Promessas de Papel

Valor-promessa

Fonte: cdn-img.fimfiction.net

Autor: Fervidor

SINOPSE: Filthy Rich tem um problema. Sua filha, Diamond Tiara, continua quebrando suas promessas para tratar suas colegas de classe com mais respeito. Na verdade, ela nem parece entender o que é uma promessa. Já que puní-la não aparenta ter nenhum efeito eficaz, Senhor Rich é forçado a elaborar um método educacional mais criativo. Mas como ele pode fazer uma filha tão mimada e materialista como Diamond Tiara entender o valor de uma promessa?

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Diamond Dazzle Tiara estava na frente da mesa de trabalho de seu pai Filthy Rich, movendo-se desajeitadamente em seus cascos sob o olhar severo e desaprovador dele. Ele estava com aquele olhar de desapontado em seu rosto, que poderia ser compreendido como você-está-escrencada-garota, o que significava que eles teriam uma daquelas longas conversas onde ambos prefeririam evitar, mas por razões ligeiramente diferentes.

“Você quebrou sua promessa, Diamond,” começava Filthy Rich.

“Mas papai…” Antes que Diamond terminasse, Filthy levantava um casco para silenciá-la.

“Pensei que nós já havíamos concordado que você não iria mais incomodar aquelas três alunas,” ele continuava. “E agora eu ouço da professora Cheerilee que não deu nem uma semana pra você começar tudo de novo. Você sabe muito bem que não gosto quando sua professora me traz más notícias, Tiara, se é que ainda dá pra chamar isso de notícia.”

“Não é culpa minha se aquelas três são um bando de flancos brancos imaturos,” Diamond murmurava. “Elas simplesmente me dão nos nervos.”

“Não é questão de você gostar ou não delas,” Filthy suspirava. “Você nem precisa se dar bem com elas, embora fosse isso que eu queria. Já aceitei que você não é o tipo de criança que faz amigos facilmente, mas esse não é o ponto agora. O ponto é que você tinha feito uma promessa.”

“Sim, para elas,” Diamond argumentava. “Eu nunca tinha prometido nada pra você ou para a professora Cheerilee.”

Filthy Rich levantava uma sobrancelha. “E isso faz alguma diferença pra você?”

“Claro que faz!” Diamond respondia. “Eu não me dou bem com elas, então quem se importa?”

Filthy Rich olhava para a filha momentaneamente com uma expressão preocupada, como se ele tivesse descoberto algo terrível. “Diamond,” dizia ele, lentamente. “Você sabe o que é uma promessa?”

Diamond Tiara parecia ligeiramente ofendida. “Que tipo de pergunta é essa? Claro que sei, não sou mais um bebê. Promessa é quando você quer que alguém faça alguma coisa que foi concordado.”

“Sim, mas por qual razão você deve honrar suas promessas?” Perguntava Filthy. “Qual a importância disso?”

Diamond franzia a testa. Não era assim que essas conversas costumavam acontecer. “A importância é que senão você vai pegar a cinta ou reduzir minha mesada?”

O pai colocava os cascos sob o queixo. De repente, ele parecia muito cansado. “E é só por isso? Você mantém suas promessas somente porque tem medo de ser punida?”

“Bem, sim?” Diamond respondia. Ela ainda não entendia o foco da conversa. “Eu acho.”

Havia uma pausa. Filthy continuava dando a ela aquele estranho olhar cansado por alguns instantes, em seguida, suspirava profundamente e se inclinava para a frente com seus cascos sobre os olhos. “Maldição,” ele murmurava. “A senhorita Cheerilee estava certa. Sou um fracasso como pai.”

“Oh, para com isso!” Diamond gemia. “Quem se importa com o que  a professora Cheerilee pensa? Olha, você vai me colocar de castigo, vai cortar minha mesada ou o que?”

Filthy nem sequer olhava para ela. “Que diferença isso faz? Você nem entende porque está sendo punida.”

