O mais dedicado e esforçado

Edital

Fonte: cdn-img.fimfiction.net

SINOPSE: A Escola da Princesa Celestia para Unicórnios Superdotados é famosa em toda a Equestria como um centro de excelência acadêmica. Apenas aos mais dedicados unicórnios são oferecidas vagas, selecionados por seu mérito acadêmico, habilidades mágicas e paixão pelo estudo. Para tornar o processo de admissão o mais justo e confiável possível, todos os candidatos recebem três exames avaliados por diferentes bancas de examinadores, que então se reúnem em particular para decidirem quais os candidatos que mais merecem uma vaga.

Autor: Pineta

***

“Posso ter a atenção dos senhores?” Perguntava a professora Crystal Clear, presidente do Conselho de Examinadores da Universidade de Equestria. “O cronograma para a rodada final de testes de admissão já está publicado no edital. Por favor, anotem o horário e o número da sala em que farão suas provas e certifiquem-se de estarem na sala de aula com cinco minutos de antecedência. Gostaríamos de lembrar aos pais que, embora vocês possam estar presentes durante o exame de seus filhos, devem permanecer em silêncio durante todo o teste.”

A professora estava na frente de uma multidão de pôneis no chão azulejado da universidade. Era o dia do vestibular, uma data importante no calendário acadêmico, quando todos os jovens e esperançosos pôneis que haviam passado na prova escrita de magia teórica foram classificados para a banca de examinadores que avaliariam suas habilidades práticas de magia e decidiriam a quem deveria ser ofertada uma vaga. A entrada da universidade estava agora cheia de pôneis nervosos, acompanhados por seus pais igualmente nervosos.

Após o breve discurso, a professora virava-se para sair, levitando sua prancheta com anotações diante dela. Mas ela não conseguia ir muito longe antes de ser parada por uma pônei verde clara com uma crina bem esbelta, usando um vestido sob medida.

“Professora! Quando vai sair o resultado da minha filha?”

“Divulgaremos a lista de aprovados semana que vem. Depois de termos avaliado todos os candidatos, os professores se reunirão para analisar os desempenhos dos alunos em todos os exames práticos, bem como no resultado da prova escrita, antes de publicarmos o resultado final.”

Era a política da escola que cada candidato recebesse três exames por diferentes bancas de examinadores profissionais para ajudar a tornar o processo seletivo o mais justo possível.

“Certo, e você vai classificar minha filha para capitã de sua equipe de esportes mágicos e ela receberá o prêmio Gold Prince Blueblood e…”

“Calma, o painel considerará todas as informações relevantes para julgar a aptidão de cada candidato para estudos mágicos avançados.”

Antes que a pônei pudesse fazer mais perguntas, a professora se afastava em direção à sala de professores da escola com uma expressão severa, sem prestar atenção em todos os pôneis que a olhavam. Ela chegava à porta e desaparecia nesse refúgio particular. Os pais e os filhos ficavam em silêncio por um momento antes que a multidão se dividisse em pequenos grupos.

“Sei que estraguei tudo no último teste,” dizia uma pequena pônei roxa em lágrimas com uma crina rosa, roxo e indigo. “Nunca pensei que eles me pediriam para fazer uma metamorfose de quatro dimensões. Cadence nunca disse nada sobre isso. E quando perguntaram sobre as interações fundamentais entre a magia dos unicórnios e os espíritos terrestres, eu só conseguia pensar em cinco… eu deveria saber que existem mais… e…”

“Twilight,” dizia a mãe. “Você foi capaz de fazer tudo o que eles pediram. Tenho certeza que se saiu muito bem.”

“Mas não fiz tudo corretamente,” Respondia Twilight enquanto lia as pontuações do teste em um pergaminho levitando em torno de sua cabeça com uma aura rosa. “E o próximo teste é o último, onde eles me perguntarão algo realmente difícil. Eu tenho que acertar. Preciso ler um pouco mais sobre os limites práticos dos encantamentos infinitos.”

Ela levitava um livro de sua mochila e começava a folhear as páginas.

“Twilight,” dizia a mãe. “Há uma lanchonete adorável do outro lado da rua. Temos meia hora antes do seu exame final. Vamos lá tomar um sorvete?”

“Não posso. Tenho que aprender isso agora.”

“Você não pode aprender muita coisa em trinta minutos filha.” Dizia seu pai. “É melhor tentar relaxar.” Com a autoridade dos pais, os dois pôneis adultos levavam a pequena Twilight para fora dos portões da universidade.

Do outro lado da faculdade, uma jovem unicórnio cor de marfim com a crina rosada e encaracolada soluçava incontrolavelmente enquanto seus pais tentavam consolá-la. “Eu não pude fazer nada, eles… eles me pediram para formar um octaedro usando uns gravetos, mas eu não conseguia lembrar o que era um octaedro! Fiquei nervosa e deu branco! Então eles só perguntaram se eu poderia pelo menos levitar os gravetos, e eu deveria ter sido capaz de fazer algo simples assim, mas eu congelei de nervosa e eles não saíram do chão!!”

“Está tudo bem Twinkle,” dizia sua mãe. “Não é o fim do mundo se você não conseguir uma vaga. Existem muitas outras boas universidades ou então você pode tentar de novo o ano que vem.”

“M-mas não posso esperar mais um ano e realmente quero estudar nessa. É a melhor, e tenho certeza que vou fazer amigos aqui, que gostam de estudar tanto quanto eu.”

Enquanto isso, no centro da sala, uma pônei azul e verde com uma crina loira confiantemente girava uma bolinha oval na ponta do chifre.

Superei totalmente aquele teste. Com certeza eles vão me oferecer uma vaga, afinal eles vão querer uma profissional como eu no time de levibol da escola.”

Ela disparava a bola contra a parede usando uma levitação de alta potência, então a parava no ar quando a bola rebatia de volta.

“Ei você, pegue!” Ela jogava a bola para Twinkle, que congelava, olhando para o projétil que se chocava contra seu rosto. Ela se desfazia em lágrimas. O pai de Twinkle lhe dava um abraço reconfortante enquanto sua mãe focava com um olhar gelado contra a agressora, mas decidiu, com certa resistência, não criar confusão.

“Você certamente deve receber uma oferta Sapphire Scrum,” dizia sua mãe. “Ainda mais depois de todas as aulas particulares que pagamos.”

“Mas não posso aceitar,” acrescentava a filha, levitando a bola novamente. “Parece uma escola secundária. Acho que nem quero estudar aqui.”

“Você vai aceitar a oferta sim senhora!” insistia a mãe. “Mesmo que você não esteja interessada em estudar, ser aluna da escola da Princesa Celestia abrirá muitas portas pra você.”

Dentro da sala dos professores, a professora Crystal Clear bocejava. Tinha sido um longo dia, e eles ainda tinham um conjunto final de candidatos para avaliar antes de irem jantar. Ainda assim, lembrava a si mesma que o esforço valia a pena. O trabalho de ensinar era muito mais fácil se você escolhesse os alunos certos para isso.

Infelizmente, nenhum processo seletivo era perfeito, e os professores estavam cientes de que todos os anos cometiam erros. Pôneis brilhantes iriam falhar sob pressão e nervosismo e perderiam uma vaga. E pior, às vezes eles admitiam terem aprovado equivocadamente candidatos que não estavam preparados, o que tornava uma dor real na hora de dar aula. O corpo docente não se esqueceu das consequências de aprovarem a senhorita Trixie há alguns anos. Daí o sistema de três exames, que tornou o vestibular o mais confiável possível no tempo restrito.

Eles tinham um intervalo de quinze minutos antes de voltarem aos exames. A professora sentava-se em suas almofadas de pelúcia, servia-se de uma xícara de chá de um grande bule azul e branco, acrescentava uma gota de limão e tirava alguns biscoitos de um prato. Ao redor dela, a equipe estava comparando notas. A essa altura do dia, ficava claro quem eram os favoritos para preencherem as primeiras vagas, mas os candidatos que iriam ficar com os últimos lugares ainda era incerto.

Seu colega, o professor Arpeggio estava lendo as notas de outro membro do conselho de exame. “Você deu nota dez para essa aluna! Sério? Não acha que foi generoso demais?” Ele perguntava.

“Fui bem criterioso, não teria dado essa nota se ela não merecesse. Aliás, vejo que você não não teve a mesma opinião com a candidata Miss Scrum,” O professor Nota Baixa respondia.

“Você deu a ela nota quatro, isso parece generoso?”

“Sim, ela estava bem em levitação, mas não conseguia soletrar seu próprio nome, quanto mais lançar qualquer encantamento sério. Ficou claro, depois de cinco minutos, que ela não tinha aptidão para a vaga. ”

“O que ela conseguiu na prova escrita?”

“Setenta e um. Mas isso não é uma surpresa. Ela foi para a escola preparatória, onde resolveu os testes de todos os vestibulares anteriores nos últimos cinco anos.”

Crystal Clear olhava para as anotações do professor Nota Baixa e as lia. “Você só deu à Senhorita Twinkle Twirl um três, por que?” Ela perguntava.

“Nós não conseguimos tirar nada dela. Ela começou a chorar depois de alguns minutos e não conseguiu fazer mais nada.”

“Nossa, ela provavelmente só estava nervosa! Os professores Art Liberal e Cap Square gostaram dela. Lhe deram uma nota sete.”

O professor idoso em outra mesa, ao ouvir seu nome, dizia: “Sim, ela nos mostrou uma bela demonstração de encanto de manipulação das luzes prismáticas. O conjunto de cores ficaram quase perfeitos. Vai ser uma pena se uma das vagas não for dela.”

“Mas de quanto foi a taxa de luzes que ela conseguiu filtrar no prisma de cristal?” Perguntava o professor Logic.

“Setenta e oito por cento, incluindo o infravermelho de onda longa que possui propriedades medicinais, nada mal,” Respondia Arpeggio. “Vamos ver as notas que os professores Rhetoric a Apple Polish darão a dela. Eu diria que ela ainda tem boas chances.”

A professora Clear empurrava os óculos mais para cima do focinho e tomava um gole de chá. “Algo mais que precisamos discutir? Alguma outra grande discrepância nas pontuações?”

Todos os unicórnios levitavam os papéis no ar à frente deles e examinavam as tabelas de pontuações.

“Eu vejo que você deu ao Sr. Sky Blue um cinco,” dizia Liberal Art. “Nós também achamos ele um pouco sem brilho. Apesar de toda a sua conversa entusiasmada sobre ser inspirado a estudar magia depois de ver a Princesa Celestia levantar o sol, não é o que todos dizem? Ele teve dificuldades para realizar a levitação mais básica, o que deixou bem claro a falta de estudo. Acho que podemos dispensá-lo. A classificação dos outros é bastante clara agora.”

“Precisamos falar sobre Twilight Sparkle,” dizia a professora Square Cap.

“Senhorita Sparkle?” Perguntava Crystal Clear. “O que há para discutir? Ela gabaritou. Ela tirou a nota máxima na prova escrita, e nenhum pônei conseguiu gabaritar desde a Sunset Shimmer. Nós dissemos ontem que com uma pontuação dessas ela teria que transformar o examinador em um vaso de plantas ou qualquer outro objeto para conseguir uma vaga. E, vejamos, foi você que deu nota dez a ela, não foi?”

“Não foi isso que quiz dizer. O problema é que com uma pontuação dessas, não tem como dar a ela exercícios padrões no teste final. Ela resolveu todos eles no primeiro exame.”

“Todos os testes? Até a trasmutação de pedras?”

“Ela transmutou todas antes de terminarmos de fazer a pergunta,” disse Square Cap.

“E a magia para criar uma ilusão?”

“Ela criou uma imagem em tamanho real de Starswirl no ar bem na nossa frente. Em cores, com todos os detalhes. Ela até acertou a barba.”

A professora Clear respirava fundo. A maioria dos novos alunos mal conseguia produzir uma aparência de uma forma simples.

“Temos exercícios reserva, não temos?” A professora Rhetoric falava.

“Usamos todos na metade do segundo exame. E ainda tivemos que pesquisar em nossas anotações antigas para encontrar algum exercício do ano passado que não tivesse sido reutilizado. Depois disso, tivemos que improvisar. Olhei ao redor da sala procurando por idéias e meus olhos caíram na porta da sala, então perguntei a ela como seria possível quebrar uma fechadura mágica. Em dois minutos ela decifrou o feitiço de criptografia e nos deu uma lista de sugestões sobre possíveis melhorias na segurança da escola.”

Os professores olhavam para a porta com um olhar preocupado. Poderia um candidato ter se infiltrado na sala dos professores?

“E devo dizer que ela também foi extremamente educada, modesta quanto às suas habilidades e, ao mesmo tempo, uma pequena e doce unicornio.”

“Mas o que vamos fazer então?” Perguntava Arpeggio. “Não temos tempo para pensar em novos exercícios.”

“Nós poderíamos simplesmente dizer a ela que ganhou uma vaga e não precisa do terceiro teste.” Sugeria o professor Lógic Empíric.

“Não podemos fazer isso. Seria injusto com os outros candidatos e nada profissional.” Respondia Crystal Clear.

“Bem, então, precisamos apenas definir algo muito difícil para ela,” disse Arpeggio.

“É isso que estamos tentando fazer!” respondiam os outros professores ao mesmo tempo. “Ela dá respostas perfeitas para tudo.” Acrescentava Apple Polish.

O professor Logic ponderava o problema. “Talvez pudéssemos perguntar a ela que pergunta ela faria a si mesma em um exame.”

Crystal Clear apontava a falha nessa ideia. “Ela pode pensar em algo que não podemos fazer ou responder.” Logic arregalava os olhos.

“E se nós darmos um teste impossível de resolver? Diga a ela para levantar a lua, ou prever o futuro ou se transformar em um alicórnio ou algo assim.”

“Vamos chamar ela de boba então? Ela saberia que é impossível…” dizia Arpeggio. “Prefiro não ver outra criança chorando hoje. Tem que ser algo que ela não sabe que é impossível.”

“Já sei!”

A professora Apple Polish virava a cabeça e focava sua magia em um armário no final da sala, que continha uma seleção de curiosidades ornamentais. Ela levitava um grande objeto oval, coberto de manchas roxas, até a mesa de café. Era um ovo de dragão antigo recuperado de uma escavação arqueológica alguns anos antes.

“Qual é a jogada? Ela tem que adivinhar o que é isso?” Perguntava Lógic Empíric.

“Eu pensei que poderíamos pedir a ela para chocá-lo.”

Todos os professores começavam a rir.

“Isso é perfeito,” dizia a professora Clear. “Ela não vai saber quantos anos tem. Vai tentar chocá-lo usando feitiços para ovos de pássaros, ou talvez um encantamento por fratura de energia, ou quem sabe o que mais? Será bem interessante ver o que ela vai tentar fazer. Eu acho que é até mesmo possível teoricamente chocá-lo, não muito provavelmente dada a idade, mas não há como um único pônei conseguir gerar energia mágica suficiente para chocá-lo. Isso é brilhante.”

Ela limpava um carrinho de chá com xícaras e pratos e colocava o ovo no centro. Enquanto isso, Apple Polish pegava um pedaço de papel e giz de cera e desenhava um esboço simples para mostrar um pequeno dragão dentro de um ovo quebrado. Ela colocava a ilustração na lateral do carrinho.

“Tudo bem, tudo bem,” dizia ela, ajeitando os cascos, arrumando os óculos e colocando folhas de sulfite novas na prancheta. “Lembrem-se, profissionalismo. Não podemos mostrar à Senhorita Sparkle qualquer sinal de nossa decisão ou o que esperamos dela.”

Adotando seus semblantes mais profissionais, os quatro examinadores caminhavam em direção à porta. Crystal Clear dirigia-se ao porteiro da escola. “Dê-nos alguns minutos para nos prepararmos e depois trazer o carrinho com o ovo, aí pode chamá-la para o teste.”

O porteiro assentia.

“Vamos conhecer a senhorita Sparkle.”

Eles saíam pela porta da sala dos professores com o olhar passivo e determinado de examinadores profissionais. Mas a professora Clear permitia-se um pequeno sorriso. “Essa aluna sim vai ser divertida de dar aulas.”

Os outros professores acenavam a cabeça. “Dá gosto ministrar aulas para um aluno assim.”

“Então, como vamos decidir quem será seu tutor pessoal?”

O pônei de Oasis – Parte V

ponei-de-oasis

Ilustração: Drason

CLIQUE AQUI PARA LER A QUARTA PARTE

Autor: ROBCakeran53

Tradução: Drason

SINOPSE: Equestria ainda estava sendo reconstruída após a derrota de Tirek, e as seis novas governantas de Ponyville ajudando em sua reconstrução. Tudo mudou de maneira inusitada quando a Princesa Celestia entregou a elas uma carta descrevendo acerca das façanhas realizadas por um único cidadão da cidade de Oasis conhecido como Senhor Baker, e a forma como superou Tirek. Com a missão de descobrir se os relatos eram verdadeiros, as seis pôneis devem ir até a referida cidade para investigar. No entanto, elas irão descobrir que o Senhor Baker não era exatamente quem ou o que elas esperavam.

***

Pela tarde da noite, Senhora Fixit estava cansada depois do dia agitado, e Thomas sugeria que ele, Flutterhy e Rarity partissem para deixar a velha pônei descansar. Durante a caminhada de volta, Thomas decidiu não levar seus equipamentos para que pudessem chegar mais rápido. Com todos cansados, a viagem de volta acabou sendo silenciosa.

Fluttershy continuamente olhava Thomas e Rarity, que parecia ter se saído muito bem conversando com ele na varanda da Senhora Fixit. Mas agora era um silêncio absoluto, que normalmente para a pegasus amarela seria uma coisa bem vinda. Rarity havia mencionado brevemente que Thomas tinha se aberto um pouco na varanda. Talvez aquela fosse a razão por trás do estranho silêncio?

Finalmente, as casas e luzes da cidade já podiam ser vistas de longe, eles estavam há pouco mais de cinco minutos dela agora. Fluttershy imediatamente percebia os ombros de Thomas relaxarem.

“Obrigado.”

Ambas pôneis trotavam com antecedência para acompanharem o ritmo dele.

“Como?” Perguntava Rarity.

“Eu disse obrigado. Você sabe, por ajudar.”

“Sem problemas, querido. Embora você devesse agradecer mais à Fluttershy, ela que fez todo o trabalho.”

Thomas balançava a cabeça. “Não apenas pelos gatos, mas pela Senhora Fixit.” As duas pôneis manifestavam expressões confusas, e Thomas continuava, “Ela não tem muitos visitantes, especialmente que a tratem de maneira diferenciada por ser cega. Foi muito bom vê-la sorrindo novamente daquela maneira.”

“Já lidei com pôneis cegos antes, então sei como pode ser, como eles se sentem.” Fluttershy dizia.

Thomas e Rarity se viravam para Fluttershy, e suas orelhas imediatamente se achatavam perante seus olhares súbitos.

Thomas manifestava uma expressão confusa por um momento, então seu rosto clareava. Ele dava à Fluttershy um olhar de simpatia. Rarity continuava olhando confusa até sua amiga prosseguir.

Fluttershy deixava escapar um suspiro elaborado. “É uma peculiaridade comum que ocorre com pegasus enquanto eles envelhecem. Minha avó ficou cega muito cedo, antes mesmo de eu nascer.”

“Fluttershy, querida, eu não sabia disso,” Rarity dizia, cutucando sua amiga.

“Eu também não sabia que era característico de pegasus.” Thomas colocava as mãos nos bolsos. “Mesmo em um mundo cheio de arco íris e mágica, genética ainda é um problema.”

Novamente ficava um silêncio entre os três enquanto eles se aproximavam da parte frontal da loja, até Thomas perceber alguma coisa de longe.

“Eu devo estar vendo coisas.” Eles caminhavam mais próximos, com Thomas esfregando seus olhos. “Não acredito.” Repentinamente ele corria até sua loja, onde as duas pôneis apenas observavam uma carroça estacionada na frente dela.

Enquanto Thomas corria para dentro, Rarity e Fluttershy olhavam a carruagem de perto com uma placa na lateral dela.

Gasolina e Óleo do Match

Rarity jurava que reconhecia aquele nome. Julgando pelos barris de metal que se alinhavam na carroça, ela podia apenas imaginar que serviam para estocar óleo e outros fluídos.

Havia então uma gargalhada vindo de dentro, de quem Rarity pensava ser de Thomas. As duas pôneis entravam na loja, e foram recebidas por uma… estranha visão.

Thomas tinha um pônei terrestre vermelho em seus braços, suas pernas traseiras chutavam o ar enquanto Thomas o abraçava forte.

“Tom! Não estou respirando!” O pônei implorava.

“Sem chances! Faz um ano que não te vejo, então você chega aqui dizendo que vai se casar e que ainda está esperando um filho? Não se faz isso com um de seus amigos, Júnior!”

Finalmente, com as bochechas vermelhas, Rarity deixava escapar uma tosse e os dois rapidamente se recolhiam na presença das duas pôneis. O pônei vermelho cruzava suas pernas de vergonha, e então Thomas o soltava em seguida.

“Rarity, Fluttershy, este é Matchbox Junior, ou apenas Junior, como costumamos chama-lo. Junior, elas estão aqui para…” Thomas levantava uma sobrancelha. “Na verdade é complicado, mas elas me ajudaram com os gatos da Senhora Fixit.”

O pônei terrestre, Junior, ficava de pé enquanto sacudia sua cabeça. “Prazer em conhece-las senhoritas. Só espero que o que quer que Thomas tenha feito para trazer a ira dos elementos da harmonia não seja tão severo…”

“Espere, você sabe quem nós somos?” Rarity era pega de surpresa.

“Mas é claro, você salvaram Equestria muitas vezes, isso sem mencionar que a minha esposa tem a coleção completa das suas roupas de outono.”

“Mesmo?”

“Você parece surpresa.” Thomas entrava na conversa, com uma bandeja de canecas em uma mão e uma garrafa de âmbar líquido na outra.

“Bem, é que nem sempre somos reconhecidas,” Rarity dizia, percebendo a garrafa de bourbon.

Thomas pegava uma cadeira na mesa derramando o Bourbon em cada caneca. “Bem, eu não reconheci, e tenho certeza que noventa e nove por cento desta cidade também não, mas enfim.”

“Então, como vocês dois se conheceram?”

Fluttershy se sentava na mesa perto de Thomas, enquanto Junior na frente de Rarity. “Bem, eu e meu pai costumávamos morar aqui. Eu cresci nesta cidade,” Junior dizia.

“Sim, os sortudos descobriram ouro negro há uns vinte quilômetros ao norte de nós,” Thomas interrompia.

Junior rolava seus olhos. “Nós sempre trabalhamos com combustíveis, mas quando meu pai encontrou petróleo há uns seis anos atrás nós nos mudamos para Manehattan para expandir os negócios.”

“O Senhor Senior estava sempre se queixando sobre morar aqui, dizendo que ele queria o melhor para Junior. Bem, eles certamente estão bem melhores agora, não é mesmo?” Thomas dava uma risada para Junior.

O pônei vermelho retribuía com uma rápida risada. “Sim, vamos assim dizer.”

“Ah, chega de ser tão modesto, você é noivo! E está esperando um filho! É hora de celebrar, um brinde!” Thomas entregava uma das canecas ao Junior e em seguida para Rarity.

“Pra mim? Não seria uma ocasião especial para vocês dois?”

“De maneira alguma, vocês duas me ajudaram hoje, e é o mínimo que posso fazer.”

Rarity levitava a caneca com sua mágica, a analisando cuidadosamente.

“Relaxe, tem apenas alguns parafusos nele, eu já limpei.”

Rarity engolia seco, tentando com dificuldade ignorar as manchas que cobriam a parte externa da caneca, e na esperança de não ter que fazer o mesmo com o interior.

Thomas empurrava a última caneca na direção de Fluttershy. “Você também.”

“Oh, um, o-obrigada.” Fluttershy pegava a caneca com os dois cascos dianteiros, dando uma cheirada.

“Um brinde!” Thomas levantava sua caneca, e os demais o acompanhavam. “Parabéns pelos anúncios, e é melhor você dar logo um nome para o bebê antes que eu o faça.”

