim, már pareci qui arguma decisão vinda do sinhô o fez mudá. I foi uma decisão dificír.

Foreign respirou fundo. Antes suando frio e com a sua extinta elegância estatelada no chão, agora estava até mais calmo, mas relutante. Mas não podia negar da surpreendente gentileza de Applejack em sua pessoa. Ele acenou positivamente com a cabeça. — Claro, Sinhá Applejack. Peço perdão se a tratei daquele jeito meio rude. Mas creio eu que já te expliquei minha real missão para vila.

— Sim, já expricou, sim, sinhô. — respondeu ela com desdém — Qui o “sinhô tá nim negócio i num pretendi pulá a cerca”. Isso cumigo, Nhô Aiê, é cunversa pra boi drumí.

— Mas comigo não é, Stra. Applejack. — disse Foreign num tom duro — Decididamente, não quero me envolver com nenhum pônei.

— E, pro acauso, sê amigo di argum pônei é si involvê? — ela cruzou os cascos, visivelmente incomodada com aquela observação.

Foreign ficou uns segundos em silêncio, analisando o quê dizer depois — Sim, Sinhá Applejack. É se envolver a partir do momento em que a senhorita começa a se familiarizar com um pônei; ser amigo ou amiga dele ou dela.

— Qui era u qui nóis tava fazendo faz vários momento atráis. — lembrou Applejack, qual estava curtindo a diversão que ele também estava proporcionando para ela com as adivinhas — I o sinhô parecia bem alegre com aquilo, por sinar.

— Mas não deveria! Eu… eu não deveria ter continuado com aquilo! — Foreign levou um casco para a testa, tentando enxugar um pouco de suor com a manga do terno já que seu lenço pertencia a outro pônei. — Desculpe se estou te deixando confusa, Sinhá Applejack, mas… sinto que não é o melhor momento para isso! Não quero que pense coisas ruins quais não mereço. — seu rosto estava aderindo uma expressão triste e melancólica; orelhas e olhos caídos e aflitos.

Applejack percebeu isso e tentou acalmá-lo — N-nhô Aiê, sussega! — disse ela meio sem jeito. — Num percisa ficá nervoso.

— Sim, estou um pouco nervoso! Não mentirei para senhorita. Agradeço que nisso a senhorita acredita em mim. E vejo também que não adianta mais disfarçar o quê penso e o quê sinto. Mas… realmente não sei como te explicar porque… é pessoal.

Applejack ficou sem ação. Agora era ela quem se metia na vida dele, com perguntas capciosas e suspeitas. Uma dó emergiu em seu peito ao ver a aflição e derrota daquele corcel, que tentava ao máximo ser cortêz e gentil com todos. Seu rosto triste era de arder em pena; ambos não mereciam essa aflição.

Applejack apoiou seu casco alaranjado sobre o dele suavemente, — Discurpa, Nhô Aiê. Fui muito indelicada co sinhô. Fiz nim defesa de minha amiga pois mi pêrcupo cum ela. Már querdito no sinhô. I si tivê arguma coisa pra mi dizê, pode mi dizê sem medo. Num percisa sê agora; quâno tivê necessidade, é só mi percurá; sô toda ovido.

Foreign sentiu o toque suave do casco da Applejack; o contemplou por alguns segundos pensativo e em seguida vislumbrou seus olhos-esmeralda numa apreciação agradável de sua gentileza. Ele se sentia muito nervoso com as supeitas sobre sua pessoa, mas ele não era um, digamos, um “pônei mau”. Apenas sua escolha e decisão tomou essas acusações ao seu favor. Ele não queria mais essas suspeitas surgirem contra ele novamente; não as merecia. Foreign achou melhor parar com essa teimosia e acatar; pelo menos com ela.

Ele suspirou, de certa forma, aliviado — Claro, Sinhá Applejack. Procurarei por seus ouvidos e atenção quando for necessário.

— Com certeza. — uma voz seca surgiu entre os dois, como se uma assombração pairasse em meio deles. — Pois há coisas mais importantes a serem preocupadas agora.

Foreing e Applejack assustaram com a voz carrancuda que revelou-se do nada e olharam para sua fonte: descobriram um corcel em trajes sombrios, escondido em seus pontos-cegos. Estava olhando e escutando o que suspostamente estavam fazendo e conversando. Foreign se sentiu extremamente invadido e uma palidez atingiu seu rosto cremoso. Mas Applejack apenas fechou a cara e ergueu o rosto contra o gigantesco indivíduo.

— Êta, intrometido! — disse ela numa voz nervosa; ela não gostou nem um pouco desta invasão — Vá assustar ânsim na casa da vó! Qui qui ocê qué, qui num pudia si pronunciá antis, seu abelhudo?!

— Não tenho por que me pronunciar diante de um cochicho entre dois pôneis. — respondeu Stubborn, num tom calmo, mas rouco — Até porque pode ser útil para alguma coisa. Mas fazer sussurros ou conversar de algo pessoal num ambiente cercado por pôneis é burrice e verdadeira indelicadeza de ambos.

— Só si fô pra ocê, metêno o nariz donde num é chamado! — Applejack ainda estava ofendida pelas escutas indesejadas deste intrometido.

