Promessas de Papel

Valor-promessa

Fonte: cdn-img.fimfiction.net

Autor: Fervidor

SINOPSE: Filthy Rich tem um problema. Sua filha, Diamond Tiara, continua quebrando suas promessas para tratar suas colegas de classe com mais respeito. Na verdade, ela nem parece entender o que é uma promessa. Já que puní-la não aparenta ter nenhum efeito eficaz, Senhor Rich é forçado a elaborar um método educacional mais criativo. Mas como ele pode fazer uma filha tão mimada e materialista como Diamond Tiara entender o valor de uma promessa?

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Diamond Dazzle Tiara estava na frente da mesa de trabalho de seu pai Filthy Rich, movendo-se desajeitadamente em seus cascos sob o olhar severo e desaprovador dele. Ele estava com aquele olhar de desapontado em seu rosto, que poderia ser compreendido como você-está-escrencada-garota, o que significava que eles teriam uma daquelas longas conversas onde ambos prefeririam evitar, mas por razões ligeiramente diferentes.

“Você quebrou sua promessa, Diamond,” começava Filthy Rich.

“Mas papai…” Antes que Diamond terminasse, Filthy levantava um casco para silenciá-la.

“Pensei que nós já havíamos concordado que você não iria mais incomodar aquelas três alunas,” ele continuava. “E agora eu ouço da professora Cheerilee que não deu nem uma semana pra você começar tudo de novo. Você sabe muito bem que não gosto quando sua professora me traz más notícias, Tiara, se é que ainda dá pra chamar isso de notícia.”

“Não é culpa minha se aquelas três são um bando de flancos brancos imaturos,” Diamond murmurava. “Elas simplesmente me dão nos nervos.”

“Não é questão de você gostar ou não delas,” Filthy suspirava. “Você nem precisa se dar bem com elas, embora fosse isso que eu queria. Já aceitei que você não é o tipo de criança que faz amigos facilmente, mas esse não é o ponto agora. O ponto é que você tinha feito uma promessa.”

“Sim, para elas,” Diamond argumentava. “Eu nunca tinha prometido nada pra você ou para a professora Cheerilee.”

Filthy Rich levantava uma sobrancelha. “E isso faz alguma diferença pra você?”

“Claro que faz!” Diamond respondia. “Eu não me dou bem com elas, então quem se importa?”

Filthy Rich olhava para a filha momentaneamente com uma expressão preocupada, como se ele tivesse descoberto algo terrível. “Diamond,” dizia ele, lentamente. “Você sabe o que é uma promessa?”

Diamond Tiara parecia ligeiramente ofendida. “Que tipo de pergunta é essa? Claro que sei, não sou mais um bebê. Promessa é quando você quer que alguém faça alguma coisa que foi concordado.”

“Sim, mas por qual razão você deve honrar suas promessas?” Perguntava Filthy. “Qual a importância disso?”

Diamond franzia a testa. Não era assim que essas conversas costumavam acontecer. “A importância é que senão você vai pegar a cinta ou reduzir minha mesada?”

O pai colocava os cascos sob o queixo. De repente, ele parecia muito cansado. “E é só por isso? Você mantém suas promessas somente porque tem medo de ser punida?”

“Bem, sim?” Diamond respondia. Ela ainda não entendia o foco da conversa. “Eu acho.”

Havia uma pausa. Filthy continuava dando a ela aquele estranho olhar cansado por alguns instantes, em seguida, suspirava profundamente e se inclinava para a frente com seus cascos sobre os olhos. “Maldição,” ele murmurava. “A senhorita Cheerilee estava certa. Sou um fracasso como pai.”

“Oh, para com isso!” Diamond gemia. “Quem se importa com o que  a professora Cheerilee pensa? Olha, você vai me colocar de castigo, vai cortar minha mesada ou o que?”

Filthy nem sequer olhava para ela. “Que diferença isso faz? Você nem entende porque está sendo punida.”

Diamond não entendia; eles já não tinham passado por isso? Ela ficaria de castigo por ter quebrado alguma promessa que fizera para alguns flancos brancos, mesmo que ela entendesse que isso fosse totalmente injusto, embora não fosse boba de falar nada disso em voz alta. “…Espera aí, então você não vai me punir? Isso quer dizer que eu posso ir agora?”

“Bem…” Filthy acenava um casco para ela, gesticulando para que saísse. “Pode ir, eu… eu preciso pensar sobre tudo isso.”

Diamond virava-se para sair, sorrindo para si mesma. Isso havia sido melhor do que o esperado. Ela não tinha ideia do que estava acontecendo com seu pai, mas se isso era sinônimo dela sair impune, a pônei rosa clara faria qualquer negócio para não discutir sobre isso.

Ela estava prestes de tocar a maçaneta da porta do escritório quando Filthy Rich repentinamente lhe chamava atenção. “Diamond, espere um minuto.”

“Bah!” Ela sabia que era bom demais para ser verdade. Suspirando levemente, ela se virava para ele. “Sim Papai?”

“Já que você tocou no assunto, eu ainda não lhe dei a mesada esse mês, não foi?” Filthy meditava, coçando o queixo. “Por que não resolvemos isso agora antes que eu esqueça de novo?”

Diamond piscava. “…Mesmo?!” Ele ia dar o dinheiro agora? Estava ficando cada vez melhor! Ela rapidamente voltava até a mesa, esboçando o seu sorriso mais encantador. O que quer que estivesse acontecendo ali, ela estava decidida a aproveitar ao máximo. “Isso é ótimo! Obrigada papai!”

Filthy dava um tapinha nos bolsos do paletó. “Hmm, minha carteira não está comigo… Ah, espere!” Ele parecia ter uma ideia e abria uma das gavetas em sua mesa, colocando um dos cascos dentro. “Um momento, no final das contas tenho algo aqui pra você.”

Depois de remexer um pouco, ele tirava o que pareciam ser quatro papéis retangulares com um tom levemente verde. Ele os estendia para Diamond. “Aqui, pode levar.”

Diamond olhava para os papeis confusa. “O que são essas coisas?”

“Cédulas de Eyrian,” respondia Filthy. “É dinheiro do povo griffo.”

“Isso é dinheiro? Mas eles são feitos de papel,” apontava Diamond.

“Como eu disse, são chamados de cédulas,” dizia Filthy. “Originalmente eles podiam ser trocados por uma certa quantia de moeda, mas atualmente os griffos usam essas notas da mesma forma como usamos os bits. Eu ganhei algumas durante minha viagem a trabalho em Eyria, então pensei em dá-las pra você.”

Diamond Tiara pegava os pedaços de papel e dava uma olhada mais de perto. Eles estavam adornados com a foto de um griffo usando um chapéu engraçado cercado por muitos enfeites bizarros. Ela ainda tinha dúvidas, que desapareceram por completo quando viu a soma impressa nos cantos de cada uma das cédulas. Eram muitos zeros. “Quer dizer que esses papeis valem esses números impressos neles?!”

Filthy sorria. “Exatamente.”

A mente de Diamond espantava. Ela sabia que os griffos faziam negócios em Equestria e se perguntava qual seria a taxa de câmbio. Quando se sentia entediada, às vezes pegava algumas revistas complicadas do seu pai para tentar ler, e embora muitos dos detalhes lhe escapassem, ela parecia se lembrar de uma parte que falava sobre a economia de Eyria estar se saindo muito bem atualmente. Mesmo que a moeda dos griffos valesse menos em bits, aquela quantidade de zeros convertido para o dinheiro dos pôneis deveria valer muito.

“Oh,” ela dizia, e então olhava para o pai com um enorme sorriso no rosto. “Obrigada, papai, você é um paizão! E sei exatamente o que fazer com esse dinheiro. O Torrão de Açúcar inventou uma nova receita de bolo que eu estava morrendo de vontade de experimentar. Acho que vou lá agora mesmo!” Ela falava rapidamente enquanto se apressava até a porta, ansiosa para sair do escritório antes que seu pai a interrompesse de novo. “Tenho certeza que você tem muito o que fazer, então te vejo mais tarde! Tchau!”

“Tenha um bom dia, filha,” dizia Filthy Rich enquanto ela fechava a porta. Deixado sozinho, ele inclinava a poltrona para trás e ria baixinho. “Bem, ela vai ter uma decepção.”

Diamond não conseguia parar de sorrir enquanto trotava pela estrada até o Torrão de Açúcar, com as notas de griffo muito bem guardadas em sua carteira. A cada passo que ela dava, a deixava cada vez mais convencida de que estava carregando uma fortuna e imaginava um futuro cheio de doces deliciosos diante de seus olhos.

“Se é isso o que acontece quando quebro minhas promessas, deveria fazer mais vezes,” Ela pensava consigo mesma. Ainda assim, uma pequena parte de sua consciência achava a súbita generosidade de seu pai uma perplexidade. Talvez ele só não deve ter percebido a quantidade de dinheiro que tinha dado a ela? Seja qual for o caso, ela não estava prestes a reconsiderar. Era o dinheiro dela agora, justo e quitado.

Ela chegava ao Torrão de Açúcar e abria a porta. Correndo para dentro, a pônei rosa clara notava que era a única cliente no momento. Isso foi um pouco decepcionante, ela esperava pela chance de se exibir para seus colegas de classe, em particular aos flancos brancos, que provavelmente ficariam mais verdes de inveja do que aquelas cédulas ao verem o banquete que ela estava prestes a pedir. “Oh bem,” ela pensava. “Pelo menos posso aproveitar em paz.”

Não havia sinal dos bolos que ela falou, mas Diamond mal havia fechado a porta atrás dela quando Pinkie Pie repentinamente levantava a cabeça por trás do balcão com seu sorriso característico no rosto. “Oh! Olá Diamond Tiara! Os bolos estão sendo empacotados para encomenda, mas ficarei feliz em anotar seu pedido.”

“Olá, Pinkie,” dizia Diamond, sentando-se. “Eu soube dos novos bolos e pães doce que você fez e pensei em experimentar uns. Faça três pães doces de luxo. E traga um dos seus cupcakes especiais enquanto espero. Ah, e um grande milk shake de morango para acompanhar.”

Pinkie Pie dava uma risadinha. “Bem, então você vai ser a gastadeira de hoje?”

“Pode apostar.” Diamond tirava as cédulas de griffo da carteira e as espalhava no balcão com um sorriso confiante. “Isso deve cobrir tudo, não acha? E não se esqueça do troco.”

Pinkie olhava confusa para as cédulas, voltava a olhar para Diamond e novamente olhava as cédulas.

“Oh! Ooooh!” Ela exclamava e de repente começava a rir calorosamente. “Isso é… ha!ha!ha! essa foi boa! Nossa, a Apple Bloom estava errada, você tem senso de humor sim!”

“Ei!” Diamond Tiara franzia a testa. “Você quer dizer o que com isso? Vai me vender os doces ou não?”

“Heh… lamento garota, não posso.” Pinkie enxugava uma lágrima do seu olho, risos ainda borbulhavam dentro dela. “Eu gosto de uma boa piada tanto quanto de qualquer pessoa, começando tão jovem assim com as brincadeiras logo logo você vai ser outra Pinkie Pie! A cor já é parecida!”

“Eu não estou brincando!” Diamond insistia. “Eu te dei o dinheiro e quero os doces!”

Pinkie finalmente parava de rir e agora olhava para Diamond Tiara com uma sobrancelha arqueada em confusão. “Espera, você estava falando sério?”

Diamond assentia. “Como sempre.”

“Oh,” Pinkie Pie coçava a crina. “Bem, isso é constrangedor. Pensei que você só estava brincando. Adoraria te vender alguma coisa, mas com esse dinheiro, nada bom. Você precisa pagar em bits se quiser comprar alguma coisa. Aliás Diamond, de todos os pôneis, eu imagino que você, com o pai que tem, é a que mais deveria saber disso.”

“Ah! Estou vendo! Então meu dinheiro não é bom o bastante pra você, né?” Diamond bufava e empinava o focinho. Imaginava que Pinkie Pie estava indecisa. “Então talvez eu gaste meu dinheiro em outro lugar!”

Pinkie acenava com o casco. “Não, não, não! Você não entendeu. Essas cédulas não são boas em qualquer lugar porque não é uma moeda válida em Equestria.”

Demorava alguns instantes para as palavras serem processas corretamente na mente de Diamond. Uma vez que isso ocorria, sua boca se abria. ”…Como é!? Está falando sério?”

Pinkie assentia. “Tão séria quanto a cara da Maud Pie.”

“N-Não, isso não pode estar certo,” Diamond gaguejava, sacudindo a cabeça em descrença. “Tem certeza?”

“Ab-so-lu-ta-men-te!” Pinkie dizia. “Veja, Twilight me mostrou este livro interessante sobre todos os tipos de dinheiro existentes e eu definitivamente me lembro dela dizendo que este aí não pode ser usado para comprar coisas aqui. Você não vai encontrar ninguém em Ponyville que os aceite. Ela pegava uma das notas e dava um olhar curioso. Eu nunca vi uma de perto antes. Onde você conseguiu isso?”

“Meu… meu pai me deu,” respondia Diamond fracamente. “Ele disse que era minha mesada.”

“Uau, mesmo?” Pinkie colocava a nota de volta no balcão, parecendo genuinamente impressionada. “Eu não sabia que o Senhor Rich era brincalhão. Acho que isso o torna engraçado na sua família, né?”

Diamond olhava para as notas de griffo com uma sensação de afundamento no estômago. “Então… você está dizendo que meu pai mentiu para mim?”

“Hmmm, eu não sei?” Pinkie Pie inclinava-se desconfortavelmente para perto dela, olhando atentamente para a pônei rosa clara. “Ele disse que você poderia comprar qualquer coisa com esse dinheiro?”

“Uh… eu acho que ele não,” admitia Diamond, esvaziando um pouco. “Mas simplesmente não posso acreditar que meu pai acabou de me enganar!”

“Aquele Filthy Rich, que papelão,” Pinkie ria. “Eu tenho que me lembrar disso, ele enviando alguém para comprar coisas com dinheiro que não vale nada. Inestimável!” De repente, ela fazia uma pausa. “Oh, ei! Impagável! Tem que haver um bom trocadilho nisso em algum lugar.”

Diamond colocava seus cascos na cabeça e gemia. Isso não podia estar acontecendo. Ela foi traída. Traída por sua própria carne e sangue! E pra piorar, ela não conseguiria os doces que tanto queria hoje.

Se bem que por outro lado, poderia ter sido pior. Pelo menos não haviam outros clientes no Torrão de Açúcar para testemunhar aquela humilhação. Ela estremecia ao imaginar os flancos brancos testemunhando aquela cena. Ela nunca viveria com isso.

“Acho que devo ir,” ela murmurava sombriamente, pegando as notas do balcão. Ela ia ter uma conversinha com seu pai assim que chegasse em casa. Prestes a sair do Torrão, ela fazia uma pausa. “Hum, Pinkie? Você se importaria de não contar pra ninguém o que aconteceu aqui?”

“Não se preocupe com isso,” Pinkie sorria brilhantemente. “Será o nosso segredinho, eu prometo.”

O tom indiferente de Pinkie não deixava Diamond se sentindo realmente segura. “Eu estou falando sério,” ela enfatizava. “Nenhuma palavra pra ninguém!”

“Oh, relaxe,” Pinkie dizia. “Prometo não contar pra ninguém que você tentou comprar pães doces toda sorridente com dinheiro falso. Por isso eu fechei minha boca, tranquei com uma chave, escavei um buraco, enterrei a chave, depois construí uma casa em cima do buraco e fui viver na casa em cima do buraco! Cruze o meu coração, espere voar e enfie um bolinho no meu olho!”

Diamond a observava realizar aqueles movimentos ridículos com os cascos e falando todas aquelas coisas confusas ao mesmo tempo, sentindo-se envergonhada por ambos. “Por que fez isso?”

Pinkie parecia um pouco confusa. “Por que fiz o que? Essa é a minha promessa Pinkie Pie.”

“Sim, eu sei o que é,” dizia Diamond com a frustração rastejando em sua voz. “O que eu quero saber é por que manter essas promessas infantis são tão importantes pra você?!”

Por um momento, Pinkie apenas piscava e olhava para Diamond como se ela tivesse perguntado por que a grama é verde. Então ela começava a rir outra vez. “Sua garotinha boba! Se você não cumprir suas promessas, qual é o sentido de prometer alguma coisa?”

O que isso significava afinal? Diamond apenas balançava a cabeça e se dirigia para a porta. “Que seja. Desculpe por desperdiçar seu tempo.”

“Tenha um bom dia!” Pinkie gritava atrás dela. “Volte quando tiver dinheiro de verdade!”

Diamond estremecia. A falta completa de sarcasmo na voz de Pinkie de alguma forma só piorava a situação. A pônei rosa clara abria a porta com um pouco mais de força do que o necessário e quase se chocava com Fluttershy ao sair.

“Oh, desculpe, eu não queria…” Fluttershy murmurava, mas Diamond ignorava a pegasus enquanto se afastava com uma expressão de raiva no rosto.

Entrando no Torrão de Açúcar, Fluttershy virava-se para Pinkie Pie. A pegaso amarela parecia preocupada. “Aconteceu alguma coisa Pinkie?”

“Não posso falar sobre isso,” respondia. “Promessa Pinkie Pie. Então Fluttershy, o que vai querer?”

“Oh, o de sempre, por favor,” respondia Fluttershy.

Pinkie assentia. “Um bolo especial de cenoura chegando! Ei, você sabia que o dinheiro dos griffos é de papel?”

“Mesmo?” Fluttershy arfava.

“Sim,” Pinkie ria. “Diferente, né?”