Diamond não entendia; eles já não tinham passado por isso? Ela ficaria de castigo por ter quebrado alguma promessa que fizera para alguns flancos brancos, mesmo que ela entendesse que isso fosse totalmente injusto, embora não fosse boba de falar nada disso em voz alta. “…Espera aí, então você não vai me punir? Isso quer dizer que eu posso ir agora?”

“Bem…” Filthy acenava um casco para ela, gesticulando para que saísse. “Pode ir, eu… eu preciso pensar sobre tudo isso.”

Diamond virava-se para sair, sorrindo para si mesma. Isso havia sido melhor do que o esperado. Ela não tinha ideia do que estava acontecendo com seu pai, mas se isso era sinônimo dela sair impune, a pônei rosa clara faria qualquer negócio para não discutir sobre isso.

Ela estava prestes de tocar a maçaneta da porta do escritório quando Filthy Rich repentinamente lhe chamava atenção. “Diamond, espere um minuto.”

“Bah!” Ela sabia que era bom demais para ser verdade. Suspirando levemente, ela se virava para ele. “Sim Papai?”

“Já que você tocou no assunto, eu ainda não lhe dei a mesada esse mês, não foi?” Filthy meditava, coçando o queixo. “Por que não resolvemos isso agora antes que eu esqueça de novo?”

Diamond piscava. “…Mesmo?!” Ele ia dar o dinheiro agora? Estava ficando cada vez melhor! Ela rapidamente voltava até a mesa, esboçando o seu sorriso mais encantador. O que quer que estivesse acontecendo ali, ela estava decidida a aproveitar ao máximo. “Isso é ótimo! Obrigada papai!”

Filthy dava um tapinha nos bolsos do paletó. “Hmm, minha carteira não está comigo… Ah, espere!” Ele parecia ter uma ideia e abria uma das gavetas em sua mesa, colocando um dos cascos dentro. “Um momento, no final das contas tenho algo aqui pra você.”

Depois de remexer um pouco, ele tirava o que pareciam ser quatro papéis retangulares com um tom levemente verde. Ele os estendia para Diamond. “Aqui, pode levar.”

Diamond olhava para os papeis confusa. “O que são essas coisas?”

“Cédulas de Eyrian,” respondia Filthy. “É dinheiro do povo griffo.”

“Isso é dinheiro? Mas eles são feitos de papel,” apontava Diamond.

“Como eu disse, são chamados de cédulas,” dizia Filthy. “Originalmente eles podiam ser trocados por uma certa quantia de moeda, mas atualmente os griffos usam essas notas da mesma forma como usamos os bits. Eu ganhei algumas durante minha viagem a trabalho em Eyria, então pensei em dá-las pra você.”

Diamond Tiara pegava os pedaços de papel e dava uma olhada mais de perto. Eles estavam adornados com a foto de um griffo usando um chapéu engraçado cercado por muitos enfeites bizarros. Ela ainda tinha dúvidas, que desapareceram por completo quando viu a soma impressa nos cantos de cada uma das cédulas. Eram muitos zeros. “Quer dizer que esses papeis valem esses números impressos neles?!”

Filthy sorria. “Exatamente.”

A mente de Diamond espantava. Ela sabia que os griffos faziam negócios em Equestria e se perguntava qual seria a taxa de câmbio. Quando se sentia entediada, às vezes pegava algumas revistas complicadas do seu pai para tentar ler, e embora muitos dos detalhes lhe escapassem, ela parecia se lembrar de uma parte que falava sobre a economia de Eyria estar se saindo muito bem atualmente. Mesmo que a moeda dos griffos valesse menos em bits, aquela quantidade de zeros convertido para o dinheiro dos pôneis deveria valer muito.

“Oh,” ela dizia, e então olhava para o pai com um enorme sorriso no rosto. “Obrigada, papai, você é um paizão! E sei exatamente o que fazer com esse dinheiro. O Torrão de Açúcar inventou uma nova receita de bolo que eu estava morrendo de vontade de experimentar. Acho que vou lá agora mesmo!” Ela falava rapidamente enquanto se apressava até a porta, ansiosa para sair do escritório antes que seu pai a interrompesse de novo. “Tenho certeza que você tem muito o que fazer, então te vejo mais tarde! Tchau!”