Rarity e Fluttershy compartilharam uma risada, Thomas sorria enquanto todas as quatro canecas se chocavam juntas, e em seguida eles davam um gole. Bem, as pôneis deram um gole, já Thomas e Junior viraram as respectivas canecas.

“Então, quem é a pônei de sorte? Como vocês se conheceram?” Thomas perguntava.

Junior sorria, “Oh, caramba, é meio embaraçoso.”

“Eu ajudo a organizar o bufê do casamento, então desembucha.”

Thomas derramava para ele e Junior outra porção do Bourbon.

“Bem, faz dois anos que nos conhecemos. Você se lembra quando papai expandiu a fábrica, comprando aquele velho lote que ficava ao lado? Bem…”

“…e então Doc veio correndo para fora da fábrica, com suas garrafas de uísques vazias em um casco enquanto ele as arremessava em mim, com fúria em seus olhos, ‘Droga Tom, se eu te achar na minha adega do licor de novo eu vou te esfolar vivo e te mandar para Zoológico de Canterlot!’.”

Todos os pôneis exceto Fluttershy gargalhavam, a tímida pônei apenas ostentava um largo sorriso. Enquanto a história de júnior conhecendo sua esposa era tocante, a conversa se descarrilava para as palhaçadas que Thomas iria compartilhar com Junior.

Junior estava à beira das lágrimas. “Oh Celestia, eu nunca tinha visto o Senhor Doc tão furioso em minha vida.”

Thomas tomava outro gole em sua caneca. “Ei, é melhor você ser grato por eu levar a bronca no seu lugar. Se o seu velho descobrisse que era você furtando o uísque do Doc ele teria te deserdado!”

O grupo deixava escapar mais uma rodada de risadas, com Thomas sendo o primeiro a se acalmar.

“Por falar nisso, como está o seu pai? Não tenho tido notícias dele. Deve estar em êxtase por saber que vai ser avô.”

O sorriso de Junior desaparecia instantaneamente, movendo seus olhos para baixo na direção de sua caneca vazia. Rarity percebia de imediato a expressão tensa do garanhão.

Por alguns momentos, houve um total silêncio na sala.

“Tom, podemos conversar em particular por um minuto?”

Thomas franzia. “Não vejo porque. Tudo bem senhoritas?”

Rarity e Fluttershy olhavam uma para a outra. “Claro, fiquem à vontade. Foi uma honra vocês dois partilharem suas histórias conosco,” Dizia Rarity.

Thomas ficava de pé, caminhando com uma ligeira oscilação até a porta exclusiva para funcionários. “Vamos no meu escritório, podemos conversar lá.”

Junior caminhava passando através da porta aberta, e em seguida Thomas fazia o mesmo.

Por alguns momentos, o local ficava em silêncio.

“Então, será que aconteceu alguma coisa?”

Fluttershy olhava para sua caneca quase vazia. Ela ainda estava no primeiro copo. “Eu acho que deve ter algo a ver com o pai de Junior.”

Rarity recordava a última hora, sobre como eles estavam contando a história sobre os anos passados. Toda vez que Senior era mencionado, o semblante de Junior mudava, mas ele mantinha a cabeça levantada.

“Oh querida, você acha que…”

Rarity era interrompida pelo som de vidro quebrando que vinha atrás da porta onde os dois estavam.

“Tom! Acalma-se!”

“Acalmar?! Como exatamente você espera que eu me acalme?”

“Olhe, não havia nada que pudesse ser feito-”

“Como assim não havia!”

“Tom, nós não tínhamos mágica!”

“Eu sei disso caramba! O que você acha que eu passei durante aquela semana infernal depois de Tirek ter passado aqui? Esta cidade estava morta, e eu era a única coisa ainda de pé!”

“Tom, não havia nada que você pudesse fazer-“

“Você não tem como saber!”

“Nem você!”

Havia barulho alto de pisões, então de repente a porta foi chutada, abrindo tão rápido que ao atingir a parede fez um estrondo suficiente para deixar o quadro negro torto. Fluttershy e Rarity quase foram parar no teto, e a pura raiva estampada na expressão de Thomas transmitia calafrios.

“Thomas, querido, está tudo bem?”

Ele ignorava Rarity, se dirigindo até a mesa e pegando sua caneca ainda com metade do Bourbon.

“Thomas?” Fluttershy perguntava baixinho.

“A loja está fechada, saiam todos,” Ele resmungava.

“O que?”

Ele se virava para as pôneis. “Eu disse que a loja está fechada! Saiam!”

Fluttershy agachava-se em sua cadeira, se escondendo atrás de Rarity o máximo que podia. Rarity não tinha como dizer se era ela tremendo ou Fluttershy que tremia em cima dela.

“Tom! Não desconte nelas!” Junior passava pela porta.

Thomas se virava para Junior. “Não estou descontando em ninguém!”

“Sim, você está, e ainda por cima gritando com elas seu imbecil!”

“Dá um tempo Junior, apenas saiam todos.”

“Thomas, por favor, tenha calma. Seja qual for o problema eu tenho certeza-“

Thomas interrompia Rarity, arremessando a garrafa de Bourbon na parede a apenas dez centímetros da unicórnio. “NÃO! Você não pode consertar isso, você não pode! Simplesmente acabou! Eu vi meus amigos morrerem no meu mundo, vítimas de violência. Este lugar deveria ser diferente, nenhuma morte sem sentido, uns matando aos outros. Vocês saíram de um linha reta de fantasia minha nossa! Vocês podem voar, usar mágica, então por que ainda morrem?”

Thomas estava ofegante, com as mãos tremendo enquanto as fechava apertando com força olhando para as pôneis. Fluttershy soltava um gemido, os olhos de Rarity umedeciam enquanto ela olhava com dificuldade para ele. Os olhos de Thomas suavizavam, olhando para o que sobrou da garrafa. O líquido escorria entre as tábuas do assoalho, com pedaços de vidro espalhados por toda parte. Ele inclusive observava alguns cacos na cauda de Rarity.

“Eu… eu estou…” a voz de Thomas rachava, seus olhos que antes estavam cheios de raiva agora estavam congelados, suavizados, e se Rarity estava permitida a acreditar, tristes, “…droga.” Os ombros de Thomas caíam enquanto ele se virava para longe das pôneis, arrastando os pés como se estivessem pesados. Ele parava no primeiro degrau das escadas, olhando de volta para as pôneis ainda tremendo, então lentamente subia. Todos se encolhiam enquanto uma porta no andar de cima batia, se fechando.

“Bem, poderia ter sido pior.” Junior se dirigia até a saída. “Vocês duas é bom virem comigo.”

Aquilo nem precisava ser dito duas vezes. Elas praticamente galoparam para fora.

Eles ficaram em silêncio por vários segundos enquanto Junior descarregava um dos barris de sua carroça.

Fluttershy deixava escapar um suspiro antes de falar, “O… o que foi aquilo?”

Rarity ficava surpresa ao ver que Fluttershy foi a primeira a falar, a tímida pegasus ainda parecia pronta para cair em choros.

“Aquele foi o Tom sendo Tom.” Junior empurrava o barril até a varanda.

“Isso não responde a pergunta,” Rarity acrescentava.

Junior suspirava. “O que mais posso dizer, olha que tal caminharmos? Eu explico o que aconteceu, e talvez assim vocês duas possam compreender o que ocorreu lá atrás.”

“Bem, já está muito tarde. Temos que voltar para o hotel de Sunny…” Rarity dizia.

“Então nós caminhamos até lá.” Junior deixava um recibo colado em cima do barril, então junto das duas pôneis, começavam a caminhar lentamente.

“Cerca de duas semanas antes de Tirek aparecer aqui, meu pai ficou doente. No início não era nada para se preocupar, mas foi se agravando quando deveria melhorar. Alguma coisa a ver com o fato de nós estarmos rodeados de muitos produtos industriais na nossa fábrica.”

“Oh nossa…” Fluttershy sussurrava.

“Então, ele teve que ir para o hospital para realizar terapia de quelação. A única coisa que iria funcionar seriam transfusões mágicas induzidas, tenho certeza de que vocês sabem do que estou falando.”

Rarity acenava. “Sim, sou familiar com isso.”

“Ótimo, porque não tenho a menor ideia. De qualquer forma, era tudo baseado em mágica. Bem, ele estava melhorando, o tratamento já estava sendo desnecessário, seus rins voltaram a funcionar, o que resultou em um grande avanço.”

Junior parava na frente da varanda de Sunny, olhando para a porta.

“Então, vocês provavelmente sabem mais sobre os acontecimentos com Tirek do que eu.”

“Bem, sim, sabemos um pouco sobre todos os lugares em que ele passou e os resultados disso.”

“Hmm, sim, vocês estiveram em todos os locais que Tirek invadiu, mas isso foi muito tempo depois dele ter atacado. Por acaso vocês estiveram em uma cidade logo depois de Tirek ter saído dela?”

“Bem, não.” As orelhas de Rarity caíam.

“Foi um desastre. Manehatan estava afundada na sujeira e forçada a comê-la. Nós perdemos eletricidade, água corrente, tudo. Todos os médicos unicórnios tiveram que recorrer a métodos primitivos, mas sem suas mágicas, eles eram placebos em uma ferida aberta. Quando perdemos nossa mágica, o hospital dos unicórnios perdeu sua magia…”

“O tratamento parou…” Rarity sussurrava.

“Nos primeiros dias não foi tão mal, ele ainda estava apresentando sinais de melhora, então acreditei ser o suficiente para mantê-lo. Porém, no terceiro dia, ele começou a ficar pior. Os unicórnios estavam desesperados, trabalhando exaustos, tentando ajudar a todos.”

“O hospital estava superlotado, então eles começaram a priorizar pacientes em estado grave e com idade avançada…”

Ambas pôneis estavam em silêncio, apenas olhando o pônei vermelho.

“Ele tinha sessenta e cinco anos, e estavam checando todos acima de cinquenta.”

“Por Celestia…” Rarity dizia.

“Sim, certo. Nem mesmo as princesas puderam ajudar. Bem, pelo menos três delas não.”

Rarity estreitava os olhos. “O que está dizendo?”

“Nós temos quatro princesas agora, não temos? Sabemos que três foram capturadas, mas onde estava a quarta?”

Rarity e Fluttershy desviaram seus olhares de Junior. Ele não prestava atenção.

“Onde estava a Princesa Twilight Sparkle, quando não tínhamos líder, nem estrutura ou esperança?”

“Junior, você não pode empurrar a culpa para ela! A princesa não foi a causa do que aconteceu com seu pai.”

Junior deixava sair um suspiro. “Sim, eu sei que não. Mas muitos pôneis ainda ressentem a falta de liderança naquela época. Mesmo que ela tenha agido, e os médicos capazes de salvar a maioria dos pôneis.”

“Então, você está dizendo, um, que é por isso que Thomas está tão furioso? Por causa da Twilight?”

Junior olhava para Fluttershy, acenando sua cabeça. “Conhecendo ele? Ele provavelmente está com raiva de si mesmo. Por que? Não tenho ideia.”

“Bem, ele não tem mágica em primeiro lugar. Segundo, ele não foi pego por Tirek?”

Rarity foi pega de surpresa. “Sem mágica e ainda assim não foi pego…?”

Fluttershy dava um passo à frente. “Hum, não, de acordo com os moradores daqui ele sequer estava por perto quando Tirek invadiu.”

Junior soltava um suspiro. “Isso explica então. Bem, melhor nós entrarmos, eu posso pedir para Bob ir lá dar uma mão para Tom. Bob ainda está aqui, não está? Vocês não capturaram ele ou algo assim?”

“Por que faríamos isso?”

Junior abria a porta. “Bem, depois do ocorrido em Canterlot eu imagino que vocês tenham um certo receio de changelings.”

Ambas as pôneis paravam, apenas agora Rarity percebia que uma das janelas perto da porta estava quebrada. “Bob é um changeling?”

Junior passava pela porta, e em seguida a mantinha aberta para que as duas pôneis entrassem.

“Ah, aquilo explica a janela quebrada então, você ou suas amigas devem ter se assustado com Bob e lutado com ele,” Junior dizia, olhando ao redor da sala principal. “Estranho no entanto, todo o resto parece intacto.”

“Isso porque, felizmente, alguns reagiram a tempo antes que alguém ficasse seriamente ferido.”

Os três se viravam para a direção de onde veio a voz, e viram Sunny atrás do balcão, os observando.

“Ugh!”

Ou mais precisamente, observando as pôneis escondidas atrás dos três.

“Garotas? O que vocês estão fazendo aí?” Rarity perguntava, olhando atônita todas as suas amigas juntas ao lado da janela quebrada, então com espanto notava suas orelhas contra o buraco da janela. “Você estavam escutando às escondidas nossa conversa?”

Rainbow Dash exaltava. “O que? Pfft Claro que não. Nós não faríamos algo assim, não é mesmo garotas?”

O focinho de Applejack torcia, com os olhos desviando lado a lado. Pinkie Pie passava um zíper na boca. Mesmo Rainbow Dash ia evitando o olhar, cruzando as pernas dianteiras em seu peito. A única pônei com comportamento diferente era Twilight, com suas orelhas achatadas enquanto olhava para o chão.

Era fácil somar dois mais dois para perceber que a expressão abatida de Twilight foi por ter escutado o que Junior falou dela.

“Ei Sunny, há quanto tempo não te vejo.” Junior caminhava até o balcão, conversando.

Rarity e Fluttershy olhavam uma para a outra, acenando, então Rarity relatou às suas amigas sobre o ocorrido.

“Espere, você disse que ele arremessou uma garrafa em vocês?“ Applejack perguntava.

“Bem, não diretamente em nós, mas na nossa direção, o suficiente para cacos de vidro irem parar na minha cauda.” Rarity continuava escovando sua crina longa, com os pequenos pedaços de vidro caindo em uma pá de lixo no chão.

“Eu sabia que havia algo duvidoso e suspeito com ele,” Rainbow dizia.

“O que quer dizer?” Rarity perguntava.

“Pelo que soou dele, o sujeito é um poço de álcool.”

“Eu não iria tão longe, afinal ele descobriu que um amigo querido faleceu…” Rarity olhava para uma ainda abatida Twilight, “…já passou.”

Fluttershy ouvia atentamente, deixando Rarity tomar as rédeas da discussão. Não havia muito que a pegasus amarela pudesse contribuir para o que Rarity já não soubesse. Na verdade, havia coisas que suas amigas sabiam sobre Thomas que ela não.

“Pelo que aconteceu com vocês duas, eu diria que ele tem um lado bem manchado e problemas para se expressar direito. Eu já lidei com família assim. Beber não ajuda em nada.”

Rainbow suspirava. “Se você me perguntar, eu digo que isso é tudo que preciso saber sobre ele para dizer que ele ganhou um relincho de mim.”

Pinkie Pie fungava um riso com o trocadilho, fazendo Rainbow Dash rolar seus olhos.

“Bem Rainbow, acho que podemos apenas confiar na posição de Rarity. Ela e Fluttershy interagiram com ele. Nós somos apenas o outro lado da história.”

Rarity e Fluttershy acenavam, então olhavam para sua amiga ainda quieta. “Twilight? Querida, você está bem? Não falou nada até agora.”

Twilight pulava, se assustando ao ser o centro das atenções repentinamente. “Oh, o que? Sim, eu hum, estou bem. Vocês duas estavam prestes a me darem seus votos sobre Thomas ser ou não um suposto herói, certo?”

Ambas pôneis acenaram. Twilight trazia o livro maciço que Thomas deu a ela, assim como um bloco de notas. “Certo, o que vocês me dizem? Ele é mesmo um herói e merece receber o maior prêmio de Equestria: a marca da harmonia? Sim ou não?” Pinkie Pie deixava escapar uma bufada.

“Não.”

“Sim.”

Todos os pôneis olhavam para Fluttershy, que agora era o centro das atenções, tentando e falhando em esconder atrás de sua própria crina.

“Sim?? Fluttershy, querida, você não estava na mesma sala com Thomas?”

“Um, sim, eu estava.”

“E você viu como ele foi rude e violento. Alguém assim não poderia possivelmente…”

“Se não fosse pelo Thomas, Senhora Fixit teria morrido.”

A sala caía em silêncio por vários segundos.

Rarity era a primeira a quebrar o silêncio. “Bem, querida, certamente que todos estavam em um ponto áspero, mas não temos qualquer prova de que Thomas realmente fez o que ele disse ter feito pela cidade.”

Silenciosamente, Fluttershy tirava de seu alforje um caderno e o colocava no chão. “Quando Senhora Fixit e eu estávamos sozinhas, nós conversamos um pouco. Ela é uma pônei muito amável para conversar, e tudo que eu perguntava sobre o Senhor Baker era normal.”

“Normal?” Twilight perguntava, levitando o caderno com sua mágica.

“Bem, ela não poderia dizer que ele era perfeito, ele tem falhas que qualquer pônei pode facilmente observar. Apenas porque ele não é como nós, não quer dizer que devemos tratá-lo em um padrão diferente de nós.”

Todas as pôneis olhavam uma para a outra, pensando, enquanto Twilight virava a página do caderno. “Fluttershy, o que é isso?”

Fluttershy sorria. “Isso é o que Thomas estava usando para acompanhar cada pônei na cidade. Sua agenda diária de como ele cuidava de cada um, bem como outras tarefas que os pôneis pediam enquanto ele estava ajudando.”

“Como você conseguiu isso?” Applejck perguntava.

“Ele deixou na casa da Senhora Fixit quando a cidade voltou ao normal. Ela sabia que Thomas estava registrando como e quando ele cuidava dos pôneis na cidade porque ela sempre podia ouvir ele escrevendo com sua audição aguçada, já que ela é cega. Para não mencionar que há vários pôneis idosos na cidade, que tinham que ter uma regular medicação.”

Twilight parava em uma página aleatória, analisando os gráficos desenhados de maneira tosca. O casco, ou possivelmente as mãos do desenhista eram igualmente enfadonhos.

“Como vamos saber que é mesmo a letra dele?” Dash perguntava.

Twilight levitava seu alforje para cima, tirando um pequeno cartão de visitas. Enquanto a maior parte do texto no cartão estava digitado em negrito, a última linha “se vale a pena fazer, vale a pena fazer direito!” estava escrito fora do padrão. Com certeza era fácil afirmar que as letras eram da mesma pessoa.

Applejack olhava por cima do ombro de Twilight. “Sim. Eu vi seu quadro negro na loja, vê essas letras “a”? Era assim que elas estavam escritas lá também.”

Rainbow caçoava. “Certo, certo, então ele escreveu mesmo, grande coisa. Ainda não prova nada.”

“Há alguns gráficos muito bem detalhados, Rainbow,” Twilight dizia. “Se de fato isto é bem preciso…”

Twilight colocava o caderno aberto no centro de suas amigas, esfregando sua cabeça com um casco. “Isso não faz sentido nenhum. Como pode alguém tão volátil ser tão…tão…”

“Gentil?”

Todas olhavam para Fluttershy, que estava segurando o caderno com seus cascos.

“Vocês não se lembram quando chegamos na cidade, como os pôneis estavam tentando proteger Thomas? Por que eles fariam aquilo por alguém que não gostam, que não respeitam?”

As pôneis ficaram em silêncio por vários segundos.

“Eu acho que ele está sofrendo muito. Não apenas pela perda do pai de Junior, mas por causa de algo mais. A triste notícia que ele recebeu hoje provavelmente foi a gota d’água para ele desmoronar.”

“Uau Fluttershy, isso foi…” Rainbow esfregava as costas de sua amiga.

“Muuuuuuuiiito profundo, garota,” Pinkie falava.

“Bem, mudou de ideia então Rarity?” Twilight perguntava.

Rarity olhava o caderno nos cascos de Fluttershy. “Eu… preciso pensar sobre isso um pouco mais antes de dar o meu voto.”

“Bem, se isso vai demorar, então amanhã é a minha vez e de Dash.”

“Espere, por que nós?” Rainbow protestava.

“Sim, por que vocês duas?” Pinkie Pie também protestava.

“Porque Twi ainda está lendo aquela monstruosidade de livro, e você não deveria estar preparando uma festa pra ele?”

Pinkie saltava sem sair do lugar. “Isso mesmo! Devo dar um jeito de mudar aquele humor nada humorado.”

“Então nós faremos de tudo para não ter álcool na festa,” Applejack dizia.

“Sim,” Pinkie Pie falava, então novamente com mais energia, “Sim! Não precisamos disso para deixar a festa mais divertida!”

“Espere, você nunca serviu bebidas alcoólicas em suas festas,” Rainbow dizia.

Pinkie oscilava um casco, “Normalmente isso é coisa de garanhões. Então novamente, nenhuma de vocês esteve em uma festa feita para eles.” Pinkie piscava.

“Espere, o que?” Dash perguntava, mas sem receber uma resposta.

“Bem, acho que é hora de irmos para nossos quartos e descansarmos. Boa noite para todas.” Applejack ficava de pé, caminhando na direção da porta, seguida por Rainbow Dash e Pinkie Pie.

Fluttershy colocava o caderno de volta em seu alforje “por segurança”, ela dizia a Twilight, e deitava na sua cama, exausta depois de um dia tão agitado. As que restaram eram Twilight e Rarity, que ainda estavam sentadas em suas respectivas camas, olhando para o nada.

“Twilight, gostaria de… conversar sobre alguma coisa?”

Twilight notava a expressão preocupada de Rarity, mas não respondia.

“Eu lamento você ouvir aquelas coisas que Junior falou de você, sobre o que os pôneis pensam sobre você, mas ignore aquilo tudo, não foi culpa sua.”

“Foi apenas… apenas sobre quantos pôneis eu deixei abandonados à própria sorte? Eu poderia simplesmente ter teleportado e deixado Tirek pra lá, para auxiliá-los, vencendo ou perdendo.”

“Twilight, querida, não foi culpa sua se os pôneis perderam sua mágica ou sofreram. Tirek que causou isso a eles.” Rarity sentava ao lado de sua amiga, acariciando suas costas. “Em hipótese alguma você deve se culpar. Você fez a coisa certa, e se alguns dizem que você errou, então deixe eles lidarem com o próximo vilão que atacar Equestria e ver se eles farão melhor.”

Twilight permanecia sentada em silêncio, enquanto refletia as palavras da amiga.

O sorriso de Rarity diminuía. “Querida, eu acho que o que você precisa fazer agora é descansar, e depois poderemos conversar sobre isso, como um grupo de amigas.”

Twilight, na verdade, não conseguia dormir. Por horas ela ficava deitada de costas, embaixo de seu lençol. Pensando. Às três da manhã, ela arremessava seu lençol com um gemido. Sua mente permanecia em um emaranhado de pensamentos desde que deitou. Ela queria procurar um culpado por tudo o que aconteceu. Tirek era a escolha óbvia, mas a autodúvida estava ao lado dele.

De repente, Twilight ouvia um estrondo abafado vindo do andar debaixo. Ela se levantava, ficando sentada na cama, percebendo que Fluttershy e Rarity continuavam dormindo. Ela rastejava até a porta, e cautelosamente passava pela sala e corredor, seguindo o som de vidro tilintando vindo da área principal de jantar. Ela seguia pela parede, na furtividade, parando pouco antes de chegar na varanda, quando um som de passo por trás dela a fez girar sobre os calcanhares.

Twilight não pensava que poderia ser tão terrível chegar perto de um changeling, e Bob não era exceção. O fato dele ter metade de sua cabeça coberta por ataduras também não ajudava… por causa da briga anterior entre eles ao descobrirem que ele era um changeling. Twilight não podia olhar para seus olhos. Ela podia sentir suas orelhas caindo enquanto ela murchava perante seu olhar. Bob não parecia ofendido de qualquer forma, mas caminhava ao redor dela para perdoar a injúria. Seu suspiro distinto dizia a ela tudo o que ela precisava saber.

Bob descia as escadas, levando Twilight ao bar onde um humano descabelado estava sentado em um banco, falando sozinho. Uma de suas mãos estava segurando meia garrafa de âmbar liquido, a outra uma xícara de café. Os olhos de Thomas estavam semi-fechados, olhando o líquido na xícara enquanto suas mãos gentilmente a sacudia. Enquanto eles chegavam perto, Twilight percebia que ele não estava falando, mas cantando para si mesmo.

“Se eu pudesse parar o tempo em uma garrafa, a primeira coisa que eu gostaria de fazer era parar o dia inteiro, para a eternidade durar sempre e eu passa-la com você.”