Fluttershy colocava um casco sobre o queixo, parecendo bastante angustiada. “Aqueles pobres patinhos…”

“Heh, sim.” Alcançando o bolo de cenoura, Pinkie fazia uma pausa e inclinava a cabeça. “Espere o que você disse?”

Filthy Rich não saía da mesa, embora tenha pedido ao mordomo Randolph que lhe trouxesse algumas revistas para passar o tempo. Ele conhecia sua filha muito bem pra saber que ela voltaria direto para casa para lhe dar um sermão assim que descobrisse a fraude. Afinal, ela sempre foi do tipo conflituosa. Ele olhava por cima da sua revista sobre Economia Estável para observar o relógio na parede. A qualquer momento agora.

As portas se abriam e Diamond Tiara invadia o escritório parecendo uma minúscula tempestade rosa clara. “Ha!ha! Muito engraçado! Acho que prefiro ficar de castigo na próxima vez.”

Filthy colocava a revista na mesa e dava a ela um sorriso gentil. “Pelo visto você não conseguiu aquele bolo de que falou?”

“Você sabe perfeitamente que não!” Diamond estalava. ”Tem ideia de como eu quase fui humilhada no Torrão de Açúcar? A sorte é que só a atendente estava lá!” Ela batia as cédulas com força na mesa para dar ênfase. “Aqui está seu dinheiro inútil de volta!”

“Oh, bem, eu estava esperando que você os trouxesse de volta,” dizia Filthy. “Isso deixa a demonstração mais eficaz.” Ainda sorrindo calmamente, ele pegava uma das notas e lentamente a rasgava ao meio.

Diamond ofegava, com seus olhos arregalando em choque. “E-espera, o que você está fazendo?!”

“Rasgando essas notas, é claro.” Respondia Filthy num tom casual. Outra rasgada lenta transformava a cédula em quatro pedaços menores. “Você mesma disse que esse dinheiro é inútil”.

“Mas ainda é dinheiro, não é?” Diamond argumentava horrorizada. Se ela aprendeu alguma coisa crescendo na casa de pessoas ricas, era que destruir dinheiro se equiparava a um pecado mortal. Ver seu próprio pai cometendo tal “sacrilégio” era como ver Twilight Sparkle desfigurar uma das estátuas de Celestia com grafites anarquistas. “Digo, mesmo que não dê para comprar nada em Equestria com esse dinheiro, eles valem alguma coisa para os griffos, certo? Daria pra gastar tudo no país deles.”

“Na verdade, não,” respondia Filthy. Ele segurava uma das cédulas ainda intactas. “Este dinheiro é do antigo período Eyriano onde ocorreu a mais recente guerra entre griffos e minotauros, e que os grifos perderam. Por causa disso, Eyria teve que pagar os reparos realizados em Labyrinthia, que somado com as dívidas contraídas para financiar a própria guerra, causou uma inflação rápida. Você se lembra do que é inflação, não é?”

Diamond assentia. “É quando o valor do dinheiro cai à medida que os custos de bens e serviços sobem, certo?” Ela sabia muito bem a definição, mas ainda não entendia aonde o seu pai estava querendo chegar com tudo isso. Destruir dinheiro só para lhe dar uma lição básica de economia parecia ser um exagero sem tamanho.

“Exatamente,” respondia Filthy. “Agora, não vou te encher explicando os detalhes sobre como ficou a economia de Eyrian após a guerra. A questão é que os griffos acabaram tendo que imprimir mais e mais notas de banco apenas para acompanhar as despesas. O dinheiro deles se desvalorizou tão dramaticamente que, no final, precisaram de milhares dessas notas, milhões só para comprarem comida. Usá-los como papel era mais barato do que comprar a coisa real. Como você pode imaginar, a economia de Eyrian praticamente entrou em colapso. Felizmente, eles conseguiram se recuperar com a emissão de uma nova moeda que se mostrou estável, a Libra Peregrina, que eles usam até hoje. Claro, isso tornou esse dinheiro aqui completamente obsoleto.”

“Então como você vê, essa cédula é realmente inútil,” concluía Filthy. Ele começava a rasgar as demais cédulas, ainda nos mesmos movimentos lentos, quase como se estivesse saboreando. “Não apenas em Equestria. Você não poderia comprar nada com essas cédulas em qualquer outro lugar. Eles nem sequer têm qualquer valor como itens de colecionador, porque já existiam pilhas deles desde antes de saírem de circulação. Eles são, literalmente, apenas pedaços de papeis inúteis. Dinheiro que não tem valor não é dinheiro, não é?”

Assim que terminava de rasgar, ele dava um olhar sério para sua filha. “Agora, vamos falar sobre promessas”.

Diamond franzia a testa. “O que uma coisa tem a ver com a outra?”

“Tudo,” Filthy ria. “Falar de promessa e de dinheiro é mesma coisa.”

Diamond inclinava a cabeça confusa. “A mesma coisa?”

Seu pai assentia. “Ou melhor, dinheiro é promessa. Os bits que usamos para comprar e trocar coisas são promessas de uma transação justa de valor. Eles não são como jóias ou metais preciosos. Eles não são valiosos em si mesmos, mas sim porque todos concordaram que eles têm valor. É por isso que eles podem ser confiáveis. Quando você leva seus bits para o Torrão de Açúcar, os Senhores Cakes e a Senhorita Pie estão dependendo que esses bits gerem os lucros nos doces que você compra, para que eles possam usá-los para comprar algo do mesmo valor. Se esse acordo fosse quebrado, nossos bits deixariam de ser valiosos. Toda a nossa riqueza se reduziria a sucata, assim como essas cédulas que se tornaram pedaços inúteis de papel. Entende aonde quero chegar com isso, Diamond?”

Diamond balançava a cabeça lentamente no momento em que a compreensão despertava nela. “Acho que sim. Você está dizendo que as promessas são basicamente uma espécie de dinheiro?”

“Perfeito,” dizia Filthy Rich. “Não um dinheiro que você pode guardar em sua carteira e gastar em uma loja qualquer, mas o princípio é o mesmo. Você ainda pode comprar coisas com suas promessas, como lealdade, favores ou boa reputação. Mas isso só funciona se todas as suas promessas forem confiáveis, caso contrário ninguém vai te dar credibilidade. Mantendo suas promessas e honrando seus negócios, outros pôneis confiarão em você, pois verão que suas palavras têm valor. Esse valor é o que faz de uma promessa uma promessa.”

“O que faz de uma promessa… uma promessa?” Diamond murmurava.

“Dinheiro que não tem valor não é dinheiro, é?”

“Deixa de ser ingênua! Se você não cumprir suas promessas, qual é o sentido de prometer o que quer que seja?”

As sobrancelhas de Diamond levantavam no momento em que ela lembrava das palavras de Pinkie Pie. De alguma forma, tudo fazia sentido agora.

Percebendo uma mudança em seu comportamento, Filthy levantava-se da mesa. Ele se aproximava de Diamond Tiara e segurava o casco dela. “Promessas quebradas não têm valor, Diamond, e elas não lhe comprarão nada. Nem em Equestria, nem em qualquer outro lugar.” Ele colocava os pedaços rasgados das cédulas em seus cascos. “Promessas não cumpridas são como esses pedaços de papel sem valor.”

Diamond Tiara olhava para os fragmentos. Dinheiro absolutamente inútil que até mesmo Filthy Rich não sentia reverência por isso. Dinheiro que não era mais dinheiro real. Promessas quebradas.

Ela olhava para o pai. “Eu… eu entendi agora.”

“Espero que sim,” dizia Filthy com um leve sorriso. “Espero mesmo. Agora vamos tentar de novo. Você pode prometer ser mais gentil com essas três alunas daqui pra frente?”

Diamond hesitava e parecia pensar por alguns instantes. “Prometo tentar,” respondia ela.

Filthy meio que riu e meio que suspirou. “Bem, suponho que já seja um começo. E por que você vai manter essa promessa?”

Diamond Tiara ficava um pouco mais ereta, com um olhar expressando nova determinação. “Porque se eu quebrar minhas promessas, é o mesmo que não prometer nada. Minhas palavras não terão valor, assim como esse dinheiro rasgado.”

“Essa é a minha garota!” Filthy Rich dizia e dava um tapinha no ombro dela. “Bem, então acredito que te devo um bolo no Torrão de Açúcar. Na verdade, acho que até eu quero um. Por que não vamos lá agora?”

“Mesmo?” O rosto de Diamond se iluminava instantaneamente como um pequeno sol. Pulando de alegria, ela dava-lhe um abraço sincero. “Yay! Obrigada pai! Você é o melhor!”

Alguns minutos depois, ambos estavam a caminho, e Filthy Rich sorria enquanto Diamond Tiara trotava alegremente ao seu lado. Parecia que ele finalmente conseguiu ajudar sua filha a compreender o significado e a importância de uma promessa, e se permitia ter um pouco de orgulho paternal pelo feito. Ele não tinha certeza se a lição iria ser suficiente, mas esperava. Talvez hoje sua filha tivesse finalmente aprendido algo sobre o significado de confiança e valor?

Talvez, e apenas talvez, Diamond Tiara fosse um pouco mais rica a partir de hoje.

Nota do autor:

A inspiração para essa estória veio, principalmente, de um relato que um homem me contou anos atrás. Este homem teve um filho que foi vítima de bullying bastante frequente na escola. Chegou ao ponto em que o pai e o diretor da escola tiveram que chamar os valentões até a diretoria, quando o diretor basicamente os coagiu a prometerem deixar o filho do homem em paz. Enquanto ele estava lá, ouvindo, o homem teve uma epifania bastante deprimente: os intimidadores, ele percebeu, nem pareciam saber o que significava a palavra “promessa”, e muito menos porque eles deveriam se incomodar em cumpri-la.

Essa história meio que permaneceu em meu subconsciente por anos, aparecendo de vez em quando e me fazendo pensar: como alguém pode ensinar a uma criança o que é uma promessa? Quando aplicado a Diamond Tiara, a resposta de repente parecia óbvia: você usa dinheiro. Depois disso, essa história mais ou menos se escreveu. Eu amo quando isso acontece.

Audiolivro da estória (em inglês)

A páscoa e o dilema do consumo de carne

Rainbow indignada

Para os cristãos, a Páscoa é uma data de extrema importância que celebra a ressurreição de Cristo três dias após a sua morte por crucificação. A Páscoa também é definida por teólogos do mundo todo como uma “esperança viva” atribuída por Deus. Ou seja, uma data propícia para a restauração da fé em um mundo mais auspicioso, justo e misericordioso.

É exatamente no período que antecede a Páscoa que os cristãos se abstêm de “carne” – na realidade, quase sempre carne vermelha, e jejuam principalmente na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa. No entanto, é usual o consumo de peixes. Mas não seria o peixe um ser carnoso? Assim como o boi, o porco, o frango?

De fato, e inclusive com níveis de senciência e consciência equiparáveis a outras espécies animais, segundo o artigo “The Fish Intelligence, Sentience and Ethics” (A inteligência do peixe, senciência e ética), publicado na revista Animal Cognition em janeiro de 2015. Mas, claro, não precisamos de pesquisa alguma para concluir que um peixe sofre antes de morrer – basta testemunhá-lo se debatendo fora d’água enquanto é violentamente vitimado por asfixia.

Porém, é importante ressaltar tal fato porque exemplifica o equívoco da ideia de um “jejum de carne” nesse período – algo tão propalado por tanta gente que ignora o fato de que o peixe também é essencialmente um ser carnoso repleto de vida e interesse em não sofrer e morrer precocemente.

De acordo com o padre Paulo Ricardo, o jejum no período de Páscoa é uma prática plurissecular que mostra aos cristãos a importância de uma vida de ascese (prática que visa o desenvolvimento espiritual). Ou seja, o jejum do consumo de animais, desconsiderando o peixe, é uma forma de se alcançar à virtude da temperança, “uma virtude moral que modera a atração pelos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade.”

Mas se o “jejum de carne” representa algo em tão alta estima pelos cristãos, sendo apontado como uma grande virtude moral, por que não se abster completamente desse consumo, e não somente no período de Páscoa? Por que não incluir os peixes nessa abstenção fundamentada na virtude moral, já que eles também são animais? E como são sencientes, será que não inspiram a misericórdia da renovação da fé cristã? O exercício da violência contra outras espécies não é inclemente, em oposição ao desejo de um mundo justo e misericordioso?

Francisco de Assis, uma referência para milhões de católicos do mundo todo que se alimentam de animais, dizia que “todas as criaturas são nossos irmãos e irmãs”, e que eles não são seres com menos direito à vida do que os humanos – tanto que ele compartilhava suas pregações com pessoas e animais. Discursava que o seu amor por Deus se manifestava por meio de seu amor e respeito por criaturas humanas e não humanas.

Independente de seus hábitos alimentares, não seria uma mensagem de que não devemos endossar a violência contra outras espécies? Animais que domesticamos e tornamos vulneráveis para atender aos prazeres que não controlamos? À volúpia do paladar? Embora símbolo inquestionável do antropocentrismo no seio da civilização cristã ocidental. Tomás de Aquino escreveu na “Suma Teológica” que “o jejum (de carne) foi estabelecido pela Igreja para reprimir as concupiscências da carne, cujo objeto são os prazeres sensíveis da mesa.”

Mas não é isso que a maioria dos cristãos faz o ano todo, quando se alimentam desnecessariamente de animais? E, claro, para além da questão da virtude moral vaticinada pela Igreja Católica, sabemos que o consumo de carne não é essencial à vida; basta considerarmos a existência de veganos e vegetarianos saudáveis. Sendo assim, resta-nos uma conclusão – não há nada de nobre e equânime em comer animais, porque representa basicamente a primazia do paladar, ou seja, os “prazeres sensíveis da mesa”, que normalmente as pessoas não controlam por condicionamento, hábito e conveniência.

Aliás, muita gente usa Jesus para justificar o consumo de carne, afirmando que ele também consumia peixe. Mas se esquecem do detalhe que na época dele, há mais de dois milênios atrás, o alimento era escasso, não existia mercados, restaurantes, self service, comodidades de serviços de entrega, etc. Na época de Jesus, alimentação era uma questão de SOBREVIVÊNCIA, hoje é uma questão de ESCOLHA (como os próprios vegetarianos e veganos demonstram atualmente, tendo uma vida perfeitamente saudável).

O que Cristo mais fazia era discursar sobre a revolução do respeito, da dignidade, do amor incondicional, e ele fazia isso desafiando as pessoas da época a romperem as barreiras intelectuais, a desenvolverem a arte de pensar, de serem autocríticas, de questionarem as própria crenças e evoluírem tais virtudes com o passar dos anos, décadas, séculos…. ou seja, comparar uma dieta alimentar de mais de dois mil anos com a atual é o pior dos retrocessos, e ainda usar Jesus de exemplo é autodenunciar o fato de que não aprendeu nada do que ele ensinava.

A humanidade está seguindo o caminho de Cristo?

Todos os anos no Brasil, sem qualquer piedade, são sacrificados mais de cinco bilhões de animais, não por saúde, sobrevivência ou legítima defesa, mas por hábito, tradição, sabor e obviamente, dinheiro. Afinal, qual é a definição de holocausto? Seria o massacre de seres humanos ou o massacre de seres inocentes? Obviamente que é este último, o que nos leva ao maior dentre todos os holocaustos. Jesus foi capaz de sacrificar a própria vida pela humanidade, que por sua vez não é capaz nem mesmo de sacrificar o hábito, tradição e paladar.

Jesus salientava que jamais deveríamos perder a fé.

Peguemos de exemplo o argentino Claudio Bertonatti. Nas palavras do próprio Claudio: “Vegetarianos e veganos cometem equívoco ao acreditarem que não estão matando animais. Visitem um campo de produção pecuária e outro de produção agrícola na mesma região e anotem a diversidade de formas de vida que veem em cada um deles. O resultado será inequívoco: um cultivo (soja, trigo, milho ou arroz, para citar os mais difundidos) não convivem com muito mais que si mesmo. Inclusive, acontece isso com a horta mais orgânica do mundo. As espécies animais não somente não são bem vindas, mas também, nos cultivos não orgânicos (a maioria), são combatidas com biocidas ou agrotóxicos, quando não, tiros ou outras formas de luta para evitar a presença de predadores que causam danos ou perdas econômicas.” Com essa conclusão, Claudio que era vegetariano, voltou a ser onívoro.

Quando nos deparamos com um impasse ou obstáculo aparentemente insuperáveis, temos duas opções: A primeira é encará-los com sentimento de derrota ou fracasso, e a segunda, com sentimento de que temos algo a aprender e superar. Se optarmos pela primeira, seguiremos os passos de Claudio Bertonatti e desistiremos de lutar por um mundo melhor, seremos estacionários. Se optarmos pela segunda, entenderemos que vegetarianos e veganos estão conscientes de que não podem fazer milagres, de que não podem tornar o mundo perfeito da noite para o dia e que certamente nem viverão para testemunhar tal milagre. Mas é exatamente por não perderem a fé, por não desistirem, que edificam, ainda que gradativamente, uma sociedade que causa o menor dano possível em si mesmo, nos animais e na natureza, colocando em prática a revolução do amor que Jesus tanto pregava.

Certo dia Jesus disse: “No mundo, passais por várias aflições, mas tende bom ânimo, pois eu venci o mundo.” Ele quis dizer que reconheceu que a vida é sinuosa e possui turbulências inevitáveis (como as que Claudio Bertonatti mencionou), e encorajava seus íntimos a não se intimidarem diante das aflições da existência, mas a se equiparem com ânimo e determinação para SUPERÁ-LAS. Disse que tinha vencido o mundo, superado as intempéries da vida, o que indica que ele não vivia sua vida de qualquer maneira, mas com CONSCIÊNCIA, com metas bem estabelecidas e ao mesmo tempo, deixava bem claro de que todos nós somos capazes de fazer o mesmo.