“Tenha um bom dia, filha,” dizia Filthy Rich enquanto ela fechava a porta. Deixado sozinho, ele inclinava a poltrona para trás e ria baixinho. “Bem, ela vai ter uma decepção.”

Diamond não conseguia parar de sorrir enquanto trotava pela estrada até o Torrão de Açúcar, com as notas de griffo muito bem guardadas em sua carteira. A cada passo que ela dava, a deixava cada vez mais convencida de que estava carregando uma fortuna e imaginava um futuro cheio de doces deliciosos diante de seus olhos.

“Se é isso o que acontece quando quebro minhas promessas, deveria fazer mais vezes,” Ela pensava consigo mesma. Ainda assim, uma pequena parte de sua consciência achava a súbita generosidade de seu pai uma perplexidade. Talvez ele só não deve ter percebido a quantidade de dinheiro que tinha dado a ela? Seja qual for o caso, ela não estava prestes a reconsiderar. Era o dinheiro dela agora, justo e quitado.

Ela chegava ao Torrão de Açúcar e abria a porta. Correndo para dentro, a pônei rosa clara notava que era a única cliente no momento. Isso foi um pouco decepcionante, ela esperava pela chance de se exibir para seus colegas de classe, em particular aos flancos brancos, que provavelmente ficariam mais verdes de inveja do que aquelas cédulas ao verem o banquete que ela estava prestes a pedir. “Oh bem,” ela pensava. “Pelo menos posso aproveitar em paz.”

Não havia sinal dos bolos que ela falou, mas Diamond mal havia fechado a porta atrás dela quando Pinkie Pie repentinamente levantava a cabeça por trás do balcão com seu sorriso característico no rosto. “Oh! Olá Diamond Tiara! Os bolos estão sendo empacotados para encomenda, mas ficarei feliz em anotar seu pedido.”

“Olá, Pinkie,” dizia Diamond, sentando-se. “Eu soube dos novos bolos e pães doce que você fez e pensei em experimentar uns. Faça três pães doces de luxo. E traga um dos seus cupcakes especiais enquanto espero. Ah, e um grande milk shake de morango para acompanhar.”

Pinkie Pie dava uma risadinha. “Bem, então você vai ser a gastadeira de hoje?”

“Pode apostar.” Diamond tirava as cédulas de griffo da carteira e as espalhava no balcão com um sorriso confiante. “Isso deve cobrir tudo, não acha? E não se esqueça do troco.”

Pinkie olhava confusa para as cédulas, voltava a olhar para Diamond e novamente olhava as cédulas.

“Oh! Ooooh!” Ela exclamava e de repente começava a rir calorosamente. “Isso é… ha!ha!ha! essa foi boa! Nossa, a Apple Bloom estava errada, você tem senso de humor sim!”

“Ei!” Diamond Tiara franzia a testa. “Você quer dizer o que com isso? Vai me vender os doces ou não?”

“Heh… lamento garota, não posso.” Pinkie enxugava uma lágrima do seu olho, risos ainda borbulhavam dentro dela. “Eu gosto de uma boa piada tanto quanto de qualquer pessoa, começando tão jovem assim com as brincadeiras logo logo você vai ser outra Pinkie Pie! A cor já é parecida!”

“Eu não estou brincando!” Diamond insistia. “Eu te dei o dinheiro e quero os doces!”

Pinkie finalmente parava de rir e agora olhava para Diamond Tiara com uma sobrancelha arqueada em confusão. “Espera, você estava falando sério?”

Diamond assentia. “Como sempre.”

“Oh,” Pinkie Pie coçava a crina. “Bem, isso é constrangedor. Pensei que você só estava brincando. Adoraria te vender alguma coisa, mas com esse dinheiro, nada bom. Você precisa pagar em bits se quiser comprar alguma coisa. Aliás Diamond, de todos os pôneis, eu imagino que você, com o pai que tem, é a que mais deveria saber disso.”