Onde Twilight hesitava, Bob caminhava atrás do balcão, ficando de pé do outro lado olhando Thomas. Levou mais alguns resmungos e outro gole de sua caneca para finalmente perceber o changeling.

“Oh, eeeiiii Bob. Engraxçado ver você aqui a exsta hora. Você sabe que está muuuuiito tarde certo?”

Bob piscava, sério.

“Certo, certo. Então ou poooooso estar um pouco bêbado, e teeeerrrr me trancado do lado de fora da minha loja, então eu poooossssooo vir aqui para uma bebida ou duas… ou cinco…perdi a conta depois da segunda.”

Bob deixava escapar outro suspiro, caminhando até Twilight. Ele acenava com um casco cheio de buracos na frente de seu rosto, o suficiente para fazer ela gaguejar enquanto tentava recuperar a compostura. O olhar era educado, e ela apenas tinha feito muitos olhares. Não era culpa dela se a camisa dele estava desabotoada, mostrando o que ela apenas poderia descrever como o seu peito nu e musculoso.

Novamente, Bob pigarreava, fazendo Twilight prestar atenção no changeling. Ele apontava para seus próprios olhos, então para ela, e finalmente para Thomas. Levou um segundo, mas então Twilight entendeu o significado. Ela acenava, e Bob caminhava até as escadas, para fazer seja lá o que for, ela não sabia. A única coisa que ela sabia era manter um olho no obviamente embriagado humano.

Quando ela se voltava para o humano, ele de alguma forma se movia do banco para o chão, apoiando suas costas contra o balcão enquanto ele cuidava dos pequenos remanescentes de sua garrafa de licor. Ou mais precisamente, da garrafa do licor de Sunny que ela apenas poderia suspeitar que ele procurou atrás do balcão.

Twilight se sentava perto de Thomas, mas ainda mantendo uma certa distância dele. Se ele atacou tão violentamente duas de suas amigas após alguns copos de bebida, não daria pra dizer o que ele faria depois de uma garrafa inteira.

“Entãããooo… você é a prinxxxceesa, hein?” Thomas dizia, ainda olhando para o chão.

As orelhas de Twilight se reanimavam. “Sim, por mais doido que isso pareça, eu sou.”

“Por que doido?”

Twilight piscava. “Bem, se você me conhecesse antes, nunca acharia que eu me tornaria uma.”

Thomas fungava. “Voxce fala como se não tivesse excolha.”

As orelhas de Twilight caíam. “Eu… não, exato.”

Thomas finalmente se virava para a alicornio, embora seus olhos se esforçavam para focá-la.”

“Entãããããooo, é como se voxcê tivesse naxcido na realeza ou algo assim?”

Twilight balançava sua cabeça.

“Eu… me tornei assim, depois de completar uma magia difícil e aprender sobre a magia da amizade.” Enquanto ela falava, Twilight aproveitava a distração para levitar a garrafa de volta para o balcão.

Thomas fungava novamente. “Uaaauuu, só ixsso?”

“É mais difícil do que parece.”

“Ainda axssim, não te falaram ‘ei, voxcê feizzz aquilo, agora pode se tornar uma prinxcesa!’”

Twilight balançava a cabeça. “Não, apenas… aconteceu.”

“Droga, igual a hixstória da minha vida.” Thomas passava a mão no chão procurando a garrafa.

Twilight inclinava sua cabeça. “Como assim?”

“Eu, exstando aqui e tudo. Eu não excolhi isso. Eu apenas… apareci.”

“Apareceu?”

Thomas encolhia os ombros. “Eu exstava apenas… dirigindo, voltando do trabalho, sim, e então… kabum… eu exstava aqui.”

Twilight tinha muitas perguntas para fazer, mas uma em especial que ela realmente se importava.

“Em que termos exatamente você pode descrever isso?”

Thomas piscava algumas vezes, claramente perdido. “Com o que?”

“Parando aqui. Você acabou de falar que apareceu aqui, não foi difícil de se adaptar?”

Thomas violentamente sacudia sua cabeça, coçava o peito, então esfregava seus olhos. “Depois do choque de vir parar aqui… eu tentei pensar positivamente sobre ixsso. Tudo aqui era o mundo da fantasia e felicidade. Coisas que pra mim eram só contos de fada, aqui eram reais, como pôneis voadores, e mágica! Era tão inacreditável, eu não tinha como acreditar que nossos mundos possuíam semelhanças, aqui era superior.”

“Isso até eu encontrar Bob.”

Twilight percebia o changeling com o canto de seu olho. Ele hesitava na parte inferior das escadas, mas então continuava no balcão.

“Bob é meu melhor amigo, eu sei. Exceto pelos Fixits, ele foi meu único amigo por muito tempo aqui. Eu achei ele, lá fora no deserto, à beira da morte. Eu carreguei ele até minha caminhonete e dirigi de volta para a cidade, levando ele até o médico, nosso primeiro médico, eu o levei até ele e perguntei o que ele poderia fazer.

“Você sabe o que ele disse para mim?” Twilight balançava negativamente sua cabeça. “Ele disse que não tratava insetos.”

Twilight arriscava um olhar para Bob, ela percebia sua expressão estóica enquanto ele endireitava as garrafas de licor no balcão.

“Até então eu nunca vi um pônei agir tão… tão preconceituosamente. Os Fixits cuidaram bem de mim, e certamente eu já tive experiência com outros pôneis, mas eu não era um deles. Nós não saíamos para bebidas ou outras baboseiras, nada disso. Levei muito tempo para perceber que naqueles primeiros dois anos eu estava isolado, trancando a mim mesmo na oficina. Então eu achei Bob, e comecei a perceber como pôneis ao redor da cidade olhavam para mim. Falavam de mim.”

“Eu apenas queria ajudar este pônei. Eu não sabia que ele era um changeling, apenas parecia diferente, assim como no meu mundo que tem brancos, negros, amarelos, pardos. Eu começava a pedir ajuda aos outros pôneis, nenhum ajudaria. A maioria apenas me ignorava. Eu dava água pra ele, tentava alimentá-lo mas ele recusava. Eu estava desesperado. Os Fixits não sabiam muito mais do que eu.”

“Finalmente, aconteceu.”

Twilight olhava de volta para Bob que tinha parado no meio da limpeza de uma bandeja. Ela olhava de volta para Thomas. “O que aconteceu?”

“Eu perdi meu temperamento. Persuadi o prefeito daquela época a renunciar, Billfold assumiu, e Bob conseguiu ajuda. Os Fixits me deram oportunidade para trabalhar em mais projetos, para que a partir daí eu pudesse conversar e conhecer todo mundo na cidade. Devo muito à família Fixit, e a Bob também. Uma vez que Bob melhorou, começamos a aprender sobre ele. “Por um lado, você percebeu que ele nunca fala?” Twilight acenava. “Sim, aparentemente há este tabu na cultura changeling, a única coisa que eles nunca fazem.”

Twilight olhava para Bob esperando alguma resposta dele, mas ele permanecia em silêncio, então Twilight perguntava, “Por que não?”

“Você não pergunta ‘por que’.”

“Como assim?”

“Fazer perguntas é um sinal de inteligência, e a rainha deles não quer drones inteligentes. Ela quer drones que acatem ordens, que sejam dependentes e facilmente manipulados. Então, eles pegam um chengeling, espancam ele e cortam sua língua como primeira advertência. A segunda é eles espancarem de novo e jogarem no deserto para que aconteça o inevitável.”

A crina e calda de Twilight se arrepiavam. “Eles… fazem o que?” Ela olhava entre os dois, Bob finalmente acenava. “Isso… não pode ser…”

“E essa foi a minha segunda lição de como nossos mundos são semelhantes. Eu não podia acreditar que tais coisas existissem nesse mundo.”

Thomas começava a se sentar. Twilight se movia para mobilizar ele, com dificuldades para se sustentar por causa da bebida, apenas para o humano colocar sua mão na cabeça dela e usá-la como apoio.

“Obrigado,” Thomas dizia, para a irritação de Twilight com sua crina babada. “A última peça do quebra-cabeça veio alguns anos depois, quando o Senhor Fixit ficou doente. Ainda não tinha a experiência com uma morte de pônei, então eu tive a esperança de que talvez isso não acontecesse com eles.”

Thomas cambaleava até uma seção isolada da parede, onde uma grande moldura estava presa a ela. Dentro da moldura havia mais de uma dúzia de fotos de pôneis. Então Thomas tirava uma foto de seu bolso.

“Eu estava errado.” Thomas tirou um de seus sapatos, e usando um prego que Twilight não fazia a menor ideia de onde ele tirou, Thomas pregava a foto na parede dentro do quadro usando seu sapato como martelo.

“Primeiro foi o Senhor Fixit, então Doc, o médico, então o fazendeiro Jack e sua esposa Patch, e seus filho Pumpkin Seed. Era como se uma onda de desespero atingisse Oasis. Parecia que as coisas finalmente estavam melhorando, até…”

Thomas olhava Twilight, sua embriaguez parecia estar diminuindo, ou pelo menos a sua falta de equilíbrio menos acentuada parecia ser alguma indicação, então olhava de volta para o quadro. “E agora, eu perdi mais um.”

“Não foi sua culpa, Thomas.”

Thomas sacudia a cabeça. “Certamente é o que parece.”

Twilight queria dizer mais, mas mantinha sua boca fechada. Ela desesperadamente queria alguém para conversar sobre seus problemas, mas teria como falar com o humano sobre isso? Ela sentia que era sua culpa, para muito do que aconteceu, se ele partisse para cima dela, a alicornio poderia lidar com isso? Culpando ela por tudo? Ela suportaria isso, mas ainda assim, ele já estava angustiado da forma como estava.

“Bem, pelo menos você não vai ficar presa aqui por mais tempo do que deveria.”

Twilight olhava Thomas com um olhar confuso. Ele soltava seu sapato, caminhando com seu pé descalço de volta para o bar, onde a garrafa e copo já se foram graças a Bob, que estava de guarda. Ele se sentava em um banco e olhava seu reflexo no espelho do bar. Percebendo sua aparência desleixada, ele passava a mão no cabelo e tentava abotoar sua camisa.

“Tenho certeza que Rarity e Fluttershy contaram a você sobre o pequeno incidente que tivemos no início da noite.”

Twilight se juntava a ele no banco. “Sim, elas me disseram sobre o que você faz pela Senhora Fixit, e ajuda ela com tudo que precisa. E que você se importa muito com ela.”

“E que eu tenho um péssimo temperamento e arremesso garrafas de Bourbon.”

Twilight estremecia. “Bem, Rarity foi pega de surpresa.”

“Foi.”

“Ainda assim, nós conversamos sobre isso.“

“E vocês estão partindo de manhã, certo?”

Twilight balançava a cabeça. “Não. Na verdade, Fluttershy defendeu você.”

Thomas parava de abotoar sua camisa, que nem estava alinhada direito como Twilight podia perceber, enquanto ele se virava na direção de Twilight, com uma sobrancelha levantada.

Twilight acenava. “Ela viu falhas, mas no geral acredita na sua bondade. Ela está do seu lado. Rarity ainda está em cima do muro, depois de ter que tirar todos os cacos de vidro de sua cauda que a surpreendeu.” Twilight deixava escapar uma pequena risada.

Thomas suspirava. “Já é alguma coisa.” ele dizia olhando de volta para o espelho, com o reflexo dele e Twilight, “e quanto a você?”

Twilight se enrijecia. “Eu… não sei ainda. Você me lembra outro pônei que conheço, que me importo e que tem falhas.”

“Quem é esse… ou essa?”

“Você vai descobrir amanhã,” Twilight olhava para o relógio na parede, “ou melhor, hoje. Já está tarde.”

Thomas esfregava seu rosto com ambas as mãos, sua voz abafava nelas. “Se você diz.”

Bob viu que essa era sua deixa enquanto ele cutucava Thomas na lateral. “Hm? Oh, conseguiu um quarto de reserva para mim?”

Bob acenava.

“Ótimo, obrigado.”

Com ajuda de Bob, Thomas começava a caminhar até as escadas, usando a cabeça de Bob como uma bengala improvisada. Uma última coisa que Thomas disse fez as orelhas de Twilight se levantarem.

“Diga Bob, o que aconteceu para sua cabeça estar toda enfaixada?”

Twilight deixava escapar um gemido, batendo sua cabeça no balcão.

Quer ser minha mãe?

Autor: Twifi

Tradução: Drason

SINOPSE: Spike não queria nada além de um natal perfeito, mas como único dragão na família, ele sempre se sentia isolado nessa época do ano. Para consertar isso, ele teve a ideia de comprar um presente de natal para Twilight e aproveitar a oportunidade para pedir uma coisa importante a ela, algo que ele queria pedir há muito tempo. No entanto, um acidente poderia arruinar seus planos.

Eu estava enrolado em um daqueles casacos espalhafatosos que Rarity havia feito para mim. Ele era vermelho e pesado – eu parecia engraçado nele, especialmente com o chapéu que veio junto, “festivo” foi a palavra usada por Rarity. Combinava com o casaco, e tinha pequenas esmeraldas bordadas nele. Digamos que as joias o tornava mais dracônico, certo?

Eu nunca gostei muito do frio, mas normalmente podia tolerar. No entanto, o inverno desse ano estava mais gelado do que o normal; o bastante para um dragão. Tenho sido devoto em ficar dentro de casa neste inverno, mas Twilight me incentivava a sair do castelo com a promessa de experimentar a melhor cidra na cidade. E provavelmente Twilight estava certa, uma vez que a referida cidra era feita pela família Apple.

Enquanto eu me sentava nas costas de Twilight com a minha calda congelando, balançando suavemente para trás e para frente com o ritmo dos passos de Twilight, eu percebi que aceitei a proposta dela rápido demais. Cidra realmente valia a pena… e minha cama quente? Era para eu estar nela ensaiando um discurso para Twilight, e tentar encontrar o presente perfeito para ela nesse natal.

Eu tenho adiado por muito tempo uma coisa que queria dizer. Hoje teria sido ideal se Twilight não insistisse em correr por toda a cidade comprando e entregando presentes, que ela tem feito durante toda a semana. Como Princesa da Amizade, ela sentia a necessidade de entregar presentes significativos para todas as suas amigas, bem como qualquer outro que tenha sido importante em sua vida. Me pergunto o que ela comprou para mim.

Eu me arrastava nas costas de Twilight, passando os braços em volta de seu pescoço, me mantendo no lugar. Seu pescoço esticava, enquanto ela virava a cabeça tentando olhar para mim.

“Spike? O que está fazendo?” Ela perguntava animada, mas um pouco preocupada.

“T-tentando me manter aq-quecido,” Eu respondia, enquanto tentava virar a cabeça com minhas garras dormentes. Eu movia minha face diretamente atrás da cabeça dela para bloquear a mordida amarga do vento gelado.

“Oh, Spike,” Twilight ria. “É muito frio mesmo para um pônei. Mas não se preocupe, a cidra de maçã quente da Applejack irá aquecê-lo”, dizia Twilight com confiança. “Eu só vou ter que fazer uma rápida parada na loja do Senhor Stirling.”

Mesmo que Stirling fosse uma das lojas mais incomuns na cidade, ela certamente tinha uma coisa que me interessava muito. Calor.

A loja do Senhor Stirling geralmente era especializada em prata e coisas feitas de prata, mas também vendia uma variedade de artefatos raros, tais como bolas de cristal, talismãs, placas com pinturas artísticas, pinturas raras, e por aí vai. Uma vez Rarity encontrou algumas peças raras de seda nessa loja, e Rainbow Dash uma velha insígnia em forma de medalha desgastada que pertencia aos Wonderbolts. Scootaloo estava olhando um modelo clássico de scooter na vitrine há algumas semanas. Mal sabia a pegasus laranja, que Rainbow Dash comprou para ela. Eu adoraria ver a expressão em seu rosto.

O barulho suave de um sino que tocava ao abrir a porta da loja significava apenas uma coisa… e antes que eu percebesse, já estava cheio de ar quente. Ignorando todos os itens da loja, eu saltava das costas de Twilight, desabotoando o casaco e o deixando cair no chão atrás de mim. Eu corria por toda a loja tão rápido quanto minhas pernas dormentes poderiam se mover para aquece-las.

“Bom dia, Senhor Stirling – Spike, o que você está fazendo?”

“Oh calor, glorioso calor.” Eu ouvia Twilight rir um pouco: provavelmente pelo quão ridículo eu parecia.

“Desculpe quanto a ele. Dragões, você sabe como é…” Twilight dizia.

“Sem problemas Princesa. Como posso ajuda-la?” Senhor Stirling perguntava, como se nada de anormal estivesse acontecendo.

“Eu estou procurando um presente para uma amiga. Ela é bem especial e tem um olho para coisas boas.”

Twilight e Senhor Stirling continuavam conversando sobre que tipos de joias Rarity gostaria, ou qualquer coisa assim, eu realmente nem estava escutando. Já tinha escolhido o presente perfeito para Rarity, uma das melhores gemas do meu esconderijo secreto. Eu tive que resistir à tentação de devorá-lo, mas só de imaginar a reação dela sei que o sacrifício valeria a pena.

Sorrindo para mim mesmo, eu andava ao redor da loja olhando as prateleiras. A maioria delas estavam vazias, e os objetos que estavam lá realmente não me chamavam muito a atenção. Então eu vi um chamativo abridor de correspondência e envelopes. Parecia uma pequena espada; ele tinha pequenas pedras preciosas sobre o punho que brilhavam com a luz. Eu tive que desviar meu olhar para longe dele, enquanto meu estômago roncava e minha boca encharcava.

Vi também um pequeno livro em uma prateleira adjacente. Talvez fosse apenas força do hábito, devido a conviver com Twilight, mas eu não sei porque ainda caminhava para dar uma olhada melhor em um livro.

Ele parecia velho e desgastado, mas alguma coisa parecia familiar sobre a capa. A imagem estava desbotada, e parecia redigido com a antiga escrita de Equestria. Cada página estava irregular e amarelada com o tempo. Isso é algo que Twilight acharia interessante. Ela provavelmente poderia passar dias lendo este livro, e então iria ler outros livros para tentar aprender a história deste aqui.

História … é isso! Este é um livro muito velho chamado Equestria: Uma Breve História. Eu sabia que a imagem na capa me parecia familiar. Twilight tinha uma cópia dele e estava chateada por ter perdido há muito tempo, já que sua cópia foi dada a ela por Celestia.

“Twi…” Eu começava, mas parando em seguida. Ao invés de dizer a ela que o livro estava aqui, eu voltava atrás e decidi adquiri-lo como presente para ela. Ela ficaria tão contente.

“Sim?” Twilight respondia, olhando por cima do ombro enquanto levitava um pequeno colar de prata.

“Oh…um, apenas querendo saber se você já fez as compras, mas vejo que ainda não,” Eu dizia um pouco rápido.

“Apenas mais uns minutos…” Twilight franzia, enquanto continuava me olhando. Eu não gostava daquele olhar, era como se ela soubesse que eu estava tramando alguma coisa. “Por que repentinamente você ficou tão interessado em ir lá fora Spike?

“Nada demais. Apenas quero um pouco de cidra, você realmente falou tudo.” Eu dizia, tentando manter o mesmo tom. No entanto, não era suficiente para escapar daquele olhar: aquele com uma sobrancelha levantada.

Depois do que parecia ser uma eternidade esperando, ela voltava sua atenção novamente para o Senhor Stirling. “Isto é elegante, muito simples. Acho que será perfeita para minha amiga.”

“Certamente, excelente escolha, Princesa!” Senhor Stirling dizia. Ele pegava o pequeno colar de Twilight e o colocava em uma bela caixa ornamentada.

Agora que Twilight estava distraída novamente, eu me voltava para o livro. Precisava descobrir o preço dele, mas aparentemente não tinha etiqueta. E eu sei o que Twilight dizia sobre ter que perguntar o preço de alguma coisa…

Mas não me importava se tivesse que gastar todas as minhas gemas neste livro, Twilight merecia ele, e seria também a oportunidade perfeita para dizer a ela.

“Venha Spike. Vamos buscar algumas cidras com Applejack,” Twilight dizia, enquanto levitava um presente embrulhado e colocava dentro de seu alforje.

Rapidamente eu me afastava da prateleira, com esperança dela não ter visto o que eu estava olhando. Twilight não parecia interessada no que eu estava fazendo, mas estaria acabado se ela visse o livro, ela imediatamente o compraria.

Eu pegava meu casaco e o vestia novamente. Enquanto estava o abotoando, ouvi o som do sino acima da porta. Uma potranca cinza com óculos entrava na loja. Sua expressão parecia ameaçadora, e ela não percebia eu e Twilight.

“Como vai, querida?” Senhor Stirling perguntava para a potranca cinza.

“Bem.” Ela respondia em voz baixa.

“Fez o que mandei?” Senhor Stirling perguntava de forma severa.

A potranca cinza lançava um olhar sobre o chão. “Sim,” Ela dizia, na mesma voz baixa de antes.

“Silver… diga a verdade.” Senhor Stirling começava.

“Mas papai, a família inteira dela está na cidade!” A potranca gemia.

“Você deveria ter pensado nisso antes de ter sido má com aquela pobre criança. Se você não for lá pedir desculpas, então irei com você, e você vai ter que pedir na minha frente e de toda a família dela. E vai ficar de castigo de novo!”

“Mas papai…”

“Não, Silver, nada de mas.” Senhor Stirling olhava para Silver. Ele parecia ter esquecido que nós estávamos na loja por um momento. Mas quando seus olhos se encontraram com os meus, ele engoliu seco, e seu peito murchava um pouco. “Silver.” Ele dizia suavemente, com seus olhos se virando para Twilight com um leve aceno da cabeça.

“Princesa.” Silver dizia baixinho, fazendo uma pequena reverência. Ela confrontava e então deixava a loja, batendo a porta atrás dela.

“Me desculpe por isso, Princesa.” As bochechas do Senhor Stirling coravam um pouco.

“Oh, está tudo bem,” Dizia Twilight.

Eu poderia dizer que ela estava se sentindo sem jeito. Sabendo que ela não queria mais nada além de sair, eu pulava nas costas dela, que apressadamente deixava a loja. “Feliz natal!” Twilight gritava por cima do ombro, enquanto a porta se fechava atrás dela.

Nós estávamos novamente de volta para o frio, mas desta vez eu não estava me sentindo tão incomodado. Eu continuava imaginando situações na minha cabeça sobre como conseguir aquele livro, e a reação de Twilight. Ela ficaria tão feliz, e então eu diria a ela finalmente sobre o natal e o que eu sentia. Eu não conseguia pensar em um melhor dia para dizer a ela algo que provavelmente já deveria ter dito há muito tempo atrás.

“Olá Twi!” A voz de Applejack me tirava de minhas reflexões. “E olá Spike!”

Nós estávamos na frente da tenda de natal de Applejack. Parte das temporadas festivas incluíam várias tendas montadas no centro da cidade pelos donos das lojas locais. Alguns vendiam comidas e doces, e outros vendiam enfeites decorativos. A família Apple era de longe a mais popular devido às suas cidras feitas especialmente para o inverno de natal.

O forte aroma de maçã e canela enchiam minhas narinas. Somente o aroma era suficiente para aquecer meu estômago. O puro pensamento das maçãs misturadas com a canela fazia meu estômago rosnar. Com água na boca, eu pulava das costas de Twilight, pronto para engolir alguns deliciosos copos de cidra.

“Ei Applejack. Nós viemos buscar alguns copos de cidra,” Twilight dizia, fechando seus olhos enquanto inalava o aroma.

“Vocês chegaram bem na hora, eu já estava quase fechando. Vou empacotar tudo para que possamos ir para Appaloosa amanhã de manhã. Como sempre, o natal reúne toda a família Apple”.

Eu dava um passo para o lado. Sempre me sentia estranho quando pôneis falavam sobre família. Ponyville me fazia sentir em casa, até mais do que Canterlot, mas nessa época eu me sentia como se não pertencesse a esse lugar. Ser um dragão, por si só, já dizia tudo… esta época do ano sempre era difícil para mim, exceto pelas vezes quando Twilight e suas amigas estavam juntas. O natal era sempre mais animado.

“Spike? Algum problema?”