— Não se engane, Nossa Caipiresca Companheira: não vou usar o que quer que escutei ou pensei de vocês em vocês mesmos. Estou aqui para protegê-los; não para tirar vantagem.

— Acho bão, viu! — rosnou ela, com o casco apontado na fuça de Stubborn — A úrtima coisa qui quero é tê uma sombra extra rastejando atrais di mim! O sinhô tem um jeito muito istranho di portegê os pônei i num cunfio nisso nem um tiquinho.

— Não é preciso. — disse Stubborn, abaixando gentilmente o casco de AJ de seu rosto barrento — Mas digo que estarei de olhos e ouvidos bem abertos. Paras as boas e más bocas.

Applejack respondeu com uma bufada raivosa entre as narinas. Stubborn olhou no canto de olho para Foreign, o elegante ainda estava constrangido; até desviou o olhar fugitivamente. O grande corcel virou seu corpo e deixou os dois quietos finalmente. Foreign soltou um aliviado suspiro pelas narinas.

— Eu não entendo o Capitão. — disse Foreign, descontraindo — Nem sei se acredito no que ele acabou de dizer…

— U qui ele disse é vrêdade. — respondeu Applejack, porém com desdém.

Foreign olhou para ela na suspeita. — Sério? Tem certeza, Sinhá Applejack? Não creio que ele esteja realmente dizendo a verdade com aquelas atitudes presunçosas… e um tanto brutas, por assim dizer.

— Sim, tenho certeza. Ele tava sêno honesto, e isso me incomoda. Num sinti um pingo di mintira im seu discurso meia-boca.

Foreign se sentia confuso. — Mas não faz sentido, Sinhá Applejack. Se ele estava sendo honesto, por que dessas atitudes grosseiras? Creio que que a senhorita não esqueceu o quê ocorreu com a Srta. Dash quando ela “o recebeu”.

— Num, num mi esqueci. — disse AJ com sinceridade. — Már si ele agi assim, é pruque ele si tornô ansim; argo o fêz sê u qui é hoji.

Foreign aproximou de Applejack e perguntou aos sussurros — E o quê poderia ser? — isso estava ficando assustadoramente intrigante para ele.

— Num sei, Sinhô Aiê. Isso é coisa deli. Si quisé, pódi í lá mêrmo perguntá à ele…

— Por Celestia, não! — respondeu ele, nervoso e sacolejando os cascos negativamente — O-obrigado pela opção.

Os dois permaneceram em silêncio por um tempo. Não conversavam mais; já tinham conversado o suficiente naquela noite. Agora estavam refletindo o que aconteceu e o que acontecerá em seguida. Foreign ainda não parava de pensar na saúde de Srta. Sparkle. Ele, quando estava por perto para socorrê-la da queda, podia sentir a tensão que ela se encontrava e isso o afetou significativamente. Era a primeira vez que ele via isso acontecer a um unicórnio; afinal, ele mesmo é um e jamais o aconteceu algo assim. Foreign sentiu durante o desmaio de Twilight uma sensação de calor em sua nuca — grandes chances de ser febre —, além de que ela tremia um pouco. Foi uma aflição presenciar isso de perto e não poder fazer nada. Será que ela está bem? Ou vai ficar bem?

Applejack o conheceu hoje e já parecia que o conhecera há mais tempo. O seu jeito de cumprimentar os outros, com respeito e educação, demonstra que ele não tem desejos nem ambições maldosas ou egoístas. Ou ao menos aparentava não ter. Podia estar fingindo essas atitudes, enganando pôneis e distorcendo suas realidades. Mas AJ podia sentir mentiras de longe. As brincadeiras e o jeito amigável que ela possuí é efeito disso; é assim que ela descobre os reais sentimentos dos pôneis que ela conhece. Quando ela conversou com Foreign, percebeu que algo estava de errado com ele, apesar de toda a elegância e gentileza. Ele disse que estava apenas a negócios e não queria se “envolver” com ninguém. Mas isso foi uma decisão da mente dele; seu coração era contra. Tanto que ele aceitava suas brincadeiras com fervor e se divertia com elas. Isso quebrava a decisão que tomou; em ser ignorante e passivo. Mas ele não era assim; ele era alegre, divertido e muito amigável. Essa escolha amarga que fez quando chegou em Ponyville obviamente foi por causa de seu trabalho como Conselheiro e Diplomata Ofical do Reino das Terras Férteis. Applejack achava isso errado e definitivamente uma difícil e tola decisão. Mas era o que ela achava, não o que realmente dizia. Ela gostaria de conversar mais com Foreign a respeito disso, tentar ajudá-lo de alguma forma; como uma amiga.

— Boa noite a todos. — uma voz feminina e reconhecível pronunciou-se no cômodo.

Todos os pôneis presentes e atenciosos se viraram ao encontro da voz familiar. Era Twilight Sparkle, erguida de suas próprias patas, acompanhada de Rarity e Rainbow Dash logo atrás. Ela saía da batente do estreito corredor que ligava a cozinha e adentrava a larga sala principal de sua biblioteca, onde seria a reunião daquela noite. Suas amigas e companheiras responderam chamando-a pelo seu nome em felicidade. Muitas narinas suspiraram aliviadas e olhos brilhavam com alegria; mas apenas um rosto estava neutro dentre as demais.

Fim do Capítulo Sete