“Ah! Estou vendo! Então meu dinheiro não é bom o bastante pra você, né?” Diamond bufava e empinava o focinho. Imaginava que Pinkie Pie estava indecisa. “Então talvez eu gaste meu dinheiro em outro lugar!”

Pinkie acenava com o casco. “Não, não, não! Você não entendeu. Essas cédulas não são boas em qualquer lugar porque não é uma moeda válida em Equestria.”

Demorava alguns instantes para as palavras serem processas corretamente na mente de Diamond. Uma vez que isso ocorria, sua boca se abria. ”…Como é!? Está falando sério?”

Pinkie assentia. “Tão séria quanto a cara da Maud Pie.”

“N-Não, isso não pode estar certo,” Diamond gaguejava, sacudindo a cabeça em descrença. “Tem certeza?”

“Ab-so-lu-ta-men-te!” Pinkie dizia. “Veja, Twilight me mostrou este livro interessante sobre todos os tipos de dinheiro existentes e eu definitivamente me lembro dela dizendo que este aí não pode ser usado para comprar coisas aqui. Você não vai encontrar ninguém em Ponyville que os aceite. Ela pegava uma das notas e dava um olhar curioso. Eu nunca vi uma de perto antes. Onde você conseguiu isso?”

“Meu… meu pai me deu,” respondia Diamond fracamente. “Ele disse que era minha mesada.”

“Uau, mesmo?” Pinkie colocava a nota de volta no balcão, parecendo genuinamente impressionada. “Eu não sabia que o Senhor Rich era brincalhão. Acho que isso o torna engraçado na sua família, né?”

Diamond olhava para as notas de griffo com uma sensação de afundamento no estômago. “Então… você está dizendo que meu pai mentiu para mim?”

“Hmmm, eu não sei?” Pinkie Pie inclinava-se desconfortavelmente para perto dela, olhando atentamente para a pônei rosa clara. “Ele disse que você poderia comprar qualquer coisa com esse dinheiro?”

“Uh… eu acho que ele não,” admitia Diamond, esvaziando um pouco. “Mas simplesmente não posso acreditar que meu pai acabou de me enganar!”

“Aquele Filthy Rich, que papelão,” Pinkie ria. “Eu tenho que me lembrar disso, ele enviando alguém para comprar coisas com dinheiro que não vale nada. Inestimável!” De repente, ela fazia uma pausa. “Oh, ei! Impagável! Tem que haver um bom trocadilho nisso em algum lugar.”

Diamond colocava seus cascos na cabeça e gemia. Isso não podia estar acontecendo. Ela foi traída. Traída por sua própria carne e sangue! E pra piorar, ela não conseguiria os doces que tanto queria hoje.

Se bem que por outro lado, poderia ter sido pior. Pelo menos não haviam outros clientes no Torrão de Açúcar para testemunhar aquela humilhação. Ela estremecia ao imaginar os flancos brancos testemunhando aquela cena. Ela nunca viveria com isso.

“Acho que devo ir,” ela murmurava sombriamente, pegando as notas do balcão. Ela ia ter uma conversinha com seu pai assim que chegasse em casa. Prestes a sair do Torrão, ela fazia uma pausa. “Hum, Pinkie? Você se importaria de não contar pra ninguém o que aconteceu aqui?”

“Não se preocupe com isso,” Pinkie sorria brilhantemente. “Será o nosso segredinho, eu prometo.”

O tom indiferente de Pinkie não deixava Diamond se sentindo realmente segura. “Eu estou falando sério,” ela enfatizava. “Nenhuma palavra pra ninguém!”

“Oh, relaxe,” Pinkie dizia. “Prometo não contar pra ninguém que você tentou comprar pães doces toda sorridente com dinheiro falso. Por isso eu fechei minha boca, tranquei com uma chave, escavei um buraco, enterrei a chave, depois construí uma casa em cima do buraco e fui viver na casa em cima do buraco! Cruze o meu coração, espere voar e enfie um bolinho no meu olho!”

Diamond a observava realizar aqueles movimentos ridículos com os cascos e falando todas aquelas coisas confusas ao mesmo tempo, sentindo-se envergonhada por ambos. “Por que fez isso?”