Conheça duas maneiras fáceis de ajudar as vítimas da guerra na Síria

herois

Ajude a transformar o futuro de famílias inteiras desoladas pelo caos e sofrimento da guerra na Síria.

A guerra que assola a Síria tomou proporções ainda mais cruéis quando a notícia de que mais de mil crianças já foram mortas desde o início de 2018, foi divulgada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). As autoridades estimam que o número corresponde a uma morte por hora.. 4,5 milhões de cidadãos se viram obrigados à deixarem seus lares.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos ainda comunicou que cerca de 65% das vítimas faleceram devido aos bombardeios aéreos protagonizados por aviões do regime sírio e russo. O diretor regional da Unicef, responsável pelas regiões do Oriente Médio e Norte da África, Geert Cappelaere ainda ressaltou que há meses as entidades que atuam para ajudar as vítimas da guerra não conseguem acessar três áreas, onde o conflito tem se intensificado, são elas Idlib, Ghouta Oriental e Dera’a. Ele ainda calcula que mais de 5 milhões de pequenos necessitem de assistência humanitária em todo o território sírio.

A pediatra síria Amani Ballour, de 30 anos, responsável por cuidar das vítimas da região de Ghouta Oriental, comunicou, em entrevista ao portal brasileiro R7, que não há lugar seguro, visto que os ataques ministrados pelo governo do presidente Bashar al-Assad, têm tido como alvo hospitais, creches e escolas.

Diante de tanto caos, sofrimento e desespero, há duas atitudes possíveis: a primeira, que claramente não ajudará essas pessoas, é cruzar os braços. Já a segunda, trata-se de assumir nossa responsabilidade social e ajudar a transformar o futuro de famílias inteiras que estão à procura de algo que, infelizmente, não faz mais parte de suas vidas: a paz.

Então, ao invés de gastarmos nosso dinheiro apenas com netflix, jogos eletrônicos, etc, por que não ajudar também? Por que não desenvolvermos em nós a caridade desinteressada? (SIM, desinteressada, existe um significado muito importante por trás desse termo…).

Conheça duas maneiras de ajudar as vítimas:

1. Ajude os Capacetes Brancos

Encabeçada pelo líder humanitário Raed Al-Saleh, esta organização é responsável por procurar e salvar vítimas em regiões controladas pelos rebeldes, inclusive em Aleppo.

Até o presente momento, 10 mil feridos já foram resgatados durante o conflito. Integrantes também desempenham, além da retirada de pessoas de bombardeios e escombros, as tarefas de arrecadação de dinheiro para próteses e apoio psicológico aos familiares dos mortos. Saiba como ajudar visitando seu site oficial.

2. Ajude o Salve As Crianças

Esta ONG é responsável por auxiliar crianças e seus familiares a fugirem dos conflitos que os afetam – tanto os que se mudam internamente, quanto aqueles que partem para outros países. Basta acessar o site https://www.savethechildren.org e clicar no botão vermelho “donate”.

Fonte: Claudia Abril

O mais dedicado e esforçado

Edital

Fonte: cdn-img.fimfiction.net

SINOPSE: A Escola da Princesa Celestia para Unicórnios Superdotados é famosa em toda a Equestria como um centro de excelência acadêmica. Apenas aos mais dedicados unicórnios são oferecidas vagas, selecionados por seu mérito acadêmico, habilidades mágicas e paixão pelo estudo. Para tornar o processo de admissão o mais justo e confiável possível, todos os candidatos recebem três exames avaliados por diferentes bancas de examinadores, que então se reúnem em particular para decidirem quais os candidatos que mais merecem uma vaga.

Autor: Pineta

***

“Posso ter a atenção dos senhores?” Perguntava a professora Crystal Clear, presidente do Conselho de Examinadores da Universidade de Equestria. “O cronograma para a rodada final de testes de admissão já está publicado no edital. Por favor, anotem o horário e o número da sala em que farão suas provas e certifiquem-se de estarem na sala de aula com cinco minutos de antecedência. Gostaríamos de lembrar aos pais que, embora vocês possam estar presentes durante o exame de seus filhos, devem permanecer em silêncio durante todo o teste.”

A professora estava na frente de uma multidão de pôneis no chão azulejado da universidade. Era o dia do vestibular, uma data importante no calendário acadêmico, quando todos os jovens e esperançosos pôneis que haviam passado na prova escrita de magia teórica foram classificados para a banca de examinadores que avaliariam suas habilidades práticas de magia e decidiriam a quem deveria ser ofertada uma vaga. A entrada da universidade estava agora cheia de pôneis nervosos, acompanhados por seus pais igualmente nervosos.

Após o breve discurso, a professora virava-se para sair, levitando sua prancheta com anotações diante dela. Mas ela não conseguia ir muito longe antes de ser parada por uma pônei verde clara com uma crina bem esbelta, usando um vestido sob medida.

“Professora! Quando vai sair o resultado da minha filha?”

“Divulgaremos a lista de aprovados semana que vem. Depois de termos avaliado todos os candidatos, os professores se reunirão para analisar os desempenhos dos alunos em todos os exames práticos, bem como no resultado da prova escrita, antes de publicarmos o resultado final.”

Era a política da escola que cada candidato recebesse três exames por diferentes bancas de examinadores profissionais para ajudar a tornar o processo seletivo o mais justo possível.

“Certo, e você vai classificar minha filha para capitã de sua equipe de esportes mágicos e ela receberá o prêmio Gold Prince Blueblood e…”

“Calma, o painel considerará todas as informações relevantes para julgar a aptidão de cada candidato para estudos mágicos avançados.”

Antes que a pônei pudesse fazer mais perguntas, a professora se afastava em direção à sala de professores da escola com uma expressão severa, sem prestar atenção em todos os pôneis que a olhavam. Ela chegava à porta e desaparecia nesse refúgio particular. Os pais e os filhos ficavam em silêncio por um momento antes que a multidão se dividisse em pequenos grupos.

“Sei que estraguei tudo no último teste,” dizia uma pequena pônei roxa em lágrimas com uma crina rosa, roxo e indigo. “Nunca pensei que eles me pediriam para fazer uma metamorfose de quatro dimensões. Cadence nunca disse nada sobre isso. E quando perguntaram sobre as interações fundamentais entre a magia dos unicórnios e os espíritos terrestres, eu só conseguia pensar em cinco… eu deveria saber que existem mais… e…”

“Twilight,” dizia a mãe. “Você foi capaz de fazer tudo o que eles pediram. Tenho certeza que se saiu muito bem.”

“Mas não fiz tudo corretamente,” Respondia Twilight enquanto lia as pontuações do teste em um pergaminho levitando em torno de sua cabeça com uma aura rosa. “E o próximo teste é o último, onde eles me perguntarão algo realmente difícil. Eu tenho que acertar. Preciso ler um pouco mais sobre os limites práticos dos encantamentos infinitos.”

Ela levitava um livro de sua mochila e começava a folhear as páginas.

“Twilight,” dizia a mãe. “Há uma lanchonete adorável do outro lado da rua. Temos meia hora antes do seu exame final. Vamos lá tomar um sorvete?”

“Não posso. Tenho que aprender isso agora.”

“Você não pode aprender muita coisa em trinta minutos filha.” Dizia seu pai. “É melhor tentar relaxar.” Com a autoridade dos pais, os dois pôneis adultos levavam a pequena Twilight para fora dos portões da universidade.

Do outro lado da faculdade, uma jovem unicórnio cor de marfim com a crina rosada e encaracolada soluçava incontrolavelmente enquanto seus pais tentavam consolá-la. “Eu não pude fazer nada, eles… eles me pediram para formar um octaedro usando uns gravetos, mas eu não conseguia lembrar o que era um octaedro! Fiquei nervosa e deu branco! Então eles só perguntaram se eu poderia pelo menos levitar os gravetos, e eu deveria ter sido capaz de fazer algo simples assim, mas eu congelei de nervosa e eles não saíram do chão!!”

“Está tudo bem Twinkle,” dizia sua mãe. “Não é o fim do mundo se você não conseguir uma vaga. Existem muitas outras boas universidades ou então você pode tentar de novo o ano que vem.”

“M-mas não posso esperar mais um ano e realmente quero estudar nessa. É a melhor, e tenho certeza que vou fazer amigos aqui, que gostam de estudar tanto quanto eu.”

Enquanto isso, no centro da sala, uma pônei azul e verde com uma crina loira confiantemente girava uma bolinha oval na ponta do chifre.

Superei totalmente aquele teste. Com certeza eles vão me oferecer uma vaga, afinal eles vão querer uma profissional como eu no time de levibol da escola.”

Ela disparava a bola contra a parede usando uma levitação de alta potência, então a parava no ar quando a bola rebatia de volta.

“Ei você, pegue!” Ela jogava a bola para Twinkle, que congelava, olhando para o projétil que se chocava contra seu rosto. Ela se desfazia em lágrimas. O pai de Twinkle lhe dava um abraço reconfortante enquanto sua mãe focava com um olhar gelado contra a agressora, mas decidiu, com certa resistência, não criar confusão.

“Você certamente deve receber uma oferta Sapphire Scrum,” dizia sua mãe. “Ainda mais depois de todas as aulas particulares que pagamos.”

“Mas não posso aceitar,” acrescentava a filha, levitando a bola novamente. “Parece uma escola secundária. Acho que nem quero estudar aqui.”

“Você vai aceitar a oferta sim senhora!” insistia a mãe. “Mesmo que você não esteja interessada em estudar, ser aluna da escola da Princesa Celestia abrirá muitas portas pra você.”

Dentro da sala dos professores, a professora Crystal Clear bocejava. Tinha sido um longo dia, e eles ainda tinham um conjunto final de candidatos para avaliar antes de irem jantar. Ainda assim, lembrava a si mesma que o esforço valia a pena. O trabalho de ensinar era muito mais fácil se você escolhesse os alunos certos para isso.

Infelizmente, nenhum processo seletivo era perfeito, e os professores estavam cientes de que todos os anos cometiam erros. Pôneis brilhantes iriam falhar sob pressão e nervosismo e perderiam uma vaga. E pior, às vezes eles admitiam terem aprovado equivocadamente candidatos que não estavam preparados, o que tornava uma dor real na hora de dar aula. O corpo docente não se esqueceu das consequências de aprovarem a senhorita Trixie há alguns anos. Daí o sistema de três exames, que tornou o vestibular o mais confiável possível no tempo restrito.

Eles tinham um intervalo de quinze minutos antes de voltarem aos exames. A professora sentava-se em suas almofadas de pelúcia, servia-se de uma xícara de chá de um grande bule azul e branco, acrescentava uma gota de limão e tirava alguns biscoitos de um prato. Ao redor dela, a equipe estava comparando notas. A essa altura do dia, ficava claro quem eram os favoritos para preencherem as primeiras vagas, mas os candidatos que iriam ficar com os últimos lugares ainda era incerto.

Seu colega, o professor Arpeggio estava lendo as notas de outro membro do conselho de exame. “Você deu nota dez para essa aluna! Sério? Não acha que foi generoso demais?” Ele perguntava.

“Fui bem criterioso, não teria dado essa nota se ela não merecesse. Aliás, vejo que você não não teve a mesma opinião com a candidata Miss Scrum,” O professor Nota Baixa respondia.

“Você deu a ela nota quatro, isso parece generoso?”

“Sim, ela estava bem em levitação, mas não conseguia soletrar seu próprio nome, quanto mais lançar qualquer encantamento sério. Ficou claro, depois de cinco minutos, que ela não tinha aptidão para a vaga. ”

“O que ela conseguiu na prova escrita?”

“Setenta e um. Mas isso não é uma surpresa. Ela foi para a escola preparatória, onde resolveu os testes de todos os vestibulares anteriores nos últimos cinco anos.”

Crystal Clear olhava para as anotações do professor Nota Baixa e as lia. “Você só deu à Senhorita Twinkle Twirl um três, por que?” Ela perguntava.

“Nós não conseguimos tirar nada dela. Ela começou a chorar depois de alguns minutos e não conseguiu fazer mais nada.”

“Nossa, ela provavelmente só estava nervosa! Os professores Art Liberal e Cap Square gostaram dela. Lhe deram uma nota sete.”

O professor idoso em outra mesa, ao ouvir seu nome, dizia: “Sim, ela nos mostrou uma bela demonstração de encanto de manipulação das luzes prismáticas. O conjunto de cores ficaram quase perfeitos. Vai ser uma pena se uma das vagas não for dela.”

“Mas de quanto foi a taxa de luzes que ela conseguiu filtrar no prisma de cristal?” Perguntava o professor Logic.

“Setenta e oito por cento, incluindo o infravermelho de onda longa que possui propriedades medicinais, nada mal,” Respondia Arpeggio. “Vamos ver as notas que os professores Rhetoric a Apple Polish darão a dela. Eu diria que ela ainda tem boas chances.”

A professora Clear empurrava os óculos mais para cima do focinho e tomava um gole de chá. “Algo mais que precisamos discutir? Alguma outra grande discrepância nas pontuações?”

Todos os unicórnios levitavam os papéis no ar à frente deles e examinavam as tabelas de pontuações.

“Eu vejo que você deu ao Sr. Sky Blue um cinco,” dizia Liberal Art. “Nós também achamos ele um pouco sem brilho. Apesar de toda a sua conversa entusiasmada sobre ser inspirado a estudar magia depois de ver a Princesa Celestia levantar o sol, não é o que todos dizem? Ele teve dificuldades para realizar a levitação mais básica, o que deixou bem claro a falta de estudo. Acho que podemos dispensá-lo. A classificação dos outros é bastante clara agora.”

“Precisamos falar sobre Twilight Sparkle,” dizia a professora Square Cap.

“Senhorita Sparkle?” Perguntava Crystal Clear. “O que há para discutir? Ela gabaritou. Ela tirou a nota máxima na prova escrita, e nenhum pônei conseguiu gabaritar desde a Sunset Shimmer. Nós dissemos ontem que com uma pontuação dessas ela teria que transformar o examinador em um vaso de plantas ou qualquer outro objeto para conseguir uma vaga. E, vejamos, foi você que deu nota dez a ela, não foi?”

“Não foi isso que quiz dizer. O problema é que com uma pontuação dessas, não tem como dar a ela exercícios padrões no teste final. Ela resolveu todos eles no primeiro exame.”

“Todos os testes? Até a trasmutação de pedras?”

“Ela transmutou todas antes de terminarmos de fazer a pergunta,” disse Square Cap.

“E a magia para criar uma ilusão?”

“Ela criou uma imagem em tamanho real de Starswirl no ar bem na nossa frente. Em cores, com todos os detalhes. Ela até acertou a barba.”

A professora Clear respirava fundo. A maioria dos novos alunos mal conseguia produzir uma aparência de uma forma simples.

“Temos exercícios reserva, não temos?” A professora Rhetoric falava.

“Usamos todos na metade do segundo exame. E ainda tivemos que pesquisar em nossas anotações antigas para encontrar algum exercício do ano passado que não tivesse sido reutilizado. Depois disso, tivemos que improvisar. Olhei ao redor da sala procurando por idéias e meus olhos caíram na porta da sala, então perguntei a ela como seria possível quebrar uma fechadura mágica. Em dois minutos ela decifrou o feitiço de criptografia e nos deu uma lista de sugestões sobre possíveis melhorias na segurança da escola.”

Os professores olhavam para a porta com um olhar preocupado. Poderia um candidato ter se infiltrado na sala dos professores?

“E devo dizer que ela também foi extremamente educada, modesta quanto às suas habilidades e, ao mesmo tempo, uma pequena e doce unicornio.”

“Mas o que vamos fazer então?” Perguntava Arpeggio. “Não temos tempo para pensar em novos exercícios.”

“Nós poderíamos simplesmente dizer a ela que ganhou uma vaga e não precisa do terceiro teste.” Sugeria o professor Lógic Empíric.

“Não podemos fazer isso. Seria injusto com os outros candidatos e nada profissional.” Respondia Crystal Clear.

“Bem, então, precisamos apenas definir algo muito difícil para ela,” disse Arpeggio.

“É isso que estamos tentando fazer!” respondiam os outros professores ao mesmo tempo. “Ela dá respostas perfeitas para tudo.” Acrescentava Apple Polish.

O professor Logic ponderava o problema. “Talvez pudéssemos perguntar a ela que pergunta ela faria a si mesma em um exame.”

Crystal Clear apontava a falha nessa ideia. “Ela pode pensar em algo que não podemos fazer ou responder.” Logic arregalava os olhos.

“E se nós darmos um teste impossível de resolver? Diga a ela para levantar a lua, ou prever o futuro ou se transformar em um alicórnio ou algo assim.”

“Vamos chamar ela de boba então? Ela saberia que é impossível…” dizia Arpeggio. “Prefiro não ver outra criança chorando hoje. Tem que ser algo que ela não sabe que é impossível.”

“Já sei!”

A professora Apple Polish virava a cabeça e focava sua magia em um armário no final da sala, que continha uma seleção de curiosidades ornamentais. Ela levitava um grande objeto oval, coberto de manchas roxas, até a mesa de café. Era um ovo de dragão antigo recuperado de uma escavação arqueológica alguns anos antes.

“Qual é a jogada? Ela tem que adivinhar o que é isso?” Perguntava Lógic Empíric.

“Eu pensei que poderíamos pedir a ela para chocá-lo.”

Todos os professores começavam a rir.