Eu me virava, vindo a ficar cara a cara com Apple Bloom. “Oh, um.. olá, Apple Bloom,” Eu dizia melancolicamente.

“Qual o problema?” Ela perguntava de novo.

“Nada, apenas esperando servir a cidra,” Eu mentia.

“Então por que você está parado aí com essa cara de desanimado? Twilight já pegou a cidra dela, viu?” Apple Bloom gesticulava para Twilight bebendo um copo de cidra com gosto.

“Spike, sua cidra está bem aqui. Pegue antes que esfrie, docinho.” Applejack colocava uma caneca sobre o balcão, com muita fumaça saindo dela. Mas antes que eu pudesse me mover, Apple Bloom disparava para pegar a caneca.

“Aqui,” ela entregava a caneca para mim. “Agora, por que você parece tão triste?”

Bem, não havia como mentir para ela. Eu sabia que não poderia usar o manjado “estou cansado”, que ela não acreditaria, então eu continuava: “Está tudo bem, só fico assim nesta época do ano. Parte do problema é sobre eu e Equestria, mas é a outra parte que me pega”.

“Que parte?” Apple Bloom perguntava.

Eu não sei porque, mas era sempre tão fácil conversar com ela. Eu poderia simplesmente não ter dito nada, mas aqui estava eu me desabafando. Talvez seja porque Apple Bloom e sua família sabem reconhecer quando alguém não está bem, ou talvez porque eu apenas me sentia confortável dizendo a ela coisas que eram pessoais. Apenas queria que essa facilidade fosse a mesma para conversar com Twilight às vezes.

“Família.” Eu respondia.

Apple Bloom franzia. “O que você quer dizer?”

“Estar com a família é importante no natal, é o que todos os pôneis dessa cidade fazem, ficando juntos e felizes com suas respectivas famílias… coisa que eu não tenho.” Eu olhava para o chão.

Os olhos de Apple Bloom arregalavam. “Do que está falando Spike, claro que você tem uma família. Nós somos sua família.” Apple Bloom sorria calorosamente enquanto colocava um casco em meu ombro. “Eu sei que não é uma família como a que a maioria tem, mas ainda sim uma família.”

Ela continuava. “Nós olhamos um para o outro, sempre ajudamos uns aos outros, e às vezes nem sempre nos damos bem, mas no final do dia nós ainda amamos um ao outro. E isso é o que importa.”

Apple Bloom estava certa. Isso me ajudava a me sentir um pouco melhor, e depois de tomar um gole daquela maravilhosa cidra, minhas preocupações permaneceram como uma sombra atrás da minha mente. Enquanto eu continuava bebendo a cidra apreciando seu doce sabor, percebi aquela potranca cinza da loja nos observando de longe. Nós fizemos um breve contato de olhares, e ao perceber que ela foi descoberta, relutantemente começou a caminhar na nossa direção.

“Ei flanco…digo… Apple Bloom?” Silver Spoon dizia com uma quantidade surpreendente de confiança, mesmo depois de se atrapalhar ao dizer o nome da Apple Bloom. “Posso falar com você em outro lugar?”

Apple Bloom franzia em suspeita quando viu Silver apontando para outra tenda que vendia doces. “Nós podemos conversar aqui mesmo,” ela respondia em um tom firme.

“M-muito bem, Apple Bloom. Eu queria me desculpar por ter sido tão mesquinha com você. Não estou pedindo pra você ser minha amiga ou gostar de mim, mas espero que possa me perdoar. Prometo nunca mais fazer aquilo de novo. E vou garantir que Diamond Tiara deixe você em paz também…” Silver parava. Apple Bloom permanecia em silêncio, totalmente perdida em palavras. “Eu fiz isso pra você…” Silver levantava um pequeno colar com um medalhão em forma de coração de prata. Ele balançava em seu casco estendido.

Apple Bloom piscava, então aceitava o colar, colocando ele ao redor de seu pescoço. “Um… obrigada, Silver Spoon. Eu… realmente significa muito ouvir isso de você. Eu te perdoo.”

“Oh meu Deus! Papai estava certo! Eu me sinto muito melhor agora.” Silver saltava sobre as patas traseiras, envolvendo suas pernas dianteiras ao redor do pescoço da Apple Bloom. “Feliz natal! Agora, eu tenho que pedir desculpas para outras duas.” Silver desfazia o abraço, e saía trotando contente.

“Bem… foi uma bela surpresa.” Eu dizia para uma imóvel Apple Bloom. Aquela foi uma das mais sinceras desculpas que eu já vi. Talvez houvesse alguma coisa nessa época do ano que fosse mágico. Se aquela pônei podia achar coragem para dizer aquilo para Apple Bloom, então eu também poderia achar a mesma coragem para dizer a Twilight o que tanto queria.

Eu corria tão rápido quanto minhas pernas podiam me carregar. Uma bolsa cheia de gemas estalavam em minhas costas a cada passo. Eu percebia que havia apenas alguns minutos antes que o Senhor Stirling fechasse a loja, já que as festividades estavam chegando ao fim. Pôneis podiam ser vistos desmontando suas barracas; entre eles estava Applejack e Big Mac fechando a tenda de cidra. Apple Bloom ficava sentada ao lado observando seu novo colar, ignorando o movimento ao seu redor.

Eu não poderia deixar de sorrir. Essa seria a primeira vez que teria um natal de verdade, ou pelo menos da forma como imaginava que deveria ser. Apple Bloom estava certa, Twilight e suas amigas eram uma família. De certa forma eu pensava assim, mas sempre me sentia afastado delas. Só de ouvir Apple Bloom dizer que ajudava com o que eu tinha vontade de perguntar por tanto tempo. E amanhã já era natal. Que presente seria melhor do que esse?

Eu abria a porta da loja, e rapidamente a fechava atrás de mim. Não havia nenhum pônei no balcão de recepção, mas o toque do sino acima da porta, sem dúvida, acusava que tinha um cliente. Era o que eu esperava… porém ninguém parecia estar vindo.

“Olá?” Eu falava dentro da loja vazia. Cuidadosamente pegava o livro da prateleira, enquanto esperava o Senhor Stirling. “Olá!” Eu dizia um pouco mais alto. Meu coração começava a disparar com a ansiedade. Será que eles fecharam a loja e esqueceram de trancar? Não, certamente Senhor Stirling não seria tão descuidado a ponto deixar todos esses itens valiosos expostos. Talvez eu devesse apenas deixar algumas gemas e bits, e em seguida partir? Isso não seria furto, não é?

Mas todas as minhas ansiedades diminuíram quando ouvi passos se aproximando. Um olhar confuso do Senhor Stirling emergia da parte de trás da loja. “Olá?” Ele dizia, olhando ao redor da loja. “Eu pensei ter ouvido alguma coisa…” Então ele olhava para baixo, finalmente me vendo com um olhar suplicante para ele. “Ah você novamente. Me desculpe, eu estava no fundo da loja fazendo o inventário. Já estamos fechando. O que posso fazer por você, Senhor Dragão assistente da Princesa Twilight?”

Eu me encolhia internamente mediante a observação dele. Eu não era apenas um assistente, mas o seu assistente número um. “Gostaria de comprar este livro.” Eu o colocava no balcão.

Equestria: Uma breve História, esta é a primeira edição. Muito raro, poucos podem pagar por tal raridade. “A Princesa lhe deu dinheiro suficiente?”

Eu colocava a bolsa de pedras preciosas sobre o balcão, deixando algumas gemas deslizarem para fora dela. Era difícil perder o brilho em seus olhos com a visão das gemas, mesmo que fosse apenas por um momento fugaz.

“Gemas, hein? Normalmente aceito apenas pagamento em bits.”

“Por favor, Senhor Stirling, essa gemas são as melhores. Eu as encontrei sozinho. Elas valem muitos bits,” Eu implorava e podia ver que ele as queria muito.

“Elas são belas, mas prefiro bits. Gema não é dinheiro. O preço deste livro é duzentos mil bits.“ Senhor Stirling dizia, enquanto tentava empurrar as gemas de volta para a bolsa.

“Mas você pode vende-las por muito mais. Por favor, senhor, é um presente para Twilight. Significaria o mundo para ela ter a primeira edição de Equestria: Uma Breve História.” Eu despejava o conteúdo da bolsa sobre o balcão, deixando a safira azul brilhante visível para ele.

Senhor Stirling pegava uma lupa e examinava as gemas de perto. Ele prestava uma atenção especial para os rubis e safiras. “Estas são todas impecáveis”, dizia ele, mais para si mesmo. Ele olhava para mim, e então suspirava, “está bem.” Ele colocava a lupa no balcão, olhava para o livro, e em seguida, para a pilha de pedras preciosas. “Se é realmente importante para você, então talvez possamos resolver isso. Esta é uma coleção muito impressionante, e este é um livro muito raro. Acho que podemos chamar isso de troca.” Ele sorria, e empurrava algumas das pequenas esmeraldas de volta para mim, então agrupava todas as gemas em uma pilha. “É justo assim, Senhor Dragão?”

“S-sim!” Eu estava esperando ele pegar a bolsa inteira, mas deixou algumas esmeraldas.

“Tudo bem, nesse caso foi um prazer fazer negócios com você.”

“Obrigado, obrigado!” Enquanto eu me virava para partir, a porta abria e Silver Spoon passava por ela novamente, sorrindo de orelha a orelha.

“Pai, eu consegui! Me desculpei com todos com quem fui mesquinha, todos me perdoaram, e Sweetie Belle ficou minha amiga!”

“Muito bom! Não foi o que eu te disse? Venha aqui, querida.” Senhor Stirling gritava de alegria, enquanto Silver Spoon corria para abraçar seu pai.

“Me sinto muito melhor agora, pai.” Silver Spoon se aconchegava nos cascos de seu pai. “Só estou preocupada com Diamond Tiara, tenho medo dela ficar brigada comigo agora.”

“Vocês duas são amigas há muito tempo para que isso acabe agora por causa de uma mudança. Estou orgulhoso de você, mesmo quando te ensinava que bullying era errado e você acabava fazendo mesmo assim, pelo menos agora você aprendeu a lição. No entanto, ainda está de castigo até as aulas recomeçarem.” Ele sorria para sua filha, beijando-a na bochecha.

Deixei a loja com um sentimento caloroso em meu coração. Eu tinha o livro em meus braços, um pequeno salto em meu passo, e Silver Spoon aprendeu uma lição com seu pai. Um dia vou ter que perguntar para Apple Bloom o quanto Silver Spoon foi mesquinha com ela.

Como eu quase literalmente pulava para casa, me alimentava das gemas restantes. Esmeraldas nunca foram tão boas quanto rubis, mas tudo bem. Eu iria comer os rubis de qualquer maneira, pelo menos agora eles se foram por uma causa melhor do que o meu estômago. E ainda tinha meu rubi premiado embaixo da minha cama, que era para Rarity.

Eu não podia esperar para ver a expressão de Twilight quando eu der o livro a ela. Deveria colocar ele em sua mesa e deixá-la encontra-lo? Deveria apenas caminhar e entregar a ela? Oh! Eu deveria colocá-lo em uma de suas estantes da biblioteca e ver quanto tempo ela levaria para notar. Sim, isso vai ser muito engraçado. Aposto que ela desmaiaria de choque.

O castelo estava vazio quando cheguei, então chequei seu quarto e a biblioteca, mas ela não estava lá. Talvez tivesse ido entregar seu presente para Rarity, o que é bem provável. Perfeito, agora onde posso colocar este livro?

Enquanto eu procurava um local aberto para deixa-lo, a curiosidade acabou levando a melhor sobre mim. Eu tive que abrir o livro, tinha que dar uma olhada em seu conteúdo. Afinal, esta foi a primeira edição, então muitas coisas mudaram em Equestria desde que este livro foi publicado. Poderia até ter informações sobre dragões, e um rápido olhar não faria mal.

Eu abria o livro na primeira página, onde uma nuvem de poeira grossa levantava. O amontoado de pó fazia cócegas em minhas narinas, a pressionando de uma forma que… “oh não! Não-!” Eu tentava colocar o livro em algum lugar e virar a cabeça bem longe, mas era tarde.

A primeira coisa a saudar meu olfato era fumaça. Eu olhava para baixo em horror para os restos carbonizados do presente mais perfeito. Meu olho se emparedava com lágrimas.

Tudo estava arruinado. Meu natal perfeito estava arruinado. É por isso que nunca vou ser da família, é por isso que sempre serei um mero assistente para a Princesa. Esta é a segunda vez que isso acontece. Pelo menos desta vez, Twilight não vai se decepcionar, porque ela nunca vai saber.

Sons de passos… era Twilight e suas amigas chegando, dava para ouvir suas vozes de longe.

“Fluttershy, amei seu presente! É um livro muito interessante sobre animais raros encontrados em Equestria.” Dizia Twilight. Eu não podia ter certeza de onde ela falava, mas se ela tinha um livro, então estava vindo para a biblioteca. “Spike? Onde você está? Eu vou na casa Rarity agora, não quer vir comigo e dar pra ela aquele rubi que você esconde embaixo da sua cama?” Ela estava se aproximando. Rapidamente eu secava meus olhos, me virando para ficar de frente para Twilight parada na entrada da porta da biblioteca.

“E-eu… darei pra ela depois, você pode ir.” Apenas de olhar para ela já era doloroso. Eu lutava contra meus lábios trêmulos, mas não tinha como parar minha gagueira melancólica.

“Alguma coisa errada Spike?” Twilight perguntava suavemente. Ela se aproximava, me fazendo recuar.

“Nada.”

“Spike,” Ela suspirava. “Seja lá o que for, pode falar.”

“Não importa mais. Está arruinado. Eu arruinei tudo,” Eu dizia lutando novamente contra as lágrimas.

“Arruinou o que Spike?”

“O natal. Tudo isso… não importa mais.” Twilight chegava bem perto de mim. Com um casco, ela levantava minha cabeça e então me olhava nos olhos.

“Spike, como você poderia arruinar o natal?”

Não era nada disso que eu queria. Era pra ela encontrar o presente, ficar feliz, e então eu ia perguntar uma coisa importante a ela. Eu poderia muito bem dizer a ela o que aconteceu. Então talvez pudesse desfrutar o natal em busca de uma nova casa, porque certamente Twilight não iria querer um assistente desajeitado que desintegra as coisas por mero acidente.

Respirava fundo, “Eu sempre me senti sozinho no natal porque sou um dragão e nunca vi outro por aí morando com pôneis que nem eu, mas eu queria que o natal desse ano fosse perfeito, tanto que eu tinha encontrado o presente perfeito pra você, e nessa oportunidade eu iria pedir pra você ser minha mãe, para que eu pudesse me sentir como se tivesse uma família real no dia de natal.” Respirava fundo novamente depois que terminava. Twilight simplesmente olhava para mim, piscando. Eu percebi que desabafei sem querer. A coisa que eu queria perguntar a ela, a coisa mais importante que eu queria perguntar a ela, escapou do nada. “Aí eu encontrei uma cópia do livro Equestria: Uma Breve História, na loja do Senhor Stirling, mas quando cheguei aqui, a poeira que saiu das páginas me fez espirrar e-“

“Spike,” Twilight dizia suavemente. Sua voz tinha um leve tremor. “Spike… fale de novo.”

Eu engolia seco, sabia em que parte ela estava se referindo. Meu coração batia forte em meu peito, sentia meu rosto corar. Mesmo depois de dizer a ela acidentalmente, ainda era um grande negócio para mim. Nunca tive ninguém que pudesse chamar de mãe, mas Twilight sempre foi a mais próxima de uma mãe que eu já tive. “Pensei em perguntar isso por um longo tempo, mas até o dia de hoje nunca tive coragem. Mesmo hoje, quando vi a filha do Senhor Stirling servir de exemplo ao arrumar forças e coragem para pedir desculpas, eu ainda não sabia como ter a mesma força e coragem para dizer isso a você, eu imaginava que ao te deixar feliz com um presente perfeito, poderia ser o momento para eu me desabafar com você espontaneamente, um plano bem burro, mas na minha cabeça parecia uma boa ideia. Então, eu não sou um pônei, mas você é a mais próxima de uma mãe que eu já tive, e por isso preciso te perguntar… quer ser minha mãe, Twilight?”

“Oh, Spike,” Os olhos de Twilight encharcavam. Ela me puxava para um caloroso abraço, me apertando com força. “Eu não sabia que você se sentia dessa forma, Spike. E sim, eu amaria ser sua mãe.“ Twilight me beijava no rosto várias vezes. “Eu te amo muito, meu filho.”

Foi demais para eu conseguir me conter, e acabava deixando as lágrimas saírem. Tudo saiu tão horrivelmente errado, e ainda assim tão perfeito. “M-me desculpe por ter arruinado o livro”.

“Era Equestria: Uma breve história. Nós podemos conseguir outra cópia por aí.”

“Mas era a primeira edição, escrita por um antigo equestriano…”

“Isso foi muito gentil de sua parte. As primeiras edições são extremamente raras. Mas foi um acidente, então não se preocupe com isso. Eles podem ser raros, mas existem muitos outros lá fora para nós encontrarmos.”

“Tem certeza?”

“Confie em mim,” Twilight dizia em um tom tranquilizador. “Você queria me dar o melhor presente de natal para me deixar feliz, e foi o que você fez.” Twilight respirava, com seus cascos esfregando em minhas costas. “Eu ganhei alguém de quem me orgulho de chamar de filho. Mais raro do que o livro, é um dragão como você, Spike. Vamos passar o dia de manhã que será o primeiro como mãe e filho, e teremos o melhor natal de todos.”

“Isso é ótimo, m-mãe!”

“Agora, por que você não vai pegar aquele presente para Rarity, antes que ela viaje para Canterlot?”

“Certo.” Eu saía do abraço e caminhava até o meu quarto para buscar o presente que estava embaixo da cama.”

Enquanto eu entrava no meu quarto, observava a neve caindo pela janela. De alguma forma tudo parecia diferente, tudo parecia novo e surpreendente. Talvez nada tenha mudado efetivamente, mas só o fato de eu poder dizer mãe, foi o suficiente para trazer um novo significado a tudo.

Porque hoje, aprendi que família vai muito além do sangue, e a maneira mais simples de falar as coisas mais importantes, é com o coração, e não com palavras bonitas.

O natal de Twilight Sparkle

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Ilustrador: Candy Stealer

SINOPSE: Quando criança, Twilight queria saber que método Papai Noel utilizava para conseguir entregar os presentes de natal para milhares de crianças em apenas um dia, mas ao pesquisar informações na Biblioteca de Canterlot, ela vai descobrir da forma mais inesperada possível.

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Tudo começou com uma curiosidade, típica de criança: “Mãe, como o Papai Noel consegue entregar presentes pra todo mundo no dia de natal?”

A mãe, distraída com seus afazeres, respondia com um simples (e frustrante) “Ele é o Papai Noel, Twi. Ele consegue.”

Twilight não ficava nada satisfeita com a resposta. Embora estivesse com oito anos de idade, já tinha discernimento e curiosidade suficiente para causar um nó em sua cabeça tentando entender como Papai Noel conseguia tal proeza em apenas um dia.

Então foi até o seu pai fazer a mesma pergunta; o pai, sem saber o que dizer e com medo de falar alguma bobagem que pudesse fazer sua filha não acreditar mais em Papai Noel, fazia uma longa explicação sobre fusos horários, sobre como Papai Noel conseguia passar por continentes diferentes, um monte de explicações confusas que para Twilight Sparkle não faziam sentido algum.

Consequentemente, a dúvida persistia; a pequena unicórnio roxo decidiu ir até a Biblioteca de Canterlot, na esperança de encontrar alguma informação que pudesse sanar sua dúvida. Usando uma enciclopédia mágica que buscava todo tipo de palavras ou frases dos livros disponíveis em toda a biblioteca, Twilight pegava uma pena, mergulhava em um frasco de tinta e escrevia a seguinte frase na enciclopédia:

COMO PAPAI NOEL ENTREGA PRESENTES PARA TODO MUNDO?

A pesquisa ofereceu 1.345.547 resultados de livros disponíveis na biblioteca, incluindo mapas de lojas de presentes, venda de produtos de decoração e árvores de Natal, cartões de Natal e mais um monte de informações que nem chegavam perto de responder sua pergunta. Twilight foi passando página por página de resultados, até que cerca de trinta páginas depois, uma lhe chamou atenção: “fale com o Papai Noel”. Curiosa, ela foi até a prateleira onde estava o livro com a referida frase. Ao abri-lo, não havia conteúdo algum, apenas diversas páginas em branco, porém na contracapa havia outra pena, e um pouco abaixo dela o texto “escreva para enviar uma mensagem”.

Um pouco incrédula, Twilight começava a escrever, até completar duas páginas. Quando terminou, se surpreendeu ao ver as páginas escritas desaparecerem de forma semelhante aos pergaminhos que são enviados à Princesa Celestia.

Foi aí que tudo começou.

À noite, novamente em sua casa, a unicórnio roxo se trancava em seu quarto, pensativa. De repente, as luzes do quarto se apagaram, e foram substituídas por uma mistura de cores, que Twilight identificava após alguns segundos como sendo luzes de Natal. Lentamente, ela voltava a enxergar, onde foi pega de surpresa ao perceber que não estava mais em casa.

A primeira coisa que viu foi uma placa com os dizeres “Oficina do Papai Noel – Sem acidentes há 2.345.341.678 dias”.

“Ei, deu certo!!! Eu falei!!!” O duende do marketing saltitava. “Eu falei que a gente devia usar aquele livro ao invés de receber cartas!! Mas ninguém acreditou e abandonou aquele livro em uma prateleira qualquer daquela biblioteca.”

“Sim, mas era para o livro trazer crianças para cá?” O cético duende de Tecnologia de Informação questionava.

“Veja bem, não era exatamente ISSO que deveria acontecer, mas é válido, pois é uma experiência co-participativa com nosso público-alvo, que permite à nossa empresa se comunicar melhor criando experiências com nossa marca…”

Os outros duendes ignoravam o do Marketing e se dirigiam até Twilight. Após se certificarem que a pequena unicórnio roxo estava bem, a levaram por largos corredores, repletos dos enfeites de Natal mais brilhantes do que Twilight já tinha visto, com uma luz natural que deixava tudo mais bonito. Os corredores eram limpos, e as paredes tinham alguns quadros de aviso, calendários, mapas de planejamento. Tudo muito organizado, como se esperava, e isso, obviamente, deixava Twilight com um brilho nos olhos.

Ela chegava em uma sala de conferência, com um mapa mundi gigante no centro cheio de luzes acesas, indicando vários lares de crianças. O duende do SAC (serviço de atendimento ao cliente) e o duende do Marketing a acomodaram no sofá e começavam a conversar com a unicornio:

“Pois então, Twilight,” – disse o do SAC, levantando uma sobrancelha. “O que podemos fazer para lhe ajudar?”

“Bom, é que…” – Twilight gaguejava um pouco, ainda não acostumada com tudo que via, “…eu queria saber como o Papai Noel entrega todos os brinquedos”.

O duende do marketing saltava da cadeira. Era sua hora de brilhar. “Veja bem garota, esquece essa coisa da entrega: o segredo do sucesso está no nosso planejamento estratégico, que começa por manter um mailing atualizado de todos nossos clientes, mantendo-os encantados durante o ano todo até o Natal, quando começa a parte menos interessante, que é a entrega”.

Que bobagem!” O duende da área técnica entrava na sala. “É Twilight Sparkle seu nome, certo? Amiguinha, a entrega é a parte mais importante do Natal. Trabalhamos 365 dias por ano regulando o trenó, mantendo as renas alimentadas e exercitadas, com um controle rigoroso da linha de produção em conjunto com a logística…”

Nisso, entrou o duende do RH na pequena sala, que começava a deixa-la apertada: “E as pessoas? Coordenamos mais de 5 mil funcionários, que atuam em perfeita harmonia e são constantemente motivados por nós para que tudo dê certo…”. O duende do Financeiro entrava atropelando e falava do budget milimetricamente planejado, que por sua vez foi atropelado pelo de Compras, que falava da importância de ter matérias-primas ideais para realização do serviço.

Lá pelas tantas, quando não cabia mais duendes na sala, o alto-falante da oficina soava, com a voz do duende assistente do Papai Noel:

“Atenção duendes da segurança: favor levar a unicornio da sala de conferências 2 para a sala do Papai Noel.”