Pinkie parecia um pouco confusa. “Por que fiz o que? Essa é a minha promessa Pinkie Pie.”

“Sim, eu sei o que é,” dizia Diamond com a frustração rastejando em sua voz. “O que eu quero saber é por que manter essas promessas infantis são tão importantes pra você?!”

Por um momento, Pinkie apenas piscava e olhava para Diamond como se ela tivesse perguntado por que a grama é verde. Então ela começava a rir outra vez. “Sua garotinha boba! Se você não cumprir suas promessas, qual é o sentido de prometer alguma coisa?”

O que isso significava afinal? Diamond apenas balançava a cabeça e se dirigia para a porta. “Que seja. Desculpe por desperdiçar seu tempo.”

“Tenha um bom dia!” Pinkie gritava atrás dela. “Volte quando tiver dinheiro de verdade!”

Diamond estremecia. A falta completa de sarcasmo na voz de Pinkie de alguma forma só piorava a situação. A pônei rosa clara abria a porta com um pouco mais de força do que o necessário e quase se chocava com Fluttershy ao sair.

“Oh, desculpe, eu não queria…” Fluttershy murmurava, mas Diamond ignorava a pegasus enquanto se afastava com uma expressão de raiva no rosto.

Entrando no Torrão de Açúcar, Fluttershy virava-se para Pinkie Pie. A pegaso amarela parecia preocupada. “Aconteceu alguma coisa Pinkie?”

“Não posso falar sobre isso,” respondia. “Promessa Pinkie Pie. Então Fluttershy, o que vai querer?”

“Oh, o de sempre, por favor,” respondia Fluttershy.

Pinkie assentia. “Um bolo especial de cenoura chegando! Ei, você sabia que o dinheiro dos griffos é de papel?”

“Mesmo?” Fluttershy arfava.

“Sim,” Pinkie ria. “Diferente, né?”

Fluttershy colocava um casco sobre o queixo, parecendo bastante angustiada. “Aqueles pobres patinhos…”

“Heh, sim.” Alcançando o bolo de cenoura, Pinkie fazia uma pausa e inclinava a cabeça. “Espere o que você disse?”

Filthy Rich não saía da mesa, embora tenha pedido ao mordomo Randolph que lhe trouxesse algumas revistas para passar o tempo. Ele conhecia sua filha muito bem pra saber que ela voltaria direto para casa para lhe dar um sermão assim que descobrisse a fraude. Afinal, ela sempre foi do tipo conflituosa. Ele olhava por cima da sua revista sobre Economia Estável para observar o relógio na parede. A qualquer momento agora.

As portas se abriam e Diamond Tiara invadia o escritório parecendo uma minúscula tempestade rosa clara. “Ha!ha! Muito engraçado! Acho que prefiro ficar de castigo na próxima vez.”

Filthy colocava a revista na mesa e dava a ela um sorriso gentil. “Pelo visto você não conseguiu aquele bolo de que falou?”

“Você sabe perfeitamente que não!” Diamond estalava. ”Tem ideia de como eu quase fui humilhada no Torrão de Açúcar? A sorte é que só a atendente estava lá!” Ela batia as cédulas com força na mesa para dar ênfase. “Aqui está seu dinheiro inútil de volta!”

“Oh, bem, eu estava esperando que você os trouxesse de volta,” dizia Filthy. “Isso deixa a demonstração mais eficaz.” Ainda sorrindo calmamente, ele pegava uma das notas e lentamente a rasgava ao meio.

Diamond ofegava, com seus olhos arregalando em choque. “E-espera, o que você está fazendo?!”

“Rasgando essas notas, é claro.” Respondia Filthy num tom casual. Outra rasgada lenta transformava a cédula em quatro pedaços menores. “Você mesma disse que esse dinheiro é inútil”.

“Mas ainda é dinheiro, não é?” Diamond argumentava horrorizada. Se ela aprendeu alguma coisa crescendo na casa de pessoas ricas, era que destruir dinheiro se equiparava a um pecado mortal. Ver seu próprio pai cometendo tal “sacrilégio” era como ver Twilight Sparkle desfigurar uma das estátuas de Celestia com grafites anarquistas. “Digo, mesmo que não dê para comprar nada em Equestria com esse dinheiro, eles valem alguma coisa para os griffos, certo? Daria pra gastar tudo no país deles.”