“Isso é perfeito,” dizia a professora Clear. “Ela não vai saber quantos anos tem. Vai tentar chocá-lo usando feitiços para ovos de pássaros, ou talvez um encantamento por fratura de energia, ou quem sabe o que mais? Será bem interessante ver o que ela vai tentar fazer. Eu acho que é até mesmo possível teoricamente chocá-lo, não muito provavelmente dada a idade, mas não há como um único pônei conseguir gerar energia mágica suficiente para chocá-lo. Isso é brilhante.”

Ela limpava um carrinho de chá com xícaras e pratos e colocava o ovo no centro. Enquanto isso, Apple Polish pegava um pedaço de papel e giz de cera e desenhava um esboço simples para mostrar um pequeno dragão dentro de um ovo quebrado. Ela colocava a ilustração na lateral do carrinho.

“Tudo bem, tudo bem,” dizia ela, ajeitando os cascos, arrumando os óculos e colocando folhas de sulfite novas na prancheta. “Lembrem-se, profissionalismo. Não podemos mostrar à Senhorita Sparkle qualquer sinal de nossa decisão ou o que esperamos dela.”

Adotando seus semblantes mais profissionais, os quatro examinadores caminhavam em direção à porta. Crystal Clear dirigia-se ao porteiro da escola. “Dê-nos alguns minutos para nos prepararmos e depois trazer o carrinho com o ovo, aí pode chamá-la para o teste.”

O porteiro assentia.

“Vamos conhecer a senhorita Sparkle.”

Eles saíam pela porta da sala dos professores com o olhar passivo e determinado de examinadores profissionais. Mas a professora Clear permitia-se um pequeno sorriso. “Essa aluna sim vai ser divertida de dar aulas.”

Os outros professores acenavam a cabeça. “Dá gosto ministrar aulas para um aluno assim.”

“Então, como vamos decidir quem será seu tutor pessoal?”

O melhor presente de natal

Natal

Fonte: cdn-img.fimfiction.net

SINOPSE: É quase véspera de Natal, e todos os alunos de Cheerilee estão ansiosos para passarem as férias em casa com suas famílias. Todos, exceto Scootaloo. Suas duas melhores amigas estão prestes a descobrirem que às vezes, amizade é o melhor presente que você pode dar.

Autor: JasonTheHuman

***

A última semana de aula antes do recesso natalino era sempre a mais demorada.

A escola de Ponyville estava cheia de conversas de alunos planejando o que fazer nas próximas semanas. Havia conversas sobre como passar as férias, visitas para ver parentes distantes e até mesmo previsões sobre os presentes que iriam receber. O natal era sinônimo de ficar sem aula, nenhuma lição de casa, e o melhor de tudo: presentes.

Sweetie Belle estava sentada em sua escrivaninha situada na parte de tráz da sala de aula ansiosa, ouvindo Cheerilee explicar as frações matemáticas com um pouco de entusiasmo, até que o sinal do recreio a acordasse de volta. Ela pegava sua lancheira e caminhava para a porta com Apple Bloom e Scootaloo.

Mas antes de saírem da sala, Cheerilee as parava. “Scootaloo, posso falar com você por um minuto?”

“Claro! Scootaloo olhava para as amigas e em seguida acenava para elas. “Vão na frente, eu alcanço vocês!”

“Nos encontraremos lá fora então, no lugar de sempre,” dizia Apple Bloom.

Elas saíam para o ar frio. Ainda não havia nevado, mas a grama já estava com uma fina camada de geada branca e os céus estavam opacos e cinzentos. As duas foram até o “lugar de sempre”, que era uma mesa de piquenique de madeira perto do parquinho, onde abriam suas respectivas lancheiras.

Sweetie Belle pegava um amburguer de pepino, o que significava que Rarity deve ter feito o lanche dela hoje. Essa era uma das especialidades da irmã. Apple Bloom tinha alguns queijos e bolachas, juntamente com uma garrafa de suco de maçã caseiro.

“Oi pessoal! Estou de volta!” Gritava Scootaloo alguns minutos depois.

“Foi rápido, nem abrimos as lancheiras direito,” dizia Apple Bloom. “O que a professora Cheerilee queria?”

Scootaloo abaixava os olhos. “Oh, uh… que eu participasse do festival do Dia da Família novamente.”

Sweetie Belle dava uma mordida em seu amburguer de pepino. “Não era pra você participar desse festival algumas semanas atrás?” Ela perguntava com a boca cheia.

“Era, mas meus pais estavam… fora da cidade novamente,” dizia Scootaloo, sentando-se ao lado delas. “Então Ruby Pinch acabou indo no meu lugar. E agora Cheerilee está perguntando se eu poderia participar esta semana antes da escola entrar em recesso natalino, mas novamente não sei se meus pais estarão na cidade.”

“Eles parecem viajar muito,” dizia Apple Bloom. “Acho que nunca os conheci.”

“Sim. Eles são… muito ocupados.”

“O que eles fazem?”

“Sabe como é. Muito trabalho, essas coisas,” Scootaloo dizia. Ela abria a lancheira e vasculhava através dela. A pegaso laranja pegava uma caixa de leite de soja, abria e tomava um gole. “De qualquer forma, eu perguntei a ela se eu poderia ir com Rainbow Dash, já que somos irmãs agora. Ela é praticamente da família para mim.”

“Aposto que a Rainbow teria um monte de histórias legais para contar no festival,” dizia Apple Bloom. “Mas não há mais ninguém que você poderia chamar? Nenhum de seus pais poderia ir com você?”

“Bem, não.” Scootaloo dava de ombros. “Não é minha culpa se a professora Cheerilee sempre me indica para o evento do Dia da Família quando eles estão fora da cidade.”

“Talvez você possa ir depois que aula acabar! Porque na hora do almoço seus pais devem voltar, certo? ”Sweetie Belle dizia. “Quero dizer, a menos que Rainbow Dash possa ir.”

“Sim. Talvez.”

Scootaloo terminava seu leite em mais alguns goles e sentava-se, assistindo suas amigas terminarem seus lanches. Apple Bloom dava uma olhada, observando a amiga.

“Acho que tenho uma maçã extra na minha bolsa, se você ainda estiver com fome. Quer Scootaloo?” Perguntava Apple Bloom.

“Hã? Não, obrigada. Estou bem.” Respondia Scootaloo.

“Não mesmo? Applejack sempre me dá umas maçãs a mais para o lanche da tarde.”

Scootaloo sacudia a cabeça. “Já tomei um bom café da manhă hoje cedo. Estou satisfeita, mas obrigada.”

“Normalmente você não traz muita coisa pra comer,” dizia Sweetie Belle. “Geralmente só te vejo com uma caixa de leite de amêndoas ou de soja ou algo assim. Às vezes você nem traz nada.”

“Bem, hum, isso é porque eu tomo muito café da manhã todos os dias!” Scootaloo dizia, com um sorriso meio desajeitado. “É uma espécie de rotina, sabe? Eu como muito de manhã e isso me dá energia para aproveitar praticamente o dia todo! ”

“Applejack sempre fala que o café da manhã é a refeição mais importante do dia, mas eu nunca dei bola” dizia Apple Bloom, encolhendo os ombros.

Scootaloo assentia, mas ainda estava olhando a maçã que saía da mochila da Apple Bloom. Por um momento, ela não dizia nada.

“Mas se você não vai comer tudo bem.”

“Tá no casco!” Apple Bloom estendia o casco com a maçã para ela.

“Obrigada.” Scootaloo repetia o gesto estendendo o casco, hesitando por um momento, e em seguida pegava a fruta. Ela dava uma mordida, depois falava de novo. Sua energia habitual parecia ter retornado. “Então, qual é o nosso plano hoje? O recesso natalino significa ainda mais tempo para tentarmos obter as nossas marcas!”

Apple Bloom pensava por um momento. “Há muitas colinas grandes na fazenda. Aposto que poderíamos tentar usar um trenó.”

“E patinação no gelo? Ouvi dizer que é divertido no inverno,” sugeria Sweetie Belle.

“Mas onde vamos conseguir patins?” Perguntava Apple Bloom.

“Aposto que podemos encontrar em algum lugar na cidade…” Sweetie Belle batia o queixo em pensamentos.

Elas ouviam Diamond Tiara e Silver Spoon falando e rindo alto antes de vê-las aparecerem. Ambas estavam usando cachecois que combinavam as cores.

“Papai contratou um fornecedor profissional para a nossa festa este ano. Um dos chefs mais famosos de Canterlot.” Dizia Diamond Tiara.

“Isso parece incrível. Virão quantos convidados?” Perguntava Silver Spoon.

“Oh, estamos esperando muitos. Mas na verdade, qualquer pônei está convidado para a nossa super festa especial de natal,” dizia Diamond Tiara. Ela fazia uma pausa, notando as três sentadas na mesa e dava um sorriso maroto. “Então, mas acho que vocês três não estarão na festa, não é mesmo?”

Ela e Silver Spoon riam e se viravam para irem embora. O rosto de Sweetie Belle ficava vermelho, e ela começava a se levantar antes que Apple Bloom a segurasse.

“Pois nós não iríamos mesmo se você nos convidasse!” A voz de Sweetie Belle falhava enquanto ela gritava atrás delas. Elas nem se viravam.

“Calma, Sweetie Belle”, dizia Apple Bloom. “Eu certamente não vou sentir saudade dessas duas quando a escola entrar em recesso.”

Scootaloo ficava sentada em silêncio o tempo todo. Ela dava uma mordida na maçã e mastigava devagar. “Eu simplesmente não suporto ela. Diamond Tiara acha que é melhor do que qualquer outra só porque ela tem pais com dinheiro.”

“Eles são a família mais rica em Ponyville…” Sweetie Belle lembrava.

Scootaloo sacudia a cabeça com um suspiro. “Tanto faz. Não importa mesmo.”

O sinal da escola soava novamente, e elas saltavam das mesas voltando para o interior da escola. Cheerilee caminhava até a lousa e começava a escrever, o giz batendo intermitentemente no quadro.

“Como o natal está perto, pensei que a aula de história de hoje deveria ser sobre a fundação da Equestria! Alguém pode me dizer os nomes dos líderes dos pégasus, unicórnios e dos pôneis terrestres que são lembrados durante este feriado? ”Cheerilee olhava esperançosa para os alunos.

Apple Bloom se acomodava em sua escrivaninha para esperar o resto do dia. Ela olhava para Scootaloo e a via descansando a cabeça no livro aberto, roncando baixinho.

O primeiro dia de folga havia chegado e trazia consigo um cobertor de neve. Apple Bloom acordava naquela manhã, olhava pela janela para a pitoresca paisagem de inverno e sabia instantaneamente o que tinha que fazer.

Levou alguns minutos para sair da cama, vestir um cachecol e botas e sair correndo pela porta da frente, mas a pegaso laranja já estava no clube das Cutie Mark Cruzaders em tempo recorde, situado na casa da árvore. Scootaloo estava esperando sentada e folheando uma revista em quadrinhos no clube. Sweetie Belle tinha aparecido poucos minutos depois, enrolada em um elegante chapéu e cachecol que Rarity havia feito para ela.

A neve já era de vários centímetros de espessura, perfeita para brincarem. Elas passavam algumas horas construindo paredes para uma fortaleza de neve.

Sweetie Belle olhava em volta da fortaleza que elas construíram. “Mas vocês realmente acham que podemos ganhar nossas marcas especiais construindo coisas da neve?”

Uma bola de neve batia na lateral do rosto dela, e ela ouvia Scootaloo rindo. “Eu não sei, mas é divertido!”

Sacudindo a neve de seu rosto e reajustando seu chapéu, Sweetie Belle rapidamente pulava para trás de uma das paredes da fortaleza de neve e começava a juntar mais neve em seus cascos. Apple Bloom reivindicava uma posição no centro, e Scootaloo estava na extremidade da clareira mais próxima do clube.

A batalha durava a maior parte da tarde, com alianças se formando e se dissolvendo, e territórios constantemente mudando de cascos. Bolas de neve voavam para a frente e para trás até o sol começar a se pôr atrás das árvores.

Eventualmente, Sweetie Belle gritava: “Trégua! Trégua! As três caminhavam em direção ao centro do campo e balançavam solenemente, declarando oficialmente a guerra. Apple Bloom não conseguia manter o semblante sério, e logo todas as três começavam a rir.

“Então o que vamos fazer agora? Hockey no gelo? Snowboard? Scootaloo tinha um largo sorriso no rosto.

“Que tal irmos para casa? Está ficando frio,” dizia Apple Bloom.

“Sim. Hoje foi divertido, mas acho que quero entrar e me aquecer também,” dizia Sweetie Belle. Ela bocejava. “Vejo vocês amanhã então!”

Ela começava a andar de volta para casa, mas Scootaloo a alcançava. “Tem certeza? Quer dizer, nós termos que aproveitar ao máximo as férias de natal! Não podemos perder nada disso!”

“Mas é apenas o primeiro dia,” dizia Sweetie Belle.

Scootaloo suspirava e suas asas baixavam. “Sim, tem razão. Vou ver o que a Rainbow Dash está fazendo então…”

“Não se preocupe, Scootaloo. Tenho certeza que vamos fazer muito mais coisas juntas nas férias antes das aulas voltarem,” dizia Apple Bloom.

Sweetie Belle de repente dava um pulo. “Oh! Oh sim! Eu esqueci de dizer a vocês algo importante! Rarity sempre prepara sua loja para a véspera de natal. Ela disse que poderíamos ajudar, e quem sabe poderíamos ser, tipo, as Cruzadoras da Decoração! ”

“Isso com certeza parece divertido!” Dizia Apple Bloom.

“Sim, e você sabe o que mais? Eu vou ver se ela deixa a gente fazer uma festa do pijama!” Sweetie Belle dizia.

“Ótimo! Eu estava esperando que pudéssemos ter uma festa dessas!” Dizia Scootaloo.

“Sim! Eu vou ter que pedir para a Applejack, mas acho que ela vai deixar,” dizia Apple Bloom. “Nos veremos então!”

As três se separavam em direções opostas, deixando três marcas de pegadas na neve.

“Estou tão feliz que você recrutou suas amiguinhas para me ajudar a decorar, querida,” dizia Rarity. Ela ficava na frente de uma pilha de caixas de papelão com os rótulos: “Decorações de Natal.” As Cutie Mark Crusaders estavam alinhadas, prontas para começarem a trabalhar. “E vocês duas têm certeza que suas famílias deixaram vocês dormirem aqui?”

“Sim! Applejack disse que tudo estaria bem,” dizia Apple Bloom.

“E os pais de Scootaloo se foram, então eles provavelmente não se importam,” acrescentava Sweetie Belle.

“Se foram?” Rarity perguntava, franzindo a testa. “O que você quer dizer com…”

“Viajando,” dizia Scootaloo rapidamente. “Então sem problemas.”

“Bem, então…” dizia Rarity, pensativa sobre os pais de Scootaloo viajarem na semana de natal sem a filha. “As mesmas regras de sempre, ok? Não toquem em nenhum dos meus suprimentos sem minha permissão. Vocês devem estar na cama às dez e meia da noite e nem um minuto a mais. Não corram pela loja. E, por favor, sem muito barulho, tentem manter o volume no mínimo.”

Sweetie Belle mergulhava de cabeça em uma das caixas e saía coberta de enfeites e guirlandas. “Onde nós começamos?” Ela perguntava.

Rarity mordia o lábio. “Eu estava pensando que vocês três poderiam começar com a árvore.” Ela apontava o pinheiro alto e esbelto no canto. Vou pendurar as coroas de flores nas janelas do andar de cima. Pensei em decorar com um estilo mais tradicional este ano. Ir a Canterlot no ano passado me deu todo tipo de novas idéias. ”

Uma das caixas começava a brilhar com uma suave luz azul, e várias grinaldas flutuavam com grandes fitas vermelhas e douradas amarradas em laços. Rarity inspecionava uma delas com uma expressão de desaprovação. “Um pouco desigual. Isso certamente vai precisar ser corrigido… ”

Enquanto ela corria e subia as escadas, as três foram deixadas para cuidar do resto. Sweetie Belle começava a abrir as outras caixas e a vasculhá-las.

“Então, o que vamos colocar na árvore?” Scootaloo perguntava, observando-a.

Sweetie Belle tirava a cabeça de uma caixa e passava para a próxima. “Rarity tem uns enfeites em algum lugar.” Ela verificava a próxima caixa. “Aqui estão eles!”

Apple Bloom pegava uma das bolas de natal vermelha e olhava para ela, com seu próprio reflexo distorcido olhando de volta. “Na minha casa, na maioria das vezes, temos nossos próprios enfeites caseiros. Todos estes parecem tão sofisticados.”

“Sim. Rarity diz que esses estão mais na moda para sua butique, ou algo assim.”

“Então, o que fazemos com eles?” Perguntava Scootaloo.

“Você sabe. Nunca decorou uma árvore antes?” Perguntava Apple Bloom. “Porque eu ajudo minha família com a nossa todos os anos!”

“Eu não posso dizer que sim,” dizia Scootaloo. Ela tentava sorrir, mas estava claramente envergonhada. “Mas me diga o que fazer e aposto que posso descobrir.”

“Mesmo? Huh… ” Sweetie Belle disse. Ela olhava para Scootaloo por um momento, depois seu rosto se iluminava novamente. “É fácil! Vou mostrar como Rarity e eu sempre fazemos.”

Elas corriam para onde a árvore verde recém cortada já estava apoiada no suporte. Apple Bloom empurrava a caixa de ornamentos e as três olhavam para a árvore.

“Mas como vamos colocar todos os enfeites nessa árvore enorme?” Scootaloo perguntava.

Sweetie Belle apertava os olhos. “Isso pode ser um problema…”

Rarity retornava com três canecas de chocolate quente levitando ao seu lado.