Dois duendes de tamanho 3×4 e óculos escuros abriram caminho no mar de funcionários de todas as áreas que estavam na sala e conduziram Twilight por mais uma série de corredores.

À medida que chegava mais perto do destino, os corredores pareciam brilhar com mais intensidade.

Os duendes a deixaram em uma grande sala, com apenas uma mesinha simples de madeira. Na parede, fotos de diversos Natais, confraternizações na oficina, e várias anotações. Em um dos cantos, sacolas de cartas de crianças. Na mesa, Twilight observava uma bela foto da Mamãe Noel, ao lado de alguns papéis, memorandos e outras coisas deixadas pelos duendes.

Enquanto Twilight olhava para o resto da sala, um casco lhe tocava no ombro. O susto da unicórnio ao ser surpreendida nem se comparava ao que tomou quando viu que o casco era do Papai Noel.

“Oi Twilight, tudo bem com você?”

“…………………..t-tudo!” Twilight estava perdida, ela poderia dizer para si mesma que naquele momento sua pele estava branca ao invés de roxa.

Não fica de pé não, Twilight; pode sentar, fique à vontade.” Papai Noel foi conversando com a unicórnio até que ela se sentisse à vontade.

Após alguns minutos de conversa e uns refrescos trazidos pelo duende assistente, Twilight finalmente fazia a pergunta que a levou até o Polo Norte:

Papai Noel, como o senhor faz para entregar presentes para todo mundo em apenas um dia?”

E Twilight contava as várias versões de todos os duendes para Papai Noel, que ouvia com muita calma.

Twilight, apesar dos meus duendes terem se empolgado um pouco, todos eles falaram a verdade. Olhe para a bola de cristal, deixa eu te mostrar um pouco do que nós fazemos.” E a bola de cristal gigante se iluminava. Papai Noel começava a dar diversas explicações, sobre como cada departamento fazia sua parte de maneira bem harmoniosa e com igual importância.

Durante o ano, a área de marketing mantém vivo o interesse de todo mundo no Natal para que todos enfeitem bem as casas e os duendes saibam onde entregar os presentes. A área comercial faz a captação dos pedidos via carta e faz a ligação com a área de compras e financeira, que providenciam todos os produtos que vão para a logística, que arruma as embalagens para cada criança. Dali, os presentes são preparados para entrar não em um trenó, mas em vários, todos bem preparados pela área técnica, com os duendes pilotos esperando. Os trenós percorrem o mundo e distribuem os presentes.”

Twilight ia ouvindo a explicação e ficando desanimada.

Então não era Papai Noel que entregava os presentes? A unicornio era pura desolação, vendo a fantasia ruir, mas Papai Noel não perdia o sorriso.

“Agora Twilight, você vem comigo que eu vou te mostrar a minha parte”.

Twilight ficava confusa. Mas os duendes não faziam tudo sozinhos? Ela passava com Papai Noel pelos corredores até chegar em um enorme hangar em uma das pontas da oficina, onde vários duendes já partiam para diversos pontos do mundo, com os trenós cheios de presentes. A unicornio e o Papai Noel se dirigiram para a plataforma principal, onde estava estacionado seu trenó particular.

O velhinho acomodava Twilight no banco do passageiro e subia no trenó. Era quase meia-noite, e os dois partiram.

Após mais ou menos uns 10 segundos de viagem, chegaram na primeira cidade. Lá, um senhor dormia na rua, passando frio, abraçado a uma garrafa. A rua estava fria, feia e triste, sem nenhuma luz ou cuidado.

Papai Noel descia do trenó, enquanto que Twilight, do banco do passageiro, observava Papai Noel tocar de leve a cabeça do mendigo, que se levantava após alguns instantes, com um sorriso. Começava a se dirigir para o albergue do outro lado da rua, onde as luzes acesas e os sons eram certamente bem melhores que a rua.

Twilight achava estranho, tentava perguntar algo, mas Papai Noel subia no trenó e acelerava novamente. O trenó subia, subia, subia até um ponto muito alto da cidade, na cobertura de um prédio.

Lá dentro, um outro senhor, mas diferente daquele que dormia na rua, com o conforto do lar, jantava sozinho uma ceia que parecia ter sido feita para 20 pôneis, rodeado de quadros caros, esculturas raras, talheres de prata e enfeites de ouro.

Nada na casa indicava que era Natal, tudo era muito escuro e pouco convidativo, de muitas maneiras parecido com o beco escuro onde o mendigo dormia.

Papai Noel se aproximava do homem e tocava-lhe no peito. No mesmo instante ele levantava da mesa, com um olhar determinado. Juntava toda a comida da mesa em cestos improvisados, ainda buscava mais coisas da dispensa e corria até o elevador.

Papai Noel e Twilight desceram no trenó, seguindo o pônei, que se dirigia ao mesmo albergue onde o mendigo entrou.

Do lado de fora, os dois olhavam para dentro do albergue. Lá, o pônei rico distribuía sua ceia, enchendo os pratos de todos, inclusive o do mendigo, que depois de um grande jantar começava a cantar para todos que lá estavam, com uma voz que espalhava alegria. Todos estavam muito felizes, e Twilight ficava igualmente feliz com o que via, mas outra dúvida acabava emergindo da unicórnio roxo.

Papai Noel, como você muda o comportamento dos outros? Com hipnose? Isso é certo?”

Papai Noel sorria. “De forma alguma, querida. Eu apenas desperto a bondade que existe em cada um.” Ele batia no ombro da pequena unicornio, ainda encantada com o que via. “Agora sim você entende o que eu faço, e a importância disso. Dar presentes qualquer um pode dar, mas o Natal serve para darmos esperança para quem tem pouco e bondade para quem tem muito”.

Depois de muitas viagens, a próxima foi exatamente para a casa da unicórnio roxo, onde o velhinho a deixava a tempo para a ceia com a família. Twilight observava da janela Papai Noel desaparecer em meio à neblina daquela noite, pensando em tudo em que ela havia passado e prometendo para si mesma que aquelas lembranças ficariam para sempre intactas em suas memórias.

Repentinamente, um unicórnio azul abria a porta do quarto de Twilight, enquanto dizia:

Aí está você, Twi!! Advinha só o que o Papai Noel lhe trouxe de presente!!”

E então seu pai entrava no quarto com uma boneca novinha, do jeito que Twilight queria.

Com um largo sorriso, a pequena unicornio roxo olhava para o pai enquanto dizia:

“Isso não é nada pai, você tem que ver o presentão que o Papai Noel me deu esse ano!”

Fonte: http://www.refletirpararefletir.com.br

Importaria se eu fosse?

Fluttershy

Autor: GaPJaxie

Tradução: Drason

SINOPSE: Fluttershy sempre foi apegada aos animais, dos mais fofos até os mais assustadores, e mesmo os changelings não se tornaram exceções. Interessada em saber até onde iria o preconceito dos outros pôneis sobre essa raça, a pegasus amarela faz uma pergunta inusitada à Princesa Twilight Sparkle.

—-

“O que?” Twilight perguntava, olhando através da sala. Sua boca ficava ligeiramente aberta, e suas orelhas dobravam levemente. Fluttershy olhava de volta sem responder, e Twilight franzia a testa. “Sinto muito, acho que entendi errado.”

“Isso importa?” Fluttershy repetia, colocando ao lado uma das maiores caixas de livros. Sua voz era quieta, mas não tímida, e ela mantinha o olhar de Twilight através da longa distância entre elas. Ela estava ajudando Twilight a limpar a biblioteca, e tinha vários livros abrigados em suas asas. “E se eu fosse um deles. É isso.”

“Teria importância se você fosse uma changeling?” Twilight questionava, acrescentando mais firmeza em suas palavras. Sua expressão confusa ficava acanhada, e sua calda sacudia. “Era isso que você queria saber?” Fluttershy acenava em concordância, e Twilight continuava. “Bem, teria importância sim. Os changelings tentaram invadir Canterlot e escravizar toda Equestria.”

“Changelings tentaram invadir Canterlot e escravizar toda Equestria,” Fluttershy repetia, mais gentilmente do que Twilight havia feito. Sua voz era suave, mas a estrutura de suas palavras eram ordenadas, como se ela estivesse lendo uma declaração bem ensaiada. Ela se virava de volta para a prateleira na frente dela, e retornava os livros sob suas asas de volta para ela.

“Foi o que eu disse.” Twilight continuava olhando Fluttershy, agora em suas costas. Fluttershy pegava um livro e arrumava as dobras. Havia muito trabalho a ser feito para deixar Canterlot em ordem novamente após a invasão dos changelings. Elas ainda não haviam deixado a biblioteca de Canterlot. Fluttershy estava guardando os livros nas prateleiras e Twilight estava colocando as cadeiras em ordem, com Spike dormindo em algum lugar.

“Não, você disse que changelings invadiram Canterlot.” Fluttershy terminava com seus livros, e usava suas asas para suavizar uma parte de suas penas que estavam bagunçadas. Feito isso, ela se voltava para Twilight. “Digo, é diferente de alguns unicórnios dessa cidade chamando Applejack de uma… lam…hoje.”

“Lama não é palavrão, Fluttershy,” Twilight respondia, franzindo enquanto falava. Sua orelha esquerda torcia.

“Quando se usa naquele sentido, é sim.” Ela andava através da sala, mas não próxima ao sofá de Twilight. Ao invés, ela foi até a velha escrivaninha, ainda coberta de papeis e copos empoeirados. “E não mude de assunto.”

“Não estou mudando de assunto. Você está apenas…” Twilight suspirava, sacudindo sua calda para trás e esticando seu pescoço. Olhe, Fluttershy. Esta não é a hora. Tudo bem? Meu irmão e Cadence ainda estão traumatizados por ele ter tido sua mente controlada e ela raptada. Então se você quer ter um debate filosófico depois, com certeza, mas isso não é divertido.”

“Não é divertido porque não estou brincando.” Fluttershy chegava até a escrivaninha e começava a empilhar ordenadamente os pratos e copos para carregá-los com mais facilidade. As pontas de suas asas davam um ótimo espanador ao usá-las para afastar as cinzas camadas de poeira que tinham acumulado na madeira. Foi só depois da pausa que ela prosseguia. “Tenho sido sua amiga por muito tempo. Eu fui o elemento da bondade, lutei ao seu lado contra a rainha e seu exército. A magia de Shinning e Cadence não me baniu. E, bem…”

Ela ficava quieta por um segundo, seus olhos focavam firmemente na mesa enquanto ela trabalhava. “Quero dizer que seu fosse te trair, eu tive uma ampla oportunidade para isso. Então eu penso neste ponto, provei que minhas ações e minha amizade são reais. Então, se minha forma de changeling tivesse sido revelada, isso faria diferença?”

Twilight pausava e olhava através da sala. Ela se sentava em linha reta, e seus ouvidos se animavam-se à atenção, até seus olhos se estreitavam. Ela começava a falar, mas fechava sua boca sem dizer nada. Fluttershy ainda não erguia os olhos. “Está falando sério,” Twilight finalmente falava.

“Estou falando sério quando digo que quero saber sua resposta para a pergunta,” Fluttershy respondia. Ela soltava a respiração que estava segurando, e pegava a pilha de pratos. Seus olhos ficavam em seu trabalho, e sua cabeça para baixo.

“Você…” A respiração de Twilight ficava presa em sua garganta, e ela teve que forçar as palavras para saírem. Seus olhos estavam arregalados. “Você é um changeling?”

“Eu não disse isso,” Fluttershy respondia. A pequena área da biblioteca não tinha cozinha – que ficava no andar de baixo – então ela levava os pratos sujos para o topo da escada, e os deixava ao lado dela.

“Então você não é uma changeling?” Twilight se inclinava para frente. “Está me perguntando isso sem nenhuma razão aparente!?”

“Não disse isso também,” Fluttershy encostava na pilha de pratos com um casco.

“Fluttershy!” Twilight exclamava, com sua voz aumentando abruptamente. “Isso não é engraçado!”

“Bem, eu não sou de brincar, sou Twilight!?” Fluttershy retrucava, voltando a fazer contato visual em toda a sala. Suas asas alargavam para fora de seu corpo, e os ouvidos inclinavam para trás. “Estou tão somente lhe fazendo uma pergunta.”

“Bem, se você não é uma changeling, por que isso importa?” Perguntava Twilight. Sua respiração ficava rapidamente instável, e suas pernas tremiam enquanto ela se levantava do sofá. “Hein!? Por que você precisa saber?”

“Porque você não sabe o que aconteceu ontem, Twilight.” A voz de Fluttershy soava em um tom firme, e ela não desviava o olhar de sua amiga. “Nenhuma de nós sabia. Tudo o que sei é que um grupo de changelings nos atacaram por algum motivo, e logo em seguida foram banidos. Você não sabe de onde eles são, ou como eles são, ou até mesmo porque eles fizeram aquilo. Mas apenas por isso, você já está preparada para estigmatizar e julgar toda uma raça como má.

Twilight olhava para Fluttershy, ela abaixava a cabeça em alguns graus, para depois levantá-la de volta. Suas pernas se mexiam de maneira aleatória. “Eu não disse que eles eram maus.”

“Você acabou de deixar bem claro que só de pensar na possibilidade de uma de suas amigas ser uma changeling seria aterrorizante.” Fluttershy amaciava suas asas, erguendo um casco dianteiro e abaixando novamente. Ela abaixava a cabeça em alguns graus, mas mantinha os olhos em Twilight. “Digo”, disse ela depois de um momento, “Você passou por muita coisa, tem o direito de ficar com medo, até de ficar com raiva. Mas não é a mesma coisa.”

“Então o que você está dizendo?” Twilight perguntava. “Que há outros changelings por aí que não são maus?”

“Talvez.” Fluttershy inspirava, e então erguia seu queixo para olhar Twilight diretamente nos olhos. “Talvez nem todos os changelings. Você não sabe. E porque tudo isso importa é pelo fato de que não estou convencida de que o exército que nos atacou era mau.”

“O que?!” Twilight dava um passo acentuado à frente. “Eles escravizaram meu irmão e tentaram destruir todos nós! Por acaso você perdeu essa parte Fluttershy??”

A pegasus amarela dava meio passo para trás no momento em que Twilight avançava, se afastando de seu olhar com um casco saindo do chão. Ela congelava nessa posição, e Twilight congelava da forma que estava, com as duas olhando uma para a outra com indiferença. Eventualmente, a expressão de Twilight se acalmava e Fluttershy colocava o casco novamente no chão. “Desculpe”, dizia Twilight.

“Está…” Fluttershy engolia. “Está tudo bem. Mas foi a rainha deles que escravizou e tentou nos destruir. Os outros eram apenas soldados. Apenas talvez eles fossem como ela, eu não sei, definitivamente não tem como ter certeza. Ainda, o feitiço de Shining Armor baniu eles, e eu me lembro de você falar que foi executado sem más intenções. Mas… talvez eles estivessem apenas fazendo o que lhes foi ordenado.” Fluttershy se afastava de Twilight ligeiramente, e caminhava para o outro lado da escrivaninha com um passo firme. “Eles se parecem com insetos, talvez fossem realmente leal à colmeia deles. Você não sabe.”

Fluttershy chegava à escrivaninha e colocava um casco em cima dela, olhando para ele por alguns segundos enquanto prendia a respiração. “Você não sabe e por isso não deveria tomar decisões e suposições precipitadas.”

“Se você não é uma changeling, por que está falando tudo isso?” Twilight exigia. Seus olhos ficavam apontados para as costas de Fluttershy. “Essa nem parece você.”

“Porque se eu esperar, será tarde demais.” Fluttershy começava a arrumar os papéis sobre a escrivaninha, usando pequenos golpes das penas de suas asas para jogar a poeira para fora dos papeis. “Se você, Shining, Cadende, Celestia e Luna nos ordenassem a… eu não sei, a começar a analisar os pôneis para ver se eles realmente são metamorfos e em seguida verificar se eles eram changelings o tempo todo? Digo, pense sobre isso.” Fluttershy respirava fundo e então deixava o ar sair abruptamente. Falando rápido ela disparava para fora. “Se nossas amigas ou qualquer outro lá fora fosse um changeling o tempo todo, será que iríamos nos sentar e termos uma boa conversa sobre o que isso significaria?”

“Por que você se importa?” Twilight exigia.

“Tenha dó, Twilight. Por que eu me importaria com o fato de você estar condenando uma criatura inocente apenas por causa de sua raça?” Ela franzia e batia um casco na escrivaninha com força. “Ainda acha que essa não parece eu?”

“Sendo impaciente e sarcástica não parece”, salientava Twilight. Seu tom, porém, abrandava, tornando-se mais cautelosa do que com raiva. “Ou pelo menos seu jeito tímido e educado de sempre não parece estar impedindo você de ser assim agora.”

“Bem, você está gritando comigo”, dizia Fluttershy, baixando a voz. Ela virava a cabeça para trás de Twilight, olhando por cima do ombro.

Twilight respirava longamente várias vezes. Ela olhava para Fluttershy, e Fluttershy olhava para ela. Os cascos de Twilight raspavam no chão. Ela engolia seco. “Eu sempre te vejo cercada de animais que te amam.”

Fluttershy hesitava, suas orelhas inclinavam para trás enquanto sua cauda encolhia. “Eu presumo que sim.”

“E nisso você tem um lado desagradável.” Twilight continuava, sua voz elevava-se lentamente. “Um lado realmente desagradável, na verdade até cruel. Você não deixa seus bichinhos saírem muito, e … “Os olhos de Twilight arregalavam. “Seu olhar fixo! Você pode controlar a mente dos animais!”

“Suponho que posso,” Fluttershy concordava, se afastando e virando a cabeça.

“Fluttershy…” Twilight deu meio passo à frente. “Você é uma changeling?”

“Importaria se eu fosse?” Fluttershy repetia.

“Fluttershy, eu preciso que você responda essa pergunta,” Twilight dizia. Ela dava um passo em direção à sua amiga, fazendo uma pausa em seguida, dando um passo para trás. Ela mantinha uma distância entre as duas, seu chifre baixava um pouco na direção das costas de sua amiga.

“Bem,” Fluttershy dizia. Seus olhos se fixavam para frente. “Preciso que você responda minha pergunta primeiro.”

Twilight não respondia. Ela olhava para trás de sua amiga, não fazendo nenhum outro som além de sua respiração. Após alguns segundos de silêncio, Fluttershy olhava para Twilight. Seus olhos estavam arregalados, mas não dilatados de medo. Ela simplesmente parecia olhar para Twilight muito atentamente, e Twilight dava meio passo para trás.

Twilight olhava para o lado, evitando o olhar da pegasus amarela.

“Não, nã… não. Isso não importaria nem um pouco e nem haveria preconceito de minha parte”, dizia Twilight. “Com certeza seria estranho, mas, bem. Como você mesma disse, provou que realmente é minha amiga. Não importa se você é uma pônei terrestre, uma Pegasus, ou um inseto gigante. A amizade é o que importa aqui. Eu estou apenas um… apenas um pouco desconfortável com isso tudo. “Ela limpava a garganta. “Pois é.”

“Twilight, eu acho que você está mais do que um pouco desconfortável.” Fluttershy expirava. Ela até sorria um pouco, apesar de não se estender até os olhos. “Mas, você já passou por muita coisa, dá para entender. Digo, eu não me importo se Applejack, por exemplo, é uma pônei terrestre ou uma Pegasus, mas se eu descobrisse que ela era uma pegasus esse tempo todo…eu não sei. Que tinha suas asas escondidas de alguma forma? Eu sei que provavelmente iria surtar.”

“Rainbow e as outras surtariam também, pegaria todo mundo de surpresa,” Twilight concordava. Ela soltava uma risada, e Fluttershy ria também. O riso desaparecia, e Twilight respirava profundamente. “É isso então? Você é uma changeling?”

“Não,” Fluttershy simplesmente respondia. “Não sou.”

Twilight piscava. “O que?”

“Não sou uma changeling,” Fluttershy repetia com um tom forte. “Foi apenas hipotético.”

“Mas…” Twilight abria e fechava a boca, e suas orelhas levantavam. “Não, não! Você concretamente se recusou a negar!”

“”Porque é fácil afirmar que você faria a coisa certa quando em abstrato,” Fluttershy respondia, dando de ombros. “Porém, difícil pessoalmente.”

“Mas… o olhar!” Twilight insistia. “E os animais que te amam!”

“Eu apenas gosto de cuidar dos animais, Twilight, não pense demais. Não sou eu que não deixo eles saírem, eles simplesmente gostam de ficar em casa porque eu cuido deles com muito amor, apenas isso.“ Fluttershy virava-se e voltava para as escadas, recolhendo os pratos que havia deixado lá. “Vou levá-los para o andar de baixo. Applejack chegará em breve e disse que estava trazendo comida.”

 “Fluttershy!”, a alicornio roxo gritava, dando um passo depois que Fluttershy começava a descer as escadas. “Não! Apenas… não! Você não pode fazer isso!” Ela gesticulava de maneira acentuada. “Porque eu sei que é exatamente isso que você diria se você fosse uma changeling!”

“Se eu fosse uma changeling, por que mentiria?” Fluttershy perguntava. “Quero dizer, desde que você acabou de afirmar que não importaria.”

“Eu…” Twilight gaguejava. “Digo…”

“Vou levar esses pratos lá pra baixo,” dizia Fluttershy. Ela segurava os pratos contra ela usando as asas, e rapidamente descia. À medida que ela descia a escada em espiral, foi logo perdendo a vista de Twilight.

O pônei de Oasis – Parte III

Ferramentas

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Autor: ROBCakeran53

Tradução: Drason

SINOPSE: Equestria ainda estava sendo reconstruída após a derrota de Tirek, e as seis novas governantas de Ponyville ajudando em sua reconstrução. Tudo mudou de maneira inusitada quando a Princesa Celestia entregou a elas uma carta descrevendo acerca das façanhas realizadas por um único cidadão da cidade de Oasis conhecido como Senhor Baker, e a forma como superou Tirek. Com a missão de descobrir se os relatos eram verdadeiros, as seis pôneis devem ir até a referida cidade para investigar. No entanto, elas irão descobrir que o Senhor Baker não era exatamente quem ou o que elas esperavam.

_______

Desde que Tirek havia passado pela cidade, até Thomas Baker se encontrava com uma disposição menos encorajadoura. Não era como se as coisas estivessem indo mal, apenas não estavam sendo conduzidas corretamente. Por exemplo, desde o dia que Tirek havia sido derrotado e banido, isso acarretou no afastamento da maior parte de seus fornecedores por duas semanas, até voltarem os telegramas. Em um certo ponto, isso era compreensível.  Haviam rumores de que em comparação com os danos que Manehatan havia sofrido, Tirek havia sido uma faca de dois gumes quando passou por Oasis.

O que ele não perdoava, era o fato de que havia sido prometido pelos seus fornecedores, várias vezes em duas semanas, que conseguiria obter os suprimentos necessários para entrega, apenas para descobrir que não foi isso que aconteceu. Havia muita coisa acontecendo, com certeza. Todos estavam ocupados limpando a bagunça. Se os seus fornecedores haviam simplesmente dito a verdade, que levaria muito tempo para entregar, ele compreenderia para trabalhar em cima dos atrasos. Eles poderiam pelo menos terem sido francos e falarem: “quando nós soubermos, você vai saber.”

Thomas se encontrava caminhando de volta à cidade, empurrando um carrinho de mão pequeno demais para sua altura, cheio de ferramentas e alguns outros equipamentos limitados. Ele tinha pensado que a remessa ocasional de pregos para telhados era um estorvo. Isso porque, era praticamente o único equipamento que lhe restava, e estava grato pela combinação.

Seu fornecedor também havia esquecido de enviar alguém para recuperar os pregos que sobravam.

Entrando na cidade propriamente dita, com sua mente à deriva, Thomas não percebeu o buraco aleatório enquanto a única roda de seu carrinho ia direto para ele, arremessando suas ferramentas e equipamentos pelos arredores, fazendo ele se curvar ainda mais para compensar.

“Carrinho de mão estúpido.” Thomas reclamava.

“Oh, bem no começo da tarde Senhor Baker!” Senhora Billfold o chamava a partir da estação de correios ao lado do prédio do prefeito.