“Na verdade, não,” respondia Filthy. Ele segurava uma das cédulas ainda intactas. “Este dinheiro é do antigo período Eyriano onde ocorreu a mais recente guerra entre griffos e minotauros, e que os grifos perderam. Por causa disso, Eyria teve que pagar os reparos realizados em Labyrinthia, que somado com as dívidas contraídas para financiar a própria guerra, causou uma inflação rápida. Você se lembra do que é inflação, não é?”

Diamond assentia. “É quando o valor do dinheiro cai à medida que os custos de bens e serviços sobem, certo?” Ela sabia muito bem a definição, mas ainda não entendia aonde o seu pai estava querendo chegar com tudo isso. Destruir dinheiro só para lhe dar uma lição básica de economia parecia ser um exagero sem tamanho.

“Exatamente,” respondia Filthy. “Agora, não vou te encher explicando os detalhes sobre como ficou a economia de Eyrian após a guerra. A questão é que os griffos acabaram tendo que imprimir mais e mais notas de banco apenas para acompanhar as despesas. O dinheiro deles se desvalorizou tão dramaticamente que, no final, precisaram de milhares dessas notas, milhões só para comprarem comida. Usá-los como papel era mais barato do que comprar a coisa real. Como você pode imaginar, a economia de Eyrian praticamente entrou em colapso. Felizmente, eles conseguiram se recuperar com a emissão de uma nova moeda que se mostrou estável, a Libra Peregrina, que eles usam até hoje. Claro, isso tornou esse dinheiro aqui completamente obsoleto.”

“Então como você vê, essa cédula é realmente inútil,” concluía Filthy. Ele começava a rasgar as demais cédulas, ainda nos mesmos movimentos lentos, quase como se estivesse saboreando. “Não apenas em Equestria. Você não poderia comprar nada com essas cédulas em qualquer outro lugar. Eles nem sequer têm qualquer valor como itens de colecionador, porque já existiam pilhas deles desde antes de saírem de circulação. Eles são, literalmente, apenas pedaços de papeis inúteis. Dinheiro que não tem valor não é dinheiro, não é?”

Assim que terminava de rasgar, ele dava um olhar sério para sua filha. “Agora, vamos falar sobre promessas”.

Diamond franzia a testa. “O que uma coisa tem a ver com a outra?”

“Tudo,” Filthy ria. “Falar de promessa e de dinheiro é mesma coisa.”

Diamond inclinava a cabeça confusa. “A mesma coisa?”

Seu pai assentia. “Ou melhor, dinheiro é promessa. Os bits que usamos para comprar e trocar coisas são promessas de uma transação justa de valor. Eles não são como jóias ou metais preciosos. Eles não são valiosos em si mesmos, mas sim porque todos concordaram que eles têm valor. É por isso que eles podem ser confiáveis. Quando você leva seus bits para o Torrão de Açúcar, os Senhores Cakes e a Senhorita Pie estão dependendo que esses bits gerem os lucros nos doces que você compra, para que eles possam usá-los para comprar algo do mesmo valor. Se esse acordo fosse quebrado, nossos bits deixariam de ser valiosos. Toda a nossa riqueza se reduziria a sucata, assim como essas cédulas que se tornaram pedaços inúteis de papel. Entende aonde quero chegar com isso, Diamond?”

Diamond balançava a cabeça lentamente no momento em que a compreensão despertava nela. “Acho que sim. Você está dizendo que as promessas são basicamente uma espécie de dinheiro?”

“Perfeito,” dizia Filthy Rich. “Não um dinheiro que você pode guardar em sua carteira e gastar em uma loja qualquer, mas o princípio é o mesmo. Você ainda pode comprar coisas com suas promessas, como lealdade, favores ou boa reputação. Mas isso só funciona se todas as suas promessas forem confiáveis, caso contrário ninguém vai te dar credibilidade. Mantendo suas promessas e honrando seus negócios, outros pôneis confiarão em você, pois verão que suas palavras têm valor. Esse valor é o que faz de uma promessa uma promessa.”