“Parece maravilhoso, meninas, muito obrigada pela ajud…”

Ela parava egolindo seco o que via. Scootaloo, estendendo o casco para enganchar uma única bola de natal em um dos galhos mais altos, estava de pé em cima de Sweetie Belle, que estava de pé em cima de Apple Bloom em uma torre precária ao lado da árvore.

“Não colocou ainda, Scootaloo?” Apple Bloom dizia ofegante, esforçando-se sob o peso.

Scootaloo se inclinava, rangendo os dentes e se esticava o mais perto que conseguia. “Qua… quase lá!”

“Meninas! Desçam imediatamente!” Rarity gritava.

Scootaloo pulava e revirava os olhos. “Nós estávamos sendo cuidadosas…”

Apple Bloom soltava um suspiro e desabava no chão. “Talvez Rarity tenha um ponto. Eu não tenho certeza de quanto tempo eu seria capaz de segurar vocês duas.”

“Eu acho que…” Sweetie Belle dizia. Ela pegava uma das canecas fumegantes de Rarity. “Nós estávamos apenas tentando ajudar.”

“Vocês podem ajudar de um jeito menos perigoso e sem tanta bagunça,” dizia Rarity.

“Desculpe, Rarity,” Sweetie Belle murmurava.

Rarity dava um suspiro de exasperação e balançava a cabeça. Um fio de ouro se erguia da caixa como uma serpente sendo enfeitiçada, e ela começava a envolvê-lo em volta da árvore em espiral. Rarity fazia uma pausa por um momento, olhava para as três e dizia: “Suponho que vocês possam ajudar com os galhos mais baixos.”

As três trocavam olhares, depois Sweetie Belle trotava e tirava mais alguns enfeites. Scootaloo e Apple Bloom seguiam o exemplo.

No final do dia, a Botique Carrossel estava completamente transformada. Decorações em verde, vermelho e dourado estavam penduradas nas paredes, e a árvore brilhava com as lantejoulas.

A crina de Rarity estava levemente bagunçada, mas ela sorria. “Obrigada pela ajuda garotas,” dizia ela, examinando os resultados.

“Isso foi ótimo. Eu nunca percebi o quanto foi divertido!” Scootaloo dizia, olhando para a guirlanda que decorava a sala.

“Este foi um dos melhores natais! E é melhor ainda quando nós estamos juntas nos ajudando,” acrescentava Sweetie Belle.

“Mas está ficando tarde agora,” dizia Rarity, olhando pela janela. No escuro, flocos de neve podiam ser vistos descendo como minúsculos pedaços de luz que sopravam ao vento e se acumulavam nas bordas da janela. “Vocês três não devem se arrumar para a cama?”

“Já?” Sweetie Belle choramingava.

“Lembrem-se do que eu disse. Dez e meia.” A resposta de Rarity era curta. “Estou esperando clientes amanhã bem cedo. Agora subam as escadas e se arrumem.”

As três se aborreceram caminhando até as escadas, em direção ao quarto de Sweetie Belle. O quarto já estava arrumado para elas. Havia apenas uma cama, mas ainda era larga o suficiente para caber todas elas confortavelmente. Sweetie Belle pulava em cima.

“Se ficarmos quietas, Rarity não saberá que estamos acordadas e poderemos ficar acordadas a noite toda!” Ela dizia.

Apple Bloom sorria. “Sim! Nós sempre dizíamos que um dia íamos ficar acordadas até tarde, e hoje é o dia!”

“Não sei quanto a vocês, mas eu não estou com sono!” Sweetie Belle acrescentava, pulando para cima e para baixo. “De todas as festas do pijama das Cutie Mark Crusader, esta será a melhor de todas!”

“Sim!” As três gritavam juntas.

Três batidas fortes chegavam à porta. “Lembram do que falei sobre o volume baixo senhoritas?” a voz de Rarity ecoava.

“Uh, entendido!” Apple Bloom respondia. Ela trocava um olhar com as amigas, e todas seguravam suas risadinhas.

“Às vezes, nós deveríamos ter uma festa do pijama em sua casa, Scootaloo,” dizia Sweetie Belle, dando uma cutucada nela.

Scootaloo olhava para ela com os olhos arregalados. “Minha casa? Eu não sei. Eu gosto de fazer isso aqui, ou na casa da Apple Bloom,” dizia Scootaloo. “Ou talvez Fluttershy nos deixasse ficar novamente.”

“Provavelmente não depois da última vez,” disse Apple Bloom. Elas riam enquanto se lembravam daquela noite. “Mas o que há de errado com a sua casa, Scootaloo? Quer dizer, tenho certeza que você tem uma casa muito legal.”

“Não é isso. É apenas… muito difícil, desde que meus pais…”

“Oh sim,” dizia Sweetie Belle. “Você disse que eles não estão sempre por perto.”

“Sim,” respondia Scootaloo em voz baixa. “Uh, eu vou descer as escadas e pegar um copo de água.”

Apple Bloom e Sweetie Belle esperavam que Scootaloo saísse do quarto. Uma vez que elas ouviram seus passos batendo nas escadas abaixo, as duas se entreolhavam.

“Você notou alguma coisa estranha sobre a Scootaloo ultimamente? A situação toda com os pais dela, e agora ela diz que nunca decorou uma árvore antes…” Sussurrava Apple Bloom.

“O que você quer dizer?” Sweetie Belle perguntava.

“Estou começando a suspeitar que há uma razão pela qual nunca vimos a família dela ou a casa dela. Pense bem! Somos suas melhores amigas há mais de um ano e nunca os vimos!”

“Então você quer dizer… talvez ela não tenha realmente uma família, ou uma casa?” Sweetie Belle olhava para baixo na direção de seus cascos, franzindo a testa.

Apple Bloom assentia. “No começo, eu não conseguia acreditar, mas o que mais faz sentido? Ela está sempre tão animada sempre que dormimos na minha casa ou na sua, mas ela nunca fala sobre sua própria casa. Como conseguimos passar despercebidas por isso?”

“Ela nunca parece querer ir pra casa depois que terminamos de brincar…” acrescentava Sweetie Belle. “Eu me sinto tão mal. O que deveríamos fazer?”

“Acho que não devemos dizer nada”. Ela vai ficar envergonhada se nós perguntarmos,” disse Apple Bloom. “Mas nós provavelmente deveríamos fazer alguma coisa por ela. É a época de natal, da amizade e generosidade.”

A porta se abria silenciosamente e Scootaloo voltava para o quarto, saindo do corredor escuro. Ela dava uma rápida olhada atrás dela. “Acho que Rarity já está dormindo.”

“Oh. Sim. ”Sweetie Belle se mexia desconfortavelmente. “Então…”

“Quem está pronta para não ir para a cama?” Perguntava Apple Bloom repentinamente. Ela voltava à sua alegria habitual, aparentemente sem nenhuma preocupação em sua voz. “A primeira festa do pijamas das Cutie Mark Cruzaders oficialmente começa agora!”

Scootaloo sorria. “Viva!”

Já era mais de onze e meia da noite, elas procuravam manter suas vozes baixas para que Rarity não as escutasse, mas no final a conversa delas desacelerava e as três desmoronavam uma a uma. Scootaloo parecia adormecer no momento em que sua cabeça batia no travesseiro. Apple Bloom, no entanto, não conseguia. Ela se mexia e virava por um tempo, obervando Scootaloo, imaginando onde sua amiga estaria dormindo esta noite se ela não estivesse com elas.

Foram alguns dias depois. Apenas dois dias antes da véspera de natal.

Todas as lojas em Ponyville estavam cheias de pôneis fazendo compras de natal de última hora. Havia uma fila pela porta do Torrão de Açúcar, e no meio de todo o caos, Sweetie Belle notava alguns colegas da escola construindo um boneco de neve desequilibrado na praça da cidade.

Normalmente ela teria amado todas as atrações festivas, mas hoje ela estava imersa em pensamentos enquanto caminhava pelas lojas. Ela deveria estar procurando por presentes para seus pais e Rarity, mas não importava o quanto tentasse, não conseguia tirar Scootaloo da cabeça. Ela simplesmente não podia deixar de se perguntar se Scootaloo alguma vez ganhara um presente de natal.

Ela conseguia erguer os olhos bem a tempo de ver Rainbow Dash chutando algumas nuvens cinzentas e afastando as outras do caminho.

“Rainbow Dash!” Sweetie Belle gritava.

Rainbow parava no ar e se virava na direção de onde vinha o grito. “Oh, e aí Sweetie Belle! Tudo bem?”

“Eu estive pensando…” Sweetie Belle tentava pensar na melhor maneira de fazer a pergunta. “Você já conheceu a família de Scootaloo? Como eles são?”

“Bem…” Rainbow Dash diminuía a altitude que distanciava as duas e pensava por um momento. “Na verdade, não consigo me lembrar dela dizendo alguma coisa sobre eles. Achei que você provavelmente os conhecia.”

“E a casa dela? Você já visitou?”

“Não. Ela geralmente vem e fica na minha casa, mas quem pode culpá-la?” Rainbow Dash dizia com um encolher de ombros casual. “É, sem dúvida, a casa mais legal do mundo. Eu geralmente tenho que carregá-la até a porta da frente, porém. É estranho. Meus pais me ensinaram a voar quando eu tinha metade da idade dela.”

“Oh,” Sweetie Belle dizia em uma voz calma.

“Mas ela nunca convidou você e a Apple Bloom? Há quanto tempo vocês três se conheceram?”

Sweetie Belle era atingida por uma pontada de culpa novamente. Ela não queria responder. “E se você a convidar para a véspera de natal? Já que vocês são duas irmãs agora?”

Rainbow Dash balançava a cabeça. “Não dá. Depois de cuidar dessas nuvens vou para Cloudsdale receber meus parentes para o natal. Além disso, a Scoot provavelmente vai passar o dia com a família de verdade dela, quem quer que eles sejam.”

“Mas…!”

Antes que Sweetie Belle pudesse terminar, Rainbow Dash voava rápido ganhando altitude, ficando fora de vista. Ela chutava o chão em frustração, lançando uma rajada de neve.

Olhando ao redor da rua, ela tentava se concentrar em escolher presentes. O distinto teto azul da loja de chapéus, com a maior parte coberto de neve, imediatamente chamava sua atenção. Era tão difícil prever o que Rarity adoraria ou odiaria completamente. E a joalheria era tão cara …

“Ei, Sweetie Belle!”

Ela se virava para ver Apple Bloom enrolada em um chapéu e cachecol. “Olá! Eu estava aqui tentando encontrar presentes…”

“O mesmo aqui.” Apple Bloom assentia.

“Mas não consigo parar de pensar em…” A voz de Sweetie Belle sumia.

“Scootaloo?” Dizia Apple Bloom, e Sweetie Belle assentia com tristeza. “Sim. O mesmo aqui.”

Com o canto do olho, Sweetie Belle notava algo laranja e fazia sinal para Apple Bloom ficar quieta.

“Aí estão vocês! Então, o que vamos fazer hoje? ”Scootaloo perguntava. “Patinação? Decoração de novo? Aposto que seria uma ótima marca especial!” Seus olhos pareciam iluminar com o pensamento.

“Na verdade, não posso fazer nada hoje,” dizia Apple Bloom. “Tenho que ir pra casa ajudar nos preparativos para recebermos toda a família Apple. Desculpa.”

“Estou ocupada hoje também. Eu meio que adiei comprar presentes este ano,” complementava Sweetie Belle. “E são só mais dois dias até o natal.”

“Mesmo?” Scootaloo recuava surpresa. “Acho que perdi totalmente a noção do tempo.”

“Sim. Normalmente, os últimos dias que antecedem o natal demoram muito pra passar,” dizia Sweetie Belle. “Mas algo está diferente este ano.”

“De qualquer forma, acho que vamos nos encontrar mais tarde, Scootaloo,” dizia Apple Bloom. “Mas por hora é melhor eu voltar.”

“Vocês têm lugares para estar. Eu entendo,” dizia Scootaloo, assentindo. Seu sorriso desaparecia. “Quero dizer, é apenas difícil… ter que passar o natal sozinha. Vocês realmente não entenderiam.”

Sweetie Belle e Applebloom olhavam para ela, sem palavras.

Scootaloo sacudia a cabeça. “Deixa pra lá. Não se preocupem comigo. Acabaremos nos encontrando mais tarde e continuaremos tentando ganhar as nossas marcas especiais!” Scootaloo estava sorrindo de novo, mas também parecia que estava se esforçando muito.

“Uh… sim.” Sweetie Belle olhava para Apple Bloom.

“Nos vemos mais tarde então,” disse Apple Bloom. “Tenha, uh… tenha um bom natal, Scootaloo.”

“Obrigada. Vocês também.” Scootaloo se virava e ia embora até que a perdessem no meio da multidão.

Apple Bloom se virava para Sweetie Belle, que parecia tão preocupada quanto ela. “É pior do que pensamos! Scootaloo não tem ninguém para passar o natal!”

“O que devemos fazer?”

Apple Bloom pensava por um momento. “Reunião de emergência das Cutie Mark Cruzaders na casa da árvore, esta tarde,” disse ela. “Bem… só nós duas, eu acho.”

Sweetie Belle assentia. “É melhor eu fazer essas compras logo então, te encontro lá.”

Um vento frio varria o ar e sacudia os galhos mortos das árvores. A casa da árvore era aconchegante, mas ainda não era a melhor proteção contra o frio que estava se instalando rapidamente. Apple Bloom parecia não notar enquanto andava de um lado para o outro sem parar.

“O que nós vamos fazer? É quase Véspera Natal, e temos apenas que fazer algo pela Scootaloo!” Dizia a pônei amarela.

“Eu até conversei com Rainbow Dash. Ela não sabe nada sobre a situação de Scootaloo…” Dizia Sweetie Belle. “Realmente cabe a nós duas.”

Apple Bloom olhava pela janela, para a luz alaranjada do pôr do sol brilhando na neve. “E tão pouco tempo também.”

“Todas as lojas estarão sem estoque logo, logo,” disse Sweetie Belle.

“Eu não sei. Talvez precisemos fazer outra coisa. Algo especial.” Apple Bloom não conseguia parar de pensar no que Scootaloo havia dito, sobre ter que passar o natal sozinha.

“Bem, seria uma notícia curta, mas minha família está tendo um grande encontro para as festas. Algumas das pessoas de fora da cidade estão chegando e vamos ter um grande banquete,” dizia Apple Bloom. “Aposto que Applejack não se importaria se nós convidássemos Scootaloo.”

“Sim!” Sweetie Belle dizia, pulando para cima. “Se você contar a ela sobre a situação de Scootaloo, ela com certeza vai concordar!”

“Afinal de contas, é a Noite de Natal,” Completava Apple Bloom.

A neve chiava do lado de fora e podia-se ouvir sons de passos se aproximando da porta da frente da casa da árvore. As duas instantaneamente ficavam em silêncio e fingiam que nada estava errado. Em alguns momentos, Scootaloo aparecia. Seus olhos estavam abatidos e ela mexia-se com um dos cascos da frente.

“Uh, ei, Scootaloo,” disse Apple Bloom. “Como sabia que estávamos aqui?”

“Ei pessoal,” disse Scootaloo, sorrindo fracamente. “Eu estava procurando por vocês. Está tudo bem?”

“Claro. Nós não estávamos falando de você,” respondia Sweetie Belle. Apple Bloom a cutucava. “Oof! Quero dizer, hum…”

“Está tudo bem, sério,” Disse Scootaloo. “Eu realmente ia dizer… bem…” Ela respirava fundo. “Vocês duas estão… convidadas para minha casa. Esta noite. Para a véspera do natal.”

Suas amigas a olhavam em silêncio, atordoadas. O vento uivava do lado de fora.

“O que? Na… na sua casa?” Perguntava Apple Bloom. “Mas isso é…”

“Eu sei,” interrompia Scootaloo. Ela revirava os olhos. “Não queria tomar o tempo de vocês com suas famílias. Geralmente eu não convido pôneis, e… e por um bom motivo. Ela franzia a testa e apontava para cada uma delas. “Ouçam, nenhum pônei da escola pode saber sobre isso, tudo bem?”

Sweetie Belle e Apple Bloom assentiam lentamente. Elas trocavam olhares nervosos.

“Mas…” Sweetie Belle começava.

“Você tem certeza disso, Scootaloo?” Dizia Apple Bloom. “Você realmente quer nos convidar?”

“Sim. Eu estive pensando sobre isso. Vocês deveriam saber a verdade cedo ou tarde, certo? ”Scootaloo dizia. “Vamos. Vou mostrar onde fica, mas exige um pouco de caminhada.”

Scootaloo virava-se e descia a escada, e depois de um momento de hesitação, as outras a seguiam. Não havia som a não ser o ruído da neve sob os cascos. Realmente era uma noite especialmente fria, mas Scootaloo não parecia incomodada com isso.

“Ei, Apple Bloom?” Sweetie Belle sussurrava, olhando para Scootaloo para ter certeza que ela não estava ouvindo. “O que você acha que Scootaloo quer dizer sobre estarmos convidadas para a casa dela?”

“Honestamente eu não sei,” respondia Apple Bloom. “Mas se ela quer fazer isso por nós, acho que por hora devemos acompanhá-la, depois vamos descobrir o que fazer por ela.”

“Eu sei,” respondia Sweetie Belle. “Me sinto mal aceitando tudo dela. Você sabe?”

Scootaloo se virava para verificar se elas ainda a estavam seguindo. “Vamos! Vamos pegar o atalho, mas ainda é um longo caminho.”