“Olá Senhora Billfold.” Thomas parava, baixando o carrinho de mão e esticando os braços. “O Swift está trabalhando hoje? Tenho algumas cartas para enviar.”

“Temo que não, querido. Ele já deve ter partido para as entregas. Você deve achá-lo em sua loja se correr, não faz muito tempo que ele saiu.”

“Obrigado, senhora. Farei isso.” Thomas pegava novamente o carrinho, marchando em direção à loja.”

Bem, sua casa longe de casa, como ele gostava de chamá-la.

Uma outra coisa que havia azedado seu humor há poucas semanas foram os próprios cidadãos. Todos sentiam como se devessem alguma coisa a ele. Eles tentariam ajudá-lo com seu trabalho, mas na última vez que o sherife o ajudou, toda a construção veio abaixo. Havia uma razão para ele ser o carpinteiro, e porque o prefeito estava atualmente estabelecido atrás do posto de correios. Ele deixava sua mente vagar, mantendo um ritmo estável com o carrinho de mão, e percebendo os pôneis pelos arredores.

Para uma terça feira, a cidade estava bem ativa. A varanda de Sunny Side estava repleta de pôneis, conversando e sussurrando uns com os outros. Um casal de pôneis parava para observá-lo, o fazendo suspeitar que a discussão era… bem, sobre ele. Com um guincho em seu carrinho de mão, o grupo inteiro de pôneis paravam a conversa e se viravam para ele. Sorrindo, acenando, sem fazer contato direto com os olhos. Thomas parava, com a sobrancelha levantada, enquanto varria seu olhar através dos espectadores.

Em um dia normal, Thomas teria perguntado. Pôneis costumavam ficar de boca aberta com ele como anos atrás, claro, mas isso foi quando ele ainda era novo na cidade. Ele balançava a cabeça, continuando. No momento ele estava cansado, chateado e frustrado; o estranho comportamento dos cidadãos naquela tarde era a última coisa em sua mente.

Ele suspirava. Outras três horas desperdiçadas neste dia. Com alguma sorte, ele seria capaz de salvar o resto do dia com um par de seus outros projetos na loja, depois de conversar com Swift e receber uns telegramas.

Finalmente, sua loja estava em exibição, a porta estava entreaberta e a mensagem de “aberta” sacudia.

Eu… não me lembro de ter deixado aberta…

Ele deixava o carrinho de mão, um pouco forçado, fora da pequena varanda, então começava a caminhar. Um pônei rapidamente se esquivava da frente da porta, permitindo que ele entrasse; Thomas jurava que reconhecia o boné de entrega de Swift na cabeça do pônei.

Ele foi imediatamente cumprimentado pelas seis pôneis dentro da loja. Honestamente? Ele não se importava muito no momento. Estava exausto de suas três horas de caminhada por quase nada. Seus olhos acendiam, observando o sherife e o prefeito.

O prefeito estava visivelmente nervoso, mas apontava para a direita de Thomas. Thomas olhava, observando o carteiro tenso, com o chapéu quase caindo da cabeça.

“Oh ótimo, você está aqui. Cartas?” Thomas estendia a mão.

“Oh, uh, s…sim, claro, Tom. Aqui vamos nós.” O pegasus tirava várias cartas de sua bolsa com os dentes, gentilmente as colocando na palma da mão de Thomas.

Por que ele está tão nervoso? “Obrigado.” Thomas caminhava até o fogão, jogando as cartas na mesa e pegando uma caneca pendurada na parede. Ele derramava um pouco de café. “Além disso, tenho um par de telegramas que preciso que você envie para mim.”

“C…com certeza, Tom.” O pegasus trazia um bloco de notas e lápis, pronto para fazer anotações. Thomas notava que o Sherife continuava observando as seis pôneis, mas ele balançava a cabeça e decidia que era da conta dele. Por que eles estavam em sua loja, ele não sabia, mas ele podia muito bem ser cortês.

“Prefeito, Sherife, querem café?” Perguntava Thomas, olhando por cima de seu ombro. Ambos pôneis balançaram as cabeças. Thomas deu de ombros, “E quanto a vocês, senhoras?”

De uma só vez, todas as cinco, não, seis pôneis, uma delas, a amarela, estava escondida atrás das demais, balançaram suas cabeças.

“Sirvam-se.” Ele se sentava, tomando o líquido escuro e elevando a parte de trás da cadeira, jogando seus pés na borda da mesa, se equilibrando nas duas pernas. “Certo, o primeiro telegrama é para o jogo de gás e óleo, com o dobro de oito para Manehatan. Escreva exatamente o que vou ditar pra você, Swift.”

“Igualmente precisaremos logo de querosene. Pare. Tenha bits para a próxima entrega. Pare. Também precisamos de lanterna de querosene para a fazenda do Jack, pago antecipadamente. Pare. Responda se incapaz de entregar nesta sexta. Pare. Tom Baker. Pare.”

“Isso é tudo?” Swift perguntava.

“Para o momento, sim.” Ele tomava outro gole. “O próximo telegrama é para o armazém de suprimentos de Shanty Shack, código sete um sete sete de Manehatan.”

“Hum… perdoe-me…”

Thomas olhava para a pônei que falava, sua crina púrpura escura saltava quando ela dava um passo à frente.

“Estarei com você em um momento, senhorita.” Ele se virava para Swift, ditando outra carta para ele. “Shanty, ainda sem madeiras ou telhas. Pare. Você tem até esta sexta feira para entregar meus bens ou eu irei até lá pessoalmente. Pare”

“É… isso?” Swift perguntava.

“Oh, certo, assine Tom Baker… pare.” Ele tomava outro gole de café. “Tudo bem, é isso. Obrigado Swift.”

O carteiro Swift olhava entre as pôneis e Thomas. Ele estava “pregado” no local.

“Swift, precisa de mais alguma coisa?” Thomas perguntava.

“N…não, mas é que… não posso sair,” Swift sussurrava.

“O que? Por que?” Thomas percebia ele olhando para as seis pôneis. Ele sorriu. “Swift, elas são bonitas, mas você está trabalhando.”

Swift gaguejava, tentando e falhando em dizer alguma coisa. “N…não é isso!” Seu rosto ficava vermelho, “É porque aparentemente estou preso.”

Thomas quase cuspiu o café, tossindo enquanto nivelava a cadeira de volta em suas quatro pernas. “Preso? Por que? Você atropelou pôneis voando de novo?”

“O que? Não! Isso só aconteceu uma vez!”

“Sherife, por que você está prendendo Swift?” Thomas levantava uma sobrancelha, se lembrando da aparência do sherife. “E por que você está vestindo a minha camisa?”

“Bem, como parece, não sou eu quem o prendi. Na verdade, nós três estamos presos.”

Thomas piscava. “Sherife, não há mais ninguém com autoridade nessa cidade para efetuar prisões.”

“Bem, a Princesa Twilight diz o contrário.” O Sherife olhava para a alicornio roxa.

“Ela?” Thomas olhava para Twilight. “Com que autoridade?”

Twilight foi pega de surpresa. “Na autoridade da princesa que eu sou!”

Thomas piscava, olhando para ela. Em poucos instantes começava a rir, até se sentar na cadeira em gargalhadas. Todas as pôneis na sala olhavam para ele confusas.

“Isso é bom, sherife. Por um momento você me fez rir.”

“Espere, o que?” Ambos Twilight e o Sherife perguntaram juntos.

“Sabe, eu estava tendo um péssimo dia hoje, mas isso animou um pouco meu espírito. Obrigado pelos risos.” Thomas tomava mais um gole do café, relaxando em sua cadeira.

“Thomas, lamento estragar seu humor, mas estou falando sério e ela é uma princesa,” O prefeito disse.

Thomas abaixava seu copo de café, olhando para a alicórnio roxa. “Ela não é um pouco pequena para, como se diz… Pegasucornio?”

“Ei! Isso me ofende!” Disse Twilight batendo um casco no chão, “ e é Alicornio!” Ela terminava, sacudindo as asas.

Chifres e asas…oh…

“Droga,” Disse Thomas, batendo seu copo de café na mesa. “Vocês não disseram que iriam se livrar dela?”

“Bem, foi essa a tentativa, até você se intrometer!” Disse o prefeito.

“Na verdade, nós estávamos prestes a sermos levados sob custódia da princesa.” Acrescentou Swift.

“Não está ajudando Swift!”

“Ok, acalmem-se.” Uma das pôneis entrava na discussão, com sua vibrante crina arco íris passando sobre seu rosto. “Estou meio perdida aqui. O que exatamente está acontecendo?”

Twilight falava: “Eu acho que o prefeito, sherife, e o pônei carteiro…”

“Ei! Não tenho nada a ver com isso!”

“…estavam tentando nos enganar antes que descobríssemos o que Senhor Baker realmente era… ou seja lá o que ele for,” Disse Twilight, ainda olhando Thomas.

“Ugh, eu não quero ter essa discussão de novo…” Thomas gemia, simulando tédio. Ele começava a mexer em sua correspondência.

“Veja bem Princesa Twilight, nós não estávamos exatamente seguros de como você iria lidar com a aparência de Thomas, então nós queríamos fazer você acreditar que ele era um pônei,” o prefeito dizia.

“E o que o levou a acreditar que uma espécie diferente determinaria como eu iria reagir?” Twilight perguntava.

“B-bem, não tenho certeza…” O prefeito balbuciava.

“Mas olhe para ele princesa! É um macaco sem pelos com seis pés de altura!” O prefeito afirmava, apontando para o Thomas.

“Muito obrigado!” Dizia Thomas, “Pelo menos ainda não sou calvo!” Ele passava seus dedos no cabelo, apenas para ter certeza.

O sherife continuava. “Nós honestamente não tínhamos nenhuma evidência de como você reagiria ao Tom, então nós tentamos distorcer um pouco a verdade.”

“Um pouco? Você tentou se passar por ele!” Disse Applejack.

“Applejack está certa, querida,” disse a unicórnio branca. “Eu soube logo de cara que essa camisa que você está usando não era de pônei, embora esse azul combina bem com sua pele.”

“Eu honestamente estou aliviado que vocês não tentaram capturar ele, ou bater nele com uma arma para estudá-lo,“ Disse Swift.

 Todos os pôneis – e um não impressionado humano – olharam para o pegasus carteiro.

“Swift, pare de colocar ideias nas cabeças delas e vá entregar as cartas,” Disse Thomas, “não se esqueça dos meus telegramas.”

“Mas a princesa, e a prisão, e…”

“Ela não pode prender você, Swift.” Thomas abria um dos envelopes.

“E como você sabe disso, senhor seja lá o que for?” Rainbow Dash voava até o rosto de Thomas, com seu nariz o tocando.

“Porque, senhora cabelo cafona, a realeza pode apenas ordenar uma investigação, mas não pode agir diretamente sem confirmar as evidências,” Thomas dizia, empurrando seu nariz contra o dela. “Além disso, não fique voando na minha loja por favor, você vai fazer uma bagunça com as papeladas.”

“O nome é Rainbow Dash!” ela dizia, fazendo uma rápida pose no meio do ar, então pousando de volta para o chão de madeira, “e quanto a essa sua papelada…”

“Na verdade…” Twilight começava, arranhando o chão com um casco, suas bochechas ficavam vermelhas de vergonha, “Ele está certo.”

“Você quer dizer que tudo o que ele falou…” Applejack começava.

“Foi apenas ardiloso, sim,” Twilight abaixava a cabeça. “Luna tem me mostrado alguns de seus truques de coação,” Então Twilight olhava de volta para Thomas. “Que me faz imaginar, como você poderia saber disso?”

Thomas abaixava a carta que estava lendo. “Hmm? Oh, eu não sabia,” ele retornava sua atenção para a carta, e em seguida olhando para o sherife. “Ei sherife, Gilded disse olá e que está indo bem.”

“Oh bom, fico feliz em saber que o império de cristal ainda não o desgastou,” o sherife comentava.

Os olhos de Twilight contorciam. “Você…. mentiu?”

“Tecnicamente,” Thomas dobrava a carta e colocava ela de volta no envelope. “Eu estava blefando.”

“Bem então, desde que parece que tudo esteja bem e Tom não é um perigo imediato para se tornar uma exibição em zoológico, eu digo para nós deixarmos essas jovens pôneis se entenderem com o Tom, não é prefeito?” O sherife dizia, empurrando o esgotado pônei para fora da porta.

“Bem-isso é…eu não acho… digo… nós deveríamos…”

“Até logo prefeito, sherife. Foi um prazer vê-los essa tarde.” Thomas dizia enquanto os dois pôneis saíam, Swift já havia saído provavelmente quando desviaram as atenções dele.

Com um aceno do seu chapéu de sherife, os dois pôneis se curvaram para Twilight e saíram pela entrada, deixando Thomas sozinho com as seis pôneis. Ou, como sua memória recordava da carta, Princesa Twilight Sparkle e os elementos da harmonia. O que eram esses elementos da harmonia?

Uma das pôneis tossia, chamando a atenção de Thomas de volta para o grupo. Todas elas estavam embaralhadas ao redor, não diretamente olhando para ele, enquanto elas examinavam suas mercadorias e prateleiras ou encontrando um local muito interessante no chão para olhar e analisar. Ele continuava mexando em suas cartas, com todas sempre tossindo. Ele olhava para cima, apenas para vê-las mordendo seu lábios, sem saberem o que dizer.

“Então Senhor Baker.” A mais elegante do grupo dava um passo à frente, com o resto de suas amigas soltando um suspiro coletivo.

Thomas suspirava também, “Apenas Thomas, senhorita…?”

“Apenas Rarity, querido. Diga-me, quanto custa essas argolas na vitrine?”

E então todas elas soltaram um gemido coletivo.

“Sério Rarity, a primeira pergunta a fazer é sobre as argolas de cortina na vitrine que essa coisa vende?” Rainbow protestava.

“Por que?” estou tentando quebrar o gelo, apenas isso.”

“Rainbow Dash! Isso foi rude! Ele não é uma coisa, ele é… um…” a pônei amarela assustada afundava atrás de Applejack, evitando o olhar de Thomas.

“Sim, vamos começar por aí!” Twilight batia um casco no chão. “O que é você?

“Exato! O que é você, hein? Hu??” A pônei rosa pulava da mesa. “Um macaco falante?” Ela aparecia acima de seu ombro.

“Não.” Thomas gemia.

“Um guaximim?”

“Não.”

“Um peixe unicórnio?”

“Mas o que o faz você pensar isso??”

“Você não pode deixar escapar nada quando se tenta resolver um mistério.” Ela soprava seu cachimbo.

Thomas colocava o resto das cartas na mesa, desistindo da ideia de ler todas hoje.

“Sem ofensas, nós nunca vimos nada como você antes.” Disse Twilight. “Eu levo minhas pesquisas seriamente, e não me recordo de nada em sua forma em qualquer de meus livros.”

“Sim, e livro é o que ela mais tem,” Rainbow Dash acrescentava, então abaixando suas orelhas e murmurando, “Bem, tinha.”

Thomas suspirava, caminhando em seguida até o balcão, e de uma de suas muitas raques retirava uma grande pilha de papeis, batendo as folhas no balcão.

“Todas as respostas para as perguntas que você fez estão aqui.” Ele batia seus dedos na pilha.

“O que é isto?” Twilight levitava o bloco de papel em direção dela.

Rarity apoiava sobre o ombro de Twilight. “Thomas Baker: O homem mais interessante do universo?”

“Parece com algo que Rainbow Dash escreveria,” Aplejack brincava, arrancando um grunhido de Rainbow.

“Eu não entendi, você escreveu isso?”

“Em partes,” Thomas disse, andando até sua mesa. “Eu fiquei louco de pôneis, grifons e o seja lá o que mais andava nesta cidade me perguntando as mesmas coisas que vocês. Então Bob e eu escrevemos isso.”

“Quem é Bob?” Pinkie perguntava, mas sem ter resposta.

Twilight levantava uma sobrancelha, abrindo a primeira página. “Capítulo um: Eu sou um humano.” Twilight olhava de volta para Thomas, “O que é um humano?”

Thomas gesticulava seu dedo indicador em um meio círculo. Entendendo a sugestão, Twilight virava a página. “Capitulo dois: talvez você pode perguntar o que seria um humano?”

“Toda pergunta que você tem para mim está aí com a respectiva resposta. Eu tenho coisas melhores para fazer do que responder um monte de perguntas que não tem absolutamente nenhuma relevância por eu estar aqui. Então, se você me desculpar, eu tenho trabalho a fazer.” Thomas andava até porta com a placa “apenas funcionários.”

“Ei, espere um minuto espertão!” Dash se arremessava até a porta, apenas para ela abrir e a cabeça de Thomas ficar pra fora.

“Não pode ler? Empregados apenas. Você não é uma.”

“Mas nós não terminamos ainda! Temos sérias perguntas para…”

“Sim, sim, sobre ter salvo a cidade, ou seja lá que outras estórias os cidadãos falaram sobre mim. Olhe, leia aquilo para ter as perguntas bobas respondidas, então quando você estiver pronta nós conversaremos sobre porque esses pôneis são bons de coração mas não sabem quando manter suas bocas fechadas. Então até lá.” Ele fechava a porta novamente.

“Bem, isso foi rude.” Disse Rarity.

Então a porta abria de novo; “Oh Rarity…”

“Sim?” Rarity perguntava.

“Aquelas argolas de cortina são duas por um bit, ou se você comprar dez delas apenas quatro bits.” Disse Thomas.

“Oh, obrigada?” Rarity olhava a porta sendo fechada de novo. “Bem, talvez não tão rude, mas ainda um pouquinho.”

“Então agora fazemos o que, Twi?” Applejack perguntava.

“Acho que agora nós lemos isso,” Twilight acenava a pilha de papel maciça no ar, “e voltamos depois.”

“Ugh, vamos ter que ler essa coisa por dias!” Dash resmungava.

“Bem, eu posso ler ele enquanto vocês garotas descansam um pouco. Princesa Celestia disse para nós tentarmos relaxar enquanto estivermos aqui. Ela estava preocupada sobre nós ficarmos sobrecarregadas de serviço,” Twilight olhava para um pequeno panfleto na raque, alguma coisa sobre quais decisões são as melhores escolhas.

“Certo, mas não é justo você fazer todo o trabalho. Eu tenho uma ideia,” Applejack começava, então olhava atrás dela.

Rapidamente, a porta fechava uma polegada.

Applejack ria. “Eu irei discutir com vocês todas em nosso quarto.

“Tudo bem, parece como um plano então.” Rainbow Dash disse.

“Ugh, eu estou com fooooome. Podemos ir agora?” A pônei saltitante dizia.

“Sim, Pinkie, vamos. Sunny Side disse alguma coisa sobre voltar antes da comida esfriar.” Twilight disse, conduzindo sua comitiva para fora da loja de Thomas.

Enquanto a última pônei caminhava através da porta, Thomas se arrastava para fora da outra porta, soltando um pesado suspiro enquanto ele se enclinava no quadro.

“Essa vai ser uma daquela semanas…”

Twilight e o resto de suas amigas caminhavam através das ruas da cidade. Enquanto elas passavam por cada construção, pôneis paravam e se curvavam, acenando suas cabeças, inclinando seus chapéus, com a maioria deles dizendo “olá” ou “boa tarde”.

“Esses pôneis são todos educados,” Fluttershy dizia em meio ao grupo.

“Eles certamente parecem bastante fáceis de lidar,” se Sunny Side for assim também,” Disse Applejack.

“Sim, ou mentirosos como o Prefeito e o Sherife,” Disse Rainbow Dash.

“Você tem que admitir, Dash, eles tiveram uma razão justa para o que fizeram. Apenas não executaram bem o plano,” Disse Applejack.

“Eles ainda poderiam ter dito a nós a verdade. Digo, tudo bem que o Sr. Baker é algum tipo de monstro ou seja lá o que for. Ele é apenas uma espécie estrangeira que nós nunca vimos ou ouvimos falar antes,” Twilight virava a página do livro que Baker havia dado a ela.

“Então, Applejack,” Rarity começava, chamando a atenção de suas amigas, “o que exatamente é este plano? Eu presumo que é alguma coisa que o Senhor Baker não gostaria?”

“Você adivinhou certo, Rarity. Vamos dar a Twi um tempo para ler aquele bitelo de livro enquanto o resto de nós passamos algum tempo com o “velho Tom”.

Rainbow voava em círculos. “Oh, entendi! Como uma rodada de interrogatório!”

“Eu sou boa nisso!” Pinkie falava pulando alto.

“Tudo o que nós temos que fazer é apenas passar o tempo com ele, duas de cada vez. A última coisa que temos que fazer é forçá-lo a pensar que nós queremos informações. Vamos parecer como se estivéssemos interessadas no que ele faz, falar com ele a respeito.”

Twilight parava, tirando os olhos do livro. “Eu tenho que dizer Applejack, que esse é um plano muito inteligente.”

Applejack olhava agora para a varanda da hospedagem de Sunny Side. “Bem, Sunny disse que o lenhador gosta de manter as coisas para si mesmo. Então talvez se um par de nós ficarmos juntas dele um pouco, talvez ele irá se abrir para nós uma vez que nos conhecer melhor.”

“Bem, é o bastante por enquanto, eu estou com fome!” Rainbow suspirava no ar. “E isso cheira muito bem!”

“Eu quero alguma coisa deliciosa na minha barriga! Disse Pinkie, pulando na varanda.

“Nós temos que comer, e depois ir para os nossos quartos. Eu suspeito que nós dividiremos um quarto de casal”. Disse Rarity perto da varanda.

“Eu estou exausta. Você e eu, AJ?” Rainbow Dash perguntava enquanto voava até a varanda por cima de Rarity.

Applejack seguia logo atrás. “Por mim tudo bem, Dash.”

As quatro pôneis caminhavam para dentro, conversando entre si enquanto as duas restantes ficavam do lado de fora. Fluttershy não podia deixar de perceber que Twilight ociosamente olhava de volta pelo que ela presumia ser a loja do Sr. Baker.

“Um, Twilight?” Fluttershy sussurrava.

Twilight piscava, sacudindo sua cabeça e olhando para sua amiga, “Sim, Fluttershy?”

“Eu estava apenas imaginando, você está bem?”

“Ah sim, claro.” Twilight olhava de volta para as ruas.

“Tem certeza? Você esteve olhando de volta para a loja do Thomas Baker desde que saímos.”

Twilight suspirava, sentando-se e apoiando o livro nela. “Isso simplesmente não faz nenhum sentido, Fluttershy. Uma espécie completamente nova, inteligente e capaz de se comunicar e aparentemente alfabetizada, conforme demonstra esse livro, e ele esteve aqui vá se lá saber por quanto tempo. Nenhum pônei sequer parou para perguntar a si mesmo ou chamar atenção. E se ele fosse perigoso? E se ele fizesse algo errado vindo aqui? E se…”

Fluttershy descansava um casco no ombro de sua amiga. “Twilight, eu acho que se houvesse algum problema, aqueles pôneis já teriam feito aquilo que eles achassem certo. E quem sabe, talvez já fizeram. Ele aparentemente foi bem aceito pelos pôneis dessa cidade porque o que ele fez foi bom, não ruim. Então antes de você se preocupar sobre isso, eu acho que nós precisamos saber mais sobre ele, conforme o plano de Applejack.”

Twilight sorria. “Obrigada, Flutrtershy. Isso é o que eu precisava ouvir.” Ela ficava de pé. “Se Thomas esteve aqui por tantos anos como afirmado antes, e os pôneis não estão fugindo de medo deles, então não temos com o que nos preocuparmos.”

Fluttershy sorria, acenando em concordância.

“Bem, eu acho que nós deveríamos ir para junto das outras agora. Elas devem estar doidas nos esperando.” Twilight pegava o livro e começava a caminhar com Fluttershy logo atrás dela.

As duas pôneis caminhavam através da porta de entrada e foram imediatamente saudada por diversas sensações de uma só vez atingindo suas faces. Enquanto a sala de jantar de Sunny Side estava vazia exceto por três garanhões jogando baralho em um canto e as amigas de Twilight no meio rindo entre si, ela percebia no bar o tal anteriormente mencionado “único rádio” da cidade tocando algum tipo de música country, alguma coisa que era fácil para Applejack adivinhar batendo seus cascos para se igualar à música.

A próxima coisa a saudar elas foram os cheiros. O aroma das comidas vindo da cozinha atrás do bar era o bastante para manter um pônei com o apetite aguçado.