“O que faz de uma promessa… uma promessa?” Diamond murmurava.

“Dinheiro que não tem valor não é dinheiro, é?”

“Deixa de ser ingênua! Se você não cumprir suas promessas, qual é o sentido de prometer o que quer que seja?”

As sobrancelhas de Diamond levantavam no momento em que ela lembrava das palavras de Pinkie Pie. De alguma forma, tudo fazia sentido agora.

Percebendo uma mudança em seu comportamento, Filthy levantava-se da mesa. Ele se aproximava de Diamond Tiara e segurava o casco dela. “Promessas quebradas não têm valor, Diamond, e elas não lhe comprarão nada. Nem em Equestria, nem em qualquer outro lugar.” Ele colocava os pedaços rasgados das cédulas em seus cascos. “Promessas não cumpridas são como esses pedaços de papel sem valor.”

Diamond Tiara olhava para os fragmentos. Dinheiro absolutamente inútil que até mesmo Filthy Rich não sentia reverência por isso. Dinheiro que não era mais dinheiro real. Promessas quebradas.

Ela olhava para o pai. “Eu… eu entendi agora.”

“Espero que sim,” dizia Filthy com um leve sorriso. “Espero mesmo. Agora vamos tentar de novo. Você pode prometer ser mais gentil com essas três alunas daqui pra frente?”

Diamond hesitava e parecia pensar por alguns instantes. “Prometo tentar,” respondia ela.

Filthy meio que riu e meio que suspirou. “Bem, suponho que já seja um começo. E por que você vai manter essa promessa?”

Diamond Tiara ficava um pouco mais ereta, com um olhar expressando nova determinação. “Porque se eu quebrar minhas promessas, é o mesmo que não prometer nada. Minhas palavras não terão valor, assim como esse dinheiro rasgado.”

“Essa é a minha garota!” Filthy Rich dizia e dava um tapinha no ombro dela. “Bem, então acredito que te devo um bolo no Torrão de Açúcar. Na verdade, acho que até eu quero um. Por que não vamos lá agora?”

“Mesmo?” O rosto de Diamond se iluminava instantaneamente como um pequeno sol. Pulando de alegria, ela dava-lhe um abraço sincero. “Yay! Obrigada pai! Você é o melhor!”

Alguns minutos depois, ambos estavam a caminho, e Filthy Rich sorria enquanto Diamond Tiara trotava alegremente ao seu lado. Parecia que ele finalmente conseguiu ajudar sua filha a compreender o significado e a importância de uma promessa, e se permitia ter um pouco de orgulho paternal pelo feito. Ele não tinha certeza se a lição iria ser suficiente, mas esperava. Talvez hoje sua filha tivesse finalmente aprendido algo sobre o significado de confiança e valor?

Talvez, e apenas talvez, Diamond Tiara fosse um pouco mais rica a partir de hoje.

Nota do autor:

A inspiração para essa estória veio, principalmente, de um relato que um homem me contou anos atrás. Este homem teve um filho que foi vítima de bullying bastante frequente na escola. Chegou ao ponto em que o pai e o diretor da escola tiveram que chamar os valentões até a diretoria, quando o diretor basicamente os coagiu a prometerem deixar o filho do homem em paz. Enquanto ele estava lá, ouvindo, o homem teve uma epifania bastante deprimente: os intimidadores, ele percebeu, nem pareciam saber o que significava a palavra “promessa”, e muito menos porque eles deveriam se incomodar em cumpri-la.

Essa história meio que permaneceu em meu subconsciente por anos, aparecendo de vez em quando e me fazendo pensar: como alguém pode ensinar a uma criança o que é uma promessa? Quando aplicado a Diamond Tiara, a resposta de repente parecia óbvia: você usa dinheiro. Depois disso, essa história mais ou menos se escreveu. Eu amo quando isso acontece.

Audiolivro da estória (em inglês)