Elas estavam se distanciando da propriedade da família Apple, mas Scootaloo não as levava para Ponyville. As luzes da cidade brilhavam na neblina cinza de neve, ainda assim mantinham distância. Apple Bloom parava e colocava um casco para proteger os olhos do vento gelado, e via que Scootaloo estava indo em direção a Whitetail Woods.

O caminho estava quase coberto de neve, com apenas um único conjunto de pegadas quase expostos. Essas teriam sido os próprios rastros de Scootaloo. Ela era a única que seguia esse caminho, aparentemente. Não havia marcadores nem sinais. O caminho através da floresta em si era estreito.

“Só um pouco mais,” dizia Scootaloo. “Apenas… não fiquem muito surpresas quando chegarmos lá. Provavelmente não é o que vocês esperavam. Havia um ligeiro tremor em sua voz.

“É pior do que pensei…” Apple Bloom dizia em voz baixa. “Achei que Scootaloo, pelo menos, devia ter algum lugar na cidade em que ela se escondia. Não acho que haja nada aqui fora.”

“Talvez uma caverna. Ou uma árvore oca.” Respondia Sweetie Belle.

O caminho serpenteava ao redor de um lago congelado, várias árvores perenes. De certo modo, era bonito, mas Apple Bloom sentia os dentes batendo de frio. Era difícil dizer como elas estavam isoladas do resto de Ponyville agora. Apple Bloom olhava para trás e só podia ver um pouco da luz da cidade. Um pequeno ponto de calor no frio.

“Bem, chegamos.” disse Scootaloo.

Apple Bloom se virava. De alguma forma, ela não tinha notado aquela casa até aquele momento.

Scootaloo dava um sorriso tímido. “Eu avisei que poderia não ser o que vocês esperavam.”

Era uma casa de tijolos de aparência convidativa, recuada na floresta, onde ninguém tinha como vê-la até se aproximar, apesar do fato de ter três andares e ser bastante extensa. A neve cobria o muro de plantas que se extendiam a uma longa passarela de tijolos até a porta da frente. Havia luzes acesas nas janelas e fumaças subiam de uma das várias chaminés.

Demorou um minuto para Sweetie Belle encontrar sua voz. “Espere, isso não pode ser, pode?

Scootaloo já estava passando pelos pilares da varanda da frente. “Só venham para dentro, ok?” Espero que vocês estejam com fome. Eu disse aos mordomos para começarem o jantar antes de sair.”

“Mordomos?” Sweetie Belle e Apple Bloom disseram em um uníssono.

Elas trocavam olhares e corriam para alcançar Scootaloo. A pegaso laranja já estava empurrando a porta da frente e entrando como se fosse a dona do lugar, e por mais difícil fosse aceitar, ela o fez.

Um velho unicórnio com uma crina cinzenta penteada para trás cumprimentava Scootaloo com uma reverência. “Ah, a jovem madame voltou! São suas convidadas?” Sua voz tinha um traço de sotaque de Canterlot.

“Vamos, Silver,” dizia Scootaloo com um leve sorriso. “Você não precisa me cumprimentar o tempo todo.” Ela se virava para suas amigas e as apresentava. “Esta é a Apple Bloom e a Sweetie Belle. Eles vão ficar para o jantar hoje à noite.”

Sweetie Belle piscava, apenas observando o grande salão de entrada, sem sequer olhar para o mordomo. “Prazer em conhecê-lo…”

Scootaloo as conduzia pelo corredor. Escadarias curvas flanqueavam os dois lados, conduzindo a uma sacada até o segundo andar. Um lustre de cristal estava pendurado acima delas. As paredes estavam cobertas de pinturas e vasos caros ficavam em cima de pedestais.

“Aquele era Silver Platter, o chefe dos mordomos,” dizia Scootaloo, acenando na direção do mordomo enquanto saía pela porta lateral. “Se vocês precisarem de alguma coisa, podem simplesmente perguntar a uma das mordomas ou mordomos e eles vão cuidar disso.”

Sweetie Belle olhava para a guirlanda enrolada no corrimão da escada primorosamente esculpida. O cheiro de pinheiro fresco chegava ao nariz, mesmo à distância. “Pensei ter ouvido você dizer que nunca usou enfeites natalinos para decorar antes.”

“Sim, porque todos os mordomos fazem esse trabalho.” Scootaloo respondia. “Eu vou dar a eles dias de folga. Acho que não devo fazer nenhuma bagunça por enquanto. Não que eu possa garantir, é claro. ”

“Ainda não consigo acreditar que você mora aqui,” dizia Apple Bloom. “É tudo… fantasia e… e …”

“Não se preocupe em ser formal demais,” dizia Scootaloo. “Mesmo que seja um jantar de cinco pratos, somos apenas nós três esta noite, eu não me importo.”

“Cinco pratos?” Sweetie Belle deixava escapar. “Se Rarity estivesse aqui, ela ficaria totalmente louca!”

“É por isso que eu nunca gosto de trazer pôneis. Eu realmente não sou diferente de qualquer outra pessoa. ”Scootaloo revirava os olhos. “Vocês prometem que não vão contar nada, certo?”

“Claro,” dizia Apple Bloom, olhando distraidamente para seu próprio reflexo no chão de mármore polido enquanto caminhavam.

“Recebi a carta dos meus pais hoje dizendo que eles estariam em Canterlot para o natal, em uma importante reunião social, mais uma vez. Scootaloo suspirava. “Talvez um dia vocês possam conhecê-los. Eu contei a eles sobre vocês!”

“Então, seus pais ainda estão vivos!” Sweetie Belle dizia. Scootaloo se virava com uma sobrancelha levantada, e ela rapidamente acrescentava: “Por que eles não estariam? Eles enviam cartas para a escola o tempo todo, então…”

“Sim. Eles passam a maior parte do tempo em nossa casa em Canterlot, ou em Manehattan, onde a maioria dos escritórios da empresa está, ou na outra casa que fica em…”

“Quantas casas vocês têm?!” Perguntava Apple Bloom.

Scootaloo congelava. “Realmente não importa. De qualquer forma, aqui está a sala de jantar!”

Elas passavam por uma curva no refeitório, levando a uma sala cavernosa com uma grande lareira já crepitando. Uma mesa esculpida em madeira escura estendia-se diante delas, já armada de velas e pratos cobertos. Sweetie Belle finalmente era capaz de afastar os olhos de toda a comida e notava a grande pintura pendurada sobre a lareira.

Era um retrato muito real de Scootaloo, com dois unicórnios sentados em ambos os lados dela. Um era um garanhão com uma crina loura e do outro lado havia uma pônei violeta com um casco ao redor do ombro de Scootaloo.

“São os seus pais?” Ela perguntava. “Você nunca nos disse que os dois eram unicórnios.”

“Sim. Acho que temos alguns pégasos do lado da minha mãe, há algumas gerações atrás. Eu não acho que eles estavam realmente conscientes disso até o dia que eu nasci, ” dizia Scootaloo. Ela olhava para o quadro e franzia a testa. “A pintura é do ano passado. Espero que não tenhamos que fazer outro. É tão chato ficar parada por tanto tempo fazendo pose enquanto pintam nosso retrato.”

“E é por isso que eles não tinham como te ensinar a voar,” disse Sweetie Belle.

Scootaloo fazia uma careta. “Pois é, eles queriam contratar um instrutor, mas nunca encontramos ninguém melhor do que Rainbow Dash. E é a mesma coisa na escola. Você não tem ideia de como foi difícil convencê-los de me dar um professor particular. Eu nunca teria conhecido vocês, se isso tivesse acontecido!”

Scootaloo se virava e se dirigia até a mesa. Ela pulava em uma cadeira, e depois de um momento de hesitação, Apple Bloom e Sweetie Belle se sentavam ambas os lados dela. A mesa era comprida o suficiente para pelo menos mais quinze pôneis.

Mordomos chegavam e levantavam as tampas das panelas e pirex. Com movimentos ligeiros, eles saíam tão rapidamente quanto entravam. Scootaloo olhava para a comida, embora não fosse algo que as outras estivessem habituadas a ver.

“Parece que hoje teremos com carne de soja ao molho de Manehatan, couve com crudités e… Oh! Isso cheira a sopa de matsutake com champignon. É muito difícil conseguir nessa época do ano,” dizia Scootaloo.

Sweetie Belle apenas olhava para ela. “Você parece a Rarity…”

“Confie em mim, você vai gostar.”

“Você sempre come assim??” Apple Bloom perguntava, levantando uma sobrancelha.

Scootaloo sacudia a cabeça. “Isso é um pouco mais do que o normal, já que são as férias de natal. Mas às vezes, quase todos os domingos.”

Depois que Scootaloo começava a comer, Apple Bloom hesitantemente dava uma mordida. O gosto era tão difícil de descrever quanto o nome da comida era para pronunciar, mas ela tinha que admitir que era muito bom. Repentinamente, ela se lembrava do jantar que Applejack estava preparando antes. Não tinha comparação.

“Provavelmente eu deveria ter falado sobre minha família muito mais cedo,” dizia Scootaloo. “Aposto que vocês pensaram que eu era como qualquer outra pônei na cidade, vivendo em uma casa de campo de tamanho normal.”

“Você com certeza nos convenceu,” acrescentava Apple Bloom. Vendo Scootaloo naquela casa, era difícil imaginá-la encolhida em algum beco escuro e sujo tentando dormir sob um jornal encharcado.

“Por que você não nos disse antes?” Sweetie Belle perguntava. “Isso não é motivo para se envergonhar. Digo, Diamond Tiara e Silver Spoon ficariam com uma baita inveja!”

“Sim, sobre isso…” dizia Scootaloo. Ela comia mais um pouco e pensava por um momento. “Quando você tem muito dinheiro, suas amigas normalmente não estão por perto pelos motivos certos, por quem você é. Se é que você entende o que quero dizer. Não quero ser outra Diamond Tiara.”

“Faz sentido,” dizia Apple Bloom.

“Eu realmente deveria ter contado a vocês muito mais cedo, mas não sabia como. E detesto sentir que estou apenas me gabando da minha família,” dizia Scootaloo. Ela olhava para trás e para frente para qualquer uma delas. “Vocês não vão mudar só porque descobriram a verdade, não é? Vamos continuar sendo as mesmas amigas de sempre.”

“Mas é claro que vamos!” Respondia Apple Bloom.

“De qualquer forma, acho que posso dar a vocês uma turnê depois que comermos. Na áltima véspera de natal, meus pais me deram minha própria pista de skate indoor! É muito legal! Eu posso praticar todos os meus movimentos antes de mostrá-los pela cidade. Eu costumava esvaziar a piscina e usá-la como pista, mas a nova é muito melhor.”

Alguns outros mordomos entravam na sala de jantar, com mais pratos de comida e sobremesa levitando ao lado deles. Eles os estabeleciam na mesa e faziam uma reverência.

“Há mais alguma coisa que você queira, senhorita?”

Scootaloo sacudia a cabeça. “Não, obrigada. Tudo está ótimo, como de costume.”

Apple Bloom encostava-se na cadeira para observar os mordomos enquanto eles voltavam para a cozinha. Ela tinha ouvido falar de Applejack sobre como os tios Orange viviam na cidade grande, e como eles tinham seus próprios mordomos, mas isso era inacreditável.

“Ah, a propósito… vocês parecem ter ficado bem quietas ultimamente,” dizia Scootaloo. As duas balançavam a cabeça freneticamente, mas Scootaloo apenas sorria. “Acho que não me caiu a ficha. Vocês estavam planejando me dar presentes?”

Sweetie Belle cutucava a comida em seu prato. “Hum…”

“Uh, nós estávamos, mas… nosso presente nunca chegaria nesse nível,” dizia Apple Bloom.

“Não precisam se preocupar, sério.” respondia Scootaloo. “Passar o natal com minhas melhores amigas é o melhor presente que eu posso ter.” Ela fazia uma pausa, depois acrescentava: “E se alguém ouvir que eu estava dizendo coisas bobas como essa…”

Apple Bloom sorria. “Não se preocupe com isso.”

“Estamos felizes por você ter uma casa,” dizia Sweetie Belle.

Scootaloo fazia uma pausa no meio da mordida e olhava para ela. “Como assim? Por que eu não teria uma casa?”

“Bem, nós realmente achamos que você não tinha casa e nem pai e mãe.” A voz de Sweetie Belle ecoava na enorme sala. Em seguida, toda a mansão parecia ficar em silêncio. Havia apenas o som dos troncos estalando no fogo.

“É… uma longa história,” dizia Apple Bloom.

Esperança e desesperança

Ponyville

Fonte: cdn-img.fimfiction.net

SINOPSE: Em um dia quente de verão, Princesa Celestia caminhava pelos campos de Ponyville, onde acabou se deparando com um estranho “pônei”.

Autor: LittleKhan

***

“Bem, meus pequenos pôneis,” Princesa Celestia sorria enquanto saía do castelo de Twilight. “ Foi maravilhoso ver todas vocês novamente. E Fluttershy, obrigada por trazer aquela nova receita de chá, estava delicioso! ”Fluttershy corava e sorria.

“Oh, bem… disponha, alteza. Foi um prazer.” As outras caminhavam atrás dela e paravam no ar quente.

“Bem, todas vocês,” Dizia Applejack, “Foi uma ótima maneira de passar a manhã, mas tenho que voltar ao Rancho Maçã Doce, o Big Mac precisa de ajuda com o plantio”.

“Sim”, dizia Pinkie. “E eu tenho que pegar mais ingredientes na loja do BonBon. Tenho uma remessa de cupcakes para fazer no Torrão de Açúcar.” A princesa Celestia dava a todas outro sorriso caloroso.

“Bem, suponho que todas vocês tenham lugares para estar. Obrigada por passarem algum tempo comigo hoje. Tenha um bom dia, garotas.” Cinco das pôneis disseram seu adeus final e trotaram (ou voaram), embora uma permanecesse. Twilight Sparkle se virava para sua mentora.

“Bem, eu tenho que ir também, Celestia. Tenho um compromisso com a prefeita hoje. Códigos de impostos.” Ela fazia uma careta. Princesa Celestia ria.

“Boa sorte então, Princesa Twilight. Tenho certeza que você se sairá bem.” Twilight revirava os olhos.

“Tenho certeza que vou sobreviver. De qualquer forma, tenha um bom voo de volta!” Em seguida, ela saía correndo.

Princesa Celestia caminhava lentamente até onde seus guardas e a carruagem estavam. Era realmente um dia lindo. O céu era de um azul claro, enquanto apenas algumas nuvens brancas estavam espalhadas. Os pássaros chilreavam e cantavam, e uma brisa suave soprava pela grama. Ela parava na frente da carruagem, fechava os olhos, inclinava a cabeça para trás, respirava fundo e depois expirava. Momentos como esses eram mais raros do que ela gostaria. Canterlot e seus jardins tinham sua própria beleza, mas a princesa Celestia concluía que o esplendor ininterrupto do campo não podia ser substituído por nada. Por um momento, ela ficava ali parada, com uma expressão satisfeita no rosto. Então ela piscava uma vez, abria os olhos e olhava em volta. Era realmente lindo aqui, ao seu redor. Tão pacífico e tranquilo.

De fato…

Uma ideia estava se formando em sua mente. Ela havia planejado voltar para Canterlot e colocar em dia o que estava lendo, mas agora outro pensamento lhe ocorrera.

Eu imagino… bah! Para o tártaro com isso.

Ela se virava para seus guardas, com os cantos de sua boca puxando para cima. “Cavalheiros, mudança nos planos. Decidi fazer uma caminhada. Os guardas piscavam. Eles a encaravam por um momento e então olhavam de volta um para o outro. Em seguida eles tiravam os arreios da carruagem e davam um passo à frente. Com o sorriso ainda em seu rosto, ela se virava e saía caminhando em direção ao campo.

Por um tempo ela apenas caminhava, com os guardas a uma distância respeitosa atrás dela, longe o suficiente para que ela provavelmente não os notasse, mas perto o suficiente caso ela precisasse deles para alguma coisa. A princesa estava gostando disso. Ela vagava pelos arredores de Ponyville sem um objetivo ou destino específico em mente, apenas apreciando a chance de estar fora da cidade, longe da proximidade e dos compromissos de Canterlot.

Eu deveria trazer Luna aqui às vezes.

Quando ela chegava ao topo de uma colina, Princesa Celestia avistava alguém caminhando pelos campos há aproximadamente 100 trotadas à sua frente. Parecia um unicórnio de cor verde escuro, com uma crina marrom e um par de alforjes sobre ele. Ela via quando ele caminhava cerca de uma dúzia de metros, um pouco instável, ela pensava, e se sentava na frente de uma árvore. Ela olhava para o pônei por um momento, se perguntando o que poderia trazer qualquer outro pônei para esse local. O mais provável é que eles não estavam tão longe de Ponyville assim; talvez ele estivesse apenas pensando em apreciar a paisagem, como ela estava fazendo.

Ou talvez não.

Ela achava curioso saber quem era esse pônei e o que ele estava fazendo aqui. Ela poderia simplesmente ir até ele e perguntar, mas não queria ver ninguém se curvando para ela. Não, isso exigia alguma sutileza e planejamento.

Ela virava para a direita e avistava um pequeno bosque. Isso funcionaria. Ela gesticulava para os guardas, e todos se aproximavam. Entrando no bosque, ela fechava os olhos e focava sua magia. Ela lançava o primeiro feitiço. O primeiro só demorou alguns segundos; sua coroa e colar desapareceram com um breve flash. O segundo feitiço foi mais complicado. Era um feitiço temporário de mudança de forma/ilusão. Enquanto seu chifre brilhava, ela começava a encolher. Suas asas desvaneciam-se de vista e seu cabelo perdia a eterealidade habitual, tornando-se um rosa claro. Por fim, sua marca especial mudava, o sol em seu flanco dava lugar a uma estrela dourada de quatro pontas. Esse era um disfarce que ela costumava usar quando queria ou precisava de anonimato entre seus súditos; apenas pouquíssimos pôneis sabiam disso. Depois de uma rápida checagem final da aparência, ela saía do interior do bosque e caminhava para onde havia visto o garanhão se sentar.