“Twilight! Fluttershy, venham aqui, rápido!” Rainbow Dash exclamava, acenando com um casco.

Twilight e Fluttershy pegavam um assento com suas amigas, todas com grandes sorrisos.

“Qual o problema?” Twilight perguntava, curiosa.

“Oh, você não vai acreditar no que vimos, Twi.” Applejack sorria, “garçonete, senhora, mais dois copos de água por favor!”

“E um outro sarsaparilla por favor!” Pinkie acrescentava com um arroto.

Havia um gemido vindo de dentro da cozinha. “É pra já.” A garçonete dizia relutantemente.

As orelhas de Twilight se levantavam. “Eu reconheço aquela voz vindo da cozinha…” Twilight tentava se lembrar, mas logo teve sua dúvida sanada.

Uma pele azul juntamente com uma crina azul e prateada andava até a mesa. Trixie soltava um sorriso forçado no momento em que se aproximava. Enquanto seus olhos se encontravam com o de Twilight, seu sorriso desmanchava e se transformava em uma carranca enquanto ela marchava levitando com ela uma bandeja com dois copos de água e uma garrafa de sarsaparilla. Ela colocava eles para baixo com um clink que era alguma coisa entre educação forçada e exasperada.

Twilight continuava boquiaberta para Trixie, que retornava os olhares com um impressionado olhar de si mesma.

“Pode rir. Suas amigas não perderam essa oportunidade,” Trixie olhava morosamente o sorriso de Rainbow.

Twilight piscava. “O que? Por que eu riria? Estou mais chocada por você estar aqui.”

“Bem, uma apresentadora viajante tem pouca garantia, não tem? Depois daquele desastroso amuleto de alicornio, eu segui oeste. Essa cidade sempre tem um lugar para descanso, e ainda estou esperando aquele carpinteiro consertar minha carruagem.”

“Você quer dizer Tomas?” Fluttershy perguntava.

“Aquele bocó alto com duas pernas? Sim, esse mesmo.” Dizia Trixie.

“Qual o seu problema com ele?” Twilight perguntava.

“O problema com ele é que ainda não terminou minha carruagem! Ele quer o pagamento de imediato, mas como posso pagá-lo se preciso da carruagem para fazer dinheiro? Então estou encalhada aqui, trabalhando para a Senhora Suny Tonta e seu marido mudo, ganhando a metade do que poderia estar ganhando se já estivesse fazendo minhas apresentações!” Trixie dizia, ajustando seu avental. “Mas já conversamos o bastante, o que vocês querem comer?”

“Nós já pedimos, querida, apenas Twilight e Fluttershy precisam do cardápio,” Rarity levitava os cardápios até as duas.

Twilight pegava seu menu, o abrindo. Ele era dividido em três categorias:

Herbívoro.

Onívoro.

Carnívoro.

Twilight apenas olhava o menu por vários momentos, pensamentos saltavam em sua cabeça como uma máquina de pimball fora de controle.

“Eu não tenho a noite toda,” Dizia Trixie com um de seus cascos batendo na mesa.

“Uh, eu não estou com fome agora. Apenas alguns fenos frescos está bom.’ Twilight devolvia o cardápio para Trixie.

“Muito bem.” Ela pegava os cardápios, então começava a caminhar de volta para o bar. “Bob! Outro pedido!” Ela gritava, batendo as anotações na pequena janela atrás do bar.

“Você viu aquilo também, não viu?” Fluttershy perguntava.

“O que?” Twilight perguntava.

“O cardápio.”

“Oh sim, apenas me pegou desprevenida.”

Rainbow abaixava seu hamburguer de feno. “Eh, relaxa, cabeção. Pelo tempo que conheci Gilda foi o bastante para saber que não são todos que se alimentam apenas de grama e feno.”

“É verdade. Senhor Baker disse alguma coisa sobre outras espécies frequentando esta cidade, então nem todos se surpreendem mesmo.” Disse Rarity, tomando um gole de água.

“Não apenas isso, mas havia uma seção de carnívoros. Apenas para devoradores de cadáver. E se isso for para Tom?” Twilight perguntava.

Rarity enxugava sua boca com um guardanapo. “Bem, vou me assegurar de perguntar a ele quando Fluttershy e eu o visitarmos amanhã.”

“Espere, o que?” Flutershy guinchava.

“Sim, como assim você e Fluttershy?” Rainbow Dash perguntava encarando Rarity.

“Bem, é muito simples, querida. Fora do nosso grupo de pôneis alegres, Fluttershy e eu somos as mais qualificadas para li dar com isso. “

Todas piscaram, fitando Rarity.

“Você apenas queria aquelas argolas de cortina, não?” Applejack perguntava.

Rarity tossia.

“Mas, hum… por que eu?” Fluttershy perguntou.

“Para responder as perguntas de Twlight, claro! Você é expert com animais, e pode provavelmente decifrar seus hábitos alimentares apenas falando com ele. Não apenas isso, se ele é um comedor de cadáver, você pode relacionar-se com ele e fazê-lo confessar.”

“Bem, acho que sim.” Fluttershy esfregava um casco na mesa.

“Qual é a sua cara!”

Todas a seis pôneis se viraram na direção dos pôneis que jogavam pôker.

“Full house de novo! Você está trapaceando, eu sei disso,” um pônei terrestre preto dizia, arremessando as cartas na mesa.

“Você tem dito isso por vinte anos, e ainda demonstra.” Um pegasus marrom, o aparente vencedor, começava a juntar seus ganhos.

“Eyeup,” um unicórnio cinza dizia, tragando um cigarro.

Com o som de um sino, Trixie servia os pedidos dos pôneis.

“Mais alguma coisa? Ou posso finalmente tirar esse avental pagador de mico?”

Pinkie sacudia sua sarparila de garrafa vazia.

“Estamos satisfeitas.”

“Awww…”

“Estamos todas, obrigada, Trixie.” Disse Twilight.

“Hmm, certo…. de nada.,” Trixie se afastava. “Bob, estou indo! Se elas precisarem de mais alguma coisa, é com você.”

O sino tocava.

“O que é agora?”

O sino tocava novamente, e um casco negro segurava um prato sujo da janela do bar.

“Serio?! Vou ter que lavar os Pratos? Trixie detesta este trabalho!”

Enquanto Trixie caminhava até a cozinha, Sunny Side aparecia no topo das escadas da sacada.

“Bem, aguentem aí queridas! Vejo que vocês estão apenas na hora da cama antes de nós fecharmos a cozinha por esta noite. Como estava a comida?”

“Oh, estava ótima, obrigada Sunny,” Fluttershy disse.

“Sim, eu devo admitir, chegou perto das receitas da vovó Smith.”

“Bem, nós tentamos o melhor. Eu acabei de terminar de arrumar seus quartos. Vocês terão que dividí-los em pares, se não tiver problema.”

“Está bem. Você está muito ocupada?”

Sunny se virava para Twilight. “Não como eu gostaria, o movimento está muito fraco. É que nós temos tido problemas com o encanamento, e o velho Tom não teve a chance de consertar ainda. Pobre rapaz que se enterrou em trabalho nas últimas semanas.” Sunny suspirava.

“Eu entendo. Nós vimos o quadro em sua loja,” Disse Applejack.

“Eyup. Ele encontra várias formas de se manter ocupado,” Disse Suny Side. “Com sorte uma vez que Tom terminar suas outras tarefas, ele irá trabalhar no encanamento.”

“Estou surpresa que ele não esteja fazendo isso agora. Esse problema do encanamento não afeta muito o seu trabalho?” Perguntou Twilight.

“Bem, é claro que sim, ainda mais por causa do hotel ao lado. Mas fui em frente e disse a Tom para priorizar seus trabalhos mais importantes, e depois ele poderia terminar aqui “.

“O que ele tem que seja tão urgente?” Perguntou Applejack.

Sunny sacudia sua cabeça lentamente. “Ele esteve trabalhando na casa de Gonden Ametist na maior parte de seu tempo.”

“A sua casa foi a mais danificada por Tyrek?” Rarity perguntava.

“Sim, foi. Desde então, nem podia ser chamada de casa. Eu usaria o termo barraco no sentido literal, querida.”

“Por que eles estão morando em tais condições?” Fluttershy perguntou.

“Bem, vendo como a coisa está, muitos pôneis não tinham muito tempo pra nada. Eles literalmente vagavam pela cidade com bolsas vazias e ferraduras enferrujadas. Esta cidade teve sua última chance para começar novamente e consertar a si mesmos. Eles construíram suas barracas sem qualquer material que eles pudessem se deparar ou falta de recursos.”

“Isso é terrível.” Disse Twilight.

“Tom esteve tentando seu melhor para ajudá-los. Ele tem ido aos arredores em seu tempo livre para ajudar a reforçar paredes, reparar telhados com vazamento, até dando a eles um chão sólido do que apenas terra.”

“O que faz a situação de Golden Ametist ser mais terrível para renovar a casa inteira então?” Rarity perguntava.

“Bem, seu marido recentemente foi aceito na guarda real e está atualmente no Império de Cristal. Tom disse a ele que ele daria o melhor para cuidar dela, especialmente depois que ela teve seu primeiro filho há oito meses atrás. Ela é uma pequena anja.”

“Não me admira então que ela seja prioridade.” Disse Rarity.

“Uma vez que ele conseguiu deixar habitável, eles se mudaram, e Tom tem trabalhado sobre o restante enquanto recebe suprimentos.”

“Uau, ele parece estar fazendo muito por essa cidade,” Fluttershy disse.

“Sim, ele acha que nos deve ou algo assim.”

“Por que você diz isso?” Twilight perguntava.

“Bem, se não fosse pelos consertos ele seria um exilado. Eles abriram uma casa para ele, e com o Senhor Fixits sendo o carpinteiro na época, ele era perfeitamente adequado. Tom trabalhou para o senhor Fixit em sua loja e ao redor da cidade. Mas é principalmente porque…”

“Duster… me passando a perna!”

Twilight e suas amigas se viraram novamente para os três pôneis jogando poker, enquanto Sunny Side apenas suspirava.”

“Há apenas cinquenta cartas aqui,” o pônei terrestre negro disse, segurando a carta com um casco.

“Agora como em Tartarus você sabe disso?” O pegasus marrom revidava.

“Por causa do isqueiro da carta,” o pônei terrestre disse, elevando seu casco para cima e para baixo com a carta ainda perfeitamente equilibrada.

“Não há como você dizer isso apenas segurando ela em seu casco.”

O pônei terrestre batia a carta sobre a mesa na frente do pegasus. “Conte-os.”

“Ugh, aqui vamos nós de novo; desculpem-me queridos,” Suny Side trotava até eles. “Já foi o bastante por essa noite, senhores.”

“Mas Sunny…”

“Não! Eu não quero ouvir nada disso. Já é péssimo o bastante eu li dar com isso durante os últimos vinte anos, mas para fazê-lo na frente de uma princesa e suas amigas não dá!”

“Espere, nós ainda temos uma princesa?” O pegasus perguntava, olhando para a mesa de Twilight. “Eu não me lembro da Celestia ser purpura,” ele colocava um par de óculos, “ou baixa.”

Twilight batia sua cabeça na mesa, soltando um gemido frustrado. Trixie escolheu esse momento em particular para sair da cozinha, com sua face manchada de sujeira.

“Trixie, querida, um último favor. Poderia mostrar à princesa e suas amigas seus quartos enquanto eu cuido desses três bobos?”

“Bobos? Não somos bobos, somos clientes!”

“Com apenas isso de bits não são não.” Sunny argumentava. “Fora!”

Trixie olhava para Twilight e suas amigas, todas com várias expressões. Estranhamente o bastante, Trixie repetia Twilight soltando um gemido frustrado; o rádio partilhava seus sentimentos.

“Trixie detesta essa cidade…”

O pônei de Oasis – Parte II

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Autor: ROBCakeran53

Tradução: Drason

SINOPSE: Equestria ainda estava sendo reconstruída após a derrota de Tirek, e as seis novas governantas de Ponyville ajudando em sua reconstrução. Tudo mudou de maneira inusitada quando a Princesa Celestia entregou a elas uma carta descrevendo acerca das façanhas realizadas por um único cidadão da cidade de Oasis conhecido como Senhor Baker, e a forma como superou Tirek. Com a missão de descobrir se os relatos eram verdadeiros, as seis pôneis devem ir até a referida cidade para investigar. No entanto, elas irão descobrir que o Senhor Baker não era exatamente quem ou o que elas esperavam.

——

O trem foi longo e cansativo. Mais do que a viagem até Appleloosa, que tinha um pequeno povoado literalmente… em lugar nenhum. Twilight perguntava para si mesma como o trem se mantinha operando naquela região desértica.

Enquanto ocupada em seus próprios pensamentos, Applejack tossia. “Meu primo Braeburn me disse que há muitas caravanas que viajam por toda Equestria. De que maneira eles obtém seus proprios suprimentos? Provavelmente fazem a maior parte deles com os próprios cascos.”

Twilight acenava, olhando de volta para a janela, que era a coisa que ela mais havia feito nas últimas dezoito horas.

“Ainda estou surpresa que você trouxe uma árvore inteira para eles, Applejack.” A voz de Rarity atraía o olhar de Twilight para suas amigas. “Você nem mesmo sabe se tem algum Apple morando lá.”

Applejack riu. “Confie em mim quando digo que há muitos Apples lá fora, eu ficaria chocada se não houvesse pelo menos um na cidade. Mas mesmo que acontecesse de não existir, independentemente disso eu a entregaria. Tenho certeza que poderiam fazer bom uso dela.”

“Bem, pelo menos você está trazendo alguma coisa para ajudar,” Rainbow amuava, sentando-se em outro banco.

“Olhe docinho, não é culpa sua que eles ainda estejam tendo problemas com a máquina de fazer nuvens.  Quando estiver consertada você poderá trazer depois.”

“Sim, sim,” Disse Dash, acenando seu casco e olhando a janela. “Ugh, quanto tempo ainda vai durar essa viajem?”

Twilight esfregava os olhos e então pegava um mapa de seu alforge. “Bem, se meus cálculos estiverem corretos, mais ou menos uma meia hora.”

“Oh, finalmente! Vou poder descansar assim que encontrar um hotel,” disse Rarity, arrumando seus cílios com um espelho de bolso.

“No entanto, eu temo que isso não é tudo. O trem não vai parar na cidade, ainda teremos que caminhar uns oito quilômetros a partir da estação.”

Rarity abaixou o espelho. “Você não pode estar falando sério, né?”

“Eu disse para trazer seus sapatos,” afirmou Applejack, cutucando Rarity. Com isso, o último trecho do trem foi completado com as reclamações da unicórnio branca.

Com um solavanco final do trem, ele finalmente parava, com o vapor sendo liberado da chaminé. Twilight levitava a grande macieira de Applejack, e Rarity a bagagem de todos. Assim que saíram, o trem foi rápido ao partir, com o maquinista não querendo perder mais tempo no local em que não costumava passar com frequencia.

As seis pôneis olhavam ao redor e para a pequena plataforma feita inteiramente de madeira, bem como a pequena casinha situada nela. Para a surpresa de Twilight, realmente havia um pônei nela.

“Bem vindas a lugar nenhum,” dizia ele por meio de um sotaque nativo do local, com toda e qualquer emoção perdida em seu tom.

“Nós estamos, hu…” Twlight tossia com a poeira levantada pelo trem que persistia em ficar no ar. “Nós vamos para Oasis. Por acaso há alguma carruagem que possa nos levar até lá?” Perguntava a unicórnio roxo.

Ele imediatamente se animava, observando a coroa em sua cabeça. “Oh, Princesa Twilight Sparkle! Lamento por isso. É que… “ele tossia”, deixa pra lá. Na verdade, tem uma carruagem vindo para buscá-la, e estou surpreso que ainda não esteja aqui, certamente eles estão tentando esconder as últimas garrafas de cidras antes de vocês chegarem lá,” ele ria.

Twilight levantava uma sobrancelha, mas logo percebeu uma nuvem de poeira vindo na direção deles.

“Falando neles…”, disse o pônei da estação. Twilight apertava seus olhos, mal era capaz de ver o pônei puxando a grande carroça. “Oh, o pônei que vai puxar sua carroça é o Road Rage. Boa sorte.”

Antes que Twilight pudesse perguntar o porquê do “boa sorte”, o pônei puxava para baixo uma proteção de metal da janela, a trancando, e então caminhava para fora da pequena casinha. Depois, como um andarilho no deserto, ele simplesmente seguia em frente, nunca olhando para trás. Apenas andava para o que parecia ser uma direção aleatória.

A carruagem fazia uma parada abrupta, quase arremessando o pônei que estava dentro para a frente.

“Me ajude, Road Rage. Se você fizer isso com a Princesa Sparkle dentro desta carruagem, terei que jogar você em uma jaula por um mês!” A voz de dentro gritava.

“Sim, sim, entendi, Prefeito.” O pônei puxador olhava para as seis pôneis. “Oh, e por falar nisso.”

“O que o pônei dentro da carruagem quis dizer com essa frase?” Twilight pensava.

“O que? Oh Princesas!” O pônei gritava, saindo da carruagem. Sua gravata vermelha brilhante entrava em um confronto terrível com sua pele verde e crina dourada. “Não percebi que vocês já estavam aqui. Estranho, o trem estava…” ele olhava para o relógio dourado de bolso, “minha nossa, foi realmente pontual? Essa é a primeira vez.”

“Bem, tendo uma princesa esperando é bem óbvio,” Disse Rainbow Dash com um sorriso.

“Suponho que sim. Bem, por que vocês todas não entram e eu começarei as apresentações fora desse sol?”

Elas acenaram, e embarcaram na grande carruagem, Twilight colocava a árvore em cima dela, enquanto Rarity guardava as bagagens no porta malas. O prefeito foi o último pônei a entrar, mas não sem algumas palavras bem escolhidas.

“Road Rage, estamos tentando chegar lá vivos, então nada de gracinhas.”

“Sim, sim, entendi, senhor Prefeito. Segure sua gravata.”

“Eu o faria se não fosse a razão de você sair que nem louco.”

Road Rage revirava os olhos enquanto o Prefeito caía sentado bruscamente no banco após o solavanco.

“Perdoe-me, alteza,” disse o prefeito, sentando próximo a ela.

“Tudo bem,” Twilight ainda estava tentando esconder o desconforto daquela situação. “E por favor, apenas Twilight Sparkle. Ainda sou nova para o título de princesa.”

“Oh sim, parabéns aliás.”

“Obrigada,” Twilight respondia com um aceno.

“Mas onde estão minhas maneiras? Eu sempre esqueço as apresentações. Sou o prefeito Billfold.”

“Oh, então é você que escreveu as cartas?” Perguntou Rarity.

“Bem, é o que estava na carta, mas foi minha esposa que escreveu para mim. Minha letra é um garrancho.”

“Estou surpresa que você conseguiu se tornar prefeito então. Não escreve muito?” Twilight perguntou.

“Escrever é trabalho de secretário.”

“Sei…”

“Então, posso perguntar quem são suas amigas?”

“Ah, desculpe, esta é…”

“Espere, espere, você não sabe quem nós somos?” Rainbow perguntava. “Mesmo?”

“Eu temo que não, jovem pegasus.”

“Mas como? Nós somos as heroínas da história.”

“Rainbow!” Applejack sussurrava.

“Qual o problema? Só acho estranho que nenhum pônei saiba quem nós somos.”

Twilight tossia. “Por favor, perdoe Rainbow Dash, prefeito Billfold.”

“Apenas prefeito está bom.”

“Certo, prefeito. Ela fala antes de pensar.”

“Ei!” Rainbow Dash protestava.

“E as minhas outras amigas são Applejack, Rarity, Fluttershy e Pinkie Pie.”

“Isso!” Gritava Pinkie Pie saltando na cara do prefeito.

“Oh sim, olá.” Ele recuava, enquanto a pônei rosa voltava para o seu lugar.

“Então, você realmente nunca ouviu falar de nós?” Rainbow perguntava mais uma vez.

“Bem senhorita Dash, a verdade é que as notícias demoram muito tempo para chegar até nós.”

“Vocês não tem um jornal?” Perguntava Rarity.

“Oh não, embora quando viajantes vêm para a cidade, ocasionalmente trazem consigo um jornal ou algo similar. O último foi há… um ano e meio atrás.”

Twilight piscava. “Um ano e meio?”

“Sim.”

“Tenho certeza que vocês têm rádio, há um canal de notícias.”

“Bem, nós temos apenas um rádio na cidade, e duas estações.”

“Que!” os olhos de Rainbow estreitaram.

“Como vocês conseguem viver assim, sem saber o que está acontecendo com o resto do mundo?” Twilight perguntava.

“Uma coisa que vocês têm que entender sobre Oasis, senhorita Sparkle, é que a cidade foi fundada por um grupo de pôneis que queriam pouco a ver com o resto de Equestria. Começou com um grupo de tendas, e assim que mais pôneis foram vindo, a primeira casa foi construída, e depois outra, até que a cidade foi construída por pôneis que geralmente fugiam de seus problemas, ou se cansaram das outras cidades.”

O casco de Rarity subia até o peito, deixando sair um suspiro enquanto tentava falar.

O prefeito levantava um casco, sacudindo a cabeça. “Não! Não! Por favor, não fique alarmada. Nós não toleramos bandidos e vândalos. Somos uma cidade construída com a finalidade de um novo começo. Muitos pôneis vêm para ficar apenas por um ano, limpar suas mentes, descansar, e então voltam para suas casas. Outros fazem dessa cidade seu lugar de repouso. Minha esposa e eu estamos nesse grupo.”

“Qual a razão, se não for demais a pergunta?” questionava Twilight.

“Não tem segredo nenhum. Para fazer uma longa e curta história ao mesmo tempo, minha esposa e eu viemos aqui cerca de doze anos atrás, depois que o pai dela a deserdou por se casar comigo. Nós não queríamos ficar na esnobe Canterlot, então a deixamos. Eventualmente, nós viemos até Oasis. Me tornei prefeito… se não me engano há oito anos.”

“Apenas quatro anos na cidade e eles o elegem prefeito?” Twilight levantava uma sobrancelha.

“Bem, eu ouso dizer que Thomas teve um papel fundamental para me ajudar com isso.”

“Quem é Thomas?” Perguntava Applejack.

“Ah, esse é o Sr. Baker, Thomas Baker, embora alguns na cidade passaram a chamá-lo de Tom.”

“O nome soa engraçado. O que é um Thomas?” Perguntava a pônei laranja.

“Bem, na verdade nós não nos conhecemos. Embora uma vez ele disse que havia uma locomotiva azul de onde ele veio que era chamado Thomas, então imaginei que tinha algo a ver com trens.”

Twilight batia em seu queixo. “Isso não faz sentido. O que trens, Tomas e o sobrenome Baker tem a ver um com o outro?”

O prefeito sorria. “Confie em mim, senhoria Sparkle, espero que você não se importe com o título, mas seu nome é bastante enganador. O sobrenome Baker vem de cozinheiro, e ele não poderia cozinhar para salvar uma vida.”

“O que? Então… não entendi nada.”

“Bem, retiro o que disse, ele sabe cozinhar e assar, embora ouso dizer que não é exatamente um banquete. Mas na época ninguém estava reclamando. O talento de Thomas é muito além disso. Ele é carpinteiro, encanador, e recentemente se tornou o eletricista da cidade mesmo com conhecimentos limitados sobre o assunto.”

“Então sua marca especial é algo relacionado a carpintaria?” Perguntava Twilight.

Com essa pergunta, o prefeito começava a suar, olhando para qualquer lugar, menos para a alicornio roxo. “Be…bem, não exatamente.”

“Prefeito, não estou conseguindo compreender. Ele é um pônei, certo?” Twilight levantava uma sobrancelha.

“C…claro que ele é, haha, quão bobo poderia ser se ele não fosse?” O prefeito gaguejava.

Os olhos de Twilight semicerravam. “Ceeeerto. Bem, então tenho algumas perguntas preliminares que preciso fazer ao Senhor Baker, mas enquanto estamos aqui, se importa em responder algumas?”

O prefeito engolia seco, enxugando a testa com um lenço. “Bem, digo, se elas são para o Senhor Baker, certamente eu não seria capaz de responder por ele.”