Aproximando-se por trás e ligeiramente à sua esquerda, a princesa via que ele não tinha saído. Estava sentado com suas ancas na frente dela, embora um pouco mais encurvado, olhando para Ponyville ao horizonte. Quando a princesa completava as últimas dezenas de metros, notava várias coisas sobre ele. Embora as sombras que a árvore lançava sobre ele o tornassem um pouco difícil de ver, ela podia observar que a crina e o pêlo pareciam sujos e despenteados, como se ele não tivesse tomado banho e/ou escovado por algum tempo. Ele também parecia um pouco magro, quase emaciado. Quando ela chegava mais perto, suas orelhas se animavam e sua cabeça se virava para ela. O rosto do pônei estava na mesma condição que o resto dele: sujo e havia olheiras.

“Olá”, dizia ela, tentando dar-lhe um sorriso mais caloroso enquanto ela encerrava o passo final e sentava-se.

“Olá”. Ele não se virava para ela.

“Eu sou Star Burst. Qual o seu nome?” Dizia Celestia.

“… Meu nome é John.”

Bem, esse era um nome bastante estranho… mas não era o nome mais estranho que a princesa já ouviu. Seu olhar então se dirigia até seu flanco, onde estava sua marca especial, ou pelo menos onde deveria estar.

Este pônei não tinha marca especial. Embora não fosse inédito para um pônei adulto não ter uma, certamente era uma ocorrência muito rara, e também muito debilitante. Quando a Princesa olhava para o rosto dele, notava que ele tinha uma sobrancelha ligeiramente levantada, em uma expressão conhecida, mas resignada. Em um esforço para prosseguir com a conversa, ela gesticulava para seus alforjes.

“Então, pelo que estou vendo parece que você não é daqui.” Dizia John.

“Não, sou nova em Equestria.” Respondia Celestia.

“Sim, dá pra ver.” John assentia, e então seus olhos passavam por ela.

“E por que os guardas?”, Ele perguntava. Celestia olhava para trás.

Oh céus. Me esqueci deles. Ok, pense… como eu explico isso?

“Ah, bem, eu trabalho para a Princesa Celestia. Tinha alguns negócios em Ponyville e decidi dar um passeio. Seus olhos se arregalavam um pouco com a resposta.

“Você trabalha para a Princesa?” Ela respondia a pergunta assentindo com a cabeça. Houve uma pausa desajeitada quando ele parecia considerar isso.

“Então, de onde você é?” Ela perguntava. John hesitava por um momento, e então, seu olhar abaixava.

“De muito longe. É bem provável que você não tenha ouvido falar.”

“Entendo. Posso perguntar por que você decidiu vir para Equestria?” Ela perguntava hesitantemente.

“Eu realmente não tinha muita escolha.” Seu tom de voz combinava com seu olhar novamente resignado. Ela estremecia um pouco por dentro.

“Bem, Equestria é um país muito bom. Tenho certeza que você vai gostar daqui.” Ela sinceramente esperava que ele gostasse. É triste que algum pônei possa parecer tão destituído e sem esperança. Ele inclinava a cabeça, um olhar levemente pensativo deslizava pelo rosto.

“Sabe, é realmente um pouco diferente aqui… mais do que eu pensei que fosse.”

“Oh”, ela perguntava, ambos antecipando e temendo sua resposta. “Como assim?”

“Eu… tive alguns amigos que costumavam falar sobre esse lugar. Eu realmente nunca os escutei muito. Eu estava… ocupado com outras coisas. Acho que… bem, quando você está tão distante, você tende a ver as coisas de uma forma diferente de quando você está realmente lá, vivenciando.” Não era bem essa resposta que Celestia esperava.

“Então, você teve amigos que te falaram sobre Equestria?”

“Sim”. Ele fazia uma pausa novamente. “Eles até me levaram para ver uma… peça de teatro sobre esse lugar uma vez.” Um olhar peculiar pairava sobre ele, um composto de humor e um toque de amargura.

“Hmm. Foi bom?” Ele pensava na resposta, como se não esperasse que ela fizesse tal pergunta.

“Ah bem. Digamos que para uma peça de teatro feita para crianças não foi ruim.” O olhar de humor misturado com a amargura se tornava um pouco mais agudo. Havia outra pausa desajeitada. Ele ficava tenso, como se estivesse discutindo consigo mesmo novamente. Então ele se virava para olhar Celestia.

“Você… trabalha para a Princesa Celestia, certo?” Ela assentia. “Ouvi dizer que houve um incidente um tempo atrás, onde uma ex-aluna dela roubou a coroa da princesa Twilight ou algo assim.” Ela balançava a cabeça novamente, mais hesitantemente desta vez.

“Ah…sim.”

“E isso… não envolveu um espelho mágico que leva a outros mundos, por acaso?” Sua voz subia no final.

“Er, não, não foi. Eu temo que eu não saiba muita coisa sobre esse evento.” Ela não queria decepcioná-lo assim, mesmo que ela não tivesse ideia do que ou porque ele estava fazendo essa pergunta. Sua cabeça se voltava para baixo para observar a grama sob seus cascos dianteiros.

“Eu não penso assim.” Ele esvaziava, sua expressão tornando-se monótona e sem vida novamente. Por um momento, eles apenas ficavam sentados, perdidos em seus próprios pensamentos. A princesa estava quebrando a cabeça, tentando pensar em alguma maneira de descobrir como ajudá-lo.

“Bem, você já pensou em voltar para casa?” Certamente havia pôneis lá que cuidavam dele.

Sua voz estava mais quieta e mais dura que antes. “Receio que não seja possível.” Suas orelhas se dobravam.

“Oh. Eu sinto muito.”Com nada mais para fazer, ela olhava por cima do corpo dele mais uma vez. Ele parecia ter a mesma idade de Twilight e suas amigas, ou talvez um pouco mais velho. Quando ela o examinava novamente, notava algo sobre as orelhas dele, havia alguma coloração amarelada ao redor da parte de baixo.“ Sabe, você parece um pouco doente. Deveria ir ao hospital. Há um em Ponyville.

“Não tenho dinheiro.”

“O que?”

“Dinheiro?”

Ele se virava para ela. “Dinheiro para o hospital.”

“Mas você não precisa de dinheiro para isso. De onde você vem é necessário? Isso deveria ter sido explicado para você quando imigrou para cá.” Ele piscava. Então começava a rir, uma risada que não era inteiramente divertida.

“Claro!”, Ele gritava. “Como eu poderia ser tão estúpido?! hahahaha!” Celestia recuava um pouco, em choque. Ela esperava até que o riso de John cessasse. Ele enxugava algumas lágrimas dos olhos. “Bem, suponho que eu poderia ir para a cidade. Ponyville, certo?” Celestia assentia. “Acho que aqui é um lugar tão bom quanto qualquer outro.”

“Você vai gostar desta cidade. É muito amigável.” Ele bufava para isso.

“Sim, sim, ouvi falar.” A princesa esperava que ele pudesse encontrar uma nova vida aqui, talvez até mesmo arranjar uma casa.

“Sabe, se você está procurando um emprego, acho que o Rancho Maçã Doce está contratando.” John olhava para ela com uma expressão cética em seu rosto.

“Não acho que eles contratariam alguém como eu.”

De fato, ele provavelmente estava certo.

A frustração começava a atormentá-la. Ela odiava quando se envolvia numa situação como essa. Ela era a governante absoluta do reino mais poderoso e próspero do mundo, ela movia o sol, e ainda assim não conseguia ajudar um único pônei a conseguir um emprego… e provavelmente um lugar para morar também, agora que ela pensava sobre isso.

Não, eu tenho que fazer alguma coisa.

Ela respirava fundo. “Diga a eles que Star Burst enviou você.” John escutava, e então franzia a testa.

“Não, está tudo bem”, dizia ele, sacudindo a cabeça. “Eu posso me virar.”

Ela gemia internamente.

“Por favor, pode pelo menos tentar?” Sua voz subia no final, apenas tímida de implorar. Ele olhava para ela por um momento.

“Tudo bem,” ele respondia. Ela sorriu. Então ele se levantava e ela fazia o mesmo.

“Bem, eu deveria ir embora então.” Sua voz ainda não tinha alegria, mas havia uma determinação que não estava lá antes. Ela estava feliz em ouvir isso.

“Boa sorte John,” ela dizia. “Foi bom conhecê-lo.”

“Foi bom te conhecer também,” respondia ele. Com isso, ele se virava e ia embora. Enquanto ele se distanciava, a princesa notava que seu caminhar era um pouco estranho. Quando ele começava a descer o lado da colina, ele diminuía consideravelmente, como se tivesse certeza absoluta de que não tropeçaria ou cairia. Ela não achava que isso poderia ser causado por fome ou qualquer tipo de doença.

O que mais pode estar errado com ele?

Ela definitivamente iria escrever uma carta para Twilight, perguntando se ela poderia dar assistência a ele. Com a bondade e compreensão dos moradores de Ponyville, Celestia sabia que ele ficaria bem.

Então ela se virava e começava a caminhar de volta para a cidade e sua carruagem.

O Homem de Bem

 

O verdadeiro homem de bem é aquele que pratica a lei de justiça, de amor e caridade, na sua maior pureza. Interroga a sua consciência sobre os próprios atos, pergunta se não violou essa lei, se não cometeu o mal, se fez todo o bem que podia, se não deixou escapar voluntariamente uma ocasião de ser útil, se ninguém tem do que se queixar dele, enfim, se fez aos outros aquilo que queria que os outros fizessem por ele.

Tem fé em Deus, na sua bondade, na sua justiça e na sua sabedoria; sabe que nada acontece sem a sua permissão, e submete-se em todas as coisas à sua vontade e sabe que não precisa de nenhuma religião para seguir os preceitos de Deus, bastando os princípios acima.

Tem fé no futuro, e por isso coloca os bens espirituais acima dos bens materiais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções, são provas ou expiações, e as aceita sem murmurar.

O homem possuído pelo sentimento de caridade e de amor ao próximo faz o bem pelo bem, sem esperar recompensa, paga o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte e sacrifica sempre o seu interesse à justiça.

Encontra e usa satisfação nos benefícios que distribui, nos serviços que presta, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos. Seu primeiro impulso é o de pensar nos outros antes que em si mesmo. O egoísta, ao contrário, calcula os proveitos e as perdas de cada ação generosa.

É bom e benevolente para com todos, sem distinção de raças, espécies e nem de crenças, porque vê todos como irmãos.

Respeita nos outros todas as convicções sinceras, e não lança o anátema aos que não pensam como ele.

Em todas as circunstâncias, a caridade é o seu guia. Considera que aquele que prejudica os outros com palavras maldosas, provocações, que fere a suscetibilidade alheia com o seu orgulho e o seu desdém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever do amor ao próximo e não merece a clemência do Senhor.

Não tem ódio nem rancor, nem desejos de vingança. A exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas, e não se lembra senão dos benefícios. Porque sabe que será perdoado, conforme houver perdoado.

É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência, e se lembra destas palavras do Cristo: “Aquele que está sem pecado atire a primeira pedra”.

Não se compraz em procurar os defeitos dos outros, nem a pô-los em evidência. Se a necessidade o obriga a isso, procura sempre o bem que pode atenuar o mal.

Estuda as suas próprias imperfeições, e trabalha sem cessar em combatê-las. Todos os seus esforços tendem a permitir-lhe dizer, amanhã, que traz em si alguma coisa melhor do que na véspera.

Não tenta fazer valer o seu espírito, nem os seus talentos, às expensas dos outros. Pelo contrário, aproveita todas as ocasiões para fazer ressaltar a vantagens dos outros.

Não se envaidece em nada com a sua sorte, nem com os seus predicados pessoais, porque sabe que tudo quanto lhe foi dado pode ser retirado.

Usa mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe tratar-se de um depósito, do qual deverá prestar contas, e que o emprego mais prejudicial para si mesmo, que poderá lhes dar, é pô-los ao serviço da satisfação de suas paixões.

Se nas relações sociais, alguns homens se encontram na sua dependência, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus. Usa sua autoridade para erguer-lhes a moral, e não para os esmagar com o seu orgulho, e evita tudo quanto poderia tornar mais penosa a sua posição subalterna.

O subordinado, por sua vez, compreende os deveres da sua posição, e tem o escrúpulo de procurar cumpri-los conscientemente.

O homem de bem, enfim, respeita nos seus semelhantes todos os direitos que lhes são assegurados pelas leis da natureza, como desejaria que os seus fossem respeitados.

Esta não é a relação completa das qualidades que distinguem o homem de bem, mas quem quer que se esforce para possuí-las, estará no caminho que conduz às demais.

Meu pequeno assistente

Autor: Larathin
SINOPSE: Crescer nunca é fácil, especialmente quando você é um dragão entre pôneis e a mais próxima que já teve como mãe é uma unicórnio aparentemente mais preocupada com os estudos. Quando os temperamentos fervem, poderia essa família improvisada se recuperar?
Nota do tradutor: O texto se refere à Twilight como “unicornio”, porque os eventos se passam na época em que Spike era jovem.

***

Parece que foi ontem…

“Abra o bocão! Lá vem o trem!”

O pequeno bebê dragão balançava a cabeça e abria a boca enquanto a unicornio movia a colher cheia de gemas na direção dela, imitando o barulho de um trem. Rindo e aplaudindo com as mãozinhas, o dragão mordia a colher, resultando em um breve som de impacto com os dentes no metal, encostando na cadeira e mastigando ruidosamente.

“Não era pra você mastigar a colher Spike,” a unicórnio dizia animada, colocando o que restou da colher em uma vasilha cheia de outras colheres no mesmo estado, pegando uma nova e enchendo de gemas.

Já fazia o que? Dez, talvez vinte anos desde que ele nasceu.

…Tem sido mesmo tanto tempo assim?

Rindo, o bebê dragão escondia embaixo de sua cama, ignorando o fato de ter deixado sua calda pra fora. A porta abria e uma unicórnio roxo o procurava. Ela dava uma olhada na cauda que sobrava pra fora e segurava uma risada.

“Oh não,” ela chamava, com sua voz entonando um falso desespero, enquanto trotava no quarto. “Para onde Spike pode ter ido?”

O pequeno dragão ria e então tentava ficar quieto.

“Ele não pode ter ido longe, talvez ele… no armário!” A unicornio abria a porta do armário e então deixava escapar um suspiro teatral. “Ou talvez não… onde ele poderia ter ido? Oh, bem, eu presumo que terei que encontrar um novo assistente…”

“Não!” Spike chorava, rastejando debaixo da cama. “Estou aqui Twilight! Eu sou seu assistente!”

“Está certo,” ela dizia, pegando o dragão e o abraçando antes de colocá-lo em suas costas. “Você é e sempre vai ser o meu assistente!”

Eu era tão jovem naquela época, não tinha ideia de como cuidar de uma criança, muito menos de um dragão. Mas eu queria faze-lo sozinha. Ele era meu bebê.

“Spike, o que você fez! Eu emprestei esse livro da Princesa Celestia! Prometi que cuidaria bem dele!”

O jovem dragão se recusava em olhar nos olhos dela, torcendo a calda. Quando ele falava, parecia estar à beira das lágrimas.

“Eu sinto muito! Eu não quis…! Eu apenas queria ver o livro e então…”

“Eu disse pra você não manusear nenhum livro até aprender a controlar suas chamas,” a unicornio o repreendia, segurando o que sobrou do livro. Cinzas caíam como cachoeiras. “O que vou falar para a Celestia agora?”

Twilight Sparkle!”

Ambos unicornio e dragão se viravam enquanto Celestia entrava no quarto de sua pupila.

“Aí está você, está atrasada para sua aula!”

“Oh, uh, estarei lá em um minuto, Princesa,” Twilight dizia, repetidamente tentando esconder o livro arruinado atrás dela.

Mas a Princesa já havia percebido. “O que aconteceu?” Ela perguntava, levitando o livro de sua pupila e olhando tristemente para a capa dura carbonizada.

A unicornio roxo olhava para seu assistente que estava literalmente tremendo de medo, e então olhava para o rosto sério de sua professora. Ela engolia seco e então se encontrava com os olhos de Celestia. “Eu estava tentando uma nova magia, mas perdi controle dela,” ela mentia. “Eu realmente sinto muito, Princesa.”

“Eu esperava mais de você, Twilight Sparkle. Estou muito desapontada. Depois da aula tentaremos decidir sobre uma penalidade adequada por destruir um livro tão raro e valioso.”

“Vamos, Spike,” Twilight dizia assim que Celestia saiu. “Depois da minha aula nós iremos para a biblioteca ver se podemos achar algum livro que ensine a controlar suas chamas. Afinal, um assistente que não pode manusear livros não tem como ajudar muito. Apenas tente não chegar muito perto das prateleiras enquanto isso.”

O pequeno dragão sorria em gratidão e subia em suas costas.

Ele era um bebê, meu assistente. De um jeito ou de outro, nós estávamos juntos, e éramos uma família.

Anos depois…

Na escuridão da silenciosa biblioteca, Twilight olhava para fora, cegamente, nas prateleiras que ainda ecoavam com a briga de hoje cedo.

Com um arrepio, a unicórnio curvava a cabeça enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto.

“Twilight?”