“Oh, mas eu insisto. São perguntas bem simples. A primeira e a mais óbvia, como o Senhor Baker fez para não ter sua magia roubada por Tirek?”

“Bem…hu… ele estava fora da cidade!”

“Estava fora da cidade…” Twilight repetia lentamente.

“Sim, estava trabalhando fora. E quando voltou para a cidade, nós estávamos todos enfraquecidos, então ele nos ajudou.”

“Prefeito, Tirek poderia sentir a energia de um pônei a quilômetros de distância. Você está tentando me dizer que ele conseguiu evitar de ser detectado só porque estava fora da cidade?”

“Bem, v…veja bem, Senhorita Sparkle, há muitas casas a quilômetros de distância de Oasis. É o caso do fazendeiro Take Farmer, por exemplo. Ele mora cerca de trinta quilômetros a leste daqui.” O prefeito tossia. “E f…foi isso que aconteceu, ele foi naquela fazenda consertar o encamento do Sr. Take Farmer!”

Twilight continuava a encarar o prefeito, que já estava se encharcando de suor.

“Prefeito, eu realmente estou duvidando…”

“Oh vejam! Chegamos.” O prefeito interrompia Twilight.

E então a parada abrupta interrompia repentinamente a todos dentro da carruagem.

Road Rage desamarrava os arreios, balançando o corpo para se livrar da fina camada de poeira que cobria sua pele marrom a crina negra. Afinal, ele deveria ficar com uma aparência agradável para a Princesa. Com um salto feliz em seus trotes, ele se dirigia até a porta da carruagem, com vozes gritando do lado de dentro, mas sem que ele desse tanta atenção.

“Uggh, olha o seu casco Pinkie!”

“Desculpe!”

“Alguém me diga que isso é a crina de alguém e não a calda!”

“Road Rage, quando eu colocar meus cascos em você…”

“Calma, Dash. Você quase sentou no meu rosto.”

Casualmente, ele torcia o casco para girar a maçaneta e abrir a porta. Todos os sete pôneis caiam para fora da carruagem, com Pinkie sendo a última a sair com uma risadinha.

“Weee! Foi divertido!” ela dizia saltando.

“Nunca mais passeio em uma carruagem como essa,” Rarity bufava, se levantando.

“Oh, sinto muito, Twilight.” Finalmente, o prefeito foi o último a ficar de pé, com sua gravata pendurada em seu colarinho solto.

“Road Rage,” O prefeito resmungava.

“Sim, senhor?”

“Leve a carruagem para o hotel, descarregue a bagagem das visitantes e em seguida vá até o meu escrtório para discutirmos a sua RESCISÃO!” O prefeito gritava na última parte.

O jovem garanhou o saldou, sorrindo. “Sim, sim.”

Novamente conectado à carruagem, ele partia levantando poeira.

“Estou pensando seriamente em estabelecer um limite de velocidade para carruagens, mas temo que Road Rage veria isso com um desafio.” Dizia o prefeito, tentando arrumar a gravata desfeita.

“Sim, eles tentaram fazer isso para nós pegasus em Cloudsdale.” Disse Rainbow.

“E eu tive que tirar você da cadeia oito vezes por causa disso,” Fluttershy sussurrava.

“Bem, tenho certeza que todas desejam se encontrar com o Sr. Baker, mas sinto que deveria mostrar a vocês os trabalhos deslumbrantes que ele fez primeiro. Sigam-me, por favor.”

Enquanto caminhavam, Twilight analisava as construções, ainda sem certeza se era realmente uma cidade ou apenas um estabelecimento. Pelo menos era o que aparentava para ela, mas uma estrutura chamava sua atenção.

“Aquele é a varanda que você disse que o Sr. Baker fez?” Rarity perguntava antes que Twilight o fizesse.

“Sim. Lá fica a hospedagem de Sunny Side. É onde vocês vão ficar. Thomas fez um trabalho maravilhoso com a varanda. Atrevo-me a dizer que se um dia a hospedagem desmoronar antes do tempo, a varanda ficará lá para sempre.”

“Me atrevo a pensar o mesmo.” Rarity trotava examinando os basílicos. “Ele esculpiu esses também?”

“Sim, cada um deles feitos com as mã… digo, casco. Levou duas semanas para terminar.

“Trabalho impressionante.” Rarity deslizava o casco na pilastra.” Muito lisas, sem manchas. Simplesmente incrível.”

“Você tem um olho afiado para os detalhes, senhorita.”

O grupo de pôneis olhava para a pônei na varanda que havia acabado de falar. Ela usava um vestido vermelho e branco, além de um avental também branco. Sua pele verde se complementava com sua crina loira.

“Nossa, você se parece muito com minha avó.” Applejack deixava escapar.

“Sério, eu pareço velha?” Ela dizia com um sorriso.

Applejack balançava a cabeça. “Não, quiz dizer quando ela era jovem…”

“Estou brincando.” Ela piscava, se virando para Rarity. “Foi mesmo um ótimo trabalho do Tom. Eu disse a ele que não precisava ser tão perfeccionista, mas bem, quando se trata do Tom e de madeira, ninguém segura.” Ela acrescentava com uma risada.

“Ele certamente o fez, senhorita…?”

“Sunny. Sunny Side. E como podem ver minha hospedagem tem o mesmo nome. E vocês são a comitiva que vieram ver o velho Tom?”

“Correto, senhorita. Sou a Princesa Twilight Sparkle, mas me chame apenas de Twilight. E essas são minhas amigas Applejack, Fluttershy, Rainbow Dash, Pinkie Pie e Rarity.”

“Prazer em conhecer vocês todas.”

“Senhorita…” Twilight começava.

“Me chame apenas de Sunny, querida.”

“Certo, Sunny, o que você quiz dizer com “velho Tom”? Quantos anos ele tem?”

“Oh, isso é apenas um modo de dizer. Ele gosta de agir como se fosse mais velho, mas todos nós sabemos que é apenas um show.”

“Isso não responde a minha pergunta. Quantos anos ele tem?” Repetia Twilight.

“Você tem cara de quem é faminta por informações.” O sorriso de Sunny hesitava por um momento, então ela continuava. “Se não me falha  amemória, ele faz quarenta e quatro neste ano.”

“É novo ainda. O pai de Braeburn trabalhou até os setenta e oito.” Disse Applejack.

Twilight puxava uma pena e um pergaminho e anotava a nova informação.

“Então Sunny, o que você pode me dizer sobre o Sr. Baker?”

“Há muitas coisas que posso dizer sobre ele, tanto verdades quanto fofocas. Mas dentre todas elas, posso dizer com honestidade que ele é um garanhão com um coração muito amável. Graças a ele a cidade foi reerguida assim como seus moradores, e como você já viu, seu ofício de carpinteiro é uma maravilha.”

“Isso eu já percebi, mas não pode me falar nada sobre sua vida pessoal?? Ele é casado? Tem filhos?”

“Senhorita, temo que essas perguntas é melhor deixar para o próprio Tom responder. Ele não se importa em compartilhar suas informações pessoais com estranhos, mas nós como amigos dele respeitamos sua privacidade.”

“É justo.” Disse Twilight. “Então você saberia me dizer como o Sr. Baker não perdeu sua magia?”

Sunny Side abriu a boca para responder, e em seguida fechou, estalando a língua. “A verdade é que não faço ideia. Apenas me lembro daquele enorme monstro na cidade destruindo minha varanda, e logo depois o Tom me pegando e me levando para dentro. Eu estava tão fraca, me sentia mal do estômago, mas ele sempre estava perto cuidando de mim e me alimentando com aquele mingau dele.”

“Mingau? Que tipo de mingau? Já comi ótimos mingaus, especialmente o dos búfalos. Aquele mingau foi o mingauzante mingau mais mingauzasso que já expeimentei, mas era ótimo!” Pinkie Pie saltava em torno do grupo com um sorriso cheio de dentes.

“Era só um mingau. Mas seus métodos de cozinhar são, digamos, diferente dos nossos.”

“Entendo.” Twilight rabiscava mais um pouco em seu pergaminho, e com um brilho de sua magia o papel desaparecia. “Bem, obrigada pelas informações. Terei mais algumas perguntas depois.”

“Tenho certeza que sim, senhorita. Certifiquem-se de voltarem às seis da tarde para o jantar.”

“Oh, oh!” Pinkie saltava com um casco no ar.

“Pinkie, não vai ser mingau.” Disse Rainbow Dash.

“Aahhhh…”

“Voltaremos logo, obrigada.” Disse Twilight.

Com isso, Sunny Side voltava para dentro. O prefeito tossia, ganhando a atenção de Twilight mais uma vez.

“Bem, agora acho que poderíamos ver o escritório do Dr. Doc Hollywood e o belo trabalho que Thomas fez consertando o buraco no teto.”

Para as próximas duas horas, Twilight e suas amigas passeavam pela cidade, conhecendo vários pôneis que chamavam Oasis de casa. Assim como as respostas de Sunny, Twilight não encontrava ninguém disposto a dar qualquer informação relevante sobre o Sr. Baker, além daquilo que ela já tinha ouvido. Nenhum deles conseguia recordar como Tirek não drenou sua mágica também, com todos dizendo que ele não estava na cidade.

“Obrigada pelas informações, Senhora Stalk.” Twilight dizia, e novamente sua pena e o pergaminho desapareciam do nada.

“Sem problemas. Senhor Baker fez muito por esta cidade. Ele merece ser reconhecido por isso, por mais que ele não queira. Minha fazenda estaria muito pior se não fosse por ele,” dizia a pônei com um aceno, trotando de volta aos seus afazeres.

“Bem, com essa foram dez pôneis afirmando o quão incrivel é esse Senhor Baker. Então agora, prefeito, se não é demais, eu quero conhecê-lo.” Disse Twilight com um tom autoritário.

“Oh, s…sim, claro. Tenho certeza que ele já deve ter voltado para sua loja. Siga-me, por favor.” Dizia o prefeito.

“Seguir ele é o que já estávamos fazendo há mais de duas horas.” Rainbow Dash sussurrava para Twilight.

“Eu sei. Ele está tentando ganhar tempo.” Twilight sussurrava de volta.

“Você acha que que esse tal de Senhor Baker existe mesmo?”

“Não sei, mas espero descobrir isso logo.”

As seis pôneis seguiam o prefeito para um prédio de dois andares com uma pequena varanda na frente. A varanda era bem parecida com a de Sunny Side, porém com muito mais detalhes.

“Mais um trabalho do Senhor Baker, eu presumo?” Perguntava Rarity.

“Sim, ele construiu há algum tempo, antes de herdar essa loja.”

“Herdar? De família?” Twilight perguntava.

“Não, Thomas não tem parentes.” Twilight levantava uma sobrancelha. “Digo, na cidade.” O prefeito se recuperava, puxando o colarinho. “Thomas herdou essa loja do nosso antigo encanador que faleceu pela idade, o Senhor Fixit.”

“Então ele era aprendiz do Sr. Fixit?” Perguntou Twlight.

“Vamos assim dizer. De onde o Thomas veio, ele já era um carpinteiro e encanador, embora ainda meio amador, mas depois de alguns anos trabalhando para o Sr. Fixit, eu ouso dizer que o aluno superou o mestre.”

O grupo de pôneis caminhavam na varanda, com o prefeito abrindo a porta. Twilight observava uma placa no vidro de umas das janelas escrita “Aberto” entre!”

“Thomas! Sou eu, prefeito Billfold. Tenho algumas convidadas que gostariam de conhecê-lo!” O prefeito dizia em voz alta.

“Entrem! Sintam-se em casa! Vou descer em um minuto!” Uma voz rouca soava pela escada.

Twilight podia ouvir o som dos cascos caminhando no andar de cima. Ela olhava para suas amigas, todas olhando em volta para os objetos espalhados ao redor da sala de entrada. Além da entrada, havia outras duas portas, uma que levava ao andar de cima e outra com os dizeres “apenas funcionários”. Dentro da sala havia um balcão bem alto com uma caixa registradora em cima dela e outras bugingangas.

Havia cartões com informações de Baker, um sino prateado, e muitos lápis dentro de um frasco. Twilight levitava um dos cartões até ela, lendo cuidadosamente:

Sr. Thomas M. Baker

Mestre carpinteiro, encanador

Qualquer hora do dia

Telegrafia nº 459

“Se vale a pena fazer, vale a pena fazer direito!”

Twilight colocava o cartão de volta com os demais, em seguida, olhava para o resto da sala. A coisa mais óbvia eram os retratos nas paredes. A maioria fotos preta e brancas, cheias de pôneis, mostrando o progresso desta pequena loja e os residentes da cidade que a frequentavam. Por tráz do balcão, porém, ela podia ver espaços entre os quadros, que aparentemente eram outros quadros removidos.

“Uau, este Senhor Baker parece ser bem ocupado para um cidadão de uma pequena cidade.” A voz de Applejack tirava a atenção de Twilight dos quadros.

Applejack ficava ao lado da porta que era apenas para funcionários, onde um grande quadro de giz estava pendurado. Nele estava listado nomes, projetos, suprimentos e até uma data para conclusão. O quadro inteiro estava cheio. Havia uma nota ao lado do último:

Lulamoon – Viajante de carruagem – reparos concluídos

Aguardar o pagamento total

“Lulamoon, esse nome não lhe soa familiar Twi?” Applejack perguntava.

Na verdade, parecia vagamente familiar, mas ela não tinha certeza. Ela dava de ombros, se voltando para o resto de suas amigas que estavam observando as poucas prateleiras com itens à venda. Coisas como porta sabonetes para paredes de gancho, dentre outros cométicos.

“Essas argolas para cortinas de banheiro são bem bonitas. Eu devo comprar algumas quando o Sr. Baker descer.” Dizia Rarity, segurando uma argola branca polida com uma jóia azul decorada nela.

Twilight sorria, e então olhava para outro canto da sala. Um pequeno fogão a lenha ainda iluminado, com um coador de café repousando no topo. Perto dele, uma pequena mesa redonda com quatro cadeiras. Uma delas chamava a atenção de Twilight; era maior, com um encosto igualmente alto. Ela olhava de volta para o balcão.

Ele deve ser um pônei bem grande. Twilight pensava.

O som dos cascos descendo as escadas causava um olhar de expectativa a todas as pôneis. Twilight notava a expressão nervosa do prefeito, que corria os olhos à distância ao perceber Twilight olhando para ele.

“Oooops!”

Twilight engasgava quando o som de cascos pisando foi substituído com o tombo de um corpo. Felizmente, não foram muitos passos, enquanto um pônei terrestre azul se chocava com o chão, sua curta crina cor de cobre ficava uma bagunça.

“Sheri… digo… Thomas, você está bem?” O prefeito corria, ajudando o pônei a se levantar.

“Estou bem, obrigado senhor prefeito.” Dizia ele.

“Você é o Sr. Baker?” Rarity trocava olhares com Twilight, as duas já com pensamentos similares.

“Sim, sou eu.” Thomas disse.

Enquanto ele estava de pé, Twilight observava a camisa que ele estava vestindo, e suspeitava o quão longas eram as mangas.

“Não me admira que você tropeçou, querido. Essas mangas estão sobrando,” Rarity dizia, traduzindo os pensamentos de Twilight.

A unicornio branca trotava, examinando a camisa enquanto Thomas tentava se afastar.

“Não se preocupe, estou bem.”

“Sim, eu posso ver isso. Sua camisa está aos farrapos, meu bom garanhão.” Rarity se inclinava mais perto. “Essa camisa é grande demais pra você, não acha?”

Twilight olhava o prefeito, que estava visivelmente nervoso.

“Bem, veja você senhorita…?”

“Oh, me chame de Rarity.”

“Rarity, obrigado por perceber. Nosso alfaiate não tem como atender a todos, então decidi eu mesmo fazer essa.” Ele ria. “Pelo menos tem o meu nome.”

Twilight percebia a costura na etiqueta, branca com ambas bordas vermelhas escrito “Tom”.

“Muito bem, eu poderia fazer alguns ajustes apropriados? Eu trouxe meus equipamentos de costura, só para o caso de uma emergência.”

“Oh não, está bem assim. Além do mais, não há muito sentido em vocês ficarem na cidade. Depois de tudo, estou certo que vocês falaram com alguns pôneis da cidade e já tiveram uma compreensão de tudo o que aconteceu.”

Twilight piscava. “Uma compreensão? Senhor Baker, não temos absolutamente compreensão nenhuma.”

Pinkie repentinamente aparecia por tráz de Thomas. “Além disso, não podemos partir ainda bobo! Não até eu começar a festa chamada “obrigado por ajudar a cidade inteira!”

Thomas ria nervosamente. “N…não, obrigado, jovem pônei. Não preciso de uma festa, a cidade já me recompensou bastante.” Pinkie esvaziava a partir daí. Ele então se virava para Twilight. “Se você tem perguntas para mim princesa, posso economizar um tempo para respondê-las.”

Twilight sorria. Finalmente, ela estava prestes a obter alguma resposta coerente.

“Eu agradeceria muito, Senhor Baker.”

“Por favor, Thomas ou simplesmente Tom está bom.”

“Muito bem, Thomas. Devo dizer que você tem um balcão muito alto para quem é um pônei tão baixo.”

Thomas piscava, a pergunta não era o que ele esperava. “Oh, bem, isso é porque… eu uso para armazenamento! Ali atráz há um espaço para depósito, pois como você pode ver esta sala é muito grande, então eu aproveito o espaço.”

Twiligh acenava, embora não estivesse acreditando. “E a cadeira?”

“Perdão?”

Aquela única cadeira, na mesa. É bem maior do que o resto.”

“Oh, bem, eu acho mais confortável assim. Uma cadeira maior significa mais espaço para descansar.”

Nada mal. Twilight pensava. “Então Thomas, por que alguns quadros nas paredes estão faltando?”

Thomas piscava. “Os quadros?”

“Na parede atráz do balcão. Há várias lacunas onde teoricamente estavam mais quadros. É só uma curiosidade sobre isso.”

Thomas olhava para o prefeito, que agora estava suando como louco, e então olhava de volta para Twilight. “Bem, estou fazendo novos quadros para pregar ali.”

Oh, você é bom. “Certo, entendi.”

“Princesa, há algum problema com a maneira como moro na minha própria loja?” Thomas perguntava com uma sobrancelha levantada.

Twilight foi pega de surpresa com a pergunta. “O que? Não, eu estava penas curiosa sobre…”

“Bem, parece que você está tentando tirar alguma coisa de mim, alteza. Sou um pônei muito ocupado, como você pode ver naquela placa com tarefas anotadas, então a menos que você tenha alguma pergunta importante, eu apreciaria se pudessemos terminar.”

Twilight estremecia sob os olhares de Thomas. Ela estava errada? Havia muitas coisas curiosas, com certeza, mas tudo o que ele disse poderiam ser possibilidade. Ela se virava para Applejack, a pônei fazendeira olhava para Thomas em pensamentos. Se algum pônei poderia dizer se ele estava mentindo, era Applejack.

Repentinamente, o som dos cascos de um pegasus entrando dentro da loja fazia todos os pôneis pularem, o ruído inesperado foi rapidamente seguido por uma voz.

“Boa tarde, Tom. Eu tenho o seu…” O pônei carteiro parava, sua palavras sumiam ao perceber tantos pôneis olhando para ele. “Algum problema prefeito?”

O prefeito foi rápido ao reagir, quase correndo até o carteiro e envolvendo um casco ao redor do seu pescoço em uma vã tentativa de afastá-lo.

“Swift, é tão agradável ver você, mas como pode ver o Senhor Thomas está ocupado no momento, então se você puder apenas…”

O prefeito foi interrompido pelo pegasus carteiro que caía em gargalhadas no chão, espalhando as cartas que caíam de sua bolsa enquanto ele rolava no chão em ataques de risos.

“Sh…Sherife!!! O que o senhor está fazendo com essa camis…” o focinho de Swift era fechada pelos cascos do prefeito.

“Thomas estava prestes a dizer para a princesa sobre o ocorrido, para que elas pudessem ir.” O prefeito rosnava.

Os olhos do pegasus iam ligeiramente para o lado, na direção de Twilight em total compreensão, especialmente ao ver a coroa em sua cabeça.

“Oh! S…sua… majestade!” Swift ficava de pé, fazendo uma reverência.

Twilight não dava atenção, olhando novamente para Thomas.

“Sherife?!” Ela perguntava.

“Bem, sua alteza, muitas vezes sou um policial substituto para o xerife. Alguns pôneis acham divertido me chamarem assim.” Ele olhava para Swift, que ainda estava se curvando para pegar as cartas caídas.

Twilight olhava entre os três pôneis da cidade. Cada um de alguma forma em pânico, e estava na hora de acabar com essa charada.

“Applejack, como a representante do elemento da honestidade, poderia me dar sua opinião honesta se esse pônei está dizendo a verdade?”

Applejack sorria. “Acredito que posso, princesa.”

“E o que você me diz deles?”

“Se eles estivessem vestindo calças, estariam encharcados agora.”

O prefeito engolia seco, alto o suficiente para que todos pudessem ouvir.

“Obrigada Applejack. Bem, eu devo admitir, você se saiu bem, prefeito.” Twilight caminhava até o balcão, levitando um dos cartões. “Convencendo os pôneis a inventarem histórias, como desses cartões. Devo admitir que você fez um bom trabalho, mas não o suficiente.” Twilight balançava sua cabeça. “Tudo isso será um relatório para a Princesa Celestia.”

“E..espere alteza, por favor…” O prefeito dava um passo a frente.

“NÃO!!!”, Gritava Twilight, fazendo todos os pôneis pularem, incluindo suas amigas. “Já ouvi o bastante de suas mentiras, e francamente, estou chocada em ver como você foi tão longe para o que tem sido uma das épocas mais difíceis de Equestria desde a Nightmare Moon! E tudo isso por causa de dinheiro e… uma medalha?? Para um pônei que nem existe?”

“P…princesa…”

“Não Senhor Billfold, não vou ouvir mais nada.”

“Você pegou ele, Twi!” Rainbow aplaudia.

Twilight ignorava os aplausos da amiga. “Além disso, você nos arrastou a meio caminho através do continente, gastando nosso precioso tempo que poderia ter sido utilizado para ajudar os pôneis que realmente precisavam, e ainda por cima levando com você alguns cidadãos inocentes para os quais você jurou governar, e tudo para sustentar suas mentiras?”

“Sua alteza…” Thomas começava.

“Não, você fica quieto.” Twilight apontava um casco para ele. “De fato, mentindo diretamente não para uma, mas duas princesas de Equestria entre as outras acusações contra vocês três…”

“Espere, o que eu…” Swift era interrompido por um brilho de Twilight.

“Vocês três estão agora sob detenção. Como Princesa, estou dando a vocês voz de prisão.” Twilight dizia batendo seu casco no chão.

Atráz da alicornio roxa todas as suas amigas concordavam batendo seus cascos.

As orelhas de Swift se contraíam. Alguém ou alguma coisa estava se aproximando. “Hum, sua alteza?”

Twilight ignorava ele. “Agora, você vai me acompanhar à cadeia mais próxima. Felizmente é um dos prédios que você mesmo me mostrou, do contrário seria difícil conduzi-lo até lá.”

Os passos se aproximavam.

“Princesa Twilight,” Swift falava um pouco mais alto.

“Lamento o fato de vocês terem envolvido esse pônei carteiro, mas até iniciar os devidos procedimentos investigatórios ele também é suspeito e testemunha.”

“Mas…”

“A menos que…” Twilight olhava para o xerife e o prefeito. “Vocês estiverem dispostos a me dizerem a verdade aqui e agora.”

Os dois pôneis olhavam um para o outro.

Agora te peguei… Twilight sorria.

“Oh minha nossa, aí vem o Tom!” Disse Swift, se afastando da porta.

“O que?” Twilight se virava, notando que o prefeito tinha uma expressão aterrorizada em seu rosto.

Enquanto isso, o xerife estava sorrindo. “falando nele…”

Aquela frase…. A crina no pescoço de Twilight ficava em pé quando ela olhava para a porta. De pé, proximo a ela com duas longas pernas, estava uma criatura bípede, suas feições mascaradas na sombra que se projetava sobre ele graças ao sol batendo em suas costas.

A mandíbula de Twilight caía. O que em nome de Equestria era AQUILO?