A porta de entrada da biblioteca abria e Applejack trotava para dentro, olhando em vão os arredores da sala escura. “Spike foi na casa de Fluttershy e perguntou se poderia passar a noite lá hoje, porque não queria voltar para a biblioteca. O que está havendo?” Sem ter a resposta, a pônei terrestre acendia a luz e procurava pela sua amiga.

Ela encontrava Twilight sentada no chão, com as costas apoiadas na escrivaninha. Os olhos da unicornio estavam vermelhos, inchados de tanto chorar, com lágrimas escorrendo em seu rosto. Sua respiração vinha em irregulares suspiros seguidos de um soluço ocasional.

Applejack se ajoelhava e puxava sua amiga para um abraço.

“O que aconteceu Twi?” Ela perguntava gentilmente.

Momentos antes…

“Spike. Spike! Você viu minhas anotações sobre a antiga cultura de Equestria?” Twilight perguntava, misturando a pilha de papeis espalhadas em sua escrivaninha.

“Segunda gaveta, com capa laranja. Aquele com o título “Equestria Antiga”, o dragão respondia enquanto passava pela escrivaninha.

“Oh.” Ela cavava ao redor e puxava a referida capa. “Obrigada. Você pode pegar minha cópia de “Equilibrio: Um breve tratado das pôneis irmãs e os efeitos do banimento precoce de Nightmare Moon?”

Spike pausava, com uma mão na metade da porta. “Certo,” ele suspirava, sumindo novamente no fundo da biblioteca. Ele reaparecia momentos depois, olhando o peso de um livro que era um pouco maior do que ele.

“Obrigada,” Twilight dizia enquanto levitava o enorme tomo até a escrivaninha, causando um estrondo ao libera-lo sobre ela. Spike chegava novamente a meio caminho da porta quando ela o deteve de novo.

“Você viu meu frasco de tinta para a caneta?”

“Está no banheiro,” Spike respondia, com uma voz um tanto frustrada. “Não lembra daquele feitiço em que esteve trabalhando no banho e não podia esperar para anotá-lo?”

“Oh certo. Pode pegar para mim?”

“Não pode pegar você mesma,” Spike perguntava, exasperado. “Se eu não sair agora vou me atrasar!”

“Atrasar?” Twilight ecoava, confusa. “Para o que? Nós não planejamos nada para hoje à noite.”

“Você não, mas eu sim. Há uma exibição nos cinemas sobre Nightmare Moon, perguntei se poderia ir na semana passada e você disse que sim.”

“É hoje à noite?” Ela perguntava, sorrindo hesitantemente para tentar disfarçar a confusão. “Pensei que seria na próxima semana…”

Não,” Spike suspirava. “É hoje.“

“Oh.. sinto muito, mas não posso deixar você ir. Está tarde, daqui uma hora você já tem que dormir, apesar de que preciso de sua ajuda. Celestia pediu para…”

“Eu não ligo!” O dragão gritava, fazendo com que Twilight quase caísse de seu assento, surpresa. “Estou cansado de você sempre colocar suas necessidades em primeiro lugar e eu em último! Estou cansado de você nunca se importar com o que é importante para mim. É como se eu não fosse importante pra você!”

“I-isso não é verdade,” Twilight balbuciava, paralisada perante a explosão de Spike. “Você é meu assistente. Você é o pônei mais importante do mundo para mim.”

“Eu não sou um pônei!” Spike rebatia. “Eu sou um dragão!”

“Mas apenas um bebê dragão,” Twilight dizia, à beira das lágrimas. Ela nunca viu Spike reagir dessa forma antes. “Você ainda está crescendo, você precisa dormir.”

“Sei, quer dizer que eu dormir o suficiente só importa quando é alguma coisa que eu quero fazer? Se você precisa de ajuda com seus estudos então não tem problema me manter acordado a noite inteira, não é mesmo?”

Ele se virava e passava pela porta, a arremessando com força e causando um estrondo ao ser fechada.

“Não, não é isso. Spike, pare e volte aqui.” Twilight o chamava, saindo de sua escrivaninha e correndo atrás do dragão.

“Me deixe sozinho! Você não é minha mãe!”

O grito parava Twilight e Spike se afastava para o interior da cidade. Chorando, Twilight caía contra sua escrivaninha e deslizava para o chão.

Spike percorria o caminho, chutando uma pequena pedra em sua frente. Ele estava planejando esta noite por semanas, provavelmente era a única chance que teria para assistir aquele filme no cinema e Twilight arruinou tudo. Ele estava indignado, nem mesmo conseguiu desfrutar um filme que estava a meio caminho da biblioteca.

Ela sempre fazia algo assim, esquecendo que haviam coisas que eram importantes para ele também, embora nunca tenha esquecido um único feitiço.

No entanto, pensando nisso, ela realmente nunca esquecia nada importante…

De fato, ela não esteve sempre ao lado dele? Ela que chocou seu ovo, em primeiro lugar. Ele que era apenas um pequeno bebê dragão, a ajudava com seus estudos, mesmo que, olhando para trás, ele tinha certeza que era mais um obstáculo do que uma ajuda, apesar que ela sempre o deixava ajudá-la, o chamando de pequeno assistente, e ele nunca esteve tão feliz ajudando a pegar um livro ou a desvendar uma escritura complexa para um feitiço.

“Não,” ele murmurava, chutando outra pedra. “Estou bravo com ela! Sempre esquece que há coisas que eu gostaria de fazer também!”

No entanto, ela não desistiu até de uma oportunidade de se encontrar com um médico, autoridade em magia medicinal, só para levar o dragão ao cinema em Fillydelphia no ano passado? Celestia tinha ficado furiosa com ela, tinha providenciado a visita do médico para ensinar a Twilight magias que não eram a área da Princesa.

“Bem, não é como se ela não tivesse feito algo por mim ultimamente.” Ele amuava.

A verdade é que Twilight sempre esteve ao lado dele, o que atrapalhava o caminho dela, seus estudos, cuidando do jovem dragão. Então ela ocasionalmente cometia um engano ou esquecia de alguma coisa, mas ela fazia o seu melhor…

Com um suspiro, Spike se virava e caminhava de volta para a biblioteca. Twilight não era perfeita, mas ela era a mais próxima que ele tinha de uma família.

Não… ela era sua família.

“Eu vou buscar a Fluttershy e encontraremos o Spike pra você, tudo bem?”

“Obrigada Applejack,” Twilight fungava antes de sorrir melancolicamente. “Não lembro da última vez que chorei assim.”

“Isso porque você ama Spike, e qualquer pônei sabe disso. Não se preocupe, Twi. Vamos resolver isso entre vocês.”

A pônei terrestre dava outro abraço em sua amiga antes de partir. A biblioteca parecia tão vazia na ausência do dragão, normalmente havia algumas corujas noturnas andando pelas janelas, ou pelo menos, o som do Spike. Mas não naquela noite, e o silêncio era tão forte que Twilight não podia suportar.

“Sinto muito, Spike.” Ela sussurrava.

“Não, eu sinto muito.”

Twilight se virava e olhava Spike entrando hesitantemente na biblioteca, com um pé esfregando no chão. “Desculpe se gritei com você, eu apenas…”

Ele vacilava e Twilight corria até ele, puxando o dragão para um abraço. “Está tudo bem,” Ela falava carinhosamente. “Eu entendo.”

“Não, você não entende,” ele dizia, gentilmente saindo de seu abraço. “Eu cresci como um estranho, o único dragão entre os pôneis. Eu não tenho família, e os únicos dragões que conheci me rejeitaram.”

“Spike, está tudo bem.”

“Não, não está. Você sempre esteve ao meu lado. Lembra quando eu era pequeno e acidentalmente queimei o livro que a Celestia te emprestou?”

Twilight ria levemente se recordando. “Claro que lembro, Celestia me fez restaurar livros velhos por semanas. Eu pensei que nunca iria tirar aquele livro como fardo.”

“Fiquei com medo quando Celestia entrou, imaginando que ela iria me jogar em um calabouço, ou me banir. E então de repente você tomou a frente e assumiu a responsabilidade do livro queimado, mesmo quando você me advertiu para não tocar nele.”

“Claro que assumi a responsabilidade,” Twilight dizia com sua voz gentil. “Você é meu assistente, tenho que cuidar de você.”

Spike balançava a cabeça. “Você não pensou que poderia simplesmente me devolver para Celestia ou arrumar alguém para cuidar de mim pra você? Ao invés disso, você insistiu em cuidar de mim sozinha. Você é a mais próxima que tenho como mãe, e eu te amo, Twilight.”

“Eu te amo também, Spike. Você sempre foi mais que um assistente para mim, e por isso mesmo, já passou da hora de eu parar de te chamar de assistente. Você é meu filho, e é por essa razão que nunca te abandonei, te devolvi ou deixei para que outro cuidasse. Por mais que você me atrapalhasse em meus estudos, você sempre foi mais importante para mim.”

Os dois se abraçavam, e Twilight o beijava várias vezes no rosto. Ainda que não fossem uma família como a de Applejack, o amor entre eles era o mesmo, e sempre estariam um ao lado do outro, um apoiando o outro em momentos difíceis.

“Está tarde,” Twilight dizia eventualmente. ”E precisa dormir, amanhã você vai ter um grande dia.”

“Eu vou?” Spike perguntava, não entendendo.

“Aquela pesquisa que eu estava fazendo agora a pouco para Celestia era sobre a antiga Equestria, sobre como os dragões costumavam confiar seus ovos aos pôneis para serem protegidos. Aparentemente, a última vez que isso aconteceu foi há centenas de anos atrás quando uma dragão fêmea confiou um único ovo verde e roxo para Celestia.”

“Ainda está viva?” Ele perguntava hesitante.

“Não me surpreenderia, dragões vivem por muito tempo. Você quer conhecê-la?” Twilight perguntava. “Tenho certeza que Celestia sabe onde encontrá-la.”

Havia um tom sutil em sua voz ao fazer aquela pergunta. Qualquer outro pônei não teria percebido, mas Spike, que conhecia a unicórnio por toda a sua vida, sim. Uma tristeza silenciosa espreitava abaixo da aparente pergunta inocente de Twilight.

Sorrindo, Spike balançava sua cabeça e dava outro abraço em Twilight antes de caminhar até o seu quarto. “Não,” ele dizia. “Seria legal conhecer outro dragão, mas eu já tenho uma mãe.”

Twilight se surpreendia com a resposta de Spike, assim como com as lágrimas que ainda tinha para derramar.

Depois de explicar para Applejack e Fluttershy o ocorrido, Twilight se dirigia até o quarto e se aproximava de Spike, já dormindo. Ela ajeitava o cobertor antes de beijá-lo na testa. “Eu te amo, filho.”

Não demorou muito para que a biblioteca ficasse em silêncio novamente. Mas dessa vez o silêncio não transmitia um vazio, e sim o amor de uma família.

“Eu também te amo mãe.”

O Tijolo

Um jovem e executivo bem sucedido dirigia, em alta velocidade sua nova Ferrari. De repente, um tijolo espatifou-se na porta lateral do veículo.

Ele freava bruscamente e dava ré até o lugar de onde teria vindo o tijolo. Saltou do carro e pegou bruscamente uma criança, empurrando-a enquanto gritava:

– Por que fez isso? Quem é você? Que besteira você pensa que está fazendo? Este é um carro novo e caro. Aquele tijolo que você jogou vai me custar muito dinheiro. Por que você fez isto?

– Por favor senhor me desculpe, eu não sabia mais o que fazer! Implorou o pequenino. – Ninguém estava disposto a parar e me atender neste local.

Lágrimas corriam do rosto do garoto, enquanto apontava na direção da cadeira de roda.

– É meu irmão. Ele desceu sem freio e caiu de sua cadeira de rodas e não consigo levantá-lo. Soluçando, o menino perguntou ao jovem:

– O senhor poderia me ajudar a recolocá-lo em sua cadeira de rodas? Ele está machucado e é muito pesado para mim.

Movido internamente muito além das palavras, o jovem motorista engolindo “um imenso nó” dirigiu-se ao jovenzinho, colocando-o em sua cadeira de rodas. Tirou seu lenço, limpou as feridas e arranhões, verificando se tudo estava bem.

– Obrigado e que Deus possa abençoá-lo, agradeceu a criança.

O jovem viu então o menino se distanciar… empurrando o irmão em direção à casa.

Foi um longo caminho até a Ferrari… um longo e lento caminho de volta.

Ele nunca consertou a porta amassada. Deixou assim para lembrá-lo de não ir tão rápido pela vida, que alguém precisasse atirar um tijolo para obter a sua atenção…

“Deus sussurra em nossas almas e fala aos nossos corações”.

Algumas vezes, quando não temos tempo de ouvir, ele tem de jogar um Tijolo em nós.

(autor desconhecido)

Pequenas ações, grandes resultados

Jamais subestime o poder de suas boas ações e gentilezas!

Um dia, quando eu era caloura na escola, vi uma garota caminhando para casa depois da aula.

Seu nome era Ditzy. Parecia que ela estava carregando todos os seus livros.

Eu pensava:

“Por que alguém iria levar para casa todos os seus livros numa Sexta-Feira? Ela deve ser bem estudiosa!”

O meu final de semana estava planejado (ir com as amigas ao Shopping de Canterlot), então dava de ombros e seguia o meu caminho.

Conforme ia caminhando, vi um grupo de garotas correndo em direção de Ditzy.

Elas a atropelaram, arrancando todos os livros de seus braços, empurrando-a de forma que ela caísse no chão.

Seus óculos voaram e eu os vi aterrissarem na grama há alguns metros de onde ela estava. Ditzy erguia o rosto e eu observava uma terrível tristeza em seus olhos.

Meu coração penalizou-se! Corri até a colega, enquanto ela engatinhava procurando por seus óculos.

Pude ver uma lágrima em seus olhos. Enquanto eu lhe entregava os óculos, disse: “Aquelas pôneis são umas idiotas! Elas realmente deviam arrumar algo pra fazer.” Ditzy olhava-me nos olhos e dizia: “Hey, obrigada!”

Havia um grande sorriso em seu rosto. Era um daqueles sorrisos que realmente mostravam gratidão. Eu a ajudei a apanhar seus livros e perguntei onde ela morava.

Por coincidência, ela morava perto da minha casa, mas não havíamos nos visto antes, porque ela freqüentava uma escola particular.

Conversamos por todo o caminho de volta para casa e eu carreguei seus livros. Ela se revelou uma garota bem legal.

Perguntei se ela queria ir no Shopping no Sábado comigo e minhas amigas. Ela disse que sim. Ficamos juntas todo o final de semana e quanto mais eu conhecia Ditzy, mais gostava dela.

Minhas amigas pensavam da mesma forma.

Chegava a Segunda-Feira e lá estava a Ditzy com aquela quantidade imensa de livros outra vez! Eu a parei e disse:

“Nossa garota, você vai ficar musculosa carregando essa pilha de livros assim todos os dias!’.

Ela simplesmente riu e me entregou metade dos livros. Nos quatro anos seguintes, Ditzy e eu nos tornamos mais amigas, mais unidas. Quando estávamos nos formando no segundo grau, começamos a pensar em Faculdade.

Nós duas fomos para a mesma Universidade, mas o campus do curso dela ficava em Cloudsdalle e o meu em Manehattan. Eu sabia que seríamos sempre amigas, que a distância nunca seria um problema. No dia da formatura, Ditzy foi eleita a oradora oficial. Eu a provocava o tempo todo sobre ela ser uma C.D.F.

Ela teve que preparar um discurso de formatura e eu estava super contente por não ser eu quem deveria subir lá no palanque para discursar.

No dia da Formatura, Ditzy estava ótima.

Parecia em forma, com as asas majestosas e mesmo possuindo olhos diferentes (ela tinha estrabismo), sua aparência estava incrível.

De criança que sofria bullying, ela se tornou uma das acadêmicas mais admiradas da faculdade.

Eu podia ver o quanto ela estava nervosa sobre o discurso. Então, dei-lhe um tapinha nas costas e disse: ‘Ei, garota, você vai se sair bem!’

Ela olhava para mim com aquele olhar de gratidão, sorria e dizia:

“Valeu!”

Quando ela subia no oratório, limpava a garganta e começava o discurso:

“A Formatura é uma época para agradecermos àqueles que nos ajudaram durante todos estes anos duros. Seus pais, professores, irmãos, talvez até um treinador, mas principalmente aos seus amigos. Eu estou aqui para lhes dizer que ser uma amiga ou amigo para alguém, significa sempre lhes desejar o bem, e esse é o melhor presente que vocês podem lhes dar. Vou contar-lhes uma história…”

Eu olhava para a minha amiga sem conseguir acreditar enquanto ela contava a história sobre o primeiro dia em que nos conhecemos. Ela havia planejado se matar naquele final de semana! Contava a todos como havia esvaziado seu armário na escola, para que sua mãe não tivesse o trabalho de fazer isso depois que ela morresse e por isso estava levando todos os seus livros para casa.

Ela olhava diretamente em meus olhos e dava um pequeno sorriso.

“Felizmente, minha amiga me salvou de fazer algo inominável!” Eu observava o nó na garganta de todos na plateia enquanto aquela pegasus admirada por todos e bonita contava sobre aquele seu momento de fraqueza.

Vi sua mãe e seu pai olhando para mim e sorrindo com a mesma gratidão.

Até aquele momento, eu jamais tive ideia da profundidade do sorriso que ela havia me dado naquele dia.

Nunca subestime o poder de suas ações. Com um pequeno gesto você pode mudar a vida de uma pessoa. Para melhor ou para pior.

Deus nos coloca na vida dos outros para que tenhamos um impacto, uns sobre o outro de alguma forma.

Fonte: http://www.refletirpararefletir.